mesa-redonda DOS MOTINS ÀS REVOLUÇÕES, E VICE-VERSA

Casa da Achada # sábado, 19 de fevereiro # 15h # entrada livre
organização UNIPOP e revista imprópria(ver localização aqui)
com a participação de:Miguel Cardoso
Pedro Rita
José Soeiro
Manuel Loff
Paulo Granjo
Ricardo Noronha

A partir dos mais diversos pontos, de Roma a Tunes, do Cairo a Oakland, de Londres a Beirute, de Buenos Aires a Atenas, de Maputo a Sana, um conjunto muito significativo de lutas, manifestações, greves, ocupações tem vindo a ter lugar. Um elemento comum, além da assinalável capacidade de mobilização, parece ser o facto de muitas destas acções assumirem, formal e substancialmente, o questionamento não só da ordem estabelecida, mas também do padrão normalizado da luta política legal e confinada aos limites do poder de Estado. Num contexto de crise do capitalismo global, a ordem pública é confrontada com uma desordem comum que toma as ruas como o seu espaço, resgatando palavras como «revolução», «revolta», «motim». O debate que propõe a UNIPOP passa por procurar identificar que outros pontos de contacto têm estes diversos focos de luta, bem como quais são os seus limites, e perceber em que medida é que um certo efeito de arrastamento pode ou não ter como consequência a constituição de uma resposta emancipadora à crise do capitalismo global, ou seja, que articulação têm estes movimentos com o paradigma da «revolução» e de que modo o reconfiguram.

09.02.2011 | por martalanca | anarquia, motim, revolução

Revisitar “As Áfricas de Pancho Guedes”: agora com filme, fotografias e visitas guiadas de entrada livre todas as quintas-feiras

Já aqui se destacou esta exposição logo a seguir à sua abertura no antigo Mercado de Sta. Clara (Lisboa), em Dezembro passado. Mas com tantas boas razões para ser revisitada, e estando a um mês do seu fim (8 de Março de 2011), voltamos à iniciativa para divulgar algumas novidades recentes:

- a mostra inclui agora, com passagem em loop, “Looking for Pancho (À procura de Pancho): a film about the life of ideas”, realizado em 2010 por Christopher Bisset e um dos trabalhos vencedores do festival anual “C&CI Moving Space Student Architecture Short Film Competition”;

- também passou a integrar uma montagem de fotografias sobre a vida e obra do arquitecto Amâncio d’Alpoim Miranda Guedes (também pintor, escultor, professor e coleccionador Pancho Guedes);

- programaram-se visitas guiadas de entrada livre todas as 5.as feiras, às 11h30 e às 15h30 (para além das visitas com um dos comissários, já confirmadas para este sábado e domingo – dias 12 e 13 de Fevereiro – às 17h: marcações pelo n.º 91 2947430);

- e já é possível comprar o catálogo on-line, por exemplo, aqui ou aqui.

A exposição constitui uma oportunidade única de conhecer ao vivo a colecção de arte africana que o casal Dori e Amâncio Guedes reuniram ao longo das suas viagens e estadias (sobretudo em Lourenço Marques – actual Maputo –, Joanesburgo e Lisboa), fruto de cumplicidades várias e de um espírito mecenático informado, atento à simultaneidade das práticas artísticas e usos criativos nas várias Áfricas das décadas de 1950/60, i.e., no arranque das primeiras independências.

