Doc's Kingdom 2021 - O Movimento das Coisas

Seminário Internacional de Cinema Doc’s Kingdom 2021 
regressa a Arcos de Valdevez de 1 a 5 de Outubro

“O Movimento das Coisas” é o ponto de partida da presente edição do Seminário Internacional de Cinema Doc’s Kingdom, que regressa a Arcos de Valdevez de 1 a 5 de Outubro. O Seminário Doc’s Kingdom é organizado desde 2000 pela Apordoc — Associação pelo Documentário, também responsável pelo Festival Doclisboa.

O único filme realizado por Manuela Serra — “O Movimento das Coisas” (Portugal, 1986/2021), estreado comercialmente 40 anos depois das filmagens em Lanheses, no Alto Minho — inspira o programa da presente edição, que celebra o reencontro no cinema com a presença de Manuela Serra, Jeannette Muñoz, Jessica Sarah Rinland, Naomi Uman e Sílvia das Fadas, entre outras realizadoras a anunciar.

Com um programa secreto até ao início de cada projecção, o Doc’s Kingdom 2021 reúne gestos que nos convocam para uma experiência táctil do cinema, incluindo um programa inédito de sessões especiais em 16mm, a partir do diálogo entre obras e cineastas que imaginam o lugar da comunidade na fragilidade do encontro e na sensibilidade do contacto, aí encontrando a sua força e a sua forma singulares.

O Doc’s Kingdom arranca na tarde de sexta-feira, 1 de outubro, com a conferência “A Vez do Cinema”, organizada em parceria com o Cineclube de Arcos de Valdevez. A conferência reúne delegados de projectos — salas, laboratórios, escolas, livrarias ou residências artísticas — que são exemplares na sua dimensão simultaneamente local e internacional. Estão confirmadas, entre outras, as participações de Ao Norte (Viana do Castelo), Casa do Xisto (Barcelos), Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa (Porto), Filmaporto Film Commission(Porto), Laboratório da Torre (Porto), Numax (Santiago de Compostela), Rua Escura (Porto), para além do Flaherty Film Seminar (Nova Iorque, EUA) e La Vulcanizadora (Santa Marta, Colômbia).

Originalmente inspirado pelo seminário Flaherty, o Doc’s Kingdom mantém as mesmas características distintivas desde a sua primeira edição em 2000: ao longo de uma semana, o mesmo grupo vê filmes e conversa informalmente sobre eles; cada jornada inclui sessões de filmes de diferentes cineastas, propondo o diálogo entre os autores presentes e um debate coletivo aberto a todos os participantes, sem distinções hierárquicas entre realizadores, estudantes, professores, espectadores e organizadores; desde 2013, para encorajar a participação integral no seminário e intensificar a experiência de imersão total, o seminário não divulga antecipadamente o programa de filmes; ao longo do programa intensivo de projecções e debates, a experiência passa também pelo encontro com o lugar onde se realiza o Doc’s Kingdom, promovendo a relação com a comunidade local.

Contrariando a dimensão quantitativa dos festivais e a formatação do espaço académico, o que aqui se propõe é uma experiência de cinema e uma experiência humana global, que desejavelmente se tornem uma só coisa. Este encontro visa proporcionar um salto no conhecimento e na visão de quem nele participa. Por um lado, através da experiência concentrada de projecções e debates. Por outro, usando como catalisadores a própria vivência de grupo e a oportunidade de mergulho num lugar inspirador, que extrai os participantes aos seus diferentes contextos habituais, convidando-os para uma experiência de imersão total.

O seminário insiste na dimensão colectiva desta experiência, propondo um programa único para todos os participantes, sem eventos paralelos e sem alinhamento prévio: em cada sessão, o grupo entra na sala de cinema sem mapa, aliando a disponibilidade e o risco para cooperar numa experiência que não pode antecipar.

26.09.2021 | par Alícia Gaspar | cinema, doc's Kingdom, DocLisboa, o movimento das coisas, seminário internacional de cinema

2ª Mostra Taturana de Cinema

A 2ª Mostra Taturana de Cinema: Democracia e Antirracismo, realizada em parceria com a Coalizão Negra por Direitos, Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro (APAN) e Wonder Maria Filmes (Portugal), reúne curtas e longas-metragens documentais, brasileiros e de outros países, sob a premissa de que não é possível falar em democracia sem se comprometer com a luta antirracista. A Mostra acontece nos dois países de 14 a 19 de setembro, semana em que se celebra o Dia Internacional da Democracia.

Se a imagem desempenha um papel fundamental na sociedade contemporânea, para falar em democracia também é necessário descolonizar o olhar.

Da perspectiva do racismo estrutural – quando as práticas institucionais, históricas, culturais e interpessoais inferiorizam e prejudicam sistematicamente um grupo social ou étnico em benefício de outro, e isso baliza o funcionamento de uma sociedade –, as ordens imaginárias não escapam da lógica de dominação. A repetição de imagens – no cinema, na mídia, nas redes – muitas vezes torna familiar e naturaliza concepções que ajudam a construir, apoiam e mantêm opressões como racismo, sexismo, estigmatização de grupos historicamente discriminados e exterminados pela dominação de matriz colonial, que persiste no mundo globalizado de hoje. 

O cinema pode ser uma ferramenta privilegiada para combater e romper com esses modelos hegemônicos de ver, pensar e representar o outro dentro de uma lógica de opressão. Ver-se em outra perspectiva, imaginar-se, descrever-se e reinventar-se pelo cinema é uma forma de descolonizar imaginários, interrogar as matrizes de representação opressoras e criar estratégias para a construção de outras, que em vez de reduzir, multiplicam as possibilidades de existência na ideia de diversidade.

É com esse olhar que a curadoria da Mostra selecionou 23 filmes dirigidos apenas por pessoas negras e indígenas e organizou 11 atividades (debates, encontros, oficinas e mais) relacionadas às questões abordadas pelas obras. 

Os filmes e as atividades estão organizados em seis eixos temáticos: Experiências do corpo e da fé: religiosidade, estética e antirracismo; Em defesa da vida: direito ao território e ao modo de viver; Árvore da memória: busca da ancestralidade e combate ao apagamento e à invisibilidade; Muros do racismo: estruturas e fronteiras geográficas, materiais e simbólicas; Vidas negras importam: violência de Estado e genocídio da população negra; Outras histórias possíveis: memória, vozes e disputa de narrativas. 

A Mostra abre, ainda, uma conexão direta com Portugal: parte da programação está pensada especificamente para estabelecer diálogos com este país de histórico colonizador e, respeitadas as diferenças, promover debates sobre temas e entre pessoas a partir de pontos em comum. Assim, filmes de realizadores que trazem histórias vividas no continente africano e nas diásporas, em países como Angola, Guiné e Quênia, além de Portugal, somam-se à programação do encontro, proposto como espaço de diálogo e comprometimento.

Os documentários têm acesso gratuito pela plataforma TodesPlay (tanto para Brasil quanto para Portugal), por onde também serão transmitidos debates e outras atividades online com pessoas convidadas. Acontecem, ainda, algumas atividades presenciais em ambos países; destaque especial para as caminhada históricas pelos centros de São Paulo e Lisboa, revisitando lugares de presença africana nessas cidades. Em São Paulo, a programação presencial acontece no Centro Cultural São Paulo (CCSP) e no Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes. Em Lisboa, acontece no Museu do Aljube – Resistência e Liberdade. Em todos os locais presenciais, o público será reduzido e haverá protocolos de segurança.

08.09.2021 | par Alícia Gaspar | antirracismo, ativismo, cinema, democracia, mostra taturana de cinema

Sarah Maldoror: Tricontinentale

La première exposition consacrée à l’œuvre de Sarah Maldoror (1929-2020). Elle est l’occasion de faire découvrir l’œuvre cinématographique, mais aussi théâtrale, poétique et politique, d’une cinéaste à la production, alternant fiction et documentaire, au service d’un cinéma révolutionnaire et décolonial résolument anti-raciste.


Conçue comme une cartographie, l’exposition revient sur les géographies traversées par Sarah Maldoror – Moscou, Conakry, Alger, Fort-de-France ou Saint-Denis. Celle-ci rend compte des dialogues entretenus avec des figures intellectuelles, artistiques et politiques telles que Mario Pinto de Andrade, Aimé Césaire, Marguerite Duras, Jean Genet, Chris Marker ou William Klein, tout en créant des liens avec des artistes contemporains – certains avérés, d’autres fantasmés.

