Conversas à tardinha

Conversas à tardinha Conversas entre as crianças sobre temas que têm a ver com alguns dos obstáculos com que se confrontam no seu dia a dia, devidos à exclusão social: o tráfico e consumo de droga que algumas delas chegam a presenciar em certas zonas do seu bairro, a prisão onde podem encontrar-se familiares ou amigos destes; o roubo e o crime, acerca dos quais todas elas já ouviram falar, pelo menos enquanto acontecimento provável. Trata-se de perceber como é que a prática da Filosofia com Crianças pode abrir a reflexão para pensarem a sua situação de modo a sentirem-se mais integradas para além da comunidade em que vivem.

A ler

31.08.2011 | por Rita Pedro

Rio Negro - pré-publicação

Rio Negro - pré-publicação O barco deslizava devagar através da água lisa, quase negra, larga lâmina de chumbo pousada entre a floresta. As margens, muito ao fundo, cobertas pela sombra compacta das árvores, repetiam‑se insones e apáticas, dia após dia. Nenhuma asa sobressaltava o ar. Nenhuma barbatana agitava a imensa extensão líquida. Um dos escritores, um jovem rebelde, muito pálido, sugeriu que talvez o barco recuasse todas as noites pelo mesmo trilho por onde, durante o dia, fingia avançar. Pensando melhor talvez nemsequer avançasse. As margens eram sempre as mesmas. As águas, sempre as mesmas. Apenas o céu se renovava.

Mukanda

31.08.2011 | por José Eduardo Agualusa

António Pedro: a saga islenha de um poeta de caboverdianidade bissexta vista por Dionísio de Deus y Fonteana

António Pedro: a saga islenha de um poeta de caboverdianidade bissexta vista por Dionísio de Deus y Fonteana Em homenagem a António Pedro Costa, homem-teatro, pintor e artista plástico, poeta surrealista, e inventor do Diário fundador do modernismo poético nas nossas ilhas, para além de criador de muitos mal entendidos na historiografia das geneologias literárias caboverdianas

A ler

31.08.2011 | por José Luís Hopffer Almada

A produção cultural vive de relações humanas, entrevista a Irlando Ferreira

A produção cultural vive de relações humanas, entrevista a Irlando Ferreira  Saiu de Cabo Verde há uns anos para se formar em Lisboa em produção cultural. Estagiou no Teatro Nacional e trabalhou no Teatro Trindade como produtor (2009 – 2011) e fez acontecer muitos espectáculos. Encontra-se neste momento a fazer um estágio nos Estados Unidos de seis meses, pelo programa Inovartes, onde vive na pele a exigência de uma grande companhia de teatro. Mas foi com as associações em Cabo Verde que começou a ganhar gosto pela ideia de ajudar a materializar aspectos artísticos e pela dinâmica de equipa

Palcos

26.08.2011 | por Marta Lança

Quando a palavra fere mais que a lança, entrevista a Azagaia

Quando a palavra fere mais que a lança, entrevista a Azagaia Já foi acusado de incitar à violência. Processado pela Procuradoria Geral da República. Preso horas antes de um concerto para o lançamento de um novo vídeo clipe, há cerca de 20 dias. Chamado de Edson Mandela, difamado na capa dos jornais, aclamado pelo povo. Com músicas provocadoras e políticas, Azagaia, o principal nome do hip hop moçambicano, tornou-se herói para o povo e ameaça para o governo.

Cara a cara

24.08.2011 | por Juliana Borges

Sistas!

Sistas! A dignidade da “minha” Rosa Parks colocava aquela interação em perspectiva: o motorista – máquina repetindo o que estava programada para repetir; ela- gente, despertando em nós, mudos ao seu redor, emoções para as quais não havíamos sido preparados, ejetados tão violentamente do banco de uma peça de museu para dentro de uma História que ainda não tinha acabado de acontecer, que ainda estava ali, real, dolorosa, pulsante e incômoda. Será que alguém de nós poderá, algum dia, ter noção de quantas vezes e com qual intensidade o corpo histórico que observamos, o corpo testemunha pelo qual ficamos hipnotizados, tinha sido dilacerado (“for white people, only”) e grampeado de volta à sua forma aparente e externamente original?

Mukanda

19.08.2011 | por Ana Maria Gonçalves

Obrigado sim

Obrigado sim Quis mostrar uma visão de fora sobre os angolanos que nunca são vistos nas notícias, nas capas dos jornais, ou na imprensa cor de rosa. Não pertencem ao Jet Set, nem vivem na miséria que se pensa. São pessoas comuns, em várias situações do seu dia a dia, algumas pousando, outras entrando no momento certo no enquadramento ideal, e outras ainda a meio do seu trabalho ou lazer.