Reúnem-se, por vezes numa lógica intencionalmente disrruptiva de entrecruzamento de referências, núcleos de máscaras mais conhecidas (de decoração geometrizante, como a que influenciou decisivamente os modernos ocidentais) e de outras muito menos divulgadas, (como os exemplares raríssimos que adquiriu directamente junto dos Macua-Iómuè, feitos de entrecasca de árvore), entre outros artefactos rituais, objectos de uso quotidiano e manifestações de arte popular, para além de uma secção especialmente dedicada às chamadas “artes plásticas” (mas também ela representativa do desejo de questionar hierarquias entre disciplinas, géneros ou autorias). É nessa nave central da exposição (que se vê na foto) que encontramos o incontornável conjunto de pinturas iniciais de Malangatana – infelizmente, falecido a 5 de Janeiro deste ano –, realizadas com o patrocínio visionário de Pancho Guedes, mas também quadros feitos na pré-adolescência pelo próprio filho Pedro Guedes, desenhos, esculturas e bordados de amadores ou autores desconhecidos, para além de outras surpresas, como os originais de Bertina Lopes, que devido à promoção e arranjo gráfico de Pancho, ilustraram em 1964 a 1.ª edição da novela revolucionária “Nós Matámos o Cão Tinhoso!” do moçambicano Luís Bernardo Honwana (posteriormente apreendida pela polícia, ainda em Lourenço Marques). No lado oposto dessa parede até painéis publicitários anónimos são expostos, evidenciando os vários caminhos da colecção e da própria exposição que a apresenta (bifurcada logo de início, como o revela a foto da nave central).

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09.02.2011 | por martalanca | Colecção Pancho Guedes

Grande Hotel in Beira

 

CNN recently ran a story about the Grande Hotel in Beira, Mozambique, and reports that a documentary has been made about the hotel by Lotte Stoops:

“Former luxury hotel home to thousands of squatters,” by Amy Fallon and Mark Tutton, CNN Feb. 7, 2011:

 

08.02.2011 | por martalanca | grande hotel da beira

Amanhã em Lisboa, Conferência com Profª Drª Isabel Castro Henriques "A Lingua portuguesa e suas zonas de contacto"

A não perder na FLUL, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa das 15h às 18h.

08.02.2011 | por ritadamasio | Profª Isabel castro henriquesComunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP)

Boletim Africanista do Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto (CEAUP)

O Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto vem por este meio enviar o Boletim Africanista de Janeiro /2011.
 
O Boletim Africanista é uma publicação mensal onde o CEAUP tenta reunir todas as informações académicas relacionadas com África.  
 

ceaup.ongd@africanos.eu

08.02.2011 | por ritadamasio | Centro de Estudos Africanos, mensal, publicação, Universidade do Porto

Conferênci​a com Dr.René Gerrets da Universidade de Amsterdão

Convite
 
 
Dia 14 de Fevereiro de 2011, 2ª feira, às 18:00, no Auditório Afonso de Barros, se efectuará o  Seminário de Estudos Africanos,  apresentado pelo Doutor René Gerrets, Universidade de Amesterdão, sobre Partnership’ and (dis-)empowerment in international health: a troubling view from a malaria intervention in southern Tanzania.

08.02.2011 | por ritadamasio | Empowerment, Estudos Africanos, international health, ISCTE, Partnership, RenéGerrets, Tanzania

Novas galerias Buala

08.02.2011 | por franciscabagulho | Alberto Tavares, Silvana Rezende

Mine - Films and Videos of South-African artists

10.02.2011 - 06.03.2011

Iwalewa-Haus, Bayreuth (Germany)


Die Ausstellung „Mine” zeigt Filme und Videos von KünstlerInnenaus Südafrika. Der Titel spielt sowohl auf den Untertagebau in den südafrikanischen Minen an, als auch auf das „Abtragen“ verschiedener Schichten und Facetten des eigenen „Selbst“.

Die ausgewählten Arbeiten zeigen eine große Bandbreite an Themen und künstlerischen Strategien – allen gemeinsam ist jedoch eine Auseinandersetzung mit der eigenen Subjektivität. Zudem sind die KünstlerInnen in ihren Arbeiten stets präsent, als Person, Schauspieler, Modell, Beobachter, Interviewer oder Anstifter.