À la fois recherche poétique et outil de lutte, le cinéma de Sarah Maldoror doit être regardé à l’aune de courants de pensées qui ont rythmé le 20ème siècle – et trouvent de nouveaux échos aujourd’hui  – tels que le surréalisme, la négritude, le panafricanisme et le communisme. Une des constances de son œuvre est l’antiracisme, qu’elle déploie à l’image par un travail de scénario, du cadrage et du montage, dirigeant la focale sur l’absurdité des discours sur lesquels se fondent le racisme.

Considérée comme pionnière du cinéma africain – et réalisatrice guadeloupéenne – mais française née dans le Gers, Sarah Maldoror refuse les catégories et son œuvre défie les frontières des genres, remet en jeu les valeurs et les hiérarchies des goûts. L’exposition explore également les difficultés qu’elle a rencontré pour faire reconnaître son travail cinématographique et le faire financer, en présentant nombre de ses projets non réalisés.

Sarah Maldoror : Tricontinentale permet enfin de rendre compte de l’engagement profond de Sarah Maldoror pour la poésie, le théâtre, la musique et les arts visuels. Son nom – qu’elle emprunte aux Chants de Maldoror (1868) du Comte de Lautréamont – en est le premier témoin. Ainsi seront convoqués la troupe de théâtre des Griots (la première compagnie en France d’actrices et acteurs noirs, qu’elle a contribué à fonder en 1956), l’Art Ensemble de Chicago, le saxophoniste Archie Shepp, le poète Louis Aragon, les artistes Ana Mercedes Hoyos et Joan Miró ainsi que les écrivains Maurice Pons et François Maspero, parmi d’autres.

Afin de déplier ces relations tout en célébrant le cinéma de Sarah Maldoror, l’exposition se divise en deux espaces contigus : (1) un espace de projection permettant d’y déployer un programme de films et de programmes publics, prises de parole et performances (2) un espace d’exposition mêlant vidéo, peintures et installations. Cet espace se déploie à partir d’une scénographie retraçant l’œuvre de Sarah Maldoror, au sein de laquelle s’inscrivent des éléments d’archives, en dialogue avec une fresque de l’artiste Maya Mihindou qui présente un récit de vie documenté et rêvé sur la réalisatrice.

Trois films importants de Sarah Maldoror seront aussi montrés, en parallèle de l’exposition au Palais de Tokyo, dans trois institutions parisiennes et franciliennes, afin de décliner sa ciné-géographie : au Musée de l’Homme, au Musée de l’Histoire de l’Immigration ainsi qu’au Musée d’Art et d’Histoire de Saint-Denis.

Curators​ : Cédric Fauq & François Piron
Assistant curatorial : Clément Raveu

Exposition en partenariat avec l’INA,

Le Musée national de l’histoire de l’immigration,

Le Musée de l’Homme,

Le Musée d’art et d’histoire Paul Eluard de Saint-Denis

 

21.06.2021 | par martalanca | cinema, Sarah Maldoror

Fantasmas do Império | 3 Junho nos Cinemas

SESSÕES

Estreia a 3 de junho
Cinema City Alvalade (Lisboa)
Cinema City Alegro Setúbal
Cinema NOS Alma Shopping (Coimbra)

10 de junho – hora a confirmar 
Tavira

23 de junho – 19h00 
Teatro Sá da Bandeira (Santarém) – em parceria com o Cineclube de Santarém

Debates no Cinema City Alvalade no final da sessão das 19h

3 Junho – Ariel de Bigault (realizadora)
4 Junho – Fernando Matos Silva (realizador, montador e produtor; personagem principal de Fantasmas do Império)
7 Junho – António Pinto Ribeiro (Investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e no projeto Memoirs Filhos do Império)
8 Junho – Margarida Cardoso (cineasta; personagem principal de Fantasmas do Império)
9 Junho – Ariel de Bigault (realizadora)

28.05.2021 | par Alícia Gaspar | cinema, colonialismo, estreia, Fantasmas do Império, filme

VOARTE – Dias de Dança, Cinema e Comunidade

1 a 5 de Junho de 2021

Teatro do Bairro


Está a chegar uma semana de programação da VOARTE, com dias dedicados à dança, cinema e comunidade, que visam dar a conhecer o trabalho que a estrutura tem vindo a desenvolver ao longo de 23 anos de projectos artísticos multidisciplinares, inclusivos e inovadores. Decorrerá entre o dia 1 e 5 de Junho, no Teatro do Bairro, e contará com a exibição de filmes, conversas, ações de formação e a estreia do novo espectáculo de dança da CiM – Companhia de Dança.

Dia 1 de Junho (terça-feira) – InShadow _ LittleShadow – teremos uma sessão de animação destinada ao fechada ao público geral e articulada directamente com as escolas, desenvolvida no sentido de suscitar a imaginação e desenvolver a reflexão crítica entre os mais jovens. Um apanhado do melhor que nos tem chegado à Competição Internacional de Animação da secção Little Shadow, em combinação com produções inéditas entre nós. São oito filmes - desde poemas visuais, com o corpo e a abstracção em constante movimento, a apontamentos narrativos de crescente complexidade - assentes em temáticas actuais (da inclusão, à sustentabilidade ambiental), cuja exibição pretende promover o cinema de animação enquanto ferramenta activa no desenvolvimento de mentes e identidades socialmente conscientes.

Dia 2 de Junho (quarta-feira) – Projecto Educativo _ Geração Soma – durante a tarde decorrerá uma ação de formação para professores, sobre práticas artísticas e inclusivas em contexto escola, que terá como ponto de partida o Documentário Geração SOMA. Todas as memórias têm um contexto, um tempo e um espaço. Através do processo criativo do projeto Geração SOMA, iremos explorar um olhar para trás, um mundo onde se multiplicam momentos e uma caixa de memórias onde se somam experiências vividas que resultaram numa aventura inesquecível. Um projeto inclusivo e social que trabalhou com crianças entre os 5 e os 16 anos de escolas do Ensino Básico de Lisboa, integrando também crianças com NEE (Necessidades Educativas Especiais) e os respetivos educadores (professores e pais), através da criação e prática artística. Ao fim do dia, pelas 19h30, será novamente exibido o documentário Geração SOMA, para famílias e público geral.

Dia 3 de Junho (quinta-feira) – Cinema _ Documentário & Vídeo-Dança – Um dia dedicado ao universo cinematográfico de Pedro Sena Nunes, passando pelo formato documentário, pelas 15h - com os filmes A Morte do Cinema e Qualquer Coisa de Belo, que partem da premissa do papel do cinema enquanto potenciador/criador de memórias - e pela sua valência mais cine-coregráfica, às 19h30 – com os filmes Poti Pati, Four Void, Hope e Pequena Desordem Silenciosa, de natureza experimental, povoados pela poesia nas suas mais variadas formas - vocal e imagética, cénica e coreográfica.

Dia 4 de Junho (sexta-feira) – InArt & InShadow _ Documentário & Vídeo-Dança – Um dia dedicado aos Festivais produzidos pela VOARTE, o INART – Community Arts Festival e o InShadow – Lisbon Screendance Festival. A tarde inicia-se às 15h, com os documentários Ícaro e 2 and 2 Are Four de Pedro Sena Nunes, numa alusão ao INART, um festival dedicado à promoção de projectos artísticos baseados na diversidade das comunidades, numa arte plural e participativa. Uma sessão fechada ao público geral e dirreccionada a estudantes de dança. Pelas 19h30, numa exibição dedicada ao Festival InShadow, serão projetados nove vídeo-dança, selecionados de entre aqueles que mais se destacam ao longo de uma década de programação, e que testam os limites da relação cine-coreográfica entre a câmara e corpo nas suas mais variadas formas.

5 de Junho (sábado) – CiM – Companhia de Dança _ Geografia Humana – a fechar a semana, no sábado, às 19h30, haverá a estreia do novo espectáculo produzido pela CiM, Geografia Humana.

“Estudamos as superfícies, um possível território, uma paisagem, um lugar. Observamos a distribuição das coisas, dos movimentos, de fenómenos e ajustamos. Medimos o espaço, criamos memória do corpo que o habita e criamos relações com o meio ambiente. São detalhes em transformação com uma ordem inacabada onde podemos escutar o delicado de um espaço e tempo aberto.”

Gostaria de conhecer melhor os projetos da VOARTE e experienciar uma semana enriquecedora a nível cultural e pessoal? Esperamos por si no Teatro do Bairro, de 1 a 5 de junho!
Bilhetes de cortesia, com preços que variam entre 2€ e 5€, brevemente à venda em teatrodobairro.bol.pt.

A voarte, com 23 anos, nasceu da vontade de produzir, promover e valorizar a criação contemporânea, através do cruzamento de linguagens artísticas. Desde 2007, produz a CiM - Companhia de Dança que integra profissionais com e sem deficiência, assim como a produção dos festivais InShadow – Lisbon Screendance Festival e o InArt – Community Arts Festival. Sob a Direcção Artística de Ana Rita Barata (coreógrafa) e Pedro Sena Nunes (realizador).

