"Fotografar Abril: a Memória da memória da Revolução Portuguesa" - Ellen W. Sapega - 20 de Outubro 2023, 16h30-18h00 - Faculdade de Letras de Lisboa

The interactive seminar cycle “Memory, Culture and Citizenship in Post-Colonial Nations” is back!
The first session of the academic year will also be the inaugural session of the seminar series “50 years of April: Citizenship, Culture and Memory” organized by the research group CITCOM.
Our guest speaker, Ellen W. Sapega (University of Wisconsin - Madison), will present her work on the photographic memory of the Carnation Revolution.The photographs taken in Lisbon on 25 April 1974 and in the days that followed continue to challenge the viewer almost 50 years later, partly because many of them contain a complicit relationship between subject and object - between the photographer and the authors of the actions they intend to capture. Some of these photographs continue to circulate over the years, sometimes appearing in quite unexpected places and spaces; thus, they have already gained the status of lieux de mémoire that codify and condense the collective memory of the revolution.
Moderated by anthropologist Elsa Peralta (CeComp, FLUL), this session will be held in Portuguese.
Organization: CITCOM, Legacies of Empire and Colonialism in Comparative Perspective, and “Constellations of Memory: a multidirectional study of postcolonial migration and remembering”
(PTDC/SOC-ANT/4292/2021)
Location: Room C138.A, FLUL
Date: 20 October 2023, 4:30-6 PM
More info here and here.

16.10.2023 | par martalanca | abril, fotografia

Call for papers revista FotoCinema. Revista Científica de Cine y Fotografía

A revista FOTOCINEMA. Revista Científica de Cine y Fotografía da Universidade de Málaga vai aceitar propostas de artigos para o número temático especial “O GÉNERO ATRÁS DAS CÂMARAS. MULHERES FOTÓGRAFAS EUROPEIAS”.  

 É uma revista de Arte e Comunicação Audiovisual que se ocupa do estudo, da análise, do conhecimento, da história e da reflexão sobre o cinema e a fotografia, integrando-se nas correntes interdisciplinares actuais. Dentro da diversidade de configurações que tanto o cinema como a fotografia adquiriram neste início de século, FOTOCINEMA aborda tanto as novas tendências como as origens dentro de uma reflexão teórica e metodológica.

 É regida pelo sistema de revisão «double-blind peer-review» e classificada pela Scimago como Q1 em Artes Visuais e História.

 Admitem-se trabalhos noutros idiomas, especialmente em inglês e francês. Os artigos escritos numa língua diferente do castelhano, incluirão um resumo neste idioma de 500 a 1000 palavras.

 Prazo de recepção de artigos entre 1 e 30 de Setembro de 2024. Fecho da publicação em Janeiro de 2025.

22.05.2023 | par mariadias | artigos, cinema, fotocinema, fotografia, mulheres, proposta, revista

Mostra de fotografia: "UM CARNAVAL FORA DO CARNAVAL" | MÁRIO SOARES

01 de abril | 11 horas

CCCV - Centro Cultural Cabo Verde

Rua de São Bento, 640, 1250-222 Lisboa, piso -1

Mário Soares, fotógrafo cabo-verdiano, natural da Ilha de Santo Antão, apresenta-nos um conjunto de registos fotográficos captados em pleno Carnaval na Ilha de São Vicente. este conjunto de fotografias retrata especificamente os Mandingas, que são uma das maiores manifestações culturais e tradições do Carnaval de São Vicente e dão um contributo significativo para a enorme diversidade cultural que há em Cabo Verde. No desfile dos Mandingas participam grupos provenientes de várias zonas da Ilha de São Vicente, bem como de outras ilhas. No tempo da escravatura os Mandingas eram associados à feitiçaria e à macumba e quase que se pode dizer que quem entra no meio fica enfeitiçado pela vibração e energia das pessoas que brincam o Carnaval, que começa normalmente no segundo domingo de janeiro e termina com o enterro, no domingo após o Carnaval, onde se reúnem todos os grupos das diversas zonas de São Vicente e das pessoas que vêm de vários pontos do país e da diáspora.

 

Sobre o fotógrafo

Mário Soares nasceu no dia 11-06-1984, na ilha de Santo Antão, Cabo Verde, filho de Carlos Soares e Zulmira Lima. É casado. Passou a infância e toda a adolescência na Cidade de Porto Novo. Sendo filho de artistas (pai carpinteiro e mãe cantora), desde cedo se interessou pela arte, nomeadamente, na criação e elaboração de artesanato. Assumindo-se como um autodidata, procurou sempre técnicas para inovar a sua arte. Aos vinte anos, rumou para Portugal, onde tirou o Curso Técnico de Contabilidade. Após terminar o curso, começou a trabalhar na área das telecomunicações, mas desde logo percebeu que a fotografia era uma paixão paralela ao seu ofício.

Tendo participado em alguns concursos de fotografia em Portugal, sentiu necessidade de aperfeiçoar as suas capacidades. Sempre se interessou por fotografar pessoas e paisagens. É um defensor acérrimo da seguinte máxima: «a fotografia deve mostrar a essência das pessoas e dos locais, sofrendo o mínimo de alterações possíveis por parte do fotógrafo».

No ano de 2014, dez anos após ter ido para Portugal, decidiu regressar à sua terra, terra da Morabeza, para então trabalhar e constituir família. Atualmente trabalha como freelancer, tendo desempenhado funções como fotógrafo do Dr. Abrão Vicente, Ministro do Mar e da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde. Realizou várias exposições individuais em Cabo Verde. Organizou uma exposição fotográfica no ano de 2019, intitulada de: “Um simples olhar”, no Centro Cultural do Mindelo, Cabo Verde. Em novembro de 2019, a sua exposição “Um simples olhar” foi apresentada no espaço cultural “Nôs Raiz”, na ilha de Santo Antão.

No ano de 2021, apresentou um espólio fotográfico em Porto Novo, na “Casa para Todos”, cujo título foi: “A nossa casa, as nossas vivências”. A mesma exposição seguiu para a Câmara Municipal de Porto Novo, onde permaneceu até setembro de 2021.

 

29.03.2023 | par mariadias | cabo verde, diáspora, fotografia, Mário Soares

ICI JE SUIS DÉJÀ EN TRAIN DE DISPARAÎTRE

 

ICI JE SUIS DÉJÀ EN TRAIN DE DISPARAÎTRE de Ana Gandum

Photo-performance

10 de março, 19h30

Casa de Portugal – André Gouveia

Cidade Internacional Universitária – Paris

Entrada gratuita

aqui já está sumindo eu é uma acção performativa a partir de fotografias encontradas na rua, em casas em vias de demolição e em gavetas, álbuns e caixas de sapatos dos arquivos de família portuguesas no Brasil.

