O mundo visto de baixo é infinitamente mais complexo e diversificado do que o mundo visto de cima. O Fórum Económico Mundial tem essa característica essencial, vê «de cima», enquanto o Fórum Social tenta abrir espaços de leitura do mundo para os que estão «por baixo»
Mukanda
07.04.2011 | por Mário Murteira
Foi apenas em 1861 que uma expedição dirigida pelo barão alemão Klaus von der Decken e pelo botânico inglês Richard Thornton conseguiu comprovar que o topo do Kilimanjaro possuía neve. Uns anos antes, em 1848, o missionário Joseph Rebmann avistou, e divulgou no ano seguinte, a sua descoberta, que no início pensou serem nuvens, e depois comprovou ser mesmo neve. Mas a sua descoberta foi então contestada. Hoje, as neves eternas do Kilimanjaro são um dos cartões de visita de África. A primeira ascensão ao cume aconteceu a 6 de outubro de 1889, por Hans Meyer, Ludwig Purtscheller e Johannes Kinyala Lauwo. A rota atualmente mais fácil de seguir em direção ao topo é via Marangu, Rongai ou Machame, e há vários programas promovidos por agências de turismo que permitem a sua escalada.
Vou lá visitar
07.04.2011 | por Miguel Correia
Entrevista realizada por chat, em vários momentos e dias diferentes, pontuada por quedas constantes da linha cibernética que desenha a triangulação transatlântica e ex-colonial entre Luanda, Angola – residência de Kiluanji Kia Henda, cidade onde nunca estive; São Paulo, Brasil – minha residência temporária, local do primeiro encontro entre mim e o Kiluanji, lugar próximo da origem da série que aqui se apresenta; Lisboa, Portugal – minha residência fixa, fonte do horário apontado pelo meu computador e ex-residência temporária do Kiluanji.
Cara a cara
07.04.2011 | por Lígia Afonso
Meio ambiente, democracia, economia, agricultura, pescas e política internacional foram discutidos durante seis dias na capital senegalesa, no Fórum Social Mundial, o maior evento antiglobalização do mundo. Este ano foi em Dakar.
Vou lá visitar
05.04.2011 | por Juliana Borges e Fernanda Polacow
Partindo do livro de Isabela Aranzadi, Instrumentos Musicales de las Etnias de Guinea Ecuatorial, publicado em 2009, em Espanha, numa edição da Apadena, empreendemos uma viagem com a autora que nos leva não só pelas tradições musicais equatoguineenses como nos mostra como as possibilidades de contacto acabaram por traçar novos rumos culturais. É importante referir, ainda, que este livro nasce em coordenação com um projecto museológico que se traduziu na mais completa exposição até hoje realizada sobre o tema, daí as diversas abordagens que introduz e as diferentes perspectivas pelas quais pode ser lido.
Palcos
05.04.2011 | por Cátia Miriam Costa
Na música, o que faz sucesso no Brasil também faz em Cabo Verde. Basta entrar num autocarro na cidade da Praia para comprovar que, não fosse o zouk, a hegemonia seria verde-amarela, em várias rádios crioulas. Das letras melodramáticas do que no Brasil se chama “brega” (irmão do “pimba” português), aos alegres pagodes cariocas e axés baianos, jamais esquecendo “o rei” Roberto Carlos nem os temas da novela do momento, música brasileira é o que não falta.
Palcos
05.04.2011 | por Gláucia Nogueira
Mokhtar sentou-se na esplanada de um café de aspecto sórdido, mas cujo rádio difundia uma melodia da cantora mítica que lhe fazia lembrar Malika, a sua mãe, que não podia ouvir este lamento de um amor perdido sem que os olhos se lhe marejassem de lágrimas. A esta hora matinal, para além de um jovem adormecido sobre um banco, como um destroço rejeitado pela noite, o local proporcionava uma calma, sem dúvida precária, mas por agora propícia à reflexão
Mukanda
04.04.2011 | por Albert Cossery
Em vez de surgir, subitamente, do nada, a revolução egípcia é o resultado de um processo que se foi gerando ao longo da década anterior.
A ler
04.04.2011 | por Hossam el-Hamalawy
Cheny Wa Gune toca a m'bira, a m'bila e o xitende, sendo acompanhado por um grupo, que integra guitarra baixo, bateria e percussões.
Palcos
04.04.2011 | por vários
Decidimos ficar a beber uma cerveja no final de um dia de rodagem do filme “O Herói”, dirigido por Zezé Gamboa. Estávamos na Ilha de Luanda onde tínhamos filmado em horário misto, das duas da tarde até à uma da manhã. Parámos o carro junto de uma barraca deixando a porta aberta para continuarmos a ouvir a cassete pirata que tocava no auto-rádio. No grupo, os angolanos bebem cerveja importada, Super Bock; os estrangeiros bebem cerveja nacional, Cuca, cada um saboreando a frescura exótica do seu ponto de vista, enquanto falamos à sombra da madrugada tranquila de dia de semana.
Vou lá visitar
03.04.2011 | por Nuno Milagre
Nasci em 1947 no Dundo, centro de uma das mais
importantes companhias coloniais de Angola, a Diamang.
