Gabriel nasceu em 1988, na Colômbia, e foi adotado por uma família norueguesa em 1989. Cresceu em uma pequena e bela cidade no leste da Noruega e era o único moreno entre as crianças loiras. “Você pode ver esse garoto mais escuro no meio de meninos loiros de olhos azuis em nossa foto da turma do jardim de infância.
Cara a cara
23.12.2019 | por Sinem Taş
Através da Europa inteira, presenciamos uma tentativa de anular as conquistas emancipatórias de todo um século passado, com as reivindicações de poder fazendo-se passar por tentativas de aliviar os danos sociais enquanto propagam formas tóxicas de nacionalismo serôdio e bafiento. Estas, por seu turno, são fundadas na xenofobia e no racismo, quer ainda debaixo de ténues disfarces, quer de modo aberto e bem direto.
A ler
21.12.2019 | por Paulo de Medeiros
Há algo de poético numa cidade entrecortada por um rio, como o Mondego fluindo imperturbável por entre as margens, a partir das quais se esparrama Coimbra. O rio é a imagem da continuidade e da impermanência, o seu tempo tangencia o infinito. As nossas existências, fugazes como as gentes que o atravessam, as pontes que o cortam e as águas que por lá passam, são o sumo da descontinuidade; o nosso tempo é ínfimo se comparado com o do rio.
Mukanda
19.12.2019 | por Lígia Afonso, Agnaldo Farias e Nuno de Brito Rocha
É neste espanto respeitoso de quem inventou o que não existia que o visitante vai sendo surpreendido pela sinestesia das obras que habitam o despovoado, fantasmagórico e potente convento-quartel, irmanadas pelos fios do conto do escritor Guimarães Rosa, que dá o mote e entrelaça todos os contributos. “Como assentar num lugar sistematicamente invadido por tamanha força?”, interroga o guia da exposição, fazendo dessa pergunta o centro político do projeto bienal.
Vou lá visitar
18.12.2019 | por Carla Baptista
O IRREPARÁVEL, por fim, e sobretudo, aquele que funciona como estruturante do mundo-como-É, assente na irremediável e incompensável operação da usurpação/colonização, que faz do trauma o modo quase unívoco da individuação, assente, no limite, numa proliferação de variadas versões de uma mesma cisão, que separa sujeitos e sujeitades, pervertendo o ciclo da dádiva
Mukanda
13.12.2019 | por Fernanda Eugénio
A voz indígena, nesse sentido, se apropria do imaginário colonial que um dia chamou seus antepassados de selvagens, indolentes e sem alma. Agora é a nossa vez de propagar um diagnóstico sobre esses outros corpos. Maria Pastora/Thinya, ao tomar posse de registros escritos entre o século XVI e XVIII, os quais convergem com uma série de textos produzidos pelos portugueses no mesmo período histórico, é de uma violência simbólica, no mínimo, atraente.
Afroscreen
12.12.2019 | por Lorenna Rocha
Afinal descobri que sou uma lésbica que nasceu com corpo de um homem. Isto de identidade e desejo é muito estranho. Faz todo o sentido, tive anos para me preparar para isto, não foi fácil tinha tudo a perder o meu trabalho, a minha reputação, a minha família talvez, a minha conta bancária do Novo Banco, o Visa da American Express e pronto o resto dos lobbies que não vou divulgar aqui. Ganhei dinheiro indevidamente, pois sim, confesso que sim. Tenho um Off Shore na Island of Man (ela há coisas fantásticas) e hoje acho que ganha o Boris, por isso está seguro.
Jogos Sem Fronteiras
12.12.2019 | por Adin Manuel
A figura quer conhecer-se ou receia fazê-lo? Resistência e tensão palpáveis. Mais um paralelismo com uma versão adulta mas que resume bem os anos de opressão capilar: Rodrigo ao espelho, máquina de cortar cabelo em riste, domando e inibindo, uma vez mais, o cabelo que não se permite conhecer. Ao ver o seu portfólio, encontro uma figura feminina de costas voltadas para um espelho.
Corpo
10.12.2019 | por Gisela Casimiro
O contraste entre dois discursos sobre o continente sul-americano, num deles o levante progressista é instrumentalizado para a desorganização do estado democrático em benefício das elites conservadoras e autoritárias, noutro o levante reaccionário não é senão o ritual da sua queda, uma espécie de último estertor do conservadorismo - a verdade, como o futuro, é um terreno em disputa.
Jogos Sem Fronteiras
09.12.2019 | por Bruno Caracol
Uma das questões que tensiona os campo dos direitos humanos é justamente a restrição contemporânea do direito ao universalismo, a pertencer ao mundo, a viajar por ele e deixar a sua marca como humano. Passaremos por algumas leituras da contemporaneidade que explicitam a questão do outro e o caráter universal dos direitos.