20.05.2021 | par Alícia Gaspar | arte, cinema, conversas, dança, Teatro do Bairro, voarte

Memórias de um filme + 66 cinemas

Agora que, finalmente, podemos regressar aos cinemas, O FILME DO MÊS de Maio é precisamente composto por dois filmes que nos falam sobre a magia da sala de cinema e sobre os perigos que ameaçam a sua existência.

MEMÓRIAS DE UM FILME 

de Tiago Resende, Documentário Experimental, Portugal, 2014, 26’

As cidades têm vindo a perder os seus templos do cinema. O ato de ir ao cinema está a perder importância social. Deixou-se de ir à sala escura em busca do sonho. Vivia-se o cinema e sentia-se o cinema, em conjunto. Hoje, estamos sozinhos.
Assim como estes lugares que estão isolados, sem público, sem projeccionistas, sem filmes, sem cinema. A sala enquanto lugar mítico e fábrica de sonhos está a desvanecer. Deixou-se de sonhar. Apagaram-se as memórias daqueles lugares e daqueles por que lá passaram e viveram, com emoção, o cinema. Era uma vez um filme e as memórias desse sonho. Restam-nos algumas memórias, memórias de um filme.

66 CINEMAS

de Philipp Hartmann, Documentário, Alemanha, 2016, 98’, M/12

Com a ajuda de uma única câmara, Hartmann filma os verdadeiros protagonistas do Cinema: os responsáveis pelos bastidores. As pessoas por detrás da bilheteira. Os seus animais de estimação. Os passatempos com que ocupam as horas mortas. As histórias de como se apaixonaram por este mundo, muitos ainda na infância e adolescência, e fizeram carreira nele para proporcionar a mais jovens essa mesma paixão. Os muitos telefonemas a pedir informações sobre os horários de exibição de determinada película. As toneladas de pipocas. O velho. As películas em 35 mm e os retroprojectores. O novo. O comercial e o mais ecléctico. As várias gerações de uma mesma família ligadas à gerência de uma sala de cinema. Os pessimistas, que vêem a evolução da indústria como desmoralizante. Os optimistas, que acreditam que a tecnologia pode conviver com métodos mais tradicionais. Os que defendem que os pequenos cinemas não estão todos condenados à falência e os corajosos que, ainda hoje, decidem abrir novas salas. A diminuição da afluência de expectadores. As artimanhas para contornar a crise. O declínio de uma arte que a digitalização veio mudar para sempre, e as soluções que se encontram para a manter viva.

Locais, Datas, Horários e Preços:
Biblioteca de Alcântara • 20 Maio 2021 • 19:30 • 4€/pessoa
Biblioteca de Marvila* • 21 Maio 2021 • 19:00 • 4€/pessoa
O Cinema da Villa • 28 Maio 2021 • 16:30 • Preçário em vigor no cinema

A sessão de 21 Maio, na Biblioteca de Marvila, será seguida por uma conversa com Rita Rio de Sousa, programadora da Castello Lopes Cinemas e d’O Cinema da Villa.

Para as Bibliotecas, é obrigatória reserva até às 15:00 do dia da sessão através do email: servicoeducativo@zeroemcomportamento.org

O Filme do Mês é um projecto de exibição, pensado para o público adulto, com filmes sobre temas tão distintos como: Política, Economia, Direitos Humanos, Educação, Arquitectura e Urbanismo, Artes, Ciência e Ecologia, entre muitos outros temas.

19.05.2021 | par Alícia Gaspar | 66 cinemas, cinema, documentário, evento, memórias de um filme, o filme do mês

Cinemas pós-coloniais e periféricos - ebook

Este é o terceiro volume da série de publicações  intitulada Cinemas pós-coloniais e periféricos, produzida no âmbito do GT homônimo da Socine – Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual. Esta rede de pesquisadores dedica-se aos estudos pós-coloniais a partir do cinema e suas implicações políticas e estéticas no campo das artes em geral.

De acordo com pensadoras e pensadores latino-americanos, como Maria Lúgones, Walter Mignolo e Nelson Maldonado-Torres, o discurso central da suposta universalidade do projeto da modernidade trouxe como consequência a eliminação de saberes e culturas locais, ancestrais, comunitárias e não industriais ligadas aos antigos povos originários. A justificativa utilizada para tal epistemicídio corresponde à celebração da participação de tais grupos na “civilização ocidental” moderna, cuja composição social é marcada pelo racismo estrutural. Portanto, o que é entendido como periférico, subalterno ou marginal revela-se como um importante aparato, uma construção social amplamente demarcada pelo biopoder, um tipo de poder regulador de vidas (e de mortes) bem como um índice de determinação das ficções e das representações acerca da vida do “outro”.

É nessa ampla corrente epistêmica, intelectual e política dos estudos pós-coloniais que esta coletânea se insere, uma área interdisciplinar que agrega vários saberes das Humanidades, desde a Crítica Literária aos Estudos Artísticos. Grande parte dos pesquisadores e pesquisadoras reunidos tanto neste volume quanto nos dois anteriores mostra um esforço inédito no campo do cinema, no caso do Brasil, no questionamento de nossa historiografia, filmes, bibliografias e referências canônicas.

Download do livro disponível aqui.

23.04.2021 | par Alícia Gaspar | cinema, civilização ocidental, colonialismo, cultura, ebook, pós-colonialismo, racismo estrutural

Ruy Duarte de Carvalho | 80 anos | ciclo de conversas online

Passam, em Abril, 80 anos sobre o nascimento de Ruy Duarte de Carvalho (1941-2010). Escritor, antropólogo, cineasta, professor universitário, Ruy Duarte de Carvalho deixou publicada uma extensa obra, atravessada de abordagens cruzadas e géneros inclassificáveis, da literatura à antropologia ou ao cinema.

Cartaz de Alejandro Levacov.Cartaz de Alejandro Levacov.
Procurando dar conta da dimensão multifacetada do seu trabalho, propomos um ciclo de conversas online* com um conjunto de investigadoras que se têm dedicado ao estudo da sua obra.
* Sala de Zoom cedida pelo c.e.m. – centro dm movimento.
https://zoom.us/j/2302601308?pwd=ZjhNRVlDc2VVeUdxeWsvTVZQblJQUT09
Meeting ID: 230 260 1308
Passcode: 123

Uma Abertura à Experiência: a Fotografia de Ruy Duarte Carvalho ao Longo do seu Projecto Etnográfico sobre os Pastores do Sul Rural de Angola | Conversa com Inês Ponte
Quarta-feira, 7 de Abril, às 18h30
Esta conversa aborda as vidas da produção fotográfica de Ruy Duarte de Carvalho (1941-2010), antropólogo angolano nascido em Portugal que, a meio da prolongada guerra civil no país (1975-2002), se envolveu com os pastores transumantes Ovakuvale da região semiárida do Sul de Angola. Durante os anos 90, Carvalho utilizou a fotografia analógica para documentar o seu trabalho de campo entre os pastores, e posteriormente empreendeu várias experiências com elas para fins etnográficos. Partindo da actual remontagem do seu arquivo pessoal após a sua morte, exploro usos públicos das suas imagens sobre os pastores durante a sua vida, para discutir as formas como as articulou através de diversos modos expressivos e iniciativas – tais como aguarelas, distintas publicações ilustradas, em duas exposições temporárias e numa peça de teatro. Oferecendo a oportunidade de nos rendermos a uma prática experimental ampla que torna o seu projeto etnográfico sobre os Ovakuvale particularmente revelador, abordo através de materiais de arquivo as orientações seguidas na apresentação dessas imagens, e dimensões temporais salientes entre o seu método de produção e esses usos e reusos posteriores, em contexto pós-colonial.
Inês Ponte é investigadora associada no ICS-ULIsboa. É antropóloga, tem pesquisado sobre fotografia e cinema, e suas relações com as ciências sociais, em particular com a antropologia, cruzando investigação com vídeo.

Ler a Nação no Cinema de Ruy Duarte de Carvalho | Conversa com Inês Cordeiro Dias
Quarta-feira, 14 de Abril, às 18h30
Esta apresentação pretende pensar os filmes de Ruy Duarte de Carvalho a partir de alguns dos seus textos sobre cinema, reunidos no livro A câmara, a escrita e a coisa dita… Vamos dar particular atenção às construções da ideia de nação nos filmes realizados nos anos 70, e de como estes pensam o que significa ser angolano num país tão diverso como é Angola.
Inês Cordeiro Dias é Professora Auxiliar de Estudos Lusófonos na Universidade de Leeds. Tem um doutoramento da UCLA e a sua pesquisa inclui cinema brasileiro, moçambicano, angolano e português.

