Sair do paradigma da dívida, a partir da leitura de João Vário

Sair do paradigma da dívida, a partir da leitura de João Vário João Vário (João Manuel Varela, 1937-2007), poeta caboverdiano. Em toda a poesia deste autor encontramos o mesmo imenso obstáculo à decifração – perseverança na opacidade, que se gera pela reflexão que hesita e pela atenção ao que vem, o nascer do mundo, na sua irreconhecível e demasiado próxima escrita. Estamos perante uma afirmação da poesia como enigma desencadeador de enigmas, isto é, como pensamento inspirador de pensamento.

A ler

31.03.2011 | por Silvina Rodrigues Lopes

A Língua Tamazigh

A Língua Tamazigh No mundo berbere ou amazigh nunca existiu normalização e unificação linguística: não existe uma norma instituída da língua tamazight, mesmo no uso literário da mesma. Cada grupo emprega o seu ou os seus falares locais que, contudo, são usados apenas para a comunicação intra-regional. Perante esta situação de fragmentação, que provém fundamentalmente de diferentes derivações étnicas, os dados estruturais fundamentais permanecem os mesmos em todas as variedades: o grau de unidade, nomeadamente gramatical, “dos falares” berberes é de facto impressionante, tendo em conta as distâncias e vicissitudes históricas de cada um.

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29.03.2011 | por Rita Damásio

Ruy Duarte dá nome a escola do Namibe

Ruy Duarte dá nome a escola do Namibe Localizada no Bairro dos Eucaliptos, junto à nova esquadra policial da comuna do Forte Santa Rita e do Centro de Saúde, no Namibe, a sul de Angola, a instituição de ensino chama-se "Escola Rui Duarte de Carvalho", em homenagem àquele que foi a figura catedrática e emblemática do mosaico cultural da terra dos mucubais.

Cidade

28.03.2011 | por João Upale

Kimpa Vita, uma tragédia inacabada

Kimpa Vita, uma tragédia inacabada Na senda da sua tese de doutoramento em antropologia social, sobre os movimentos messiânicos de África subsaariana, o autor estabelece os parâmetros do quadro da inevitável continuidade histórica entre a extraordinária epopeia da jovem « apóstata » kongo (1684 – 1706) e o insuperável proselitismo no qual assistimos, actualmente, nesta parte do continente.

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28.03.2011 | por Simão Souindoula

Fazer poesia – e outros projectos..., entrevista a Ondjaki

Fazer poesia – e outros projectos..., entrevista a Ondjaki Reconstruir o país pelos livros, pela cultura... Claro. Cada um tentando contribuir como pode. Está muita coisa a ser feita, mas é preciso também, além das estradas e pontes, trabalhar com a cultura, com os livros, com os hábitos de leitura. E falta muito? Falta sempre muito, num país em reconstrução. Trata-se de uma tarefa gigantesca, que passará pelos esforços da população e do governo também. É preciso retrabalhar as ideias, os ideais, os valores. Retrabalhar constantemente a democracia, habituarmo-nos a expressar a nossa opinião e que os nossos dirigentes nos possam escutar, e não simplesmente fingir que escutam.

Cara a cara

27.03.2011 | por Paulinho Assunção

A viagem das palavras, entrevista a Sónia Sultuane, artista moçambicana

A viagem das palavras, entrevista a Sónia Sultuane, artista moçambicana Com ela, as palavras ganharam movimento e embarcaram numa viagem íntima sem fim à vista. Arrancou-as do púlpito sagrado do livro e empoleirou-as num monte de carvão, mergulhou-as no mar, elevou-as ao terraço de um prédio para beberem a inebriante vista da cidade. Numa rota imparável de Moçambique para o mundo, o projecto Walking Words (“palavras que andam”), de Sónia Sultuane, chega brevemente ao Brasil. Artista plástica, poetisa, criadora sob várias formas, Sónia esconde o embaraço de algumas perguntas com um riso tímido, mas emerge com tom firme e resoluto quando a conversa deriva para a política.