„Mine“ sondiert verschiedene Möglichkeiten der Selbstpositionierung vor dem Hintergrund gesellschaftlicher Verwerfungen (nicht nur) im südlichen Afrika. Die beteiligten KünstlerInnen sind:

Bridget Baker, Dineo Seshee Bopape, Doris Bloom, Jaques Coetzer, Teboho Edkins, Simon Gush, Dorothee Kreutzfelt, William Kentridge, Donna Kukama, Michael McCarry, Nandipha Mntambo, Zanele Muholi, Cedric Nunn, Robin Rhode, Berni Searle, Lerato Shadi, Penny Siopis, Gregg Smith, Johan Thom und Minette Vari.

Kuration: Abrie Furie

Vernissage: Donnerstag 10. Februar 2011, 19 Uhr



08.02.2011 | por nadinesiegert | África do Sul, arte contemporânea, video

RELACHTOTAL A NOVA MIXTAPE DE COCA O FSM

08.02.2011 | por martalanca | Cocafaray

5ª no Elinga - LUANDA

Atenção Luanda, 5ª feira é grande noite no Elinga! Esta semana vai haver AFRO BEAT poderoso, a noite vai ser espectacular porque “o FUNK é mesmo bom”, e das 22h30 à meia-noite vai ser só curtir com Francisco Sequeira, o nosso blue-eyed SOUL dj. Apareçam só!

(dica da joana simões piedade)

08.02.2011 | por martalanca | afrobeat, elinga

André Cabaço

Depois de várias colaborações com Vitorino, Janita Salomé, Filipa Pais, Filipe Mukenga, Juca, Guto Pires, Tito Paris, Sérgio Godinho, Tora Tora Big Band, entre outros, André Cabaço, natural de Maputo, apresenta o seu projecto a solo que combina o encontro e a convivência de tradições musicais moçambicanas com os percursos musicais do autor. 


+ infos

08.02.2011 | por franciscabagulho | Moçambique, música

Concurso Bolsa de Investigação

No âmbito das Conferências do Estoril, estão abertas as candidaturas para Bolsa de Investigação, no valor de 15 mil euros.

O prémio será atribuído à melhor proposta de investigação apresentada em português, por jovens até aos 30 anos, sobre um dos seguintes temas:

1.     Alterações climáticas e regimes internacionais

2.     Segurança energética, tensões internacionais e prevenção de conflitos

3.     A África Sub-Sahariana e o sistema internacional: desafios futuros

4.     Governação global, o novo multilateralismo e o modelo europeu

5.     O comércio internacional e a segurança alimentar

Os candidatos devem ter residência permanente ou temporária em Portugal no momento da candidatura, terem domínio da língua portuguesa e serem titulares de, pelo menos, o grau de licenciatura ou equivalente.  Os projectos de investigação devem ser escritos em língua portuguesa, até um máximo de 2.000 palavras.

O prazo para a entrega dos projectos é dia 11 de Março de 2011.

Mais infos

07.02.2011 | por franciscabagulho | bolsa investigação, Portugal

Scholarship Programme for Young African Researchers

Universities of the Coimbra Group offer short research stay to young researchers from Sub-Saharan Africa. 

Due to the high volume of applications the Coimbra Group Office is unable to answer queries, therefore applicants are requested to read the brochure carefully before filling the application form. The deadline for applying is 15 March 2011. 
Please note that this scheme is only targeting countries from the Sub-Saharan region, therefore countries from North Africa are unfortunately not covered. 

more info

 

07.02.2011 | por franciscabagulho | bolsas, scholarhip

timeline (Metropolitan Museum, NY)

timeline (Metropolitan Museum, NY)

África do Sul, Moçambique, Rodésia do Sul Nigéria, pela “timeline” do Metropolitan, a propósito de “As Áfricas de Pancho Guedes”:

- a referência ao movimento CoBrA (1948) é um ponto de partida a ter em conta; Dubuffet e a Arte Brut (Raw Art, Outsider Art, designações próximas, for art produced by non-professionals working outside aesthetic norms) são contemporâneos (1949: Jean Dubuffet précise sa définition de l’Art Brut dans « L’Art Brut préféré aux arts culturels ». Ce texte, qui a valeur de manifeste, figure dans le catalogue accompagnant la première exposition d’ensemble de La Compagnie de l’Art Brut, à la galerie René Drouin, à Paris.) entre a ideia de “low art” e a procura dos “primitivos”.