A Realidade em Estado de Palavra: uma Conversa sobre a Escrita Dialógica de Ruy Duarte de Carvalho | Conversa com Anita Moraes
Quarta-feira, 21 de Abril, às 18h30
A produção literária de Ruy Duarte de Carvalho (1941-2010) chama a atenção pela maneira como lida com o complexo problema da representação. Já o título do seu primeiro romance, Os papéis do inglês(2000), que inaugura a trilogia Os filhos de Próspero, anuncia o carácter palpável que a palavra (na materialidade sugerida por “papéis”) tende a adquirir na sua escrita. Nesta conversa, procurarei apresentar como entendo tal processo de evidenciação da palavra nas narrativas de Ruy Duarte de Carvalho, algo perceptível desde os contos de Como se o mundo não tivesse leste (1977). Pretendo, ainda, tratar de seu permanente diálogo com os pastores Kuvale e abordar, ainda que brevemente, alguns aspectos do “Decálogo neoanimista”, texto-manifesto publicado pelo autor em 2009.
Anita Moraes é professora de Teoria da Literatura na Universidade Federal Fluminense (UFF). Os seus interesses de pesquisa voltam-se para as literaturas de língua portuguesa e envolvem as relações entre Literatura, Antropologia e os Estudos Pós-Coloniais.

30.03.2021 | par Alícia Gaspar | angola, ciclo de conversas online, cinema, escrita dialógica, etnografia, fotografia, livraria tigre de papel, Ruy Duarte de Carvalho

Arquitecturas Film Festival regressa a Lisboa em Junho com foco em Angola

Tendo como tema Bodies Out Of Space, o festival vai realizar-se no Cinema São Jorge de 1 a 6 de Junho.

O Cine-Estúdio do Namibe é um edifício projectado pelo arquitecto José Botelho Pereira para Moçâmedes, mas que nunca recebeu filmes. Walter Fernandes (Livro | Angola Cinemas) O Cine-Estúdio do Namibe é um edifício projectado pelo arquitecto José Botelho Pereira para Moçâmedes, mas que nunca recebeu filmes. Walter Fernandes (Livro | Angola Cinemas)

Arquitecturas Film Festival regressa ao Cinema São Jorge, em Lisboa, de 1 a 6 de Junho deste ano, numa oitava edição que se debruça sobre Angola e um total de 36 filmes, anunciou a organização esta terça-feira.

Sem se realizar em 2020, devido à pandemia de covid-19, o regresso do festival dedicado à arquitectura faz-se nos primeiros dias de Junho, com o tema Bodies Out Of Space. “É uma excursão sobre a construção social do espaço conectado a um fio que circula dentro das suas próprias narrativas de dominação. Narrativas também sobre identidade que, muitas vezes, é retirada ou forçada a representar o nosso corpo”, pode ler-se na apresentação. A partir desta reflexão, acrescenta a nota, nasce “uma vontade de pensar activamente sobre a responsabilidade como espectadores” por um “labirinto de desigualdades como descendentes directos da exploração do espaço e dos corpos”.

Além da selecção oficial e da competitiva, o evento debruça-se sobre Angola, país onde “a confluência de tempos e regimes é visível na sua arquitectura e na sua memória colectiva”, com a curadoria da jornalista, escritora e produtora Marta Lança.

O certame arranca com a exibição de Para Lá dos Meus Passos, de Kamy Lara e Paula Agostinho, seguindo cinco bailarinos de diferentes regiões do território angolano. A programação inclui a estreia em sala de “Body-Buildings”, do português Henrique Pina, que cruza dança, arquitectura e cinema no olhar para “seis retratos coreográficos em seis locais portugueses distintos”. Tânia Carvalho, Vera Mantero, Olga Roriz, Paulo Ribeiro, Victor Hugo Pontes e Jonas & Lander cruzam a dança com a arquitectura de Álvaro Siza, Eduardo Souto de Moura, Aires Mateus, João Luís Carrilho da Graça e João Mendes Ribeiro.

Ao todo, são 36 filmes de mais de uma dezena de países diferentes, com a programação completa a ser anunciada em breve. Documentários, filmes de ficção, animação e obras experimentais estarão incluídas na selecção, sempre com a marca da arquitectura contemporânea, com prémios atribuídos para Novos Talentos, Melhor Ficção, Melhor Filme Experimental e o Prémio do Público.

Ao lado da programação cinematográfica, o café do Cinema São Jorge recebe um ciclo de debates intitulado África Habitat, organizado em parceria com a Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa, e a exposição de instalações dos angolanos Lino Damião e Nelo Teixeira. Afonso Quintã organiza ainda uma mostra sobre os cineteatros de Angola, partindo de material do Cine-Estúdio do Namibe, um projecto do arquitecto José Botelho Pereira para Moçâmedes, concluído em 1974, mas que nunca entrou em funcionamento.

Concebido pela Do You Mean Architecture e pelo Instituto, o Arquitecturas é uma co-produção com a EGEAC e o Cinema São Jorge, com vários outros parceiros e o apoio da Embaixada de Angola.

16.03.2021 | par Alícia Gaspar | Aires Mateus, Álvaro Siza, angola, arquitectura, arquitecturas film festival, arquitetura, bodies out of space, body buildings, cinema, cinema de são jorge, dança, do you mean architecture, Eduardo Souto de Moura, embaixada de angola, Henrique Pina, instituto, João Luís Carrilho da Graça e marta lança, João Mendes Ribeiro, lisboa, Olga Roriz, Paulo Ribeiro, Tânia Carvalho, Vera Mantero, Victor Hugo Pontes e Jonas & Lander

Cinema: Beast International Film Festival começa no dia 24 de março

A quarta edição do festival decorre este ano exclusivamente online, na plataforma Filmin. Entre 24 de março e 4 de abril vão ser disponibilizadas 60 produções cinematográficas de países do leste europeu, com destaque para a Roménia. O programa estende-se depois até junho, com sessões presenciais no Porto.

No ano passado deveria ter ocorrido mais uma edição do Beast International Film Festival mas a pandemia levou ao adiamento. A solução encontrada pela organização para o evento passa por um cenário misto: entre 24 de março e 4 de abril serão disponibilizados cerca de 60 filmes, através da plataforma Filmin. À medida que o confinamento abrandar, haverá sessões presenciais, no Porto. 

O programa divide-se entre o lado competitivo e secções focadas no documentário, em filmes experimentais e em criações de estudantes de cinema, com um momento de festival, de 24 a 28 de março, e os filmes disponíveis na plataforma até 4 de abril, explica a organização em declarações à agência Lusa. 

“Acho que a parte competitiva tem a ideia do ‘wild, wild east’. O ‘Leste selvagem’, um dos nossos motes. Tem pequenas janelas do Leste, com pequenas histórias, sobre relações, sobre famílias, a comunidade LGBT+. Queremos ter uma parte de diversidade da Europa de Leste e não tanto estereótipos” sobre essa região, defende o diretor do festival Radu Sticlea.

A abertura do Beast International Film Festival é assegurada pelo filme “Ivana The Terrible”, uma obra entre o documentário e a ficção, a partir da vida da própria realizadora, Ivana Mladenovic.  

“Acasa, My Home”, realizado por Radu Ciorniciuc, recebeu o prémio de cinematografia no festival de Sundance, em 2020 e é também um destaque do Beast; este documentário acompanha uma família de onze pessoas que tem de abandonar vinte anos de comunhão com a natureza, para se adaptar à vida em Bucareste. 

Também em destaque está “The Distance Between Me and Me”, de Dana Bunescu e Mona Nicoara, que explora a imagética e o trabalho de Nina Cassian. e “Invisible Paradise”, estreado no festival suíço “Visions du Réel” de 2020. Este trabalho da bielorrussa Daria Yurkevich segue três irmãs daquele país que cresceram numa comunidade piscatória, vista como um paraíso, mas muito próxima da zona de exclusão de Chernobyl. 

O Beast International Filme Festival começou a ser organizado em 2017, no Porto, pela OKNA Associação Cultural, descrevendo-se como “um evento iluminando a paisagem do cinema do Leste Europeu. Pelos Balcãs, Bálticos, pelo pós-comunismo, o BEAST abriu a janela para 21 países, representando-os de forma única com foco nos novos trabalhos, novos talentos e apresentando as novas cara do Novo Leste.”