Ali fui feliz. Ali aprendi o racismo e o colonialismo. Agora volto, porque o Dundo é a minha única pátria, a mais antiga das minhas memórias.
Afroscreen
03.04.2011 | por Diana Andringa
Apesar da atual subida dos preços não ter ainda alcançado os níveis de 2008, hoje os riscos são mais elevados para as populações fragilizadas sem condições de melhorar o seu poder de compra
A ler
02.04.2011 | por Nicole Guardiola
As comunidades estão acima de qualquer suspeita, são incorruptíveis e têm uma visão infalível sobre os destinos da humanidade. É assim que pensam uns tantos missionários dessa nova religião que se chama «desenvolvimento». Uma tropa de associações cívicas serve-se desse conceito santificado e santificante. Essa entidade pura não existe. Felizmente. O que há são entidades humanas, com os defeitos e as virtudes de todas as entidades humanas.
Mukanda
02.04.2011 | por Mia Couto
É sempre escuro no país do futuro porque falta fazê-lo, e ninguém o fará senão nós. Portanto, quanto a Atlânticos e Índicos em todas as suas margens falantes de português, acredito que Inês não é morta. Depende de haver quem fale e quem escute, como podemos escutar Lula Pena e ela ser fado, morna ou Caetano Veloso, sendo única: ela própria.
A ler
01.04.2011 | por Alexandra Lucas Coelho
João Vário (João Manuel Varela, 1937-2007), poeta caboverdiano. Em toda a poesia deste autor encontramos o mesmo imenso obstáculo à decifração – perseverança na opacidade, que se gera pela reflexão que hesita e pela atenção ao que vem, o nascer do mundo, na sua irreconhecível e demasiado próxima escrita. Estamos perante uma afirmação da poesia como enigma desencadeador de enigmas, isto é, como pensamento inspirador de pensamento.
A ler
31.03.2011 | por Silvina Rodrigues Lopes
No mundo berbere ou amazigh nunca existiu normalização e unificação linguística: não existe uma norma instituída da língua tamazight, mesmo no uso literário da mesma. Cada grupo emprega o seu ou os seus falares locais que, contudo, são usados apenas para a comunicação intra-regional.
Perante esta situação de fragmentação, que provém fundamentalmente de diferentes derivações étnicas, os dados estruturais fundamentais permanecem os mesmos em todas as variedades: o grau de unidade, nomeadamente gramatical, “dos falares” berberes é de facto impressionante, tendo em conta as distâncias e vicissitudes históricas de cada um.
A ler
29.03.2011 | por Rita Damásio
Localizada no Bairro dos Eucaliptos, junto à nova esquadra policial da comuna do Forte Santa Rita e do Centro de Saúde, no Namibe, a sul de Angola, a instituição de ensino chama-se "Escola Rui Duarte de Carvalho", em homenagem àquele que foi a figura catedrática e emblemática do mosaico cultural da terra dos mucubais.
Cidade
28.03.2011 | por João Upale
Reconstruir o país pelos livros, pela cultura...
Claro. Cada um tentando contribuir como pode. Está muita coisa a ser feita, mas é preciso também, além das estradas e pontes, trabalhar com a cultura, com os livros, com os hábitos de leitura.
E falta muito?
Falta sempre muito, num país em reconstrução. Trata-se de uma tarefa gigantesca, que passará pelos esforços da população e do governo também. É preciso retrabalhar as ideias, os ideais, os valores. Retrabalhar constantemente a democracia, habituarmo-nos a expressar a nossa opinião e que os nossos dirigentes nos possam escutar, e não simplesmente fingir que escutam.
Cara a cara
27.03.2011 | por Paulinho Assunção
Com ela, as palavras ganharam movimento e embarcaram numa viagem íntima sem fim à vista. Arrancou-as do púlpito sagrado do livro e empoleirou-as num monte de carvão, mergulhou-as no mar, elevou-as ao terraço de um prédio para beberem a inebriante vista da cidade. Numa rota imparável de Moçambique para o mundo, o projecto Walking Words (“palavras que andam”), de Sónia Sultuane, chega brevemente ao Brasil. Artista plástica, poetisa, criadora sob várias formas, Sónia esconde o embaraço de algumas perguntas com um riso tímido, mas emerge com tom firme e resoluto quando a conversa deriva para a política.
Cara a cara
27.03.2011 | por Cristiana Pereira
Marlene Dumas viveu e estudou na África do Sul até 1976, contornando como podia as limitações impostas pela censura, nomeadamente no meio estudantil britânico da Michaelis School of Fine Arts da University of Cape Town. A relação com pintura era, entretanto, vivida de forma dolorosa, confusa. "Vivia inserida numa sociedade que não valorizava a pintura ou que a submetia a um ensino caduco. Não respondia aos meus desejos e aspirações. Chegava a sentir-me culpada por ser uma pintora, actividade que na África do Sul todos achavam insignificante e não tinha modelos. Vivia um conflito com aquilo de que gostava. Por isso, criei a minha própria história pessoal com o suporte."
Cara a cara
26.03.2011 | por José Marmeleira