- o workshop de Amâncio/Pancho Guedes é de Janeiro de 1961 (1); em Abril a Architectural Review, em Londres, dedica a capa à obra de arquitect

o (2), que expõe na Bienal de São Paulo como representante de Moçambique (3); no mesmo ano ocorre a 1ª exp. individual de Malangatana em Lourenço Marques (4). Em 1962, a revista Black Orpheus(Ibadan, Nigéria) dedica-lhe um longo artigo (5), e é exposto no Mbari Club (6).

- Frank McEwen em Salisbury (Rodésia do Sul), organizador do Congresso de 1962; Ulli Beier, fundador do Mbari Club na Nigéria (7), e Julian Beinart, autor dos artigos sobre Pancho Guedes e Malangatana antes citados, co-animador dos workshops de Lourenço Marques, Ibadan, etc, são as figuras decisivas de uma rede de promotores ou patronos activos no início dos anos 60.

A cronologia africana do Met (Heilbrunn timeline of art history): Amâncio Guedes, Malangatana, Frank McEwen, Ulli Beier…

 

ALEXANDRE POMAR

07.02.2011 | por martalanca | Colecção Pancho Guedes, Pancho Guedes, Tristan Tzara

ACEP lança blogue dedicado à Cooperação e Desenvolvimento

A Associação para a Cooperação Entre os Povos criou o blogue Portugal e África: Melhor Cooperação, Melhor Desenvolvimento, tendo como meta estimular o debate e partilha entre os vários grupos-alvo das questões ligadas ao Desenvolvimento e Cooperação.
 
Acompanhando as tendências da comunicação on-line, cada vez mais emergentes, a ACEP lança este novo projecto com o principal objectivo de favorecer condições de co-responsabilização de actores públicos e privados – jornalistas, parlamentares, decisores políticos, ONG – na qualidade da cooperação com África, mobilizando maior apoio para estes temas.
 
Este é um projecto de âmbito nacional, em parceria com a Associação Objectivo 2015, financiado pelo Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD), e terá duração de quinze meses.
 
Ao longo do projecto, serão realizadas diversas actividades, de forma a aumentar o reconhecimento por parte dos grupos-alvo da importância da cooperação e do desenvolvimento e do conhecimento dos instrumentos para a sua promoção. Pretende-se ainda aumentar as oportunidades de debate e de reconhecimento mútuo, através de acções conjuntas entre os vários grupos-alvo.
 
O formato blogue, enquanto plataforma de comunicação, oferece a possibilidade de trocar informação facilmente, adquirir experiências, reunir testemunhos e promover o debate livre e aberto a todos, permitindo a construção de conhecimento através da interacção dos utilizadores. Para isso, conta com algumas funcionalidades, como sendo a possibilidade dos leitores comentarem os artigos e a possibilidade de criarem fóruns de discussão. Os utilizadores poderão ainda subscrever a newsletter do blogue e receber na sua caixa de correio os artigos que vão sendo publicados.
 
Parceria, participação, transparência, integridade e responsabilidade mútua são alguns dos valores impulsionadores desta iniciativa, de acordo com a ACEP. Até Agosto de 2011 tem a possibilidade de consultar as últimas notícias sobre Cooperação e Desenvolvimento e ainda obter as “moradas” das principais entidades referência nacionais e internacionais desta área.
 
Visite: http://cooperacao-desenvolvimento.blogspot.com

06.02.2011 | por ritadamasio | ACEP, Africa-Portugal, Cooperação

PROJETO DE CURSOS E PALESTRAS DO COLETIVO FANON

Descolonizando a Educação!