Em cena estará um dispositivo narrativo e visual em cadência de rapsódia, onde as imagens são convocadas enquanto actos postais, derivas, errâncias e fragmentos luminosos.

Criação e performance: Ana Gandum

Criação de luz e régie de som: Gisèle Pape

Vídeo e cenografia: Nina da Silva

Gravação e mistura de som: Filipe Ferraz no Estúdio 21

Fotografia de divulgação: Ana Marta

Co-produção: ICNOVA- NOVA Institute of Communication

Parcerias: Maison du Portugal – André de Gouveia, Camões – Instituto da Cooperação e da Língua

02.03.2023 | par mariadias | ana gandum, arte, foto performance, fotografia, ICI JE SUIS DÉJÀ EN TRAIN DE DISPARAÎTRE

Espaços mentais / Espaços reais – O arquivo digital sobre o Bairro do Alto dos Barronhos e os modos de o habitar

No próximo dia 4 de março às 16:00 vai acontecer na sala Manuela Porto, pertencente ao Teatro do Bairro Alto (TBA), a exposição “Espaços mentais / Espaços reais – O arquivo digital sobre o Bairro do Alto dos Barronhos e os modos de o habitar” com participações de Carlos Alvarenga, Esmael Graça, Ivone Rodrigues, Lucinda Correia, Luísa Sol, Paula Cardoso e Sara Goulart.

Tudo começa com o corpo no espaço: 910 fogos, 2730 moradores estimados. O que é habitar um bairro social? Como é que a arquitetura delineia a apropriação emocional que humaniza o espaço? E como potencia dificuldades, resistências, esforços e lutas? Como fomenta o conforto e a felicidade? E como estigmatiza? Contando com o apoio do programa governamental Bairros Saudáveis, lançado durante a pandemia, 910 Fogos envolveu a comunidade local do bairro do Alto dos Barronhos, o maior bairro social do concelho de Oeiras, num conjunto de ações participativas em torno da ligação entre Arquitetura e Saúde Mental – abordando criticamente a relação casa-bairro-cidade – e realizou um ciclo de debates. Questionou-se o que é habitar um bairro social e transformar o espaço público – quatro praças – num espaço de redefinições críticas sobre aqui- lo que é considerado bem-estar e qualidade de vida.

A apresentação pública do arquivo digital Espaços Mentais / Espaços Reais serve de mote a uma conversa aberta entre moradores, arquitetas, psicólogas, antropólogas, dinamizadoras comunitárias, sociólogas, artistas, investigadoras e quem quiser aparecer. Entrada livre (sujeita à lotação).

19.02.2023 | par mariadias | arte, bairro social, Carlos Alvarenga, Esmael Graça, fotografia, Ivone Rodrigues, Lucinda Correia, Luísa Sol, paula Cardoso, sara Goulart, tba

Plataforma europeia de fotografia FUTURES

A Ci.CLO é o único membro português a integrar a plataforma europeia de fotografia FUTURES

E são cinco os artistas, três deles portugueses, escolhidos pela Ci.CLO para integrarem a plataforma. De 4 a 6 de novembro os artistas emergentes e responsáveis das principais instituições internacionais de fotografia vão reunir-se em Turim.

São apenas 18 os membros que compõem a FUTURES, uma plataforma de fotografia sediada na Europa, em Amesterdão, que reúne a comunidade global de fotografia para apoiar e nutrir o desenvolvimento profissional de artistas emergentes. A Ci.CLO  é o único membro português a integrar esta rede e este ano escolheu cinco artistas, três deles nacionais, dando-lhes acesso, durante um ano, a um amplo leque de oportunidades profissionais. O Evento Anual da FUTURES, que reúne representantes de todos os membros e os 100 artistas selecionados, vão encontrar-se em Turim de 4 a 6 de novembro.

Carlos TrancosoMaria João SalgadoNuno SerrãoSviatlana Stankevich Xenia Petrovska foram os artistas selecionados pela Bienal Fotografia do Porto, um dos projetos organizado pela Ci.CLO, para integrarem a plataforma FUTURES. Para Virgílio Ferreira, diretor artístico da Bienal Fotografia do Porto, “esta plataforma, que estes cinco artistas passam a integrar, pretende ter um impacto positivo no desenvolvimento das suas carreiras a nível internacional. Durante um ano terão a oportunidade de contactar com curadores e representantes das principais organizações europeias de fotografia contemporânea, bem como terão acesso a tutorias e formações diversificadas”.

O CAMERA - Centro Italiano per la Fotografia, no âmbito do Evento Anual da FUTURES —, que conta com 20 curadores e 100 artistas —, oferece um programa repleto de eventos sobre fotografia e pesquisa visual contemporânea que decorrerão ao longo dos três dias, com atividades exclusivas para os artistas selecionados em 2022, mas com muitos outros eventos públicos. O programa inclui, ainda, uma exposição, três conversas e cinco workshops, sendo que um deles é organizado pela Ci.CLO — ‘Art in Action - Climate and Social Responsibility’, cuja primeira edição foi realizada no âmbito da Bienal’21 Fotografia do Porto. O workshop tem como objetivo demonstrar como a expressão artística e, principalmente, a fotografia, pode contribuir para as mudanças socioambientais tão urgentes para o nosso planeta. Para a Ci.CLO, torna-se essencial que a arte contemporânea seja baseada em boas práticas e de combate ao atual estado de emergência ambiental, construindo redes, comunidades e plataformas que abordem os problemas da sociedade atual.

04.11.2022 | par Alícia Gaspar | ci.clo, fotografia, FUTURES, plataforma europeia de fotografia, turim

O impulso fotográfico: (Des)arrumar o arquivo colonial

“O impulso fotográfico” alude à expansão da fotografia pelo mundo, e consequentemente à sua apropriação considerada fidedigna e realista.

Prova do Crime, Nkaka Bunga Sessa e Soraya Vasconcelos, 2021. A partir de imagem original da missão de delimitação de fronteira em Lourenço Marques [Maputo], 1890-91. UL-IICT-Col. Foto-MGG 4003Prova do Crime, Nkaka Bunga Sessa e Soraya Vasconcelos, 2021. A partir de imagem original da missão de delimitação de fronteira em Lourenço Marques [Maputo], 1890-91. UL-IICT-Col. Foto-MGG 4003

Quando: 26 de Novembro de 2022 a 31 de Maio de 2023

Onde: Museu Nacional de História Natural e da Ciência

“O impulso fotográfico” alude à expansão da fotografia pelo mundo, e consequentemente à sua apropriação considerada fidedigna e realista.

Nesta exposição, a expansão da fotografia associa-se à expansão científica colonial, e a uma certa vocação colonial da fotografia sob a forma de uma tecnologia usada pela ciência para medir, classificar e arquivar documentos de modo potencialmente infinito, reprodutível e difundido de modo massificado.