Cara a cara

27.03.2011 | por Cristiana Pereira

Marlene Dumas: Uma pintora da vida moderna

Marlene Dumas: Uma pintora da vida moderna Marlene Dumas viveu e estudou na África do Sul até 1976, contornando como podia as limitações impostas pela censura, nomeadamente no meio estudantil britânico da Michaelis School of Fine Arts da University of Cape Town. A relação com pintura era, entretanto, vivida de forma dolorosa, confusa. "Vivia inserida numa sociedade que não valorizava a pintura ou que a submetia a um ensino caduco. Não respondia aos meus desejos e aspirações. Chegava a sentir-me culpada por ser uma pintora, actividade que na África do Sul todos achavam insignificante e não tinha modelos. Vivia um conflito com aquilo de que gostava. Por isso, criei a minha própria história pessoal com o suporte."

Cara a cara

26.03.2011 | por José Marmeleira

O cinema na África francófona subsariana: da “mostra” à narrativa contemporânea

O cinema na África francófona subsariana: da “mostra” à narrativa contemporânea O cinema documental em África segue provavelmente o mesmo percurso que o da literatura. As formas e os meios de expressão são naturalmente diferentes, mas o discurso sobre África é o mesmo, evoluindo com a sua história: nos anos vinte, a reportagem colonial e os filmes etnográficos já eram um sucesso. A África e os africanos são os assuntos filmados. Quando, a partir de 1955, estes se tornaram actores das suas próprias imagens, o desejo de fazer filmes é inicialmente e acima de tudo justificado pelo desejo de reabilitar a imagem dos africanos. Tal como para o movimento da Negritude em literatura em meados do século passado, a passagem dos cineastas africanos para trás das câmaras provinha essencialmente de um desejo de reconhecer os valores e a identidade africana.

Afroscreen

26.03.2011 | por Rufin Mbou Mikima

Desfazer o afro-pessimismo, entrevista a Okwui Enwezor

Desfazer o afro-pessimismo, entrevista a Okwui Enwezor Os fotógrafos africanos humanizam, enquanto europeus e americanos tendem a inscrever as imagens de África numa narrativa de desespero e miséria, recuando para a percepção, predominante na época colonial, de que a pessoa é objecto - e não sujeito - da fotografia. Entrevista com Okwui Enwezor, decano dos Assuntos Académicos no Instituto de Arte de São Francisco.

Cara a cara

25.03.2011 | por Ana Dias Cordeiro

Encruzilhadas históricas: entrevista à escritora Aida Gomes

Encruzilhadas históricas: entrevista à escritora Aida Gomes Tenho sempre consciente o enorme esforço do que é construir-se um país de novo; nas casas novos tijolos e nas janelas vidros. Pergunto-me sobre as pessoas: basta-lhes também pintar de novo as paredes das casas? Na Holanda quem viveu a guerra ainda traz as marcas consigo; não consegue deitar comida fora porque passou fome, não consegue apagar de si a vulnerabilidade de ter sobrevivido (mesmo o ódio ao inimigo de então subsiste). Não sei até que ponto o facto de ter crescido fora de Angola, país onde questões políticas trouxeram uma guerra longa, terá afectado as minhas escolhas profissionais. Guerra, conflito e política foram os assuntos dominantes do meu trabalho.

Cara a cara

24.03.2011 | por Marta Lança

Francisco Castro Rodrigues, o arquitecto do Lobito

Francisco Castro Rodrigues, o arquitecto do Lobito Francisco Castro Rodrigues foi premiado pelo júri do Prémio AICA/Ministério da Cultura (Arquitectura) pelo seu trabalho de grande relevância cultural, a maior parte do qual se localiza no Lobito. Lembramos, a propósito deste prémio, a importância do seu percurso pessoal e profissional em Angola de 1953 a 1988 e a sua atitude sempre corajosa, firme e coerente, na época colonial e no pós-independência.