Coordenadores: Professor Walter Lippold (Ver Lattes) e Professor Orson Soares. ·
Contato: (51)91092262 (51)85293260
E-Mail: coletivofanon@gmail.com
E-mails individuais: w.lippold@gmail.com, prof.orson@hotmail.com
Site: http://coletivofanon.blogspot.comTwitter:@ColetivoFanon

1 APRESENTAÇÃO:
A Educação formal brasileira tem deixado de lado as contribuições fundamentais da cosmovisão africana em nossa história. O Brasil e o Rio Grande do Sul tiveram a influência dos africanos e sua cultura, devido ao longo período de escravismo colonial vigente no nosso País, onde grande parte da produção era fruto de mãos negras seqüestradas na África. Mas a ideologia racista – justificativa para a superexploração da força de trabalho africana – escamoteou a história desses povos, perpetuando o racismo, e criando estranhamentos nos próprios afro-descendentes, que muitas vezes adentram num processo de embranquecimento cultural, que Frantz Fanon chama de processo de epidermalização.
No caso específico do nosso Estado, tem-se aqui a construção da ideologia do Rio Grande do Sul europeu: muitos brasileiros de outros estados acreditam que aqui só existem brancos, louros e cultura européia imigrante. Essa invisibilidade do negro deve-se em grande parte ao apagamento de sua história e da cultura afro-gaúcha, que ao longo da nossa história vem sendo diluída e despersonalizada. Cabe combater esta ideologia e a sala de aula é um espaço essencial para efetivar esta luta. Para isso são necessárias pesquisas acerca das relações sobre o racismo e a educação, construindo possibilidades de superação dessa ideologia dentro da sala de aula.
Dentro do contexto da “história tradicional” do Rio Grande do Sul, nunca houve espaço ao protagonismo do negro, nem para suas contribuições essenciais no nosso Estado. O negro é invisível na História Gaúcha, é recente o interesse por episódios como o Massacre de Porongos, onde os soldados farrapos negros foram desarmados e logo massacrados pelas tropas imperiais, em mais um exemplo de limpeza étnico-racial no Brasil. Somos obrigados a concordar que existe uma ideologia do Rio Grande “Europa”, onde o negro é apagado e onde o imigrante europeu, com sua arquitetura e estética, etc., é exaltado e exportado como ideal do nosso Estado. A maioria dos brasileiros vê o Rio Grande do Sul como um lugar distante, onde não há miséria, onde só há brancos louros ou imensa maioria de descendentes europeus. Não é o que vemos na Rua da Praia em Porto Alegre, onde há muitos afro-descendentes passando, não é o que vemos na periferia de Uruguaiana, onde a maioria é descendente de índios e mestizos. A população de afro-descendentes no Rio Grande do Sul, beira os 20%! O que queremos afirmar é que muitos dos educadores de nosso Estado partilham de uma ideologia onde o negro é negado como sujeito histórico.
Neste sentido criamos em 1999 um projeto de educação popular anti-racista e desde lá fomos aprofundando nossos estudos e pesquisas e aumentando o leque de palestras que são ministradas em quadras de samba, praças, escolas de periferia buscando efetivar uma ligação entre a academia e a periferia, produzindo conhecimento através desta interação necessária na sociedade brasileira. Já visitamos os mais variados lugares nas periferias da Grande Porto Alegre e em algumas cidades do interior e este movimento já formou uma pequena rede de educadores engajados na luta anti-racista que visa a interação entre estes.

2 EIXOS-TEMÁTICOS:

O Projeto de Educação Continuada do Coletivo Fanon possui cinco eixos temáticos que se interpenetram organicamente e que formam cinco palestras diferenciadas, que podem ser ministradas separadamente, pois possuem uma autonomia, mas que se complementam entre si. Todas as palestras necessitam de no mínimo duas horas de duração, sendo ideal quatro horas para a efetivação de cada uma delas. O Curso completo têm vinte horas de duração.