Vou lá visitar

18.08.2011 | por Joost De Raeymaeker

Como é que se escreve “Choriro”?

Como é que se escreve “Choriro”? Numa perspectiva contemporânea, Nhabezi personifica o projecto político do Ocidente que vem a África “reparar os danos e impactos historicamente causados pelo capitalismo na sua relação colonial com o mundo”. Do ponto de vista estritamente epistemológico, a metáfora aponta para o facto de o Ocidente estar disposto a ajudar a África a resgatar as suas formas de conhecimento e a potenciá-las para o avanço da humanidade.

A ler

18.08.2011 | por Lucilioja Manjate

No bairro: associativismo jovem na periferia de Lisboa

No bairro: associativismo jovem na periferia de Lisboa Alta de Lisboa, Miratejo, Arrentela, Cova da Moura. Nas duas margens do Tejo multiplicam-se bairros, fortemente marcados por difíceis condições de vida, em que os jovens ensaiam formas de organização colectiva que reforçam as comunidades em que se inserem. O associativismo, nomeadamente ligado ao hip-hop e ao rap, enfrenta também o desafio do relacionamento com projectos de instituições exteriores aos bairros.

Vou lá visitar

18.08.2011 | por António Brito Guterres e Frederico Ágoas

A terceira diáspora

A terceira diáspora Terceira diáspora é conceito para tentar entender o estado mutante das trocas culturais das culturas negras pós-internet. A primeira diáspora foi criada pelo tráfico negreiro. A segunda aconteceu quando populações descendentes de africanos negros se deslocaram novamente por vários continentes, mudando a cara de muitas cidades do mundo: haitianos em Nova Iorque, senegaleses em Paris, surinameses em Roterdã e assim por diante. A terceira diáspora aconteceria agora, quando a comunicação entre todos esses mundos negros é facilitada por vídeos no YouTube, programas da rádio 1Xtra da BBC, arquivos torrent de cinema nigeriano, e muitos outros bytes.

A ler

17.08.2011 | por Hermano Vianna

Entrevista a Carlos Kangamby, o Vº Mukuva do Cuchi

Entrevista a Carlos Kangamby, o Vº Mukuva do Cuchi Entrevista a Carlos Kangamby, o V Mukuva do Cuchi, considerado município-sede ou a capital dos Ngangela, que se situa a 95 quilómetros, de Menongue, sede da província do Kuando Kubango. Nesta conversa ficamos a saber da trajectória deste povo, o que os levou a si fixarem naquele território, a relação com os colonos, a forma como a primeira mulher que obteve o título de Mukuva, ascendeu ao trono, entre outras coisas.

Cara a cara

12.08.2011 | por Cláudio Fortuna

Música, um veículo de aproximação - entrevista a Celina Pereira

Música, um veículo de aproximação - entrevista a Celina Pereira Há muitos anos em Lisboa (onde encontrou o seu Cabo Verde singular), a cantora caboverdiana dedica-se à educação pela música, divulgando a riqueza e diversidade das cantigas e saberes populares. Nisto, também a auto-estima dos afro-descendentes vai-se conquistando. Pela sua natureza nómada, a música sempre viajou muito e, nessas trocas e tricas, há uma memória colectiva a conhecer, naquilo que nos une e diferencia.

Cara a cara

10.08.2011 | por Marta Lança

Dois livros sobre multiculturalismo na Banda Desenhada - Frederick Luis Aldama

Dois livros sobre multiculturalismo na Banda Desenhada - Frederick Luis Aldama Matérias como a homossexualidade, os afro-americanos, os asiáticos-americanos, os nativos americanos, os mestiços, o nacionalismo negro, a representação dos outros países, outras nacionalidades, os estereótipos clássicos ou contemporâneos, encontram o seu lugar em textos que se debruçam desde a banda desenhada da Marvel e o Vimaranama de Grant Morrison e Philip Bond a clássicos alternativos como Adrien Tomine a autores contemporâneos, como Derek Kirk Kim e Gene Luen Yang, passando por banda desenhada mais obscura...

A ler

10.08.2011 | por Pedro Moura

Hip Hop da Diáspora: Malcriado, Chullage e Bandidos

Hip Hop da Diáspora: Malcriado, Chullage e Bandidos La Mc Malcriado em Paris; Chullage em Lisboa; Jay na Noruega. Trata-se de nomes que tornam visíveis uma dupla margem, traduzindo a contestação tanto no arquipélago como na diáspora. Na diáspora, estes jovens cumprem extraordinariamente a função de mediação cultural.

