A permanência de Leite Nunes em Tempué resultou no nascimento de Maria Eugénia Leite Nunes. O nome da mãe da menina? Ana Kaimba. Idade? Não sabemos. A sua ocupação era “doméstica”, como indica Maria Eugénia numa entrevista (Cruz, 2010). Não sabemos igualmente, por enquanto, a sua comunidade de pertença. Os povos predominantes da região eram os Quiocos e os Ganguelas. Assente está que o nascimento da menina foi antecedido pelo primordial dos atos, o ato carnal entre um homem e uma mulher. Ele, chefe de posto e ela, uma mulher local. O futuro da menina, filha de pai português branco e de mãe angolana negra, por mais privilegiadas que fossem as circunstâncias do seu nascimento, a sua vida até à independência de Angola estaria sujeita à «condição colonial».
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27.07.2025 | por Aida Gomes
Apesar de ser autónoma financeiramente e não se sentir pessoalmente descriminada, Maria Eugénia da Cruz era sensível à «condição colonial» inspirada pela sua consciência política, motivando-a a tomar ação perante as circunstâncias do seu tempo, facto que a torna uma mulher invulgar, não só naquela época específica, mas em qualquer época que exija rejeição da convenção e conformismo perante uma ordem social injusta. Maria Eugénia não foi guerrilheira, nem enfermeira, nem conselheira política do movimento nacionalista. Juntou-se aqueles que queriam mudar o destino de Angola. Foi camarada, foi companheira e esposa de um nacionalista angolano.
Vou lá visitar
06.02.2025 | por Aida Gomes
Sendo a criação poética um acto visceral de questionamento da linguagem transcendendo-a pela própria linguagem em seu caudal multímodo – num trabalho minucioso de artesão implacável, através dos temas e motivos cujos ritmo e plasticidade musical se impõem ao Poema na sua irradiante carga metafórica –, o Poeta outra coisa não faz que não seja a recuperação absoluta e original do dizer primevo que na sua Obra afirma em estado de voz própria, pessoalíssima – porém, voz de dádiva à Humanidade sem nada pedir em troca, e de comunhão com cada Ser nos seus anseios, nas suas angústias, nas suas paixões, nos seus alumbramentos.
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16.10.2023 | por Zetho Cunha Gonçalves
Em finais de 1947, um grupo de jovens irreverentes (Salim Miguel, a sua companheira de toda a vida, Eglê Malheiros, Aníbal Nunes Pires, Ody Fraga e Silva e Antônio Paladino) forma o Grupo Sul, em Florianópolis, «numa tentativa de produzir alguma coisa na área da cultura, em Santa Catarina».
Operando em várias frentes, desde o teatro ao cinema, das artes plásticas ao jornalismo e à literatura, o grupo publicará em Janeiro de 1948 o primeiro número da revista Sul
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29.10.2021 | por Zetho Cunha Gonçalves
O LUGAR DO MORTO
Neste espaço escritores já desencarnados reflectem, a partir do além, sobre os dias que correm.
"O Pensamento nunca é totalitário. O pensamento é sempre revolucionário. A estupidez, sim – a estupidez é fascista."
Mukanda
15.03.2011 | por José Eduardo Agualusa