Cidade

24.03.2011 | por Cristina Salvador

"Vos islamistes sont-ils sympas?" Pequena viagem entre tribo, Islão e poder na Mauritânia

"Vos islamistes sont-ils sympas?" Pequena viagem entre tribo, Islão e poder na Mauritânia No caminho para o “Marché aux Khaimas" falava-nos das várias razões porque achava que um dia a situação política e social na Mauritânia teria de “explodir”: uma população muito jovem e desempregada, desigualdades económicas gritantes, e a presença, cada vez mais sólida, de um islão fundamentalista. Mas, se este cenário parece ser semelhante a outros tantos países árabes e islâmicos, devemos acrescentar-lhe, no caso da Mauritânia a questão étnica e tribal que poderá contribuir para complexificar a realidade.

Vou lá visitar

23.03.2011 | por Joana Lucas

Graça Machel

Graça Machel Graça Simbine, viúva de Samora Machel e esposa de Nelson Mandela. A referência aos seus dois «maridos e heróis», como ela gosta de os chamar, bastaria para fazer desta moçambicana de 63 anos uma figura ímpar da história africana contemporânea. Mas Graça Machel é muito mais do que a mulher de dois homens excepcionais. Ela sabe-o melhor do que ninguém, e nunca quis ser apenas «primeira-dama». Em Novembro 2008, no secular salão nobre da Academia de Ciências de Lisboa , o antigo presidente da África do Sul e Prémio Nobel da Paz foi proclamado seu sócio de honra. A ausência física foi substituída pela voz e pela presença de Graça Machel que recebeu também a distinção de sócia correspondente estrangeira, e o apresentou despido do mito.

Cara a cara

23.03.2011 | por António Melo

O Islão pelas terras de África

O Islão pelas terras de África Os muçulmanos são quase metade da população da Nigéria, mas na África do Sul constituem uma minoria insignificante. Na Argélia, Sudão e Somália o Islão é religião oficial e nestes três países recrudesce o terrorismo atribuído aos fundamentalistas islâmicos. Cinco casos diversos da África muçulmana.

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22.03.2011 | por Nicole Guardiola e António Melo

Fomos Enganados

Fomos Enganados Enganaram-nos, fomos enganados. Mas se fosse só isso, se pudéssemos escapar da sua rede maliciosa e viver arredados do seu jugo, olharíamos de longe para ver se tudo o que descobrimos continua a ser um engano ou se vemos tudo torcido pela nossa própria incapacidade. Mas não podemos. A rede dos poderosos, tecida com os tentáculos da mesma ONU, que antes acreditávamos ser a nossa salvação, impediu que em 40 anos pudéssemos acreditar que, todavia, haveria alguém que se salvaria da acusação de ter tomado parte na maldade constante de que temos sido testemunho. Enganaram-nos todos.

Mukanda

22.03.2011 | por Juan Tomás Ávila Laurel

A ínsula de Juan Tomás Ávila Laurel

A ínsula de Juan Tomás Ávila Laurel Juan Tomás Ávila Laurel escreve para o público lusófono o texto "Fomos enganados" (Nos han engañado, no original), em que, muito ao seu jeito e com toda a sua mestria literária, nos introduz na situação do seu país, a Guiné Equatorial. Recentemente, este escritor tomou um dos maiores desafios da sua vida, tendo começado em 11 de Fevereiro deste ano uma greve de fome, na cidade onde tem vivido ultimamente, Malabo, na ilha de Bioko, na Guiné Equatorial, protestando contra a visita de José Bono Martínez, presidente do Parlamento espanhol, à Guiné Equatorial.

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22.03.2011 | por Cátia Miriam Costa

A cidade na cabeça dos seus criadores

A cidade na cabeça dos seus criadores Ruy Castro, escritor. Lia Rodrigues, coreógrafa. Raul Mourão e Ernesto Neto, artistas plásticos. Enrique Diaz, encenador. BNegão, músico. O que o Rio de Janeiro é, e pode vir a ser, são todas as cidades que eles têm na cabeça.

