Cronices Crónicas: Cartorzinhas... um problema de adultos

Cronices Crónicas: Cartorzinhas... um problema de adultos Estamos habituados a que um homem tenha muitas esposas, habituados a marcar casamentos quando se descobre que a pessoa nasceu com uma vagina (e ainda nem sequer lhe demos um nome), às vezes, o casamento é marcado com homens já com outras esposas e com netas mais velhas que a recém-nascida. Habituados a que o homem possua mulheres (em todas acepções da palavra), que quando vemos um homem a desfilar com catorzinhas, assumimos simplesmente que ele está no seu direito e que ela é que é puta.

Corpo

06.12.2021 | por Marinho de Pina

Os Olhos Negros de Toni: homenagem a Toni Morrison um ano após a sua morte

Os Olhos Negros de Toni: homenagem a Toni Morrison um ano após a sua morte Não se pode dizer que TM seja uma desconhecida em Portugal. Mas será verdadeiramente conhecida? Sabemos que os seus textos, politicamente tão duros, são traduzidos sem que se estabeleça ligação com os debates actuais sobre o racismo e o sexismo ou com o mundo literário afrodescendente. Indicativo disso são as sinopses em que se assiste a um quase esvaziamento das relações de poder – de classe, raça e género – e do peso da história, numa terraplanagem que quase coloca a sua obra na categoria de romance “delicodoce”. Mas, então, quem são as leitoras e leitores dos seus livros?

A ler

05.08.2020 | por Cristina Roldão

O Obituário- “Todas as mulheres querem fazer sexo comigo!"

O Obituário- “Todas as mulheres querem fazer sexo comigo!" Já visitei os quatro cantos e as entranhas dos subúrbios. NADA. Já velejei no limite dos oceanos no cabo das agulhas, já corri que nem um leopardo pelas savanas e terreiros. Andei em baixo de pântanos que nem um hipopótamo, cortejei as anacondas serpenteei o seu veneno para avistar a geografia da mulher violentada…e, nada!

Corpo

29.05.2019 | por Indira Grandê

O obituário

O obituário Ficávamos todos surdos por umas horas! - comentavam internamente. Enquanto a esmagava, o homem enfurecido dizia em sua santa consciência que agia para o bem de todos. São tempos de sufrágio e as prostitutas cantam no meu leito: o meu corpo é um veículo em emergência. A ambulância atrasa novamente. Morreu de quê? Morte matada. Com um sémen presente no gene e dois ventrículos castrados. Fomos parar à Mutamba e lá estava a frase legitimando: "A interrupção voluntária é máscula". Chamamos a ambulância, a menina durante o congestionamento pediu-nos, em agonia: "Chamem o obituário! Eu e o nato não queremos mais respirar...".

Corpo

13.02.2019 | por Indira Grandê

De uma vagabunda para outra: um convite para se sentar à mesa

De uma vagabunda para outra: um convite para se sentar à mesa Temos em comum fazermos parte de contextos que asfixiam as nossas liberdades de ser e sentir; sermos violentadas supostamente por causa da roupa que vestimos e ainda termos de ouvir “puta, assanhada, vagabunda”.

Corpo

10.08.2018 | por Leopoldina Fekayamãle

Quase XX anos depois

Quase XX anos depois O machismo e a violência de género nos comportamentos de homens e mulheres portugueses é resultante de forças perenes de inculcação dos modos de ser homem e mulher guiados pelas estruturas discursivas do poder. Depois da leitura deste livro, espero que não restem dúvidas acerca das raízes de uma ideologia perfeitamente devastadora em relação ao papel de cão de guarda atribuído à mulher, nada mais, nada menos que uma mulher-ser-silêncio. Essa ideologia não esteve – em absoluto – centrada no Estado. Foi promovida por muitos outros sectores da sociedade e contou com uma forte regulação intra-género, mas onde é possível encontrar resistência também a partir do Estado.

Mukanda

27.03.2017 | por Inês Brasão