Jogos Sem Fronteiras
08.12.2019 | por Iolanda Évora, Daniele Kowalewski, Giovanna Modé Magalhães e Flávia Schilling
Sou muito pequena, e sinto que vivo numa ilha sem país, tentando contato apenas com o mar. Platão dizia que existem três tipos de pessoas: as mortas, as vivas, e as que vão para o mar... Encho o copo de vinho, e penso que me identifico com a terceira estirpe, enquanto os meus amigos estão convencidos que o povo brasileiro é o próximo a ir para as ruas partir tudo.
A ler
07.12.2019 | por Rita Brás
Durante uma de suas mais recentes estadias junto aos indígenas Wari’, em 2014, Aparecida Vilaça conta que ficou impressionada com aquilo que então considerava ser uma novidade: viu diversas fotografias de seus amigos e parentes Wari’ que preenchiam na parede lateral de um quarto. Era o quarto de Paletó, seu pai indígena, de quem Aparecida foi se aproximando e criando essa relação de parentesco a partir de 1986.
Mukanda
07.12.2019 | por Fábio Zuker
Estas obras, em conjunto, criam uma rede de diferentes abordagens do rural, ao mesmo tempo que chamam a atenção para preocupações ecológicas. Estas obras constituem poderosos significantes num discurso global sobre o regionalismo, constituindo, igualmente, um apelo (poético) à ação no âmbito do nosso ambiente natural.
Mukanda
04.12.2019 | por vários
Movimento interdisciplinar, o Afro-futurismo combina fundamentos tecno-científicos com elementos das cosmologias africanas para forjar uma estética singular e inventiva e interpelar criticamente a história de África e as suas construções distópicas.
Afroscreen
04.12.2019 | por Raquel Schefer
Vimos no cruzamento das obras de Ruy Duarte de Carvalho e de James C. Scott a problemática de uma construção não dominadora do saber. Estamos aqui num terreno que é também comum a E.P. Thompson e aos subaltern studies assim como ao pensamento descolonial de W. Mignolo e de outros pensadores latino-americanos, nos seus combates contra a desqualificação e invisibilidade das resistências locais subalternas.
Ruy Duarte de Carvalho
02.12.2019 | por Maria-Benedita Basto
Jimmie Durham traz à superfície a verdade da obra de arte, provavelmente um dos temas mais relevantes num mundo que esquece permanentemente a natureza ficcional da arte – o que não implica que não inscreva, na sua materialidade e no caráter representacional, uma intrínseca verdade paradoxal. A fragilidade e aparente vernacularidade das obras que integram a exposição joga, portanto, com a fina linha entre a produção do real e a recolha de objetos do mundo, num palimpsesto de sentidos que gera uma tensão entre o que nos é dado e o que construímos.
Vou lá visitar
02.12.2019 | por Delfim Sardo
Este artigo faz uma leitura dos textos agronómicos de Cabral (1948 a 1960), publicados no livro Estudos Agrários de Amílcar Cabral, juntamente com os seus discursos e escritos políticos mais traduzidos e publicados. O contexto desta leitura é um engajamento contínuo com o pensamento de Cabral que incluiu a elaboração de filmes, o ativismo artístico através da digitalização do cinema militante da Guiné-Bissau, e o trabalho com cineastas guineenses como Sana na N’Hada e Flora Gomes, entre outros.
Afroscreen
30.11.2019 | por Filipa César
No plano deste ressentimento da vítima perante o perpetrador, a impossibilidade do perdão é inseparável da recusa do esquecimento. Não tem, pois, que ver com uma fixação paralisante no passado, significa, sim, a definição de uma posição moral que permite à vítima, justamente, recusar a fixação neste estatuto e constituir-se como sujeito. O sujeito ressentido é, deste ponto de vista, o sujeito que se constitui através da afirmação da permanência da memória. Mas pode, legitimamente, perguntar-se: se este processo tem contornos claros quando existe uma definição inequívoca do objecto do ressentimento, a figura inconfundível do perpetrador, o que acontece em contextos em que essa definição não é tão clara, sendo movida, por exemplo, por uma lógica de vitimação de contornos problemáticos?
A ler
27.11.2019 | por António Sousa Ribeiro
O que aconteceu nesta sessão de poesia e, acredito, em todas as outras sessões de trabalho e discussão, foram actos políticos, emaranhamento de colaborações dentro e fora daquelas salas, todos imbricados e contaminados por uma (ou muitas) subjectividade(s), e isso é uma coisa bem boa.
A ler
25.11.2019 | por Patrícia Azevedo da Silva
Se a descolonização impactou sensivelmente o imaginário e obrigou a uma reelaboração de dimensões da identidade nacional portuguesa, também incidiu diretamente sobre a vida quotidiana nacional, com a chegada de milhares de retornados das agora ex-colónias, sobretudo de Moçambique e Angola.(...) O livro de Carlos Alberto Alves é, também, um material valioso para compreender a conformação da memória pública acerca da colonização e da descolonização de Angola no distrito de Leiria e em Portugal.
A ler
25.11.2019 | por Helena Wakim Moreno