A) A História e Cultura da África e da Diáspora Negra e o Eurocentrismo;
Uma palestra voltada para estudantes e professores de Ciências Humanas e Artes, onde abordamos a formação de educadores e a invisibilidade da África neste processo e as relações étnico-raciais dentro da sala de aula trazendo uma análise da Lei 11.645/2008, da Lei 10.639/2003 e do Parecer do Conselho Nacional de Educação 003/2004 que estão ligadas à implementação do Ensino de História e Cultura Africanas e Afro-brasileiras e a um projeto maior de Ações Afirmativas, que inclui o polêmico debate acerca do ingresso através de cotas raciais no Ensino Superior. Esta palestra visa compreender na atual formação de professores de História os efeitos deflagrados pela Lei 10.639/2003 no que tange ao ensino de História da África, colocando em ênfase a importância de mudanças no currículo, este produto que traz em seu corpo as influências da formação social em que foi produzido. Assim para analisar o currículo como síntese inserida em uma totalidade, adentrei em outros fenômenos como a da interpenetração da realidade de classe e de raça no Brasil, o processo de internalização com aspectos de epidermalização que ocorre em uma sociedade capitalista e racista e como tudo isso se vincula com a educação. Os estudos sobre estas questões estão se desenvolvendo na sociedade brasileira, mas não numa quantidade expressiva que possibilite uma mudança fundamental no ensino de História. Defendemos uma proposta de formação de professores que não dissocie a realidade brasileira dos conteúdos ensinados, discutidos e aprendidos em aula, uma formação onde a História da África e da Diáspora seja uma disciplina obrigatória, que gere curiosidade científica nos educandos, onde ocorra o desocultamento de conhecimentos tornados invisíveis pela ideologia da branquitude.

B) Pensadores Africanos e da Diáspora;
Palestra que introduz o pensamento africano e da diáspora através das teorias de Frantz Fanon, Albert Memmi, Kwame Nkrumah, Leopold Sedar Senghor, Aimé Cesaire, Martin Luther King, Malcom X, Abdias do Nascimento, Florestan Fernandes, Ibn Khaldum, entre outros. Também são abordados aspectos da cosmovisão africana incluindo as mitologias bantu, yorubá e ewe-fon. A palestra é uma tentativa de produzir interesse acerca do pensamento africano e sua contribuição para as ciências humanas.

C)História da Diáspora Negra na América através da Música;
Um mergulho na História da Diáspora Africana através da música, buscando uma compreensão das diferenças entre o racismo estadunidense e o brasileiro. Adentramos nas origens bantu, yorubá e ewe-fon da cultura negra brasileira e suas manifestações musicais: a umbigada, o jongo, as congadas, passando pelo lundu, samba e seus estilos, choro, côco de embolada, maracatu, entre outros. Abordamos o surgimento do blues, do gospel, do Ragtime, do Jazz e seus estilos, do Soul, Rock e Funk e finalmente do RAP nos Estados Unidos. Abordamos a música afro-caribenha como o salsa, o reggae e o raggamuffin` .  Cada estilo é contextualizado históricamente ao som da música da época.

D) Panteras Negras e Hip Hop;
Esta palestra é voltada para a juventude, onde abordamos as relações entre a organização política dos Panteras Negras nos Estados Unidos e o surgimento do Movimento Hip Hop que engloba manifestações culturais da periferia, entre elas o RAP, o grafite e o Break. A história do movimento negro nos EUA e Brasil é abordada através da história da música RAP. Também abordamos questões ligadas a mercadificação da cultura popular, da sua resistência e absorção pelos status quo.

E) Educação, Racismo e Mídia: a epidermalização na propaganda e cinema;
O objetivo nesta palestra é questionar a reprodução sistemática dos esteriótipos do negro na propaganda e cinema, buscando criticas a atual formação de professores de História que não prepara o futuro educador/pesquisador para compreender e utilizar as mídias dentro da sala de aula buscando possibilidades de romper com a nossa condição passiva de espectador, trazendo métodos de análise da mídia e a importância cabal da formação estética do professor de História. Uma análise de propagandas e filmes onde as representações sociais denotam ideologias racistas. Uma introdução metodológica para a análise do filme, através do pensamento de Marc Ferro, Guy Debord e Frantz Fanon.

