O mundo que de outro modo não é

O mundo que de outro modo não é Há um traço ancestral latente na articulação do gesto utópico, e no movimento vital desse gesto. Uma estória sobre começos, e sobre fins sempre presentes. Uma conversa, implícita e antiga, com todos os passados que nem como história, subsistem, não tendo sobrevivido aos protocolos de transliteração. Uma faísca anímica, sumiça – a da cedência de controlo sobre o cálculo de probabilidades que constitui o real enquanto tal. Algo movido pelo convívio com a perda, que a traz e carrega consigo – com raiva, orgulho, curiosidade, e carinho.

A ler

12.06.2024 | por Salomé Honório

O ar em suspenso, sobre o filme 'Ar Condicionado'

O ar em suspenso, sobre o filme 'Ar Condicionado' Os ares condicionados estão caindo, estão podres. Um calor que não se aguenta - pelo menos os ricos não aguentam pois que aos demais só resta a resiliência. A ideia de que eles despencam sem aviso prévio e são, ao mesmo tempo que salvadores, armas perigosas, colocam lado a lado vida e morte. Mas novamente Matacedo parece imune ao medo de morrer atingido por um resfriador sintético na cabeça. Caminha e olha pouco para cima. Na verdade, caminha olhando para baixo, como que indiferente também aos prédios que são construídos pelos homens e depois abandonados, ou aos mandos e desmandos de um patrão rico ou mesmo de sua empregada doméstica, numa cadeia hierárquica perene e quase imutável. Este contexto todo, cenário decadente, desafio impossível, perigo iminente e personagens que levam a vida a pensar em si próprios, é o caldo que se perpetua pelo filme e vai descortinando camadas sociais. O filme é um constante descamar de subtilezas. Não espere por um momento catártico em termos de roteiro porque ele não vem. Mas as nuances estão todas naquilo que não é dito.

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17.08.2020 | por Fernanda Polacow

Utopia: o futuro inscrito no presente

Utopia: o futuro inscrito no presente Para Bifo, existem muitos futuros contidos no presente, a Futurabilidade, poderá refletir-se no horizonte sob duas formas: uma é o simples desenrolar das tendências que operam no presente, o futuro provável (a distopia) que é assustador, outra é o futuro possível (utopia) que está inscrito no presente, sendo este plural e indeterminado, estando igualmente contido “fora da esfera da imaginação utópica, mas que somos incapazes de distinguir, de fazer emergir do nevoeiro e dos miasmas da condição actual”.

Mukanda

18.03.2020 | por Lana Almeida

Are you for real?

Are you for real? O cinema Blaxploitation norte-americano e o movimento artístico transnacional (e transplanetário) do Afrofuturismo reescreve as histórias da diáspora africana e da escravatura através de novos paradigmas cosmológicos, mitologias e tecno-futurismos. Numa perspetiva queer observa-se as categorias de poder, como raça, género e sexualidade, e como os fenómenos influenciaram muitas expressões artísticas queer "negras" visuais e musicais, no Reino Unido, EUA ou Jamaica, como a soul, hip hop, rap, bouncing, voguing.

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07.07.2015 | por Ricke Merighi e Pedro Marum

Uma leitura de "O quase fim do mundo", de Pepetela

Uma leitura de "O quase fim do mundo", de Pepetela A trama aborda como seria a vida dos indivíduos sobreviventes em um mundo em que muitas das regras anteriores não fazem mais sentido. Há reflexões constantes acerca do futuro da humanidade a partir daquele reduzido grupo e suas novas condições de vida.

A ler

13.10.2011 | por Kelly Mendes Lima