Manifesto-Haraway PREFÁCIO

Manifesto-Haraway PREFÁCIO "Um Manifesto Ciborgue" foi publicado em 1985. Caiu como um meteoro na academia e nas suas divisões normalizadoras do saber, academia essa que parecia impreparada para o acto de mistura que articulava carne e máquinas, capital e dominação, informática e ligações. Estávamos diante de frases cortantes, que não tinham nenhuma disciplina que as justificasse e as acolhesse. Algo de profundamente novo vinha a caminho nessa escrita fulgurante, que continua o seu percurso agora em português, mas também noutras frases que prolongam o manifesto, que originam outro novo, ou talvez correspondam ao devir-manifesto de Donna J. Haraway.

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11.04.2022 | por José A. Bragança de Miranda

Políticas antigênero em contexto pandêmico na América Latina: um voo de pássaro

Políticas antigênero em contexto pandêmico na América Latina: um voo de pássaro Os estudos compilados nessa coletânea oferecem uma atualização do cenário das políticas antigênero na América Latina, desde 2019, quando foram finalizados os estudos do ciclo anterior. Essa nova rodada contempla sete países (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador e Uruguai) e o ambiente da OEA. Essa atualização foi examina a interseção entre as ofensivas antigênero e antiaborto e as condições decorrentes da pandemia de COVID-19. Esse exercício, assim com no caso dos estudos anteriores, exigiu a análise de outras dimensões do contexto regional.

Corpo

07.04.2022 | por Sonia Corrêa e Magaly Pazello

Festival Política 2022

Festival Política 2022 Quatro dias de debate e combate à "Desinformação", com o humor de Hugo Van der Ding, a fotografia de Pauliana Valente Pimentel, a estreia do novo documentário de Tiago Pereira dedicado à música cigana, e mais de duas dezenas de propostas de filmes, debates, conversas e cara-a-cara com deputados.

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07.04.2022 | por vários

BIBLIOTERA no Anozero'21—22 Bienal de Coimbra MEIA-NOITE

BIBLIOTERA no Anozero'21—22 Bienal de Coimbra MEIA-NOITE Este projeto de curadoria coletiva é uma biblioteca em construção que, de Coimbra, segue para Malafo, na Guiné Bissau, onde será acolhida pela Abotcha - Mediateca. Os livros, em catalogação e desarrumação permanentes, são acompanhados por leituras, debates, performances, reflexões sobre escrita, oratura, autoria, produção de conhecimento, circulação, apropriação de saberes e, claro, sobre o próprio conceito de biblioteca e seus conflitos.

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06.04.2022 | por Marta Lança, Marinho de Pina e Filipa César

Cenas do Gueto I Fé

Cenas do Gueto I Fé Com igrejas evangélicas, adventista, católica e, inclusive, uma mesquita, a Quinta do Mocho é um lugar de fé. No coração do bairro, a sua praça principal serve de local de culto, em que manifestações rítmicas e corporais traduzem a vontade dos seus participantes de se comunicar no campo espiritual.

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04.04.2022 | por Otávio Raposo

Los Cabos Russos

Los Cabos Russos Em tempos de guerra, o paraíso de Los Cabos, em Baixa Califórnia Sul, no México, está em voga entre os multimilionários russos. Os iates de luxo que flutuam nas marinas último modelo contrastam, porém, com os acampamentos improvisados de russos e ucranianos que esperam em Tijuana para entrar nos Estados Unidos. À medida que EUA e Rússia disputam uma vez mais a influência política na América Latina, a região olha, com espanto, para uma Europa frágil e assustada.

Jogos Sem Fronteiras

31.03.2022 | por Pedro Cardoso

Cenas do Gueto I Tempo para estar com os filhos

Cenas do Gueto I Tempo para estar com os filhos O tempo tem os seus contrastes na Quinta do Mocho: da mãe que de emprego em emprego pouco tempo dispõe para estar com os filhos, às densas sociabilidades entre vizinhos que fazem da entrada dos seus prédios um ponto de encontro. Com tempo ou sem tempo, uma coisa é certa no bairro: a rotina deve ser quebrada.

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30.03.2022 | por Otávio Raposo

Rosa Parks e Frantz Fanon no Rap Moçambicano

Rosa Parks e Frantz Fanon no Rap Moçambicano "Pantera” é a mais recente colaboração do rapper moçambicano Duas Caras com Azagaia e Ras Haitrm. Faz parte do álbum Afromatic do músico e chamou a minha atenção pelo facto de versar entre a ancestralidade e atualidade, e pelas referências aos grandes pensadores que sustentam o antirracismo.

Palcos

30.03.2022 | por Magda Burity da Silva

Ayrson Heráclito: tem dendê

Ayrson Heráclito: tem dendê Em Regresso à pintura baiana, de 2002, Ayrson Heráclito revê o meio de expressão com o qual iniciou sua experimentação artística, bem como o contexto a partir do qual tem atuado desde meados da década de 1980. Ele redimensiona não apenas algumas questões que mobilizaram a pintura no século XX — muralismo e all over, monocromo e minimalismo, pintura de ação e automatismo — mas também a história da arte local.