Partindo desta obsessão pela medição e classificação, mostra-se os modos como territórios e corpos africanos foram medidos e apropriados durante as missões científicas de geodesia, geografia e antropologia e como se difundiram as narrativas da ciência colonial. Mas também se mostra como resistiram, através de outras histórias (ficcionais ou não), desvendadas e criadas pelo sentido crítico da curadoria participativa de artistas e investigadores(as) e ativistas.

A exposição é o resultado destes encontros, dúvidas e questionamentos da equipa multidisciplinar que se envolveu em diferentes fases do projeto, desde a conservação e restauro à digitalização de fotografias e filmes, desde a investigação teórica à propostas artísticas, até à própria construção museográfica.

Qual o significado destas coleções de fotografias e objetos, no presente, para as diferentes comunidades?  Que marcas deixaram enraizadas na sociedade?

Esta é uma exposição concebida para questionar e ser questionada.

Site PhotoImpulse

Photo ImpulsePhoto Impulse

Photo Impulse visa contribuir para a história e a teoria portuguesas da fotografia e do filme científicos, trazendo para este campo as imagens produzidas em diversas expedições geográficas e antropológicas realizadas às então colónias portuguesas em Africa e na Ásia, entre 1883 e 1975. A maioria dessas missões foram promovidas pelas autoridades portuguesas através da Comissão de Cartografia e das instituições que lhe sucederam, a última das quais o Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT). Atualmente, grande parte do material em estudo pertence ao Museu de História Natural e Ciência, parceiro do projeto.

Pretendemos contribuir para a análise das especificidades políticas e comunicativas desses meios visuais, da sua cultura visual e contexto histórico, bem como das relações que as imagens desenvolvem com a produção dos saberes na Geografia e na Antropologia portuguesas.

Produzido principalmente no contexto da política colonial, o material de estudo abrange diferentes regimes políticos: a monarquia tardia (especificamente o período de 1890 a 1910), a Primeira República (1910-1926), a ditadura fascista (1926-1974) e a viragem para democracia (1974-1975).

Foco principal

O ponto de partida do projeto é a ideia de que a fotografia e o filme são formas de apropriação simbólica, uma apropriação que se tornou efetiva tanto no terreno como nos espíritos. São, também, formas de produção do espaço (Henri Lefebvre) e de o habitar (Heidegger).

Tomamos como princípio norteador e ideia inspiradora as relações entre mapas, fotografias e filmes nos seus sentidos mais latos: mapas como “fotografias” do território; fotografias como um tipo de mapa; filmes como histórias espaciais (De Certeau) e os atos de fotografar ou filmar como atividades de mapeamento (Denis Wood).

Consideramos que a fotografia e o filme fixam relações de poder no exato momento de tirar a fotografia ou de fazer o filme. Quer seja de forma consciente ou não, certas relações tendem a ser replicadas ao longo dos muitos usos das imagens. Diante do nosso arquivo colonial, além de procurar entender como as imagens eram utilizadas, pretendemos investigar como podemos descolonizar esse legado visual.

Porquê o nome “Photo Impulse”?

Photo Impulse é uma referência ao trabalho incontornável da historiadora de arte Svetlana Alpers, que identificou um “impulso cartográfico” na pintura holandesa do século XVII. No nosso contexto, as práticas fotográficas e cinematográficas aqui estudadas visavam a constituição de mapas geográficos mas também de um Atlas Colonial dos territórios e dos povos sob dominação portuguesa. Foram aplicadas metodologias para mensurar terras e corpos. Identificamos assim um “impulso fotográfico” que revela como estes media eram percebidos como instrumentos modernos e fidedignos.

 

Nota: Exposição criada pelo projeto O Impulso Fotográfico: Medindo as Colónias e os Corpos Colonizados, O arquivo fotográfico e fílmico das missões portuguesas de geografia e antropologia”, financiado pela FCT (PTDC/COM-OUT/29608/2017). Este projeto está sedeado no Instituto de Comunicação da Nova, da NOVA Faculdade Ciências Sociais e Humanas, e tem como parceiros o Museu Nacional de História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa e a NOVA.ID. da Faculdade de Ciências e Tecnologia.

12.10.2022 | par Alícia Gaspar | arquivo colonial, arte, colonialismo, exposição, fotografia, impulso fotográfico, pós-colonialismo

Resistência Visual Generalizada. Livros de Fotografia e Movimentos de Libertação: Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Cabo-Verde

28 setembro a 27 novembro 2022

Galeria do Torreão Nascente da Cordoaria Nacional

Curadoria: Catarina Boieiro e Raquel Schefer

Entre 1961 e 1974, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), o Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC) e a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) travam guerras de Libertação contra o sistema fascista e colonial português, após quase cinco séculos de dominação colonial e de resistência. Nesta conjuntura histórica, a descolonização política é considerada como indissociável da descolonização da cultura e das formas visuais. A cultura e a arte são entendidas como um campo produtor de efeitos de transformação na sociedade. As Revoluções africanas são um período de libertação da palavra, da imagem e das formas de representação. Para Amílcar Cabral, a resistência política é uma forma de resistência cultural, do mesmo modo que a resistência cultural é uma forma de resistência política.

No contexto da solidariedade internacionalista das décadas de 1960 e 1970, as lutas de libertação despertam o interesse de fotógrafos e cineastas. A revista, o livro, a fotografia e o cinema são percebidos como instrumentos fundamentais para mobilizar o apoio popular e difundir a luta pela descolonização a nível internacional. Fotógrafos como Augusta Conchiglia e Tadahiro Ogawa, entre outros, documentam a luta armada e a vida nas zonas libertadas, onde se experimentavam diferentes formas de organização social e se implementavam projectos de pedagogia radical. Depois das independências, outros livros de fotografia documentam o processo de construção dos Estados-nação. Entre o militantismo e a experimentação formal, estes livros restituem a dimensão sensível dos primeiros anos de independência, período marcado pela adopção de modelos políticos marxistas-leninistas e pela busca de uma imagem descolonizada.

Reunindo um conjunto inédito de livros, fotografias e documentos produzidos entre as décadas de sessenta e oitenta, esta exposição desenha uma constelação espacial e temporal da estética de Libertação. Além de um vasto conjunto de livros, revistas, cartazes e documentos, a mostra inclui obras fotográficas e cinematográficas das décadas de sessenta e setenta de Augusta Conchiglia, Moira Forjaz, Silvestre Pestana e da cooperativa Grupo Zero. Integra também peças recentes de Daniel Barroca, Welket Bungué, Filipa César e Sónia Vaz Borges que interrogam a história e a memória, reelaboram as formas visuais da estética de Libertação e examinam a persistência de estruturas coloniais no presente.

*Exposição organizada no âmbito da programação da Saison France – Portugal 2022.*

Mais informações.

