Resistência cultural no feminino: legados e heranças intergeracionais

27 Janeiro 2024

Organização: FÓRUM DEMOS; MigraMediaActs, CECS, Universidade do Minho Local do evento: Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, Braga

Link do evento

Horário

15h00 – 15h15: Receção e apresentação do evento por Rosa Cabecinhas.

15h15 – 16h30: À Conversa com: Ana Cristina Pereira Maria Matilde Nicolau Miguel de Barros Teresa de Sousa Álvaro Vasconcelos Moderação: Sheila Khan

(Cada orador será convidado a refletir sensivelmente por 15 minutos)

16h30 – 16h45: Debate com a audiência.

16h45 – 17h00: Reflexão final com Rosa Cabecinhas.

Apresentação

Os 50 anos da democracia em Portugal aproximam-se e trazem para a arena pública a urgência de vários debates e reflexões que procuram promover, estimular e abrir novos espaços de partilha de experiências, emoções e de caminhos feitos de luta, fé, compromisso e, também, de outras dimensões humanas menos felizes. Este encontro procura reavivar as memórias de um longo percurso, este construído, mapeado por mulheres que uniram os seus esforços e compromissos à luta não apenas pela democracia, mas também, por uma cidadania mais inclusiva, consciente e aberta aos desafios contemporâneos.

Os legados destes 50 anos no feminino abraçam, hoje, outros modos de refletir não apenas a questão do lugar da mulher, mas, sobretudo, o debate em torno das questões do género, das opções identitárias e culturais. Esses patrimónios humanos não se colocaram no baú esquecido e poeirento, pelo contrário, pelos vários e diferenciados processos de socialização, as novas gerações sentem como suas essas heranças deste 25 de Abril que as avós, mães, os rostos do Portugal não apenas no feminino conseguiu manter vivo, espelhado pelos atos de uma empatia e fraternidade entre gerações.

Nesse sentido, entre encontro almeja tornar vivas, presentes e audíveis estas vozes, memórias, perceções e reflexões que importam profundamente na construção ativa da resistência cultural e da relevância dos legados e heranças intergeracionais.

Notas Biográficas

Álvaro Vasconcelos é o atual detentor da Cátedra José Bonifácio da Universidade de São Paulo (USP) e professor colaborador da mesma universidade, investigador do CEIS20 da Universidade de Coimbra, coordenador do Fórum Demos. Foi professor convidado do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (2014-2015). Foi Diretor do Instituto de Estudos de Segurança da União Europeia/EUISS (2007-2012) e do Instituto de Estudos Estratégicos e Internacionais (IEEI) de Lisboa, desde a sua fundação, em 1980, até 2007. Colunista regular na imprensa, coordenou e editou o relatório que o RUISS produziu para a União Europeia Global Trends 2030 – Citizens in an Interconnected and Polycentric World. Autor do livro La Vague Démocratique Arabe. L’Europe et la question islamiste. Harmattan, Paris, 2014. Coordenador do livro: Tendências Globais 2030 - Os Futuros de Portugal, Fundação de Serralves, 2017 e de Brasil nas Ondas do Mundo, imprensa da Universidade de Coimbra, 2017. Autor do livro 25 de Abril no Futuro da Democracia, Estratégias Criativas (2019), e dê Memórias em Tempo de Amnésia: Uma Campa em África, Edições Afrontamento, 2022 O seu último livro intitula-se: Memórias em Tempo de Amnésia: Exílio sem Saudade, Edições Afrontamento, 2023.

