Durante 4 dias Mariana Pinho e Giorgio Gristina estiveram em Sines a seguir os concertos, a entrevistar músicos e a recolher ritmos e histórias para fazer este vídeo. Um olhar BUALA para o Festival de Músicas do Mundo de 2016.
Palcos
17.08.2016 | por Mariana Pinho e Giorgio Gristina
À conversa com o BUALA, Pedro Coquenão (BATIDA) contou-nos que o encontro com os KONONO Nº1 começou no WOMEX (World Music Expo): “estava lá a dar um concerto e estavam várias pessoas próximas dos Konono a assistir que acharam que havia ali um ponto qualquer de contacto entre o que eu faço e a banda deles. Além de ser muito lisonjeiro terem pensado nisso, eu identifico-me muito com o que a banda faz e com essa ideia de música africana urbana e experimental que eles fazem e que já tem tanto tempo e que continua a ser sempre actual.” Mais tarde decidiram então encontraram-se, “fui ter com eles, jantámos – comer junto é importante – e foram todos muito simpáticos, o sentimento foi de amizade, de proximidade, e quisemos voltar a estar juntos”.
Palcos
03.08.2016 | por Mariana Pinho e Giorgio Gristina
Quando perguntámos aos BIXIGA 70 se a música reflectia a tensão política que se vive no Brasil hoje, afirmaram logo que “o que vem acontecendo desde o golpe, desde o governo de Temer - um governo que a gente não reconhece - é um governo ilegítimo. A nossa música quer resistir a este momento político! A gente participa bastante nos movimentos sociais, sempre tivemos juntos. Tocámos nas escolas ocupadas e estamos juntos contra este governo”. Durante o concerto gritaram bem alto: FORA TEMER! e o público acompanhou com assobios e palavras de protesto.
Palcos
01.08.2016 | por Mariana Pinho
Numa breve conversa com o BUALA, MOH contava que cresceu a ouvir os clássicos de blues, rock e jazz mas afirma a sua grande inspiração na tradição mandinga e nos artistas guineense mais antigos.
Palcos
28.07.2016 | por Mariana Pinho e Giorgio Gristina
Há ainda quem questione a importância da representatividade. É chover no molhado, mas vale repetir que, certamente, essas são as pessoas que sempre se viram pelas revistas, filmes e novelas; cuja pele está no sinônimo estrutural daquela palavrinha: beleza! É, também, dizer do óbvio, mas vale repetir que é justamente na infância que construímos os significados do que é desejável, confiável, do que é ser bom e que esses adjetivos estão historicamente associados às pessoas brancas.
Mukanda
27.07.2016 | por Daisy Serena
O ritmo com que a arte, a literatura e, em geral, a cultura angolana se transfigurou na primeira década de paz em Angola poderá abrandar devido à atual crise económica, política e social, mas o certo é que percebemos que, apesar dos constrangimentos, há uma revolução cultural em curso, cujas características, dimensão e profundidade precisam ainda de ser avaliadas.
Mukanda
07.07.2016 | por Adriano Mixinge
Reconhecer o protagonismo de mulheres e homens negras/os é inadiável para descolonizar a memória, chave para o empoderamento e a emancipação coletivos. Construtoras/es de cidades e de cidadania, suas histórias desconstroem a versão embranquecida de um 13 de maio que pretendeu, durante muito tempo, reiterar a subalternização e o apassivamento. Ao contrário de comemorativa, esta é uma data de luta contra as marcas da violência colonial arraigadas nas estruturas e nos territórios brasileiros.
Cidade
05.07.2016 | por Andréia Moassab, Joice Berth e Thiago Hoshino
Os dois grupos se assustaram um com o outro, mas perceberam que se tratavam do mesmo grupo encontrado anteriormente. Os Xinaubô estavam com cheiros de plantas impregnados em todo o corpo e pintados dos pés à cabeça, com manchas de todas as cores que conheciam e produziam, enquanto que os Xinaubaté usavam mascaras de madeira pintadas com rostos nunca vistos e galhos e folhas amarrados nas pernas, braços e cabeça. E os Xinaubô disseram aos Xinaubaté: “Nós somos nós e estamos aqui e agora em nós”. E os Xinaubaté rebateram: “Vocês habitam vocês e nós a nós”.
Mukanda
03.07.2016 | por Leonardo Araújo
Acabe-se com esta realidade que desajuda, que incapacita, que incha, desincha e passa. Que deixa a sua pegada ecológica – viagens de avião, contentores carregados, megabytes de internet despendidos – e um EU muito cheio, muito transformado, uma lágrima na despedida aos sorrisos rasgados dos pobres meninos africanos. E ainda assim, o avião parte, a vida das pessoas continua, com mais uma camisola do Benfica, mas sem nada desenvolvido, sem nenhuma aprendizagem feita, sem nenhuma nova competência adquirida.
A ler
21.06.2016 | por Alice Gomes
Um grupo informal de habitantes da cidade de Lisboa juntou-se à volta de uma preocupação comum: a percepção de uma abrupta alteração das dinâmicas da cidade e sobretudo da grande subida do preço da habitação. Começaram por conversar casualmente sobre o que os preocupava. Essas conversas tornaram-se mais regulares. As inquietações comuns tornaram-se mote para a organização de um debate à volta do tema. Das conversas e de alguma pesquisa foi escrito, a várias mãos, este texto. Qual é o problema do preço da habitação subir em Lisboa?
Cidade
13.06.2016 | por vários
Um espetro secundarista percorre o movimento social (...) A ocupação da Funarte não se reduz à polarização Fora Temer – Volta Dilma. Desde os primeiros momentos crescem várias ocupações dentro da ocupação. A do GAPP, a partir de uma evidência inicial: a branquitude maioritária da assembleia e a invisibilidade da periferia. (...) Uma “guerra dos lugares” está em curso. (...) Chegou o tempo de ocupar tudo. De plantar mata atlântica, de despoluir o Tietê, o Pinheiros, o Tamanduateí. De virar negra e negra da terra. Negro e negrex. Enfim, de quebrar as estátuas dos bandeirantes e queimar a Casa Grande.
Vou lá visitar
03.06.2016 | por Manuel Bivar e Miguel Carmo
"E se a verdade fosse mulher_ porque não?" faz conexões entre a escravatura e tempos coloniais, pretende desafiar a construção da brancura como a ideia de pureza, criando imagens que revelam vários recursos do continente que são todos brancos - marfim, algodão, pó, etc. Mas também chega ao tempo presente e olha para os heróis africanos - a construção do herói de forma individual - e as possibilidades que o acervo tem de incluir outros parceiros, e eu reflito apresentando nomes dos seus cônjuges na conversa, no entanto, aberta a outras acrescentos e a sermos os autores das nossas histórias.
Cara a cara
31.05.2016 | por Euridice Kala
As trocas culturais começaram a manifestar-se desde o século XVI nas grandes navegações. E as formas dessas trocas se processarem foram-se alterando. Na primeira diáspora, aquando do tráfico de africanos, os negros chegavam despidos de qualquer bem material. Traziam o seu imaginário, então havia um tipo de troca a partir dessa realidade a ser reconstruída no Ocidente.
Cara a cara
25.05.2016 | por Marta Lança
Se aqueles que consideramos os nossos heróis — que lutaram pela nossa liberdade - não tivessem feito o que fizeram, e não tivessem mobilizado outras pessoas, não estaríamos onde estamos agora. Como é que o meu herói se tornou no meu opressor? O que é que lhe aconteceu? Tenho algumas reflexões, mas nenhuma resposta. O que me parece é que lutar pela libertação é muito diferente de governar.
Mukanda
23.05.2016 | por Sofia da Palma Rodrigues e Boaventura Monjane
A nossa estratégia foi trazer artistas africanos para a cena internacional, que eu acho que é o que está faltando, e talvez um dia nós estaremos muito felizes em ir, mas eu acho que há muitas outras formas pelas quais podemos ir, o que já estamos tentando fazer, com workshops para galerias, para artistas. Eu acho que há muito no lado educacional que podemos levar para o continente com nosso conhecimento, mais do que uma iniciativa comercial sobre vendas.
Cara a cara
08.05.2016 | por Icaro Ferraz Vidal Junior
Esta imagem, no presente século, representa uma reivindicação contra uma injustiça histórica: a negação de uma necessária autodeterminação. O título desta exposição não é uma repetição inconsequente. Revela que o tempo histórico da Nigéria, através da fotografia dos antigos e dos modernos, é tanto um eco do passado como o é do presente.
Vou lá visitar
03.05.2016 | por Joaquim Pedro Marques Pinto
Para o presidente desta ONG que trabalha direitos humanos e sociais, em 1975 não houve uma transição mas uma ruptura. Os angolanos brancos e os portugueses brancos “desapareceram” durante um largo período de tempo — regressaram mais tarde, já não com domínio político, mas com domínio económico e social. O problema é que desde 1975 não houve um programa de transformação social, sublinha, e muitos dos elementos do colonialismo português ainda estão vivos.
A ler
30.04.2016 | por Joana Gorjão Henriques
Se escrevo é para não sucumbir ao silenciamento corrosivo, é porque tantos lutaram - e morreram - para que possamos engatinhar no aprendizado trôpego de exercer a democracia. Escrevo para que sejamos atentos uns aos e com os outros, porque, destes tantos muitos, somos vários que no dia seguinte estávamos a bater, lado a lado, o cartão de ponto.
Mukanda
26.04.2016 | por Daisy Serena
Nestas comunidades de afrodescendentes há uma ansiedade de mudança. Mamadou Ba, dirigente do SOS Racismo, reconhece que, após mais de duas décadas de luta pelos direitos das minorias, “ficou muito por fazer. Não se entende porque, no século XXI, nós ainda, por exemplo, estejamos a discutir se a lei da nacionalidade, em Portugal, tinha de ser na base do direito de sangue ou no direito de solo”, afirma.
Cidade
19.04.2016 | por Carla Fernandes
Dois relatórios da PIDE, de Março de 1966 e 1967, são bem reveladores do poder da literatura, tal como era protagonizada por Luandino. Apesar de se encontrar preso, ter suscitado uma onda de repressão, violência e censura, em 1965, quando lhe foi concedido o prémio da Sociedade Portuguesa de Escritores, a obra de Luandino, ao lado da de outros escritores angolanos, continuava a ser um instrumento de poder ao serviço dos que procuravam resistir à dominação colonial.
A ler
19.04.2016 | por Diogo Ramada Curto