20.09.2022 | par Alícia Gaspar | angola, Cabo-verde, Catarina Boieiro, cultura visual, fotografia, Guiné-Bissau, livro de fotografia, Moçambique, movimentos de libertação, Raquel Schefer

Time is a flat circle. David Brits na Galeria MOVART

De 15 set. a 13 nov. 2022

Galeria MOVART, Lisboa, Rua João Penha 14A, 1250 - 131 Lisboa, Portugal

Apresentando trabalhos fotográficos terminados entre 2010 e 2012, bem como uma série de novas esculturas feitas de fibra de carbono, Time is a Flat Circle, do artista sul-africano David Brits (n. 1987), evoca a batalha de Cuito Cuanavale, uma batalha mecanizada de tanques de grande escala que ocorreu no sul de Angola entre forças angolanas, cubanas, e sul-africanas, entre 1987 e 1988.

Tomando como ponto de partida um arquivo de imagens publicadas nas redes sociais de grupos de exrecrutas sul-africanos, muitos dos quais lutaram na batalha sul-africana conhecida como “Border War” na Namíbia e no Sul de Angola dos anos 1960 aos anos 1980, o artista intervém sobre as mesmas através do ato de rasura, raspar e apagar, incorporando assim as complexidades de trabalhar com a sua própria masculinidade e a história herdada de uma África do Sul pós-apartheid.

Acompanhada de esculturas que têm como principal arquétipo o “Oroboro”, uma palavra grega que descreve o símbolo da cobra a devorar/consumir a própria cauda, a exposição gera uma imagem cuja lógica se refuta e que, de alguma forma, suspende o tempo.

BIO

Nascido em 1987, David Brits formou-se na Escola Michaelis de Belas Artes (Pintura) na Universidade da Cidade do Cabo em 2010, É um artista premiado cuja prática experimental é dedicada a investigações no âmbito da escultura à escala pública. Igualmente impulsionado pela exploração de materiais e investigação arquivística, a prática de Brits abrange a instalação, a impressão, o desenho e o filme.

As principais comissões de escultura pública recentes incluem a Fundação Desmond Tutu HIV, o Spier Arts Trust e a Iziko South African National Gallery. Brits foi vencedor do Prémio de Artes de Impacto Social inaugural da Fundação Rupert, e o galardoado com o Prémio Barbara Fairhead para a Responsabilidade Social na Arte.

14.09.2022 | par Alícia Gaspar | Africa, angola, david brits, exposição, fotografia, galeria movart, Namíbia, time is a flat circle

Artistas em Cena no Teatro Romano

Museu de Lisboa - Teatro Romano

30 junho a 31 dezembro 2022

Terça a domingo, das 10h às 18h

Créditos Tiago MouraCréditos Tiago MouraCelebrando o património humano do território envolvente do teatro romano, a nova exposição temporária apresenta obras de 36 artistas que habitam, nasceram ou aqui trabalham.

Esta exposição é o resultado de um processo colaborativo com uma comunidade de artistas que vive e trabalha na envolvente do monumento que é o palco mais antigo de Portugal.

Entre artes plásticas, música, ourivesaria, fotografia, pintura, cerâmica, teatro, prosa e poesia, este território caracteriza-se pela sua riqueza, arqueológica e patrimonial, mas, especialmente, pelo valor humano dos que o habitam e aqui trabalham e pelos que aqui viveram.

Resgatando o génio criativo deste lugar ancestral, devolve-se ao público a produção artística hoje produzida neste território. Uma mostra de artistas feita por muitos e para muitos.

Artistas: Alexandre O’Neill, Alexandre Delgado O’Neill, António Jorge Gonçalves, António Gedeão, Ary dos Santos, Augusto Rosa, Carlos No, Cátia Pessoa, Cláudia Chaves, Constança Pinto Gonçalves, Fernanda Fragateiro, Fernando Calhau, Henrique Pavão, Inês Simões, João Cristino da Silva, João Pimentel, Joana Passos, José Faria, Marcos Magalhães, Marta Araújo, Marta Mateus, Menez, Nininha Guimarães, Nuno Cera, Nuno Saraiva, Paula Delecave, Pedro de Castro, Pedro Reis Gomes, Pierre Pratt, Ronaldo Bonachi, Rui Moreira, Rui Sanches, Rute Reimão, Sara Domingos, Teresa Pavão e Tomaz Hipólito.

16.08.2022 | par Alícia Gaspar | arte, artes plásticas, exposição temporária, fotografia, lisboa, música, pintura, poesia, teatro romano

Mundo de Aventuras de José Fonte Santa I Évora

Curadoria de José Alberto Ferreira

Fundação Eugénio de Almeida I Centro de Arte e Cultura, Piso 2


Horário

MAIO - SETEMBRO
De terça-feira a domingo, 10h00-13h00 / 14h00-19h00

OUTUBRO - ABRIL
De terça-feira a domingo, 10h00-13h00 / 14h00-18h00

Entrada livre

João Fonte Santa é um dos artistas mais representativos da sua geração. O seu trabalho aborda a incessantemultiplicação de instâncias produtoras de imagens, a sua circulação na cultura de massas e a legibilidadeideológica destes processos. Fonte Santa apropria-se habitualmente de imagens — da banda desenhada aosjornais, da pintura à fotografia, da iconografia popular ao cinema — a partir das quais interroga sentidos,filiações, sensibilidades e identidades.As imagens e os seus modos de circulação integram as formações discursivas que produzem narrativasde poder e de saber. Por elas tanto se mitificam identidades como se caucionam relatos históricos ouhegemonizam discursos. É talvez por isso que elas são o campo privilegiado de questionação e de desafio,análise, desconstrução ou insubmissão por parte de muitos artistas. E é seguramente por isso que estesgestos de apropriação, transformação, re-significação e leitura instalam o acto de criação num territórioonde se cruzam crise e crítica, ética e estética, arte e sociedade.No percurso artístico de João Fonte Santa, a problematização das mitologias nacionais e a desconstruçãoda história, como acontece neste Mundo de Aventuras, tem sido uma constante. Nesta exposição, comefeito, interrogam-se narrativas identitárias em torno de três núcleos. No primeiro, aborda-se a identidadenacional, entre o Berço da nação e A portuguesa, duas peças que tensionam o tempo histórico atravessandoo espaço expositivo.Num segundo núcleo, abordam-se as imagens publicadas no relato dos exploradores portuguesesHermenegildo Capelo e Roberto Ivens, De Angola à contra-costa. As grandes telas que abrema exposição representam imagens daquele livro, originalmente publicado em 1886. Elas evocam a leituraaventurosa desta Descrição de uma viagem através do continente africano compreendendo narrativasdiversas, aventuras e importantes descobertas, como reza o subtítulo encantatório da obra, onde a faunae a flora são analisadas, fotografadas e reproduzidas ilustrando cada passo da travessia continental.Na exposição, é a fauna africana que domina as escolhas do artista, cujas telas de cores fortes e traçopreciso convidam a ler a evidência do mundo natural, submetido pelas armas e pela caça aos exploradoreshumanos. Não um paraíso, mas um paraíso selvagem que as armas domesticam e ordenam.É nesse contexto que se inscreve o terceiro núcleo, no qual o artista trabalha sobre um original debanda-desenhada português anónimo, sem título, datado de 1977, no qual se mitifica o herói branco emação numa África em guerra. A análise, apropriação, re-produção (isto é, literalmente, produção de novo)de vinhetas deste objecto contraria abertamente o eufórico mundo de aventuras que dá título à exposição.Em rigor, desafia-nos a mergulhar nos 31 desenhos da série, em chave serial, iterativa, elíptica e traumática.A exposição apresenta-se como um exercício de desmontagem das imagens de dominação, no queMarie-José Mondzain caracteriza como «descolonização do imaginário». Num mundo fortemente dominadopela imagem, o gesto de criação de (mais) imagens só pode recusar a lógica da acumulação e verter-se emanalítica do imaginário, desafiando-nos a reler as narrativas à luz das suas e das nossas contradições.É este o mundo de aventuras que lhe propomos.

