Em Memória da Memória. Interrogações e testemunhos pós-imperiais

Episódio #12 Herdar o Império” Conversa com Zia Soares

Em memória da memória, hoje sentamo-nos com Zia Soares.

Zia Soares é encenadora e atriz e foi uma das fundadoras do teatro Griot, companhia que dirigiu durante mais de dez anos. O trabalho de Zia e da companhia, pioneiro no contexto das artes performativas em Portugal, tornou-se, entre outros, num espaço de transgressão e de crítica, onde se reflete sobre a exclusão de pessoas racializadas, dos corpos negros e sobre a seletividade da História, que invisibiliza determinados discursos e narrativas. Faz escuro nos olhos, Os negros, O riso dos necrófagos e Uma dança das florestas são alguns dos espetáculos que produziram e estrearam ao longo do historial da companhia.

No Em Memória da Memória de hoje, história familiar e elementos biográficos entrelaçam-se com aspetos da memória pública e de responsabilidade coletiva.

A realização é de Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes e a imagem gráfica de Márcio de Carvalho. As canções neste episódio são originais de Xullaji para os espectáculos FANUN RUIN e O Riso dos Necrófagos (cortesia dos artistas). Indicativo: voz de Rui Cruzeiro e música original da autoria de XEXA.

Ouvir nas seguintes plataformas: 

https://open.spotify.com/show/1KrVzJgf7xhhXjN0mDuO4a

https://podcasts.apple.com/us/podcast/em-mem%C3%B3ria-da-mem%C3%B3ria/id...

https://music.amazon.co.uk/podcasts/8ad115d3-abe8-48f3-a460-c12270c9b941...

29.01.2024 | por Nélida Brito | Memória da Memória, podcast

Episódio #6 "França: fantasmas coloniais, Argélia e racismo", com Graça dos Santos

Em Memória da Memória. Interrogações e testemunhos pós-imperiais.

Os fantasmas do colonialismo, feitos memória e pós-memória, estão no centro dos debates sobre a nova identidade francesa no pós-descolonização. Uma França onde, com o fim do império e os fluxos populacionais que ele trouxe, os franceses e as francesas são também pieds-noirs – o equivalente dos retornados portugueses; harkis – que combateram com o exército colonial francês na Argélia; antigos combatentes; franco-argelinos cujos pais migraram para França antes e depois da independência; e descendentes de todos estes grupos. A França contemporânea é este caldeirão de pessoas diversas, com vivências e memórias muito diferentes do antigo império. No entanto, têm uma herança comum: testemunharam como as suas vidas – e as dos seus pais – foram afetadas por um momento histórico extremamente significativo, uma revolução que trouxe mudanças marcantes para as suas vidas, para a configuração dos seus países e para as suas identidades. Isso gerou uma variedade de narrativas de que ouviremos exemplos nos próximos episódios e que, de alguma forma, constroem uma história outra de França e da Argélia, a partir dos espectros familiares dos seus pais e avós.

Os argelinos, franco-argelinos e seus descendentes reivindicam hoje espaço para narrativas que efetivamente contem as suas histórias, contornando as lacunas, os silêncios e as divergências das memórias não-contadas dos seus pais, mães, tios e avós. Mas, sobretudo, ambicionam construir narrativas que preencham as lacunas, os silêncios e as divergências presentes na narrativa oficial do Estado francês, em particular no que diz respeito à guerra da independência da Argélia. Durante largas décadas, assim o conta Graça dos Santos, o Estado francês recusou-se a nomear explicitamente o evento, e isso, diz-nos, é sintomático de um mal-estar latente.

A realização é de Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes e a imagem gráfica de Márcio de Carvalho. Indicativo: voz de Rui Cruzeiro e música original da autoria de XEXA.

Ouvir aqui. 

15.12.2023 | por martalanca | Argélia, França, Memória da Memória, podcast