16.03.2021 | par Alícia Gaspar | acasa my home, beast international film festival, cinema, documentário, filme festival, filmin, invisible paradise, Ivana the terrible, leste europeu, porto, Roménia, the distance between me and me

Cines de La Diáspora Negra | Coreo-grafías y resonancias del archipiélago

Del 27 de enero al 24 de febrero de 2021

CCCB y Filmoteca de Cataluña

Precio de la sesión: 4€

Looking for Langston. Isaac Julien, 1989Looking for Langston. Isaac Julien, 1989

El ciclo “Cines de la diáspora negra”, comisariado por Beatriz Leal y organizado en colaboración con la Filmoteca de Cataluña, propone un recorrido cronológico por algunas de las películas clave de la diáspora negra. Desde el cine mudo hasta el cine-ensayo contemporáneo, presenta nueve sesiones programadas alternativamente en el CCCB y en la Filmoteca. La sesión inaugural, que tendrá lugar en el CCCB este miércoles 27 de enero, estrenará en nuestro país Borderline (1930, Kenneth Macpherson), un clásico del cine mudo del Reino Unido pionero en el tratamiento de las relaciones interraciales. La sesión contará con la música en directo de la Clarence Bekker Band.

Las películas seleccionadas, que abarcan casi un siglo y tres continentes, reúnen por vez primera en nuestro país a Kenneth Macpherson, Lionel Rogosin, John Akomfrah, Charles Burnett, Haile Gerima, Safi Faye, Isaac Julien, Raoul Peck, Abderrahmane Sissako, Med Hondo i Jean-Marie Teno, autores que se sitúan dentro de una tradición radical negra internacional y cimarrona, marcada, según el académico cultural norteamericano Fred Moten por «su prioridad ontológica e histórica de resistencia al poder y oposición a la subordinación».

26.01.2021 | par martalanca | Cataluña, CCCB, cinema, diáspora negra, filmes, filmoteca

18.ª edição da KINO - Mostra de Cinema de Expressão Alemã

KINO – Mostra de Cinema de Expressão Alemã, uma iniciativa do Goethe-Institut Portugal que apresenta anualmente produções da Alemanha, Áustria, Suíça e Luxemburgo, está de regresso de 21 a 27 de janeiro de 2021.

Nesta que é a sua 18.ª edição, a Mostra apresenta-se num formato híbrido com parte da programação a decorrer no Cinema São Jorge, em Lisboa, e outra parte disponível em streaming, numa parceria com a Filmin.pt.

Com um total de 18 filmes, a KINO aposta uma vez mais na promoção de longas-metragens que se destacaram nos grandes festivais internacionais. Na secção Perspetivas serão exibidas primeiras obras de realizadoras e realizadores de expressão alemã e na secção Visões serão destacadas obras de realizadoras, realizadores e elencos já consagrados. A KINO apresenta nesta edição quatro documentários premiados em festivais de cinema internacionais.

Os filmes selecionados têm em comum uma forte componente política e social, assim como um foco temático em torno do conceito de “pertença” (em alemão, Heimat ou Zugehörigkeit), mostrando novas perspetivas sobre a construção de identidade, tanto do ponto de vista individual como regional ou até nacional, passando pelo ponto de vista do migrante ou por aspetos linguísticos, culturais ou sexuais. Através de narrativas vibrantes e originais, os filmes apresentados vão para além dos estereótipos e conseguem desconstruir lugares-comuns.

© Hugo Moura© Hugo Moura

A programação é assegurada pela atual programadora cultural de cinema do Goethe-Institut Portugal, Teresa Althen, e por Susana Santos Rodrigues, que colabora na programação dos festivais de cinema de Roterdão e Bildrausch, integrou o comité de seleção do Festival do Rio de Janeiro e foi delegada de programação latino-americana no Festival de Karlovy Vary e no Festival Cinéma du Réel.

Nesta edição, mantém-se a atribuição do Prémio do Público, criado pelo Goethe-Institut Portugal em parceria com o Turismo da Alemanha. O prémio tem como objetivo homenagear as primeiras e segundas longas-metragens de cineastas apresentadas na KINO, que representam uma maioria na programação deste ano.

A programação completa da KINO – Mostra de Cinema de Expressão Alemã será anunciada em breve.

30.11.2020 | par martalanca | alemanha, cinema, cinema são jorge, kino

26 Nov | Sessão curtas - Reframing body images

Temos o prazer de vos convidar para uma sessão de cinema com três curtas-metragens de Ana Vaz, Billy Woodberry e Daniel Barroca, esta quinta-feira, 26/11, às 19h no belíssimo salão de festas da Voz do Operário, na Graça. A projecção será seguida de uma conversa com os realizadorxs, moderada por Nuno Lisboa. Em parceria com o royal_cine, cineclube da Graça.

Entrada gratuita, reserva obrigatória por e-mail: royalcine055@gmail.com

25.11.2020 | par martalanca | cineclube, cinema, reframing body image, royal_cine

Porto/ Post/ Doc 2020 Festival - Framing reality | Fantasmas do Império

Num ano particularmente complicado para a produção nacional, o Porto/Post/Doc reforça os prémios para as competições nacionais e faladas em português. A edição 2020, a ter lugar entre 20 e 29 de novembro, mostrará 25 filmes produzidos por portugueses ou oriundos de países de expressão portuguesa. A destacar, as duas competições, Cinema Novo e Cinema Falado, que agruparão grande parte desta programação numa selecção de 19 longas e curtas metragens de produção recente.

Guerra, José Oliveira, Marta RamosGuerra, José Oliveira, Marta Ramos
Mariana Caló Francisco QueimadelaPedro PeraltaRaquel Castro, José Oliveira e Marta Ramos são alguns dos nomes com obras a concurso ao Prémio SPAutores - Cinema Falado, que este ano atribuirá 3000 euros ao seu vencedor. Em sala, contar-se-ão histórias sobre o imaginário colonial do cinema português desde o início do século XX (Fantasmas do Império); a Luanda pós guerra civil (Ar Condicionado); o som, a ecologia, a cidadania e a igualdade das políticas urbanas (SOA); os abismos da memória dos combatente da guerra colonial (Guerra) e a história de Morillo Sanchez, mulher de um republicano executada pela guarda espanhola (Noite Perpétua). Haverá ainda espaço para acompanhar a construção de ideias de um filme pelos Açores (O Que Não Se Vê), uma viagem sensorial entre a imaginação e a natureza através do movimento de um círculo familiar (A Dança do Cipestre) e visitar o caótico cenário do Brasil nos anos 90, através da história de Clara, uma miúda que encontra na anorexia uma forma de lidar com o mundo que a rodeia (Êxtase).

A concorrem também ao prémio Cinema Falado e integrados na Competição Internacional do festival A Nossa Terra, O Nosso Altar, de André Guiomar, e Partida, de Caco Ciocler. O primeiro, documentário rodado no Bairro do Aleixo no Porto, acompanha o processo de despejo e destruição das torres, num retrato próximo e comovente sobre o sentido de pertença a uma comunidade. O segundo, uma docu-ficção que acompanha uma viagem-discussão ao Uruguai entre uma potencial candidata à presidência da República do Brasil, de esquerda, e um empresário brasileiro, de direita. Ambos os filmes serão apresentados em estreia nacional.

Com vista a descobrir jovens talentos, a Competição Cinema Novo reúne onze curtas-metragens realizadas por estudantes portugueses ou por estudantes de instituições portuguesas de ensino superior, numa montra daquilo que melhor se faz nas escolas de cinema. Destaque ainda na programação nacional deste ano para a estreia, no Porto, de O Movimento das Coisas, obra perdida de Manuela Serra recentemente recuperada e restaurada. O Movimento das Coisas é o primeiro e único filme da realizadora e documenta o quotidiano da comunidade rural de Lanheses, no concelho de Viana do Castelo.