José Alberto Ferreira, curador



Programa Inaugural

Sábado, 9 de julho | 16h00

Alice Geirinhas e José Alberto Ferreira conversam com João Fonte Santa sobre a exposição, seguindo-se uma visita guiada

Entrada livre, limitada à lotação do espaço

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João Fonte Santa

Estudou Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade Clássica de Lisboa. Começou por se dedicar à produção de banda-desenhada underground no contexto do surgimento de fanzines. Lentamente, contudo, o seu trabalho afirmar-se-ia no campo da pintura. Trabalhando a partir de um extenso fundo de imagens e referências de cultura pop, edificaria uma obra que tem tanto de visualmente atraente como de pertinente no modo como apresenta uma visão do mundo particularmente crítica.  

Expõe regularmente desde meados dos anos 90. Das suas exposições individuais, destacam-se: 

Frozen Yougurt Potlash, Galeria VPF Cream Art, Lisboa;

O Aprendiz Preguiçoso, Festival Sonda, Atelier-Museu António Duarte, Caldas da Rainha;
Do Fotorrealismo à Abstração, Salão Olímpico, Porto.
Pintura Para Uma Nova Sociedade, Museu do Neo-Realismo, Vila Franca de Xira;
TODOS OS DIAS A MESMA COISA – CARRO – TRABALHO – COMER – TRABALHO – CARRO – SOFÁ – TV – DORMIR – CARRO – TRABALHO – ATÉ QUANDO VAIS AGUENTAR? – UM EM CADA DEZ ENLOQUECE – UM EM CADA CINCO REBENTA!, Galeria VPF Cream Art, Lisboa;
O Colapso da Civilização, VPF Cream Art, Lisboa;
Bem-vindos à Cidade do Medo, MAAT, Lisboa

Algumas exposições coletivas:

Zaping Ecstazy, CAPC, Coimbra
Plan XX!, G-Mac, Glasgow
Terminal, Fundição de Oeiras, Oeiras
Gabinete Transnatural de Domingos Vandelli, Museu de História Natural da Universidade de Coimbra, Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Café Portugal
, Design Factory, Bratislava; FEA, Évora
Glocalização ou Colapso, Obras na Coleção MG, espaço Adães Bermudes, Alvito
Portugal Portugueses, Museu Afro-Brasil, São Paulo
Utopia/Dystopia, MAAT, Lisboa
Studiolo XXI, FEA, Évora
A Incontornável Tangibilidade do Livro ou o Anti-Livro, MNAC, Lisboa
Cosmo/Política #7, Museu do Neo-Realismo, Vila Franca de Xira;

José Alberto Ferreira
Docente convidado da Universidade de Évora, onde leciona disciplinas da área da história e teoria do teatro. Tem colaboração dispersa em vários jornais e revistas, nacionais e internacionais.  Dirigiu e produziu o Festival Escrita na Paisagem (2004-2012), no âmbito do qual programou projetos e criações de artistas nacionais e internacionais na área do teatro e do transdisciplinar. Foi o curador português do projeto INTERsection: Intimacy and Spectacle, integrado na Quadrienal de Praga. Dirigiu e programa Ciclos de São Vicente, em Évora (2011-2017). É o Director Artístico do Centro de Arte e Cultura da Fundação Eugénio de Almeida desde 2018. 

Publicou, além de textos dispersos por catálogos e revistas, Uma Discreta invençam (2004), sobre Gil Vicente, Por dar-nos perdão (2006), sobre teatro medieval, Da vida das Marionetas, sobre os Bonecos de Santo Aleixo (2015). Editor e coeditor de vários títulos, de que destaca Escrita na paisagem (2005), Autos, passos e Bailinhos (2007), Tradução, Dramaturgia, Encenação  (2014), Perpectivas da investigação e(m) artes: articulações (2016), Teatro do Vestido. Um dicionário (2018). Colabora com várias organizações ministrando cursos e seminários.

08.08.2022 | par Alícia Gaspar | banda desenhada, cinema, Descolonização, exposição, fotografia, joão fonte sana, jornais, mundo de aventuras

Entre Ideias e Reflexões — Alice Miceli

No episódio de maio, Alícia Gaspar, conversa com Alice Miceli a propósito da sua mais recente exposição “Campos Minados”. A artista explica-nos em que consiste a sua obra, o que podemos esperar ao visitá-la, e os literais passos que teve de dar para conseguir tirar as fotografias que podemos agora observar na exposição patente na Escola de Artes da Universidade Católica do Porto até ao dia 23 de junho.

Biografia

A obra de Alice Miceli (Rio de Janeiro, 1980) caracteriza-se por alternar entre vídeo e fotografia, muitas vezes partindo da investigação de eventos históricos e viagens exploratórias, por meio das quais a artista reconstitui traços culturais e físicos de traumas passados infligidos em paisagens sociais e naturais. O seu trabalho faz parte de coleções importantes a nível internacional como as do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Brasil), Cisneros Fontanals Art Foundation (EUA) e Moscow Biennale Art Foundation (Rússia). Recentemente, realizou exposições a solo na Americas Society, em Nova York, e no Instituto PIPA, no Rio de Janeiro, assim como diversas mostras coletivas e feiras de arte nos Estados Unidos, Brasil e Europa. Em 2022, o seu trabalho será apresentado na próxima edição da 17ª Bienal de Istambul.