Palcos

10.08.2011 | por Eurídice Monteiro

África e as trapalhadas financeiras internacionais

África e as trapalhadas financeiras internacionais É um artigo de 2009 mas vale a pena ler para se perceber melhor o que se seguiu. A primeira década do milénio acabava e a maioria dos Estados africanos cumpria meio século de existência: duas boas razões para fazer a revisão do «Estado das Nações» e do (in)cumprimento dos objectivos enunciados pelos «pais fundadores» e reiterados pelas Nações Unidas na viragem do século. Mas a crise económica mundial que começou nos Estados Unidos em 2007, quando o Gana comemorava com grande pompa os 50 anos da sua independência, atingiu em cheio o continente africano e a turvou o horizonte.

A ler

09.08.2011 | por Nicole Guardiola

À conversa com Joel Zito Araújo - posicionamento, estéticas e cinematografias.

À conversa com Joel Zito Araújo - posicionamento, estéticas e cinematografias. Tenho um projeto estético de criar cada vez mais histórias que estejam, de alguma forma, ligadas à história e à cultura afrodescendente. Acho que temos um universo rico, pouco trabalhado no cinema brasileiro. Considero que a cultura brasileira traz, dentro de si, especialmente no seu comportamento afetivo e sexual uma enorme herança africana e indígena. Ou se vive da influência ou se vive da recusa, mas consciente ou inconscientemente estamos sempre relacionados a essa herança. Trazer isso para os filmes é uma tarefa que considero fascinante.

Cara a cara

08.08.2011 | por Sumaya Machado Lima

Festival de Sines: uma explosão à última noite

Festival de Sines: uma explosão à última noite Pelo que o grande dia acabou por ser a noite de sexta-feira, única em que aquela mistura geracional e de classes típica de Sines se fez sentir, em que a electricidade fluiu no ar. Ajudou ter tido Mário Lúcio, o ex-líder dos Simentera a abrir a noite. Apostado numa carreira a solo, Lúcio, senhor de uma grande voz, foi o primeiro a pôr as gentes a darem-se ao abanico, mercê dos tremendos ritmos que saltavam da sua guitarra. Lúcio tem vindo a dar a conhecer géneros cabo-verdianos que têm permanecido à sombra das mornas e das coladeras e foi curioso verificar a boa recepção que aquela música mais rude teve.

Palcos

06.08.2011 | por João Bonifácio

África – Portugal – Brasil: trajetórias, memórias e identidades

África – Portugal – Brasil: trajetórias, memórias e identidades O Instituto Marroquino de Estudos Hispano-Lusófonos lança um convite à reflexão plural e multidisciplinar sobre a convergência dos espaços civilizacionais mediterrâneo e atlântico para a realização da obra “África – Portugal – Brasil: Trajetória, memória e identidade”.

A ler

05.08.2011 | por Mohammed ElHajji

Representação das artes na África desde o século passado, contributos para um estudo

Representação das artes na África desde o século passado, contributos para um estudo É sabido que não há relação direta entre desenvolvimento económico e criação artística e cultural. Contudo, sabemos que há uma relação direta entre criação cultural e a sua recepção em regimes onde a democracia se instala e o desenvolvimento económico acontece. Os melhores exemplos de produção em países africanos ilustram-no.

A ler

04.08.2011 | por António Pinto Ribeiro

A caminho da luta

A caminho da luta É com intensa guerra de repressão em Angola, particularmente no norte, corpos expedicionários a partir de Portugal para Angola, e a PIDE a procurar controlar os africanos que se encontravam a estudar em Portugal, que se dá este acontecimento extraordinário: em Junho de 1961 saem de Portugal cerca de cem jovens das ex-colónias africanas, uma parte significativa deles, em duas acções que os levaram a atravessar o rio Minho, e todo o norte de Espanha, rumo a França, e a uma participação activa na longa guerra de libertação nacional dos seus países, que os conduziu à independência. O resultado foi a incorporação nos movimentos que lutavam pela independência de jovens que viriam a ser presidentes, ministros e intelectuais.

Mukanda

02.08.2011 | por Associação Tchiweka de Documentação

O sal da terra

O sal da terra Passadas algumas décadas, a autora Margarida Paredes viria a confirmar mais uma vez o seu inconformismo criativo e político, com a publicação do romance "O Tibete de África". Editado numa década tão profundamente marcada pelo regresso de muitos escritores portugueses às memórias da “sua” África, O Tibete de África é muito diferente, pela multiplicidade de pontos de vista e pistas de leitura que oferece.

A ler

02.08.2011 | por Jessica Falconi