Ana Cristina Pereira - Kitty Furtado é crítica cultural empenhada na diluição de fronteiras entre academia e esfera pública. Tem curado mostras de cinema (pós)colonial e promovido a discussão pública em torno da Memória Cultural, do Racismo e das Reparações. É doutora em Estudos Culturais, pela Universidade do Minho, com a tese: “Alteridade e identidade na ficção cinematográfica em Portugal e Moçambique” e investigadora do CECS (U. Minho), onde coordena a linha de investigação “Ativismos Migrantes” do projeto MigraMediaActs. Co-editou números especiais de revistas científicas, entre os quais, o n.o 54 da Revista Comunicação e Linguagens - Gender Decolonising: ways of seeing and knowing. Atualmente é coordenadora do Grupo de Trabalho de Cultura Visual da SOPCOM e sub-diretora da VISTA: revista de cultura visual (com Silvana Mota Ribeiro). Juntamente com Rosa Cabecinhas publicou o livro “Abrir os gomos do tempo: conversas sobre cinema em Moçambique” (2022). 

Foi co-coordenadora da rede COST “Social psychological dynamics of historical representations in the enlarged European Union”, rede que envolveu investigadores de 30 países. É coordenadora do projeto “Migrations, media and activisms in Portuguese language: decolonising mediascapes and imagining alternative futures” e é co-coordenadora do projeto “Memories, cultures and identities: how the past weights on the present-day intercultural relations in Mozambique and Portugal?”. A sua tese de doutoramento foi premiada pelo Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas (2004) e foi co-recipiente do Gordon Allport Intergroup Relations Prize (2012). Das obras que dirigiu, coeditou ou publicou, destacam-se “Preto e Branco: A Naturalização da Discriminação Racial” (2007, 2a edição em 2017), “Comunicação Intercultural: Perspectivas, Dilemas e Desafios” (2008, 2a edição em 2017), e “(In)visibilidades: Imagem e Racismo” (2020) e “Abrir os Gomos do Tempo: Conversas Sobre Cinema em Moçambique” (2020).

Maria Matilde Nicolau, nasci a 11 de janeiro de 1945, Coimbra, onde vivi até 1971, alternando com Braga, após o meu casamento e consequente nascimento das minhas filhas. Entrei na Faculdade de Direito em 1963 e terminei o curso em junho de 1970, dada a minha adesão à greve aos exames, em junho de 1969, na sequência da Crise Académica deste ano em Coimbra (frequentava, nessa altura, como o meu marido, o último ano do referido curso. Ele foi incorporado em Mafra, em setembro de 1969, pela mesma razão). Em 1970, após ter terminado a licenciatura, concorri a um lugar de chefe de serviços da Faculdade de Economia (recém-criada) da Universidade de Lourenço Marques, tendo tomado posse e seguido para Moçambique em maio de 1971. A decisão de ir trabalhar para Moçambique resultou do facto de o meu marido ter como destino quase certo a mobilização para a guerra colonial e de os meus Pais aí viverem, o que aumentava as hipóteses de ele poder ficar mais perto da família. Os cálculos saíram errados, porque o meu marido não foi mobilizado para o Ultramar, ao que julgo, pela enorme mobilização resultante do “castigo” generalizado da crise académica. Apesar disto, no fim do serviço militar, decidimos continuar em Moçambique pelo menos por mais algum tempo.

Miguel de Barros é Sociólogo e investigador guineense. É co-fundador do Centro de Estudos Sociais Amílcar Cabral (CESAC) e membro do Conselho de Pesquisa para as Ciências Sociais em África (CODESRIA). Desde 2012, exerce funções de Diretor Executivo da ONG ambientalista guineense Tiniguena – “Esta Terra é Nossa”, integra a direção da Rede da Sociedade Civil para a Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional da Guiné-Bissau (REESSAN-GB) e da Coligação para a Defesa do Património Genético Africano (COPAGEN). Tem desenvolvido estudos e intervenções nos domínios de gestão de sítios de património natural, cultural e histórico, comunidades tradicionais, processos participativos, comunicação, género e juventudes, racismo, cooperação e sustentabilidade das organizações sociais. É autor de “A Sociedade Civil e o Estado na Guiné-Bissau: dinâmicas, desafios e perspetivas” (2015), “Juventude e Transformações Sociais na Guiné-Bissau e co-autor de vários livros, entre os quais “Manual de Capacitação das Mulheres em Matéria de Participação Política com base no Género” (2012), “A Participação das Mulheres na Política e na Tomada de Decisão na Guiné-Bissau: da consciência, perceção à prática política” (2013), “Sociedade Civil, Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (2014), “Hispano-Lusophone” Community Media: Identity, Cultural Politics and Difference (2018), “Geração Nova da Tiniguena, uma escola para a vida! Uma experiência de educação para o ambiente e cidadania na Guiné- Bissau” (2020). Em 2018 foi distinguido com o prémio panafricano humanitário em “Leadership in Research & social impact”.