10.05.2022 | par Alícia Gaspar | Alice Miceli, campos minados, comunidade, conflito armado, Escola de Artes, fotografia, guerra, universidade católica

Entre Ideias e Reflexões — Podcast BUALA

Alícia Gaspar acompanha as diversas vozes críticas pós-coloniais através de entrevistas em formato podcast.

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No episódio de março, Alícia Gaspar conversou com a fotógrafa Alice Marcelino sobre comunidades negras, violência policial, e a celebração do cabelo. Bem como foram discutidos e explicados dois dos seus projetos: “Black Skin White Algorithms” e “Kindumba”. Podem acompanhar o trabalho de Alice Marcelino no seu website

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No episódio de Abril, Alícia Gaspar entrevista André Amálio e Tereza Havlíčková, fundadores e diretores artísticos da companhia de teatro Hotel Europa. Nesta conversa foram discutidos temas como o teatro documental, o rumo da companhia de teatro Hotel Europa, e a peça “Os filhos do Mal”. Oiça o episódio se quiser ficar surpreendido!

Acompanhe o trabalho do Hotel Europa em hoteleuropateatro.com

22.04.2022 | par Alícia Gaspar | alice marcelino, cultura, entre ideias e reflexões, fotografia, Hotel Europa, podcast, Portugal, teatro

Entre ideias e reflexões — Alice Marcelino

No episódio de março, Alícia Gaspar conversou com a fotógrafa Alice Marcelino sobre comunidades negras, violência policial, e a celebração do cabelo. Foram também discutidos e explicados dois dos seus projetos: “Black Skin White Algorithms” e “Kindumba”.

Podem acompanhar o trabalho de Alice Marcelino em www.alicemarcelino.com

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Alice Marcelino é uma fotógrafa baseada em Londres. A artista vive e trabalha entre Londres e Lisboa. Nasceu em Luanda, Angola a 1980.

Em 2016 Alice formou-se na Universidade de Londres em Fotografia. Atualmente frequenta um mestrado em Meios Digitais na Universidade de Goldsmiths.

O seu trabalho explora a cultura, tradição, migração e identidade, reflectindo sobre o seu significado no nosso mundo globalizado em constante mudança.

Episódio já online no Spotify e outras plataformas.

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25.03.2022 | par Alícia Gaspar | alice marcelino, black skin white algorithms, buala podcast, comunidades negras, entre ideias e reflexões, fotografia, kindumba, negritude, podcast, Violência policial

Open Call Catchupa Factory 2022

A iniciativa Catchupa Factory – Novos Fotógrafos 2022 é um programa de incentivo à criação artística em formato de residência artística, dirigido a fotógrafos e artistas emergentes dos PALOP. Durante um período de 3 semanas de trabalho intensivo, os participantes são orientados na concepção e criação de um projecto fotográfico, sendo privilegiada a construção de uma estrutura narrativa.

O trabalho de campo, pesquisa e experimentação são acompanhados por sessões teóricas em torno de questões críticas relacionadas com fotografia contemporânea Africana. A residência culmina numa sessão pública de apresentação e mostra dos projectos resultantes.


Objetivos

– Fomentar a criação de uma rede de fotógrafos e artistas emergentes dos PALOP; – Estimular o reconhecimento e a visibilidade internacional do trabalho autoral em fotografia dos participantes;

– Incentivar a mobilidade de artistas e obras de arte;

– Promover a formação avançada ao nível da concepção, desenvolvimento e edição do projecto fotográfico;

– Proporcionar um espaço dedicado de criação, diálogo e partilha entre fotógrafos e artistas dos PALOP e de África;

– Proporcionar o contacto dos participantes com curadores e educadores internacionais de destaque no âmbito da fotografia contemporânea Africana; – Promover o emprego e a profissionalização do trabalho artístico em fotografia.

Organização

AOJE Associação de Fotografia

Principal Entidade Financiadora 

Fundação Calouste Gulbenkian

Parceiros

Colectivo Pés Descalços (Angola), Ci.CLO Plataforma de Fotografia (Portugal), Centro Nacional de Artesanato e Design (Cabo Verde)

Formador Residência Artística
Akinbode Akinbiyi (Nigéria / Alemanha) https://www.documenta14.de/en/artists/13555/akinbode-akinbiyi

Formador Assistente
Diogo Bento (Portugal / Cabo Verde) https://www.diogobento.com

Destinatários
Fotógrafos e artistas emergentes dos PALOP que desenvolvam a sua prática artística no campo da fotografia.

Candidaturas
Envio de Portfólio, Currículo e Carta de Motivação, através de formulário no endereço: https://forms.gle/Cjn5vdko6Rf8HPpD6

Período de Candidatura

15 de Fevereiro a 15 de Março de 2022

Comunicação Publica dos Resultados

Abril de 2022

Número máximo de Participantes

7 fotógrafos e artistas emergentes dos PALOP.

Condições de Participantes
A todos os participantes será oferecido um budget para criação artística e produção das obras finais.
A possibilidade de atribuição de bolsas de participação, relativas a apoio a viagem, estadia e alimentação, será acordada individualmente após divulgação dos resultados.* Todos os participantes deverão estar totalmente disponíveis e comprometidos durante os dias de formação, concepção do projecto e apresentação dos resultados.

Qualquer pedido de esclarecimento poderá ser enviado para o contacto aoje.cv@gmail.com

Edições Anteriores

 

 

03.03.2022 | par Alícia Gaspar | Akinbode Akinbiyi, AOJE, Catchupa Factory, Diogo Bento, fotografia, open call, PALOP

Our (spatial) stories live in performative futures

Curadoria: Cindy Sissokho & Fabián Villegas

Inauguração: 25 de Fevereiro de 2022, das 18h às 21h

Datas: Exposição patente até 19 de Março 2022, Quarta a Sábado, das 15h às 19h

Local: R. Damasceno Monteiro, 12 R/C | 1170-112 – Lisboa

Artistas: Rafael De Oliveira, Désirée Desmarattes, Theo Gould, Henrique J. Paris, Lion
Maré Djaci, Odair Monteiro, Nuno Silas, Sofia Yala

Cada regime de representação colonial é construído sobre o apagamento, o silenciamento, a devastação dos ecossistemas culturais, as geografias existenciais, as cartografias emocionais. A imagem é precedida por sons, o olhar colonial apaga os sons, remove o contexto e os objectos de representação. Tira o objecto fora da representação da sua própria concepção de espaço e temporalidade.

Através da fotografia, textos, sons, performance e vídeo, os oito artistas criam espaços de intimidade para o quotidiano, criam coletivamente ferramentas que revelam narrativas familiares, itinerários diaspóricos e arquivam o eu em processos de auto-realização e reivindicação a sua existência fora de um olhar colonial e a temporalidade.

