Um ciclo para reflectir o colonialismo português

Portugal: a mais longa ditadura fascista da Europa, estendendo-se 48 anos, e o mais duradouro império colonial do mundo, com permanência de quase 500 anos.
O jovem encenador e actor André Amálio/Hotel Europa dedica a sua tese de doutoramento em Teatro Documental ao fim do colonialismo português, aliando a investigação académica à criação artística. O seu trabalho combina elementos como pesquisa de arquivo, recolha de testemunhos, material autobiográfico e verbatim. Amálio interessa-se por “investigar histórias reais que se tornam memórias, herdadas com o tempo”, bem como por “situações onde pessoas reais contribuem para contestar e reconstruir identidades culturais”.
Com base na convicção que “o teatro pode contribuir para a reescrita da história, dando voz a um grupo silenciado, e trabalhando na transmissão da memória entre gerações”, Hotel Europa traz para palco desde 2015, em três partes, uma reflexão sobre o vasto período da história nacional e mundial que foi o colonialismo.
 
Pela primeira vez desde o seu início, vai ser possível assistir ao ciclo completo com a estreia de “Libertação”, entre 12 e 15 de Outubro no Teatro Maria Matos (com ante-estreia no dia 6 de Outubro em Almada), e a reposição de “Portugal não é um país pequeno” (2015) e “Passa-Porte” (2016), nos dias 22 e 29 de Setembro respectivamente, no Teatro Municipal Joaquim Benite.
 
Se o primeiro espectáculo se foca sobre a ditadura e a presença portuguesa em África, o segundo centra-se nas alterações de nacionalidade decorrentes dos processos de independência das antigas colónias de Angola e Moçambique, em particular na forma como a sociedade portuguesa recebe estes novos cidadãos.
 
Em “Libertação”, espectáculo que vem encerrar o ciclo, Amálio debruça-se sobre o mais traumático episódio da nossa história recente: a Guerra do Ultramar ou Guerra Colonial, como ficou conhecida em Portugal, ou as Guerras de Libertação ou de Independência, como são chamadas em Angola (1961-1975), Guiné-Bissau (1963-1975) e Moçambique (1964-1975). A partir da perspectiva de nacionalistas africanos, a peça descreve e analisa o movimento das independências em África, para melhor entender o caso do Colonialismo Português no contexto mundial, o impacto destas guerras em Portugal e a sua contribuição para a queda do Estado Novo.
 
“Libertação” é um espectáculo apoiado pela DGArtes com co-produção do Teatro Maria Matos e estreia neste Teatro no âmbito do ciclo “Descolonização” (12 a 28 de Outubro).
 
Criação de André Amálio em co-criação com Tereza Havlíčková, conta com interpretação do encenador, de Lucília Raimundo e de Nelson Makossa, com sonoplastia do último, cenografia e figurinos da autoria de Maria João Castelo e desenho de luz de Joaquim Madaíl. Uma produção Hotel Europa.

PORTUGAL NÃO É UM PAÍS PEQUENO
// 22.09, sexta-feira, às 21h30 [reposição]
Teatro Municipal Joaquim Benite, Almada | 5-10€ | Dur: 90min
Bilhetes http://bit.ly/2wYYhDJ
Vídeo https://vimeo.com/171266021
 
PASSA-PORTE

// 29.09, sexta-feira, às 21h30 [reposição]
Teatro Municipal Joaquim Benite, Almada | 5-10€ | Dur: 90min
Bilhetes http://bit.ly/2wb979T
 
LIBERTAÇÃO
// 6.10, sexta-feira, às 21h [ante-estreia]
Teatro Municipal Joaquim Benite, Almada | 5-10€ | Dur. aprox.: 1h45
Bilhetes http://bit.ly/2f7kmcs
// 12.10 a 14.10, quinta-feira a sábado, às 21h30 e 15.10, domingo, às 18h30 [estreia]
Teatro Maria Matos, Lisboa | 6-12€; 5€ [menores 30]; 3€ [menores 18]
Dur. aprox.: 1h45
Bilhetes http://bit.ly/2wbNJ4y
 *no dia 13.10, sexta-feira, há conversa após o espectáculo a propósito dos movimentos de libertação africanos, com André Amálio (Hotel Europa), Miguel Cardina (Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra) e Beatriz Dias (Djass Associação de Afro-descendentes)

28.09.2017 | por martalanca | André Amálio, ciclo, colonialismo, teatro