Rosa Cabecinhas (1965, Bajouca, Leiria) teve a sua primeira experiência migratória aos cinco anos, quando foi “a salto” para França. Estudou e viveu em vários países. Atualmente é professora no Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, e investigadora no Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS). Tem desenvolvido investigação de natureza interdisciplinar e coordenado diversos projetos nacionais e internacionais sobre representações sociais da história, relações intergrupais, diversidade e mudança social.

Sheila Khan é socióloga, investigadora do Centro de Estudos em Comunicação e Sociedade (CECS) da Universidade do Minho, professora auxiliar convidada da Universidade de Trás-os– Montes e Alto Douro e comentadora do painel do programa Debate Africano na RDP África. Doutora em Estudos Étnicos e Culturais pela Universidade de Warwick. As suas mais recentes publicações são: Portugal a lápis de cor. A sul de uma pós-colonialidade (Almedina, 2015); Visitas a João Paulo Borges Coelho. Leituras, Diálogos e Futuros (com Nazir Can, Sandra Sousa, Leonor Simas-Almeida e Isabel Ferreira Gould, Colibri, 2017); A Europa no Mundo, o Mundo na Europa. Crise e Identidade (com Rita Ribeiro e Vítor Sousa, Editora Húmus, 2020); Racism and Racial Surveillance. Modernity Matters (com Nazir Can e Helena Machado, London: Routledge, 2021); Reparações históricas: Desestabilizando construções do passado colonial (com Vítor de Sousa e Pedro Schacht Pereira, Junho 2022) e, finalmente, Djaimilia Pereira de Almeida: Tecelã de mundos passados e presentes (com Sandra Sousa, 2022).

Teresa de Sousa começou a sua carreira como jornalista em 1977 no Jornal Novo durante a Guerra Fria. Após passagens pela RDP e Expresso, destacou-se no PÚBLICO, cobrindo eventos históricos como a queda do Muro de Berlim e a implosão da União Soviética. Especializou-se em política internacional, sendo reconhecida como uma das principais jornalistas portuguesas nesse campo. Com formação em Economia pelo antigo ISCEF, escreveu livros, incluindo uma biografia de Mário Soares. A sua carreira inclui entrevistas a intelectuais e académicos, contribuindo significativamente para o jornalismo em Portugal.

Comissão organizadora:

Álvaro Vasconcelos (Fórum Demos)
Rosa Cabecinhas (CECS, Universidade do Minho) Chisoka Paulo Simões (CECS, Universidade do Minho) Sheila Khan (CECS, Universidade do Minho)

25.01.2024 | por martalanca | cultura, mulheres, Resistência

Cine Debate: "Desconstruir a história, recuperar memórias"

23 DE OUTUBRO DE 2022 - 15H00
Auditório do Museu do Aljube

Fotografia de Carla Osório. Performance por Maré de Matos.Fotografia de Carla Osório. Performance por Maré de Matos.

A artista visual afro-brasileira Carla Osório documentou artistas, ativistas, escritores (as) e pesquisadores (as) africanos (as), bem como afrodescendentes portugueses (as), durante um ano, em Lisboa.

Desconstruir a história, recuperar memórias apresenta duas obras audiovisuais que abordam as questões socioculturais do racismo e da xenofobia, bem como as consequências da colonização portuguesa em países africanos, como Angola.
Com uma visão do mundo afro-centrada, a obra de Carla Osório toca, de forma direta e contundente, em pontos que, na sua opinião, precisam de ser amplamente debatidos, na sociedade portuguesa.

Artista visual convidada: Carla Osório- fotógrafa, documentarista e realizadora.