O artista fá-lo através do auto-retrato, ligando-se através de objectos familiares como sistemas de transmissão e recuperação histórica das memórias. Esta narração é trazida dentro de uma ‘casa’ – as casas de família, o quarto, o estúdio fotográfico como um espaço seguro e até mesmo o corpo – capturando o vernáculo da diáspora, reivindicando a presença negra na cidade entrincheirada dentro de narrativas/monumentos coloniais e aos projectos ‘casa’ como espaço para horizontes emancipatórios e utópicos de vida colectiva.

Através de exercícios de insurreição e imaginação política, o diálogo da diáspora com os espaços de monumentalidade na cidade, activando espaços de memória, cria viagens auto-cartográficas, arquivos monumentais de legado anticolonial.

Como é que o regime de imagens tem um papel na informação do planeamento futuro, visão utópica e dinâmica desejos em torno de viver em cidades para a diáspora?

Através da representação e compreensão dos movimento que ocorrem (estratificação laboral, migração, mobilidade social, cultural e económica zonificação, etc.) contra as narrativas actuais de rejeição, transformação, gentrificação, etc.

A exposição é uma viagem pedagógica que não só exibe mas procura o exercício de uma imaginação de narrativas diásporas no futuro. Faz-nos questionar quais são as metáforas de nós próprios no futuro.

As obras dos artistas são um convite à ficcionalização das narrativas, e uma possibilidade de procurar através da ficção uma ferramenta pedagógica para visualizar os futuros performativos. A exposição refere-se indiretamente ao conceito histórico de “Heterotopias” e a ressonância com a categoria de “utopias localizadas”, em que construímos mundos dentro de mundos, um novo sentido de espacialidade no regime colonial de espacialidade.

Permitem-nos também pensar, visualizar e experimentar o que significa criar e recuperar histórias espaciais através da lente das suas experiências pessoais que se infiltram através da narração visual de histórias. Elas reconsideram um sentido de espaço e lugar através da fugitividade, exílio e deslocamento e negociar um sentido de pertença contra a violência espacial.

Este projecto é apoiado por UCREATE um projecto de Creative Europe a decorrer na Bélgica, Hungria, Portugal e Itália liderado por 4 organizações artísticas (Fundação Internacional Yehudi Menuhin (BE); HANGAR (PT); Mus-e Hungary (HUN); BIG SUR (IT)) com o objectivo de utilizar as artes e a co-criação artística como um meio para criar laços sociais entre indivíduos.

21.02.2022 | par Alícia Gaspar | arte, cultura, Désirée Desmarattes, diáspora, fotografia, Henrique J. Paris, Lion Maré Djaci, Nuno Silas, Odair Monteiro, Rafael De Oliveira, Sofia Yala, Theo Gould

Exposição | As roças de São Tomé e Príncipe - o lido e o fotografado

As roças de São Tomé e Príncipe são assentamentos agrícola-industriais, em número aproximado de 200, que se estendem pelo território destas duas ilhas do Atlântico no Golfo da Guiné. Para além de uma arquitetura de matriz portuguesa as roças albergavam as populações que desde o séc. XV foram sendo trazidas para estes territórios e sujeitas ao trabalho árduo e iníquo. São também locais onde eficientes máquinas de produção foram construídas e colocaram São Tomé e Príncipe como um dos maiores produtores de cacau do mundo no início do séc. XX.  

No âmbito do mestrado integrado em arquitetura do ISCTE, um conjunto de alunos do Laboratório Cidade Justa e Inclusiva do 5ºano debruçou-se sobre este património partilhado, visitá-lo, analisá-lo e dialogar com os vários intervenientes. Em novembro de 2021 rumámos em viagem a São Tomé e Príncipe. De lá trouxemos imagens evocativas de uma natureza exuberante, de gentes afáveis, e de edifícios imponentes, construídos ao estilo português, consumidos pela floresta tropical e pelo tempo.  

Partilhamos fragmentos desta experiência através de fotografias e de escritos, alguns dos quais encontrados na biblioteca do ISCTE trazendo à luz complexas dinâmicas sociais, culturais e económicas.   

A exposição irá ocorrer de 2 a 31 de março de 2022 na Biblioteca do ISCTE. No dia 2 faremos a inauguração com uma tertúlia que terá a participação do fotógrafo Dário Paraíso e do antropólogo Emiliano Dantas que participaram na curadoria da exposição fotográfica.

Caso possam estar presentes na inauguração pedimos que se inscrevam em https://forms.gle/txAq22aJsj2M3rtG6

21.02.2022 | par Alícia Gaspar | dário paraíso, emiliano dantas, exposição, fotografia, ISCTE, Laboratório Cidade Justa e Inclusiva, São Tomé e Príncipe

TOCHAS, exposição de fotografia de Vasco Célio

a partir de 24 de novembro || 18h - 20h, Campo de Santa Clara, 167, Lisboa (nas Antigas Oficinas de Fardamento do Exército)

Curadoria: Sara Goulart

Em lugar incerto entre lenda e historiografia, conta-se que, há cerca de quatrocentos anos, os habitantes de São Brás de Alportel, perante a ameaça de invasão por parte de uma frota inglesa, acenderam tochas de fogo no alto do serro, à noite, criando a ilusão de exército grandioso e conseguiram assim afastar o inimigo. A vitória é anualmente evocada pelos homens de São Brás que substituíram a tocha incandescente por uma composição floral por eles elaborada e transportada numa procissão do rito pascal católico. 

Nos anos de 2012 e 2017, Vasco Célio retratou as centenas de homens de S. Brás de Alportel que empunham as suas tochas floridas na procissão pascal da Ressureição. Desse trabalho resultou uma exposição de novo fotografias à escala real. 

Apoios: DGArtes; Câmara Municipal de São Brás de Alportel; Ironic Art Nation; BUALA; Artadentro; Stills e Largo Residências.

22.11.2021 | par Alícia Gaspar | arte, exposição de fotografia, fotografia, inauguração, TOCHAS, vasco Célio

Restituição e repartição na identidade pós-conflito – Ngonani mu ta wona: uma viagem no tempo ao palácio das colónias

Ngonani mu ta wona (“venham ver”, em língua chope) é um convite para revisitar a I Exposição Colonial Portuguesa, realizada na cidade do Porto, em 1934.
Trata-se de um evento de exaltação da pretendida grandiosidade do antigo império, ante os olhos curiosos dos cidadãos da então metrópole. Entre outras atracções, a Exposição destacou-se pela exibição pública de pessoas oriundas das antigas colónias, apresentadas em simulacros dos seus meios sociais e culturais “originais”.

A presente exposição apresenta quinze fotografias produzidas e divulgadas no contexto da realização do evento, particularmente, da presença de pessoas trasladadas de diversos pontos do então território colonial de Moçambique. Deste grupo de indivíduos, destacam-se os chopes da zona sul de Moçambique que, com a exibição da sua Timbila, atraíram significativamente a atenção do público.

A estas gentes, somaram-se outras gentes levadas de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Goa, Macau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e, eventualmente outras, numa longa jornada de três meses em que “viram e foram vistos” nas alamedas do Palácio das Colónias, construído exclusivamente para o efeito.

O material aqui apresentado é, em si, um testemunho literalmente ocular do papel desempenhado pela fotografia na construção simbólica que se pretendia em eventos desta natureza: a materialização de um determinado imaginário contido na propaganda do regime político então vigente.

Agradecemos, assim, aos arquivos portugueses – nomeadamente, o Arquivo Nacional da Torre do Tombo, o Arquivo Histórico Municipal do Porto e o Centro Português de Fotografia – pela gentil cedência de parte de um vasto acervo fotográfico que constitui um importante património documental da experiência histórica de Moçambique, dos moçambicanos e da sua cultura.
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Organização: Marílio Wane

Patente até 10 de Dezembro 2021, nas grades exteriores do CCFM e CCMA
Créditos da fotografia: Câmara Municipal do Porto/Arquivo Histórico. Identificador 692698

No âmbito do Ciclo de Debates sobre “Restituição e reparação na identidade pós-conflito”
Mais informações aqui.

Ngonani mu ta wona! Iniciativa Mbenga: artes e reflexões e Oficina de História (Moçambique)

19.11.2021 | par Alícia Gaspar | colonialismo, escravatura, exposição, fotografia, ngonani mu ta wona, pós-colonialismo

JUST MY IMAGINATION (Running Away with Me)


Exposição com curadoria de Azu Nwagbogu  

Abertura: 25 de Novembro - 17h / 21h 

Duração: 25 de Novembro de 2021 a 29 de Janeiro de 2022 | Quarta a Sábado - Das 15h às 19h

Artistas: Zanele Muholi & Ayogu Kingsley

No rescaldo das lutas pelas Liberdades Civis dos anos sessenta, nos Estados Unidos, e do movimento independente que varreu o continente africano, os anos setenta proporcionaram uma nova era aos artistas Negros, na qual sentiram a liberdade para escrever, produzir canções, arte, acolher eventos mundiais (FESTAC 77), combates de boxe (Rumble in the jungle 74), música e literatura que não estavam enraizados nas lutas, mas sim na alegria, no amor, na diversão, e na família Negra, sem deixar de abordar, de modo subtil, as injustiças sociais a partir de dentro – uma experiência intra-negra e não em reação ao “outro”, por assim dizer. Esta ideia de Negritude pós-moderna é hoje recuperada na cultura visual contemporânea, através do Retrato Negro. A Negritude passou da angústia existencialista a realidade natural, imaginação, aspiração, fantasia e agora nostalgia. Encontramo-nos num momento de nostalgia por fragmentos do passado, que guia e alimenta o presente, e desperta a imaginação. Just My Imagination (Running Away with Me) é uma canção do grupo americano de Soul, The Temptations. Nesta canção, a icónica banda fantasia acerca da felicidade doméstica, o tipo de futuro utópico que é nitidamente negado e dissociado da experiência Negra contemporânea. Just My Imagination foi uma ode à esperança de viver uma vida familiar simples e tranquila. Esta exposição apresenta um realismo natural que se torna visível através da pintura e da fotografia, uma vez que ambos os meios interagem e dominam a arte contemporânea de hoje em dia.

Zanele Muholi e Ayogu Kingsley são artistas contemporâneos com esperanças e aspirações moldadas por fragmentos da sua perceção da experiência Negra africana na infância. Esta exposição pretende recriar os atos de resignação perante fantasias emancipatórias moldadas por memórias pesadas de infância, histórias e cultura visual. Tal como as melodias psicadélicas Soul da obra epónima dos Temptations, lançada em 1971, o artista funde-se e atravessa o imaginário e a realidade para enfrentar o eu. Entre a auto-exploração vulnerável e declarações arrojadas, cada obra de arte desafia os arquétipos normativos e os padrões de comportamento ditados pela cultura contemporânea. 

Cada narrativa visual apresenta a imagem do próprio. Seja através do autorretrato performativo ou da pintura hiper-realista, os meios arrojados escolhidos pelos artistas abrem espaço à coragem de romper com a servidão.

Notas Biográficas:

_Azu Nwagbogu é o Fundador e Diretor da African Artists’ Foundation (AAF), uma organização sem fins lucrativos sediada em Lagos, na Nigéria. Nwagbogu foi nomeado Diretor/Responsável de Curadoria Interino do Museu Zeitz de Arte Contemporânea na África do Sul, de junho de 2018 a agosto de 2019. Nwagbogu é também Fundador e Diretor do LagosPhoto, um festival anual internacional de fotografia artística realizado em Lagos. É editor do Art Base Africa, um espaço virtual para descobrir e conhecer arte contemporânea de África e das suas diásporas. Nwagbogu é um curador com um especial interesse na museologia futura.

_Zanele Muholi, ativista visual que trabalha com fotografia, nascida em Umlazi, Durban. Atualmente vive e trabalha em Umbumbulu. A missão autoproclamada de Muholi é “reescrever uma história visual negra, queer e trans da África do Sul para que o mundo tome conhecimento da nossa resistência e existência no auge dos crimes de ódio na África do Sul e além-fronteiras”. Está atualmente a construir a primeira escola de artes em KwaZulu Natal. Muholi co-fundou o Forum for Empowerment of Women (FEW) em 2002. Em 2009, fundou também o Inkanyiso, um fórum para meios visuais (de ativismo) queer. Continua a oferecer formação e a co-proporcionar workshops de fotografia para jovens mulheres nos bairros da cidade. Muholi estudou Fotografia Avançada no Workshop de Fotografia de Mercado em Newtown, Joanesburgo, e em 2009 concluiu um mestrado em Documentary Media na Universidade de Ryerson, Toronto. Em 2013, tornou-se Professora Honorária na Universidade de Artes/Hochschule für Künste Bremen.

_Ayogu Kingsley Ifeanyichukwu é um artista nigeriano conhecido pelo seu estilo hiper-realista. Nascido em Enugu, na região oriental da Nigéria, Ayogu interessou-se pela pintura e pela arte desde muito jovem. Isto levou-o a estudar pintura e gráfica no Enugu State College of Education (Technical). A obra de Ayogu pode ser descrita como deslumbrante e detalhada, retratando situações com um amplo espetro de emoções expostas através de lágrimas, desespero e afinidade. Quem observa as suas peças sente invariavelmente uma ligação aos quadros.

*Todos os direitos de imagem reservados aos artistas. 

19.11.2021 | par Alícia Gaspar | arte, ayogu kingsley ifeanyichukwu, azu nwagbogu, exposição, fotografia, HANGAR, pintura, realismo, Zanele Muholi