As novas confirmações juntam-se ao já anunciados programas A Cidade do Depois e Transmission. O Porto/Post/Doc regressa entre os dias 20 e 29 de Novembro em duplo formato: sessões em sala no Rivoli, Passos Manuel e Planetário do Porto, e uma programação paralela em VoD na plataforma Shift72. A programação total do evento será revelada nas próximas semanas. Mais informações podem ser consultadas em https://www.portopostdoc.com

Seleção Cinema Falado

Prémio SPAutores - Cinema Falado
A Dança do Cipreste, Mariana Caló, Francisco Queimadela, PortugaL, 2020, DOC, EXP, 37’
Ar Condicionado, Fradique, Angola, 2020, FIC, 72’
Êxtase, Moara Passoni, Brasil, 2020, DOC, 80’
Fantasmas do Império, Ariel de Bigault, França, Portugal, 2020, DOC, 152’
Guerra, José Oliveira, Marta Ramos, Portugal, 2020, DOC, 104’
Noite Perpétua, Pedro Peralta, Portugal, FrançA, 2020, FIC, 17’
O Que Não Se Vê, Paulo Abreu, Portugal, 2020, DOC, 24’
SOA, Raquel Castro, Portugal, 2020, DOC, 71’

A concorrerem ao prémio SPAutores - Cinema Falado, mas integrados na selecção da Competição Internacional
A Nossa Terra, O Nosso Altar, André Guiomar, Portugal, 2020, DOC, 77’
Partida, Caco Ciocler, Brasil, 2019, DOC, 93’

Extra-Competição
O Movimento das Coisas, Manuela Serra, Portugal, 1985, DOC, 86’

Seleção Cinema Novo

Prémio Cinema Novo by Canal 180
A Morte de Isaac, Fábio Silva, Portugal, 2019, FIC, 7’
Há Alguém na Terra, Francisca Magalhães, Joana Tato Borges, Maria Canela, Portugal, 2019, DOC, 18’
Jamaika, Alexander Sussmann, Portugal, 2019, DOC, 14´
Just Like The Films, Sara N. Santos, Portugal, 2020, DOC, EXP, 10’
Mãos de Prata, Catarina Gonçalves, Portugal, 2020, DOC, 12’
Memória Descritiva, Melanie Pereira, Portugal, 2020, DOC, 10’
O Presidente Veste Nada, Clara Borges, Diana Agar, Portugal, 2019, ANIM, DOC, 11’
Pedro’s Homs, Eneos Çarka, Portugal, 2020, DOC, 15’
Príncipe, João Monteiro, Portugal, 2019, FIC, 11’
Re-Existências, Márcia Bellotti, Portugal, 2020, FIC, 24’
Variations, Inês Pedrosa e Melo, EUA, 2020, DOC, 12’

28.10.2020 | par martalanca | cinema, Fantasmas do Império, festival, Porto/Post/Doc

CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte

O evento de cinema da capital mineira, chega a sua 14ª edição de 29 de outubro a 2 de novembro de 2020, em formato online. Reúne uma seleção de 54 filmes nacionais e internacionais, em pré-estreias e mostras temáticas, promove debates, rodas de conversa, diálogos e encontros de negócios.
A temática desta edição é “Arte viva: Redes em expansão” explicita a percepção da equipe curatorial do evento – formada pelos críticos e pesquisadores Pedro Butcher, Francis Vogner dos Reis e Marcelo Miranda – de um cenário histórico e inédito em que todo tipo de criação artística passou a ser transmitido no formato audiovisual. Em tempos de lives, shows online, performances ao vivo ou gravadas, o que pode, afinal, ser chamado de filme? 


Sessão Welket Bungué vai apresentar ao público brasileiro os curtas-metragens desse artista singular, dos mais diferentes estilos e formatos e exemplos de uma obra audiovisual em que realização e performance se tornam aspectos indissociáveis. Bungué atuou recentemente na nova adaptação cinematográfica do romance “Berlin Alexanderplatz”, exibida no Festival de Berlim em fevereiro de 2020. Bungué nasceu em Guiné-Bissau e já morou em Portugal, no Brasil (onde fez uma pós-graduação em performance na Uni-Rio, entre 2012 e 2013) e na Alemanha, com passagens por Cabo Verde e outros países. A seleção na CineBH tenta dar conta de sua capacidade múltipla e dialoga com a proposta deste ano de lançar alguma luz para trabalhos que buscam nas ferramentas da linguagem audiovisual uma potencialização da performance e do “ao vivo”. 

Os filmes  BUÔNMENSAGEM,TREINO PERIFÉRICO,INTERVENÇÃO JAHEU NÃO SOU PILATUS, e É BOM TE CONHECER dirigidos por Welket Bungué, estarão disponíveis no  Festival Internacional CineBH de 30 Out. a 02 NOV. e ainda poderá se inscrever na Masterclass “Corpo Em Transe, Linguagens Em Trânsito” que será apresentada por Welket Bungué (online, 01 de Novembro, inscrições limitadas).
Saiba tudo através do site do Festival CineBH ou no perfil Instagram da @universoproducao.

26.10.2020 | par martalanca | Belo Horizonte, cinebh, cinema, cinema internacional, sessão welket bungué

FANTASMAS DO IMPÉRIO, de Ariel de Bigault, estreia no Indie

Sessão no Indie: dia 28/8 I 19h na Cinemateca Portuguesa. 

Fantasmas do Império explora o imaginário colonial no cinema português desde o início do  século XX. 100 anos de cinema… Aos documentários e ficções que sustentam o enredo imperialista, contrapõem-se filmes e olhares contemporâneos. 

Sete cineastas portugueses – Fernando Matos Silva, João Botelho, Margarida Cardoso, Hugo Vieira da Silva, Ivo M. Ferreira, Manuel Faria de Almeida, Joaquim Lopes Barbosa - abrem os cofres da memória cinematográfica colonial, dialogando com dois actores, Ângelo Torres, são-tomense, e Orlando Sérgio, angolano. Perscrutam o passado, real, reinventado ou recalcado que ainda hoje assombra as memórias: os mitos das descobertas, a ficção imperial, a fábrica da epopeia colonial, as máscaras da violenta dominação. José Manuel Costa, director da Cinemateca, e Maria do Carmo Piçarra, pesquisadora, trazem perspectivas na história da produção cinematográfica. 

Juntando fragmentos cinematográficos heterogéneos e pontos de vista diversos, Fantasmas do Império foca as variações de olhares, especialmente sobre “o outro”, o “colonizado” de outrora, porém perene concidadão e conterrâneo da nossa comum humanidade. Jogando com ecos, contrapontos, contrastes entre situações, imagens, diálogos, músicas, o filme propõe um enredo de imaginários e atitudes, de memórias e emoções. 

Fica a interrogação sobre a persistência dos fantasmas no presente e no futuro cinematográfico…

Documentário 2020. 112 min, Cores e P&B. HD. 16:9. 5.1

Produção Ar de Fimes (Portugal) e Kidam (França)

23.08.2020 | par martalanca | Ariel de Bigault, cinema, Fantasmas do Império

Estreia de Parto Sem Dor, de Maria Mire, no Indie

O filme de Maria Mire sobre Cesina Bermudes estará na Competição Nacional de curtas-metragens do Indie Lisboa Festival Internacional de CinemaSerá exibido no dia 26 de Agosto e no dia 3 de Setembro, no Cinema São Jorge em Lisboa. Programa do Indie.

O filme marca a estreia de Maria Mire na realização e é uma homenagem pessoal da realizadora à`médica obstetra Cesina Bermudes (1908-2001), pioneira da introdução do parto sem dor em Portugal e resistente anti-fascista, que ajudou no parto muitas mulheres na clandestinidade. Cesina Bermudes foi a primeira mulher portuguesa a doutorar-se em medicina.

 

 

Sobre o filme, realizado e produzido de forma completamente independente, a realizadora revela: “Perante a degradação da imagem da mulher no fnal da Idade Média, produziu-se e perpetuou-se no imaginário europeu que a prática de feitiçaria estava ligada à natureza feminina e, por extensão, que toda a mulher era uma feiticeira em potência. Queimadas nas fogueiras como seres demoníacos este movimento histórico anti-feminino para além da pesada repressão que infigiu, desprestigiou-as ao longo do tempo, só ficando para a História das feiticeiras, uma ideia de histeria, loucura e charlatanismo.

As acusações de bruxaria estavam, na sua maioria, associadas a práticas ancestrais de medicina empírica e recaiam violentamente sobre as curandeiras e as parteiras. Quais os resquícios desse tempo sombrio? Procuramos a resposta a esta pergunta na vida e na acção de Cesina Bermudes, uma importante médica obstetra que foi pioneira da introdução do parto sem dor em Portugal, assim como uma importante oposicionista ao regime do Estado Novo. Misturando-se a história de Cesina Bermudes com a história de Portugal do século XX.

Na preparação do flme, o mergulho histórico foi feito inicialmente através da leitura dos inúmeros textos científcos escritos por Cesina Bermudes, assim como da consulta a documentos históricos nos arquivos nacionais sobre o períododo fascismo e da realização de entrevistas a pessoas que foram suas pacientes, colegas ou que se ligaram a ela em algummomento da sua vida. Os inevitáveis buracos de uma história indirecta, as omissões constantes sobre a sua vida pessoal ou as considerações revestidas de aparente neutralidade ideológica sobre a sua militância política, que surgiram na pesquisa para este flme, tornaram-se reveladores do caminho que deveria tomar: uma conversa que começa no beiral de uma janela e que se prolonga através de uma intimidade imaginada. As imagens de uma viagem familiar são o pano de fundo desta história, na procura de novas e subtis poéticas que consigam identifcar actuais protagonistas para as conquistas de Cesina Bermudes.” 