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28.03.2022 | por Roberto Conduru

Quando a dor se transforma em cor | Exposição “Sinergia de Emoções”

Quando a dor se transforma em cor | Exposição “Sinergia de Emoções” Numa altura em que quase que nos obrigam, como mulheres negras, a manifestar e a reclamar a nossa “Identidade”, como se tudo o que escrevemos, falamos, desenhamos, pintamos e fazemos tem de ser africano esbarro-me com a explosão de cores da expressão de Nalia Agostinho onde me revejo, apenas, como mulher. Também revejo um universo feminino de décadas com várias outras parceiras de caminhada nas lágrimas, gargalhadas, partilhas, conversas, dúvidas e certezas. Ou apenas tentarmos abraçar um imbondeiro e simplesmente sentir-me nua e livre como as obras “Colibri” e “Corpos Insubmissos”.

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25.03.2022 | por Magda Burity da Silva

Cenas do Gueto | Aniversário Kebrada 55

Cenas do Gueto | Aniversário Kebrada 55 Antigo coletivo de artistas da Quinta do Mocho, Kebrada 55 tornou-se também o nome de um bar, onde DJs, rappers e kuduristas se reúnem para conviver e pôr em ação as suas inovações musicais.

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17.03.2022 | por Otávio Raposo

Independência do Haiti: Culminar de um processo revolucionário de emancipação dos escravos

 Independência do Haiti: Culminar de um processo revolucionário de emancipação dos escravos A publicação, a 26 de agosto de 1789, da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que estipulava que todos os homens eram livres e iguais, é um marco incontornável. O documento abriu novas expectativas, rapidamente defraudadas no que respeita aos mulatos e aos negros de São Domingos. Prova disso foram a tortura e a execução de Vincent Ogé, em 1791. Ogé deixou Paris, onde trabalhou com Julien Raimond6, e liderou uma revolta em São Domingos, próximo de Le Cap. Para o efeito, contou com o apoio dos Amis des Noirs, e foi instigado e apoiado por Thomas Clarkson, tendo, inclusive, recebido armamento em Inglaterra. Ogé, mulato livre nascido na ilha de São Domingos, liberal, apelou a interesses comuns de brancos e mulatos, ambos proprietários de escravos. Esta postura não o salvou de ser barbaramente torturado e executado. Antes de morrer, Ogé pediu clemência. A sua morte inflamou o debate sobre a questão colonial em França.

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16.03.2022 | por Mariana Carneiro

Not Our Namibian Pavilion

Not Our Namibian Pavilion Se o curador e os artistas do Pavilhão Russo, em sinal de repúdio à guerra na Ucrânia, cancelaram a sua participação na próxima 59ª Bienal de Veneza, um grupo de artistas namibianos gostaria que o seu governo retirasse o apoio ao Pavilhão da Namíbia, pela primeira vez parte da exposição, e que ao seu curador – o italiano Marco Furio Ferrario – fosse negada a oportunidade de participar da exposição como representante nacional. Os artistas denunciam “uma estreia mal conceituada e inadequada, com uma visão antiquada e problemática da Namíbia e da arte namibiana” e pedem que, caso Ferrario insista, o projeto seja apresentado como uma exposição independente. Para isso, os artistas elaboraram uma petição Not Our Namibian Pavilion que circula online há alguns dias.

Mukanda

15.03.2022 | por Laura Burocco

Pensamentos de uma africana da contemporaneidade

Pensamentos de uma africana da contemporaneidade Não existe, se é que alguma vez tenha existido, uma nação sem diferentes comunidades e diferentes pessoas. Significando que convivências multiétnicas são uma realidade antiga em vários cantos do mundo. Então, porquê e para quê discriminar? Vários foram os relatos que me foram chegando nas redes sociais sobre a discriminação racial que tem estado a ocorrer na Ucrânia nos últimos dias aos estudantes negros, ou africanos, ou afrodescendentes que tentavam sair do país para escaparem da guerra, cruzando a fronteira da Ucrânia com a Polónia. Uns a pé, outros de comboio, outros ainda de autocarros. O problema agrava-se quando a passagem lhes é negada. Porquê?

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14.03.2022 | por Arimilde Soares

Visualidades Negras

Visualidades Negras Cada contexto nacional tem a sua especificidade histórica. Se os arquivos históricos visuais dos EUA são indissociáveis da escravatura oitocentista ou da segregação recente, as imagens de pessoas negras nos arquivos portugueses, como nos franceses, britânicos ou alemães são inseparáveis de uma história recente em que a cronologia do colonialismo coincidiu com a da fotografia nas suas múltiplas formas de reprodução – postais, livros, jornais e folhetos. Nos últimos anos têm sido muitos os académicos, artistas, curadores e arquivistas – muitos deles negros e da diáspora africana – a abordarem criticamente a relação entