Num momento em que, no país e no mundo, ideias e políticas anti-democráticas e autoritárias crescem e ameaçam direitos e liberdades que há muito temos como garantidos, a repressão feita às estudantes e o silenciamento forçado da comunidade universitária dá passos num sentido particularmente perigoso. À beira do ano em que nos preparamos para celebrar meio século do 25 de Abril, tudo isto é revoltante.
Mukanda
20.11.2023 | por vários
O coronavírus age sobre e através corpos individuais e sociais. Tem material genético, tem personalidade viral, perturba certos biótipos mais do que outros. É um vírus que mata pela reação dos organismos nos quais se instala. O descontrolo dos anticorpos criados pelo ser humano contra o vírus acaba por ser a causa do maior número de óbitos. Mas a agência deste vírus não se fica pelo corpo humano, interfere no “pulmão do corpo social”. Propaga-se em sociedades, cada uma com a sua forma de “respirar”, ritmada por uma cultura, por um ethos.
A ler
12.05.2020 | por Alix Didier Sarrouy
É uma abertura instrutiva na qual podemos rever questões substanciais sobre como a produção capitalista se relaciona com o mundo não-humano num nível mais fundamental — como, em suma, o mundo natural, incluindo o substrato microbiológico, não pode ser compreendido sem referência a como a sociedade organiza a produção (porque os dois não estão, de fato, separados). Ao mesmo tempo, é um lembrete de que o único comunismo que vale o nome é aquele que inclui o potencial de um naturalismo totalmente politizado.
Jogos Sem Fronteiras
29.03.2020 | por COLETIVO CHUǍNG
Proponho olhar para a pandemia enfatizando os espaços que se abrem para movimentos, lutas sociais em curso e para a própria esquerda. Não subestimo a questão do controlo, a expansão dos poderes do Estado e a posterior promoção de uma política do medo. Isto está claramente presente no cenário atual. Mas como invertê-lo? Comecemos pela “cura” do comum, para reverter o atual rumo do “laboratório italiano”, e colhamos, na situação atual, as oportunidades para generalizar uma política de lutas em tempo de pandemia.
Jogos Sem Fronteiras
16.03.2020 | por Sandro Mezzadra
Do Haiti mobilizado esse semestre todo pela destituição do seu presidente às jovens do Extinction Rebellion interpelando a Europa rica. E nas lutas pela vida de corpos coletivos no Brasil, que sobrevivem à guerra colonial em curso (Canudos é reencenada desde sempre, clama Zé Celso no barco pirata em Paraty), lutando e criando, resistindo e construindo, em territórios livre e libertos, permanentes e fugazes.
Mukanda
23.07.2019 | por Jean Tible
Ao colocar os sacos na sua própria cabeça, Chagas inverte-os, dessa forma desacelerando e desnaturalizando a imediatez normalizadora com que, acriticamente, eles próprios e as suas mensagens circulam. Sem deixar de se implicar a si mesmo e, por extensão, a todos nós, o artista incita-nos a um questionamento essencial, enquanto ponto de partida para a procura conjunta de outros modos de vida.
Cara a cara
12.06.2019 | por Ana Balona de Oliveira
Não se trata de mais um acto eleitoral, assistimos ao sintoma de uma preocupante escalada de forças e movimentos de extrema-direita no mundo. Lançamos por isso um alerta para o sério risco de retrocessos sociais, ecológicos, políticos e humanos, que estão em jogo nas eleições brasileiras.
Mukanda
15.10.2018 | por vários
A dívida impagável, enquanto imagem dialética, ajuda a ler o valor simultaneamente nas cenas econômica e ética, e como o capital é a mais recente configuração da matriz moderna de poder, contando com dispositivos de conhecimento (conceitos e categorias), uma gramática ética (princípios e procedimentos) e arquiteturas jurídico-econômicas (práticas e métodos), que derivam sua força de como a necessidade opera por meio de separabilidade, determinação e sequencialidade.
Mukanda
04.10.2018 | por Denise Ferreira da Silva
Esse continuum escravocrata não tolera as brechas criadas e conquistadas – provocando uma tragédia com o Brasil, jogando-o numa espiral recessiva e numa sobreposição de crises (política, econômica, social, existencial). A fome – seu fim como símbolo maior das conquistas do período Lula – volta a rondar muita gente.A austeridade, criminosa em qualquer canto do planeta, ganha outras camadas de perversidade por essas bandas.
Mukanda
13.09.2018 | por Jean Tible
No Brasil, em outros contextos, parte da esquerda tentava opor classe e diferença e isso está muito preso no debate político nacional. O que, a meu ver, nos ajuda a pensar é o seguinte: a classe sempre foi preta, a classe sempre foi mulher, a classe sempre foi indígena. O conceito de multidão pode nos ajudar a entender justamente isto: como essas questões se colocam, ou seja, muitas vezes ficamos nos opondo a questões que estão muito mais conectadas. Inclusive, os adversários dos “de baixo” percebem isso.
A ler
28.06.2018 | por Jean Tible
Assim como nós estamos hoje vivendo o desastre do nosso tempo ao qual algumas seletas pessoas chamam Antropoceno. Para a grande maioria está sendo chamado de caos social, desgoverno geral, perda de qualidade no quotidiano, nas relações, estamos todos jogados nesse abismo.
Mukanda
26.10.2017 | por Ailton Krenak
Implicou ainda a necessidade de construção de uma identidade panafricana ou negra como condição de ancoragem nacional ou local, o que incluiu o confronto com tradições existentes ou a reinventar – para além do “sangue e do solo”. São estas dimensões transnacionais que há que reequacionar na nossa contemporaneidade. Até que ponto serão os começos anticoloniais – essa tabula rasa que caracterizaria o ato de descolonização (Fanon) – ainda capazes de dar conta dos desafios com que o mundo hoje se depara?
Mukanda
02.10.2013 | por Manuela Ribeiro Sanches
Esta "inconsciência", este impensar do passado, não num sentido automortificador mas sim com uma veia prospectiva, continua a ser sublinhada por discursos dominantes. O actual pico da literatura "leve" que evoca a "boa África colonial" ajudará, a continuidade da ideia da "lusofonia" como espaço comum (e com a sua excrescência mal-cheirosa Acordo Ortográfico) é disso motor. A ideia de que as realidades históricas eram brutais desvanece-se. E quase inexiste a ideia que essa brutalidade era sistémica, como lhe chamou Sartre. Estas coisas estão escritas, e há muito.
A ler
06.03.2013 | por José Pimentel Teixeira
A casa já não é um abrigo: é um refúgio. Lá fora, prevalece um ambiente dominado por monstros e ameaças. Não há voto, não há eleição que altere este clima. O cerco é total e os muros que foram erguidos roubam-nos a visão de qualquer alternativa. Não vivemos apenas num mundo com mais velhos. O nosso mundo envelheceu, tem vergonha e medo de mostrar a sua idade. O nosso mundo já não tem que mudar. Tem apenas que sobreviver.
A ler
06.01.2012 | por Mia Couto
A recente crise mundial e os seus efeitos na Europa têm vindo a silenciar questões relativas ao modo como os portugueses se auto-representam, atolados que se vêem em sucessivos anúncios de medidas de excepção, sobrepondo-se a premência económica à não menos complexa tarefa de se repensar a forma como nos definimos em tempos pós-coloniais.
A ler
14.11.2011 | por Manuela Ribeiro Sanches
Apesar da atual subida dos preços não ter ainda alcançado os níveis de 2008, hoje os riscos são mais elevados para as populações fragilizadas sem condições de melhorar o seu poder de compra
A ler
02.04.2011 | por Nicole Guardiola
Podemos ter a certeza que sempre que a Argélia, os Camarões, o Gana, a Costa de Marfim e a Nigéria, descerem ao relvado do Soccer City ou ao Estádio Peter Mokaba, o público vai apoiá-los com um fraterno e atroador concerto de vuvuzelas. Jogo duplo? Não: parece antes a esquizofrenia de uma sociedade profundamente fracturada durante tanto tempo…
Vou lá visitar
17.06.2010 | por Boubacar Boris Diop