Maria Mire

 

PARTO SEM DOR / Documentário / HD / 21’ / 2020

 

 

 

10.08.2020 | par martalanca | cinema, Maria Mire, Parto sem Dor

Cinegeografia socialista: África - Europa de Leste

De 1 a 3 de outubro, o projeto BLEND-Desejo, Miscigenação e Violência: o presente e o passado da Guerra Colonial Portuguesa, do Centro de Estudos Sociais (Universidade de Coimbra) promove, em parceria com o Festival Internacional de Cinema BEAST, do Porto, a sessão especial de cinema e debates Cinegeografia Socialista: África - Europa de Leste

Esta programação procura ocupar um espaço, apesar de emergente, ainda pouco explorado na historiografia e no debate público sobre a história das relações entre os vários países do Leste Europeu e os países do continente africano, que adotaram modelos socialistas durante as guerras para a libertação nacional, como também no período pós-independência.  A panóplia de filmes selecionados e acompanhados de comentários informados, como também a masterclass sobre o tema em apreço, realizada pela Bojana Videkanic (Universidade de Waterloo, Canadá), pretende mostrar e problematizar a diversidade destas relações passadas no eixo Sul-Leste e os seus legados nos espaços pós-coloniais e pós-socialistas atuais. 

Os filmes escolhidos apontam para o leque das relações estabelecidas ao nível das microhistórias que foram forjadas pela macrohistória das relações estabelecidas pelos movimentos africanos de libertação com vários países da Europa de Leste, começando com os anos 1960. Assim, no 1 de outubro, às 19h, poderemos debater as ligações Moçambique-antiga Jugoslavia, através da solidariedade traduzida na coprodução da primeira longa moçambicana “O tempo dos Leopardos” (1985). O segundo dia, 2 de outubro, também às 19h, é dedicado à dois dos filmes do aclamado realizador Abderrahmane Sissako. Estes partem da história de vida do realizador mauritano que, na sua juventude, estudou na antiga União Soviética. Se “Octobre” [Outubro], (1982), fala sobre a história de amor entre um estudante africano na União Soviética e uma jovem russa, “Rostov-Luanda” (1997) explica a independência angolana de 1975 como um momento de busca, de transformação de um passado sempre presente. No último dia desta programação, 3 de Outubro, às 19h, assistiremos os newsreels que apresentam imagens de arquivo das visitas oficiais de “Tito em África” (1970) e da presença soviética no continente africano em “Our Africa” (2018). 

Todas as sessões serão seguidas de conversas com o público guiadas por Maria Paula Meneses, Isabel Noronha, Camilo de Sousa, Rui Lopes e Bojana Videkanic.

As sessões terão lugar na Casa das Artes do Porto (R. Ruben a 210).

Programação: Iolanda Vasile (Centro de Estudos Sociais, UC)

MODERNISMOS NÃO ALINHADOS NONALIGNED MODERNISMS

BOJANA VIDEKANIC

03.10 | 16H00 | OKNA (R. da Igreja de Cedofeita 27)| ENTRADA LIVRE | APRESENTAÇÃO EM INGLÊS

Tendo como ponto de partida a sua investigação sobre modernismo não alinhado, assim como surgiu das políticas do emergente Movimento dos Países Não Alinhados, Bojana Videkanic vai discutir como a cultura visual dos não alinhados, principalmente no cinema, mas também nas exposições e arte, celebrou, promoveu e construiu um novo sensorium visual que correspondeu às políticas de libertação, solidariedade e soberania das nações póscoloniais no século XX.

Bojana Videkanic é historiadora da arte e artista nascida na Bósnia e Herzegovina, antiga-Jugoslávia. Depois de se tornar apátrida, ela veio para o Canadá como refugiada patrocinada pelo governo em 1995. Videkanic é professora assistente de arte contemporânea e cultura visual no Departamento de Belas Artes da Universidade de Waterloo, Ontário, Canadá. Sua investigação concentra-se na arte socialista do século XX na Jugoslávia e nas contribuições desta para a ascensão dos modernismos globais, através da participação da Iugoslávia no movimento não-alinhado e em várias práticas culturais descoloniais.

Mais informações sobre o evento em: https://web.facebook.com/events/722586701496635/

Programa completo do Beast IFF 2019: http://twixar.me/hyc1

25.09.2019 | par martalanca | cinema

ERA UMA VEZ EM GOA: identidade e memórias no cinema

4, 8, 13, 18, 22, 27 e 29 Setembro Auditório do Museu do Oriente, 18h00 Comissária | Maria do Carmo Piçarra (entrada Gratuita, mediante levantamento prévio de bilhete)

Este ciclo de filmes homenageia Paulo Varela Gomes – desvenda olhares sobre Goa antes e imediatamente após a integração do território na Índia, em 1961, além de olhares contemporâneos – documentais sobretudo –, de realizadores portugueses e goeses que problematizam cinematograficamente a sua complexidade identitária e cultural.
Nesse âmbito, são apresentados filmes de arquivos públicos – da  Rádio e Televisão Portuguesa, do Centro de Audiovisuais do Exército (CAVE), da Filmoteca Española –, por vezes desprovidos de som, que serão comentados por especialistas. Em contracampo aos filmes “oficiosos”, produzidos pela propaganda, serão mostradas investigações de realizadores não goeses, como o muito pessoal Eternal Foreigner (2003), de Paula Albuquerque, e Pátria Incerta (2005), de Inês Gonçalves e Vasco Pimentel ou A Dama de Chandor (1998), de Catarina Mourão (cópia apresentada após restauro apoiado pela Fundação do Oriente). Apresentar-se-ão ainda filmes goeses contemporâneos, documentais e um filme ficcional konkani, que fixam percepções pessoais mas que atestam quer a singularidade identitária goesa quer um cuidado em fixar as alterações culturais e da ecologia do território. O primeiro filme ficcional konkani, Mogacho Anvddo (1950) foi filmado, em Goa, por Jerry Braganza, ainda durante o colonialismo português. Digant (2012), de Dnyanesh Moghe, é um filme ficcional que participa no esforço de manutenção de uma produção de cinema local, em koncani, estando ligado, pela abordagem temática, às preocupações, pela via documental, de outros realizadores goeses. Agrupados sob o título “Comunidades goesas e culturas em filmes documentais”, Caazu (2015), de Ronak Kamak; Dances of Goa (2012), de Nalini Elvino de Sousa; Shifting Sands (2013), de Sonia Filinto e Saxtticho Koddo – O Celeiro de Salcete (2018), de Vince Costa reflectem sobre práticas ancestrais que estão hoje ameaçadas. Neste encontro, entre Portugal e Goa através do cinema, I Am Nothing, de Ronak Kamat, fixa aspectos da vida e obra de Vamona Navelcar, um dos maiores vultos da pintura na Índia, que afirma a sua identidade goesa sem esquecer nunca a sua ligação a Portugal.

1ª SESSÃO
4 Setembro | 18.00 – Auditório
ETERNAL FOREIGNER (2003, 28’), de Paula Albuquerque
PÁTRIA INCERTA (2005, 52’), de Inês Gonçalves, Vasco Pimentel
Com a presença de Paula Albuquerque, Inês Gonçalves e Vasco Pimentel
Após a projecção, conversa com moderação de Maria do Carmo Piçarra
Nas palavras de Paula Albuquerque Eternal Foreigner é um curto e muito pessoal home movie de 2003 que filmei em Goa, enquanto estudante da Rietveld Academy em Amesterdão. Usando uma miniDV barata e minúscula como meio de pensar os meus encontros com pessoas várias relacionadas com o passado da minha família, acabei por descobrir surpreendentes aspectos da minha identidade cultural/emocional. Linhas de fuga que ainda hoje influenciam o meu trabalho”.
Pátria Incerta olha para o génio que o povo colonizado revela ao produzir uma síntese civilizacional própria. “Durante 450 anos, Goa fez parte do império colonial português, de costas voltadas para o resto da Índia. Nos primeiros 60 anos da ocupação, metade da população (intensamente culta, intensamente estruturada, intensamente hindu) foi forçada a converter-se à religião católica. Tal como o clima húmido de Goa dificulta o sarar das feridas, também o passado parece não conseguir cicatrizar. A memória da cultura portuguesa sobrevive em Goa e revela-se à vitalidade da cultura hindu, nunca enfraquecida, presente por toda a parte - até nos católicos goeses, descendentes de hindus convertidos”.

