As lutas pela memória de Eusébio

As lutas pela memória de Eusébio Eusébio é, simultaneamente, o melhor jogador moçambicano de sempre e o melhor jogador português de sempre. A nacionalização de Eusébio, com a sua transladação para o Panteão Nacional, só poderá ser uma matéria tensa. O melhor será devolvê-lo à grande comunidade mundial dos adeptos do futebol e não transformá-lo, mais uma vez, em património nacional.

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10.01.2014 | por Nuno Domingos

Djugu na Bandé – o futebol comunitário num bairro popular de Bissau

Djugu na Bandé – o futebol comunitário num bairro popular de Bissau Atribuindo-lhe uma função supletiva, alguns dirão que o futebol ajuda a compor um quadro de normalidade num país avassalado pelo fantasma da resolução violenta dos conflitos políticos. Tal ideia não estará errada, mas pode igualmente sugerir-se que o futebol denota o pulsar quase normal de uma sociedade que parece viver à margem dos conflitos e absorvida num comunitarismo e numa solidariedade capazes de fazer com que os conflitos políticos sejam amortecidos nos contextos e dinâmicas da vida dos bairros populares. Na verdade, como que se evidencia um fosso entre as pendências e os processos políticos, por um lado, e o curso de actividades sociais, por outro, como se tais níveis não se intersectassem, o que, sabemo-lo, constitui uma impossibilidade. Ainda assim, a vida na cidade de Bissau parece absolutamente pacífica (tornando como que estranhas e/ou turísticas as aparições das patrulhas da ECOMIB) e o futebol corre livremente.

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05.04.2013 | por Miguel de Barros e Augusto Nascimento

Prefácio a "Futebol e Colonialismo. Corpo e Cultura Popular em Moçambique" de Nuno Domingos

Prefácio a "Futebol e Colonialismo. Corpo e Cultura Popular em Moçambique" de Nuno Domingos À primeira vista este trabalho é sobre futebol e o modo como era praticado em Lourenço Marques – a maior cidade e centro administrativo da colónia portuguesa de Moçambique – na primeira metade do século XX. O trabalho interpreta o desenvolvimento do jogo, desde a fundação dos primeiros clubes formados por expatriados ingleses, passando pela organização em Moçambique de filiais de clubes metropolitanos como o Sporting e o Benfica, até à abertura deste clubes a membros de uma elite Africana, a maior parte deles mestiços, e à criação da Associação de Futebol Africana, com jogadores, na sua maioria, provenientes das classes trabalhadoras africanas que viviam na periferia pobre da cidade onde estes jogos decorriam.

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12.05.2012 | por Harry G. West

Da etnografia do futebol suburbano em Lourenço Marques por José Craveirinha, a uma ciência das obras

Da etnografia do futebol suburbano em Lourenço Marques por José Craveirinha, a uma ciência das obras A presença do humor no jogo suburbano, considerava José Craveirinha, distinguia esta actividade desportiva de outras concepções de práticas físicas: «esses agregados de côr inebriam-se com a prática do desporto mas não como uma actividade de revigoramento físico; abstraem-se até desse conceito restritivo» (ibidem). Historicamente, o projecto de transformação do desporto num mecanismo de «revigoramento físico» desenvolvera-se na Europa pela tentativa de institucionalização estatal de uma dinâmica de contornos mais largos, típica das sociedades industrializadas e urbanas onde se expandiram novas práticas de lazer.

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12.05.2012 | por Nuno Domingos