Vou lá visitar

20.03.2011 | por Alexandra Lucas Coelho

Evocação a Ruy Duarte de Carvalho em Santarém

Evocação a Ruy Duarte de Carvalho em Santarém Ruy Duarte Carvalho vai ser homenageado num encontro de familiares e amigos, com uma Exposição documental e biográfica, uma mostra e visionamento dos seus filmes e a análise antropológica da sua filmografia, no próximo dia 23 de Março (quarta-feira), pelas 17 horas, na Escola Secundária Dr. Ginestal Machado.

Ruy Duarte de Carvalho

19.03.2011 | por vários

O grande medo do Ocidente

O grande medo do Ocidente Demasiado pouco, demasiado tarde? Até onde irá a revolta? Que regimes irão emergir deste tsunami? Será ainda possível impedir os falcões israelitas de lançar uma guerra preventiva? Será a Turquia ou o Irão o modelo das próximas revoluções? Perguntas por agora sem resposta, porque os jovens já não acreditam na capacidade e vontade dos Estados Unidos e da União Europeia para pôr termo ao conflito israeloárabe, e promover o desenvolvimento e uma nova ordem na região. Mesmo que quisessem.

A ler

19.03.2011 | por Nicole Guardiola

A Fotografia Poética de João Freire

A Fotografia Poética de João Freire “O povo das ilhas quer um poema diferente para o povo das ilhas: um poema sem homens que percam a graça do mar E a fantasia dos pontos cardeais” Onésimo Silveira

Vou lá visitar

19.03.2011 | por Mário Alves

EVA livro para a infância de Margarida Botelho

EVA livro para a infância de Margarida Botelho EVA é a história documental de duas culturas que poderão ter mais coisas em comum do que à partida se imagina. Eva ou Evas... uma menina que vive na EUROPA, num país que poderá ser PORTUGAL, e outra menina que vive em ÁFRICA, num país que poderá ser MOÇAMBIQUE, iniciam em lados opostos do livro uma viagem para o encontro! Eva é um livro que celebra a diversidade e a pluralidade do mundo com os seus encontros e desencontros. Eva é também um livro que apresenta uma expressão visual desafiante para o leitor.

Mukanda

18.03.2011 | por Margarida Botelho

Mamadou Sene Bhour Guewel do Senegal para Cabo Verde

Mamadou Sene Bhour Guewel do Senegal para Cabo Verde A sonoridade única da banda continua enraizada no intercâmbio musical de fusão histórica entre Cabo Verde e Senegal e na exploração de novos horizontes, com um som cada vez mais influenciado pelo afro-jazz, por vezes prestando homenagem à mazurka caboverdiana, mas ancorado nos ritmos quentes do Senegal e na tradição griot. Cantando em wolof e crioulo, numa voz peculiar, Mamadou dá cor à música acústica de fusão com letras que contam histórias, como um griot canta o passado. Como dizia a avó N’Gom, “uma canção que não conta uma história, que não transmite conhecimento e amor não é uma canção, é uma brincadeira”.

Palcos

18.03.2011 | por P.J. Marcellino

A África das periferias de Lisboa: a produção artística na periferia

A África das periferias de Lisboa: a produção artística na periferia No dia 16 de Março o Chapitô acolheu o BUALA para mais uma calorosa Tertúlia, desta vez sobre a produção cultural na periferia de Lisboa. Aqui ficam umas linhas sobre os nossos convidados e alguns aspectos que partilharam connosco da sua experiência (fragmentos de discurso).

Cidade

18.03.2011 | por vários

Poemas do livro “Fragmentos de um Crepúsculo Ferido”

Poemas do livro “Fragmentos de um Crepúsculo Ferido” E de repente o ar se esboroa A sombra de seu cheiro vibra a meus pés Minha terra é apenas uma ilha de areia perdida E minha pele um alvo escuro Um tecido rígido de lamentos Quem imaginaria uma mãe capaz de algo diferente do amor

Mukanda

16.03.2011 | por Céléstin Monga