2ª SESSÃO

8 Setembro | 18.00 – Auditório
A DAMA DE CHANDOR (1998, 93’), de Catarina Mourão
Projecção de cópia nova, restaurada com apoio da Fundação Oriente, com a presença de Catarina Mourão
Após a projecção, conversa com moderação de Maria do Carmo Piçarra
Passadas três décadas sobre a sua integração na União Indiana e a sua libertação face ao poder colonial português, Goa surpreende por nela coexistirem culturas diversas e uma sociedade que se encontra estranhamente cristalizada no tempo. Aida, a “dama de Chandor”, tem oitenta anos e vive sozinha num palácio perdido numa aldeia goesa. Este documentário conta a sua história, acompanhando o seu esforço diário para preservar a todo o custo a casa onde vive, símbolo visível e palpável da sua identidade que ela sente ameaçada. A “dama de Chandor” e a sua casa confundem-se. Aida terá de viver até garantir que a casa lhe sobrevive.
3ª SESSÃO
13 Setembro | 18.00 – Auditório
VITÓRIA OU MORTE – QUEDA DA ÍNDIA PORTUGUESA  (2002, 54’20’’), de Pedro Efe
Com a presença de Catarina Efe
Após a apresentação, comentário por Nuno Vassallo e Silva e Jason Keith Fernandes, com moderação de Maria do Carmo Piçarra
No conturbado ano de 1961, um acontecimento, entre muitos outros, vem abalar profundamente as fundações do regime salazarista: a anexação de Goa, pelas tropas da União Indiana, a 17 de Dezembro.
Ao longo de 14 anos – desde que, pela primeira vez, a Índia passou a reivindicar a integração de Goa, Damão e Diu no país recentemente independente – a tensão cresce entre Portugal e a União Indiana, apesar da mediação da ONU e de outras instâncias internacionais.
Na crença de que o pacifista Nehru não usaria da força contra o “solo sagrado” da pátria portuguesa, Salazar fica profundamente abalado com o ataque.
Uma força de 50.000 homens com equipamentos modernos cercou as colónias portuguesas de Goa, Damão e Diu defendidas apenas por um efectivo de 3.500 militares portugueses.
4ª SESSÃO
18 Setembro | 18.00  – Auditório
I AM NOTHING (2019, 50’)*, de Ronak Kamat
Após a projecção, conversa com Rosa Maria Perez e outros convidados, com moderação de Maria do Carmo Piçarra.
I Am Nothing é uma investigação sobre a vida e obras do lendário e enigmático artista goês-português, Vamona Navelcar. O filme fixa o seu processo criativo e tenta compreender o pensamento por detrás das suas obras, enquanto recolhe opiniões profundas e perspicazes sobre e pelo homem conhecido informalmente conhecido como ‘o artista de três continentes’”.
*Filme em inglês
5ª SESSÃO
22 Setembro | 18.00 – Auditório
Comunidades goesas e culturas em filmes documentais *
Após a projecção, conversa com Jason Keith Fernandes, moderada por Maria do Carmo Piçarra
CAAZU (2015, 7’58’’), de Ronak Kamak
DANCES OF GOA (2012, 26’36”), de Nalini Elvino de Sousa
SHIFTING SANDS (2013, 28’47’’), de Sonia Filinto
SAXTTICHO KODDO – O CELEIRO DE SALCETE (2018, 37’50’’), de Vince Costa

Caazu, de Ronak Kamak, mostra a produção artesanal de fenim de caju, uma aguardente, nas remotas aldeias de Goa; Dances of Goa, de Nalini Elvino de Sousa, fixa os estilos de vida, rituais e costumes que se revelam nas danças tradicionais das aldeias de Goa; Shifting Sands, de Sonia Filinto, aborda a pesca tradicional, o modo de vida das comunidades piscatórias e as ameaças ao seu estilo de vida e ambientais com que se confrontam. Saxtticho Koddo – O Celeiro de Salcete, de Vince Costa documenta os costumes da aldeia de Curtorim, na região de Salcete, subjacentes à sua herança agrária. Este documentário explora a relação da agricultura com a identidade Goesa e as ameaças à sua existência e própria subsistência dos seus habitantes.
*À excepção de Saxtticho Koddo – O Celeiro de Salcete, com legendas em português, todos os filmes são falados /legendados em inglês.
6ª SESSÃO
27 Setembro | 18.00 – Auditório
RANMALE (10’)*
DIGANT (2012, 96’)
de Dnyanesh Moghe
Filme konkani, Digant conta a história de um pastor, chefe de uma família, que deambula na floresta com as suas ovelhas, acompanhado pelo filho pequeno. Pertence a uma tribo nómada e morar permanentemente numa casa é algo estranho para ele e para a comunidade a que pertence. Por insistência do um professor, o seu filho começa a frequentar a escola. Quando este cresce, sonha tornar-se arquitecto enquanto Pangim, onde estuda, se transforma também, rapidamente. É antecedido por Ranmale, também de Dnyanesh Moghe, sobre a dança ritual homónima integrada na celebração da invocação Garane, em que participa toda a aldeia.
*Filmes em inglês
7ª SESSÃO
29 Setembro | 18.00 – Auditório
Goa nos arquivos
Sessão comentada por Jacinto Godinho e Maria do Carmo Piçarra
CHUVAS DE MONÇÃO EM GOA
NATAL DOS SOLDADOS PORTUGUESES EM PANGIM
CHEGADA DE REFUGIADOS A LISBOA
MANUEL VASSALO E SILVA É DISTINGUIDO NA ÍNDIA

Blocos noticiosos do arquivo da RTP (total 15’)

EN LA INDIA PORTUGUESA: GOA DE AYER Y DE HOY (1952, 9’50”)
 Imagenes / Filmoteca Española

OPERAÇÃO DE SEGURANÇA NO ESTADO DA ÍNDIA (1955, 11’, sem som)
N/S | Centro de Audiovisuais do Exército Português

RUMO À ÍNDIA (1959, 19’, sem som)**
Miguel Spiguel | Centro de Audiovisuais do Exército Português

HONRA À ÍNDIA PORTUGUESA (1961, 19’, sem som)
Imagens de Portugal nº 239, Perdigão Queiroga | Centro de Audiovisuais do Exército Português

Sessão que reúne curtas-metragens de arquivo relativas a Goa. Alguns dos filmes, apresentados pelo valor histórico, apresentam degradação cromática e perderam a banda de som. Em todos os casos, as imagens serão comentadas pelos convidados.
Filmado por ocasião das comemorações do centenário de S. Francisco Xavier, En la India Portuguesa: Goa de Ayer y de Hoy atesta como o regime de Franco apoiou a política colonial do Estado Novo. Operação de Segurança no Estado da Índia conta a versão do Estado Novo sobre os acontecimentos junto à fronteira que, em 1955, aumentaram a tensão entre o regime português e o governo indiano. Miguel Spiguel foi o realizador que mais filmou o “Oriente português”. Em 18 de Maio de 1959 estrearam, no cinema Império, em Lisboa, várias curtas-metragens realizadas por Spiguel relativas à chegada a Goa de Vassalo e Silva, entre outros temas, sendo que Rumo à Índia mostra a chegada de tropas ao território. Honra à Índia Portuguesa é uma edição especial da série de actualidades cinematográficas de propaganda Imagens de Portugal, patrocinada pelo Secretariado Nacional da Informação, e evoca o historial da tensão relativo à “questão de Goa” para afirmar que o território foi anexado ilegalmente.
Parceria RTP

05.09.2019 | par martalanca | cinema, Goa

Doc’s Kingdom 2019 Floresta de signos 1 a 6 setembro, Arcos de Valdevez

Com a cabeça nas estrelas, envoltas em tecidos estampados coloridos, deambulemos pelas florestas em busca de territórios imaginários. Entre o céu e a terra, luz e trevas, memória e esquecimento, que cintilem as projeções e ressoem as palavras. Vamos abrir as janelas e deixar o vento entrar. Vamos mergulhar em águas intemporais refletindo as chamas vacilantes das nossas vidas multiplicadas. Vamos desbastar, cortar, cavar, tecer, desdobrar e desenhar mapas para nos perdermos, para melhor nos encontrarmos no mundo habitável do cinema.
Com a presença de Hiroatsu Suzuki, Ian Soroka, Jodie Mack, Johann Lurf, Rossana Torres, Laura Huertas Millán e mais cineastas a anunciar, o Doc’s Kingdom 2019 é programado por Agnès Wildenstein em colaboração com o diretor artístico Nuno Lisboa.
Entre 1 e 6 de Setembro, em Arcos de Valdevez, o Doc’s Kingdom reúne uma comunidade internacional de 100 participantes para um encontro intensivo de sessões e debates com a presença dos/as cineastas convidados/as ao longo de todo o seminário. O Doc’s Kingdom é a experiência integral e cumulativa que abarca as sessões de cinema, os debates e o encontro colectivo numa atmosfera informal e bucólica.

inscrições 

21.08.2019 | par martalanca | cinema, Doc’s Kingdom