Intervenientes:

Rosa Melo, Antropóloga Angolana.

Alice Santos, Ativista Santomense.

Raquel Carrilho, Artista Visual e Editora Portuguesa.

Mediação:

Rita Cássia Silva - Antropóloga, Artista Multidisciplinar e Ativista Brasileira e Portuguesa. 

Sinopse dos filmes:

Corações Valentes na Diáspora 

(6min10) legendado em inglês

Uma pequena cartografia de cidade de Lisboa e dos corpos negros em trânsito na contemporaneidade.

Missão Sudoeste de Angola:

AFINAL, QUEM NOS DEFINE? 

(23min) legendado em inglês

A protagonista do filme, a antropóloga Rosa Melo, descendente dos Handa, grupo étnico do sudoeste de Angola, comenta o álbum fotográfico Missão do Real Padroado da Huilla sob um ponto de vista decolonial. Com mais de 40 imagens raras, o álbum foi produzido pela missão católica espiritana na região da Huila, durante o período colonial português.

Informações aqui.

17.10.2022 | por Alícia Gaspar | alice santos, Brasil, carla osório, cine debate, cinema, museu do aljube, raquel carrilho, Resistência, risa melo, rita cássia silva

Visita o Aljube!

Vem conhecer a exposição longa duração do Museu do Aljube Resistência e Liberdade, e as histórias da resistência à ditadura em Portugal até à revolução do 25 de Abril de 1974.

A exposição de longa duração do Museu apresenta aos visitantes no piso -1 uma mostra arqueológica com vestígios encontrados aqui. No piso 0, o memorial de homenagem aos presos políticos e a história do edifício; no piso 1, a caracterização do regime ditatorial português (1926-1974), os seus meios de repressão e opressão (a Censura, as polícias e os tribunais políticos).
No piso 2, a resistência das oposições (semi-legais e clandestinas), a prisão, a tortura, os curros de isolamento.
No piso 3, a luta anticolonial e os movimentos independentistas de libertação, o derrube da ditadura e o 25 de Abril de 1974.

Duração aproximada: 1h

30 DE ABRIL DE 2022 - 10H30
MUSEU DO ALJUBE RESISTÊNCIA E LIBERDADE

Entrada livre, sujeita a inscrição em: inscricoes@museudoaljube.pt

25.04.2022 | por arimildesoares | 25 de abril, história, museu do aljube, Resistência

Palestina: Colonialismo, Racismo e Resistência

Com intervenções de António Guerreiro, António Louçã, Boaventura Sousa Santos, Bruno Peixe Dias, Carlos Vidal, Inês Espírito Santo, Nuno Teles, Renato Teixeira, Shahd Wadi, Wissam Al-Haj.

Depois do acto falhado dos Acordos de Oslo de 1992 e dos recentes ataques a Gaza em Agosto de 2014, parece-nos que é tempo de voltar a pensar a situação Israelo-Palestiniana, com objectividade mas não, forçosamente, neutralidade. Procuraremos reflectir sobre o contexto histórico que resultou na criação do Estado de Israel nas suas dimensões, contraditórias e problemáticas, nacionalistas e colonialistas, as especificidade das formas de governo e administração que aí se foram desenvolvendo, bem como as estratégias de resistência a essas mesmas forma de governo.
Neste sentido, parece-nos importante trazer à discussão não apenas a actualidade que faz a agenda informativa dos noticiários, mas também os processos históricos que podem contribuir para uma análise crítica do presente; não apenas os aspectos militares do exercício do poder e da ocupação territorial, mas também os aspectos culturais mobilizados para a produção e naturalização de comunidades imaginadas. Daí seguiremos até à situação actual e à discussão das soluções que têm sido avançadas: dois povos dois estados ou um único estado multicultural e multinacional? Porquê e como?

Local: Atelier RE.AL
Rua Poço dos Negros 55, 1200-336 Lisboa
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Entrada Gratuita

05.01.2015 | por martalanca | colonialismo, palestina, racismo, Resistência