3 OBJETIVOS:

Objetivo Principal: Estimular a contra-epidermalização, ou seja, criar possibilidades de uma educação anti-racista no campo da Ciências Humanas.
Objetivos secundários: Fomentar a pesquisa em história da África, dar visibilidade aos pensadores africanos e da diáspora; conhecer as Lei Educacionais ligadas a questão do ensino de História Africana; conhecer a cosmovisão africana e suas influências no Brasil; compreender as diferenças entre o racismo brasileiro e o estadunidense; criticar o eurocentrismo nas ciências humanas, principalmente no campo da História.

4 JUSTIFICATIVA:

A formação de professores de História, em geral, tem se mostrado extremamente pobre quanto ao ensino ligado a temas africanos e também afro-brasileiros. O conhecimento histórico acerca do continente africano é incipiente no Brasil e isso se deve, em parte, à internalização do eurocentrismo que por sua vez permite o descaso em termos de pesquisa, de formação de professores, de acesso a bibliografias e materiais didáticos adequados ao conhecimento das realidades africanas. A sociedade brasileira, durante séculos de colonialismo português, de escravismo colonial, de imperialismo inglês e posteriormente estadunidense, importou e forjou a seu modo ideologias que inferiorizavam os africanos e seus descendentes. Para dominar um povo, além da violência coercitiva, faz-se necessário apagar sua história, manipulá-la, fragmentá-la a tal modo que se torne um engodo ou até mesmo invisível. A classe senhorial branca dos tempos do escravismo educava seus filhos muitas vezes na Europa e a intelectualidade brasileira impregnou-se do eurocentrismo e também de teorias racistas tão em voga no final do século XIX. A manutenção do status quo exigia que a educação tivesse um papel preponderante de reprodução de ideologias que ajudam na sustentação daquele modo de produção escravista colonial.
Os educadores brasileiros, nos últimos dois anos, estiveram em pleno debate sobre a aplicabilidade da Lei 10.639/2003, trocaram informações sobre experiências, apresentaram críticas e propostas, reuniram-se em seminários, buscaram construir um sentimento coletivo crítico à educação atual. Muitos professores estão perdidos, não sabem como e por onde começar. Algumas escolas continuam a pensar que aplicar a Lei 10.639/2003 é apenas efetuar a Semana da Consciência Negra. O ensino de História e Cultura Africanas e Afro-brasileiras depende de transformações na formação de professores, que unidas ao estudo das relações étnico-raciais, e ao fim dos mecanismos que impedem o negro de entrar na universidade, semearão as sementes que germinarão as possibilidades de supressão da invisibilidade da História Africana no ensino fundamental e médio.
Temos a esperança que este projeto incentive outros estudos, que por sua vez desenvolvam publicações, debates, ações individuais e coletivas, livros didáticos, que combatam o racismo e o eurocentrismo, que ajudem na construção de uma contra-consciência anti-racista, ou seja, que corroborem no processo de contra-epidermalização, visando destruir a ideologia da branquitude vigente na educação brasileira.

5 METODOLOGIA:
Através da aula-expositiva, do choque do olhar (imagens e vídeos), da interação entre palestrante e os sujeitos presentes, da musicalidade, buscamos ministrar uma palestra que rompa com a linearidade monótona que considera o conhecimento como um somatório mecânico de fatos sobre fatos, trazendo uma tentativa de ensino-aprendizagem que não se separe do gozo estético.

6 MATERIAL UTILIZADO:
- Fotocópias de textos, mapas e letras de música.
- Computador com Power Point, reprodução de vídeo e música, caixas de som e data –show.
- Som com CD.
-Retro-projetor (alternativa em caso de não ter data-show).
- CDs/DVDs virgens para a gravação do disco “História da Música Negra” e para gravação de material didático e paradidático sobre o ensino e História Africana (bibliotecas digitais, mapas, música, vídeos, etc).

 

Walter Lippold é Professor da Rede Municipal de Porto Alegre, graduado em Licenciatura em História pela FAPA. Especialista em História do Mundo Afro-Asiático também pela FAPA  e mestre em educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGEDU/UFRGS).Orson Soares é Graduado em Licenciatura em História pela UNISINOS e Professor da rede pública em São Leopoldo e sólida experiência na Educação Popular.

 

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06.02.2011 | por martalanca | cultura afro-brasileira, educação, Fanon

Nácia Gomi

Morreu Nácia Gomi aos 86 anos de idade…

Batuku-NACIA GOMI no filme Kontinuasom

 

A sabedoria popular costuma levá-la o vento, o tempo, as pessoas. Mas as vozes estão lá para fazê-la perdurar no tempo, no espaço e nas pessoas, A cumprir a sua sina tridimensional.
É assim que, no cumprimento dessa sina, duas das mais sábias vozes crioulas enlaçam na roda de batuque, para em uníssomo darem o ritmo, e tempo e cavalgarem ao sabor do vento. Sim, porque Nha Nacia Gomi e Ntoni Denti D’Oro lançam na próxima sexta-feira “Finkadu na Raiz”, um disco que apresenta o batuque e o finaçon na sua máxima expressão, trazendo com ele a força da alma deste povo na terra de rotcha nu, mas “Finkadu na Raiz”. 
Nove histórias a duas vozes delimitam a alma deste disco. São músicas que Ntoni Denti D’Oro e Nha Nácia Gomi foram buscar ao seu cofre de velhas canções, experiências e vidas. Desta forma, em jeito de desafio, “Finkadu na Raiz” conta-nos os dramas, as festas, as alegrias e dores da nossa terra. 

Continuar a ler "Nácia Gomi"

04.02.2011 | por martalanca | batuku, Nácia Gomi

da mestiçagem e crioulidade

04.02.2011 | por martalanca | Édouard Glissant

Édouard Glissant

Édouard Glissant [21/09/1928 - 03/02/2011]


“Glissant revela-se em tantos momentos introduzidos por uma legenda que se inscreve na máquina de escrever sobre as ondas: o jazz, a crioulização, a vaidade das cadeias de filiação, os jardins crioulos, as marcas culturais, a complexidade do mundo e o seu imaginário colectivo, o terrorismo económico, etc.

Glissant estabelece a distinção entre a aparência e a realidade da democracia: os regimes democráticos ocidentais cometeram o maior acto anti-democrático: a colonização. E a África? Nunca se diz, como se faz com a América Latina, que possui as suas riquezas. Só se fala em ajudá-la a sair da situação em que se encontra! E continuam a explorá-la.

A mudança? Passa pela aceitação do Outro na sua opacidade que Gissant reivindica em alto e bom tom, através de uma extraordinária história sobre brócolos de que ele afirma não gostar sem saber porquê! O racista é aquele que recusa o que não compreende. A barbárie é impor ao outro a sua própria transparência.

As fronteiras? Deviam ser permeáveis para os migrantes, mas não deviam ser abolidas, para preservar o sabor de cada ambiente. Então, arquipélagos de pequenos países podiam voltar as costas ao poder e à força para viverem juntos a complexidade no grande tremor do mundo…”

in EDOUARD GLISSANT: UM MUNDO EM RELAÇÃO estreia mundial do filme de Manthia Diawara por Olivier Barlet

04.02.2011 | por franciscabagulho | Édouard Glissant

MINDELO… temos cultura? - 4ª Sessão dos Encontros

A oferta cultural da cidade. Que balanço?

Dia 8 de Fevereiro, 3ª feira às 18h00 no M_EIA (ex-Liceu Velho)


A cidade de Mindelo está em constante transformação. Nos últimos anos têm surgido novos espaços e agentes culturais e o desenvolvimento do ensino superior povoou a cidade com estudantes universitários. Para uns, a identidade cultural da cidade tem-se reforçado enquanto que, para outros, a cidade está a definhar tanto do ponto de vista económico como cultural. Mindelo ainda é capital da cultura ou a cidade perdeu o seu mais importante capital?



04.02.2011 | por martalanca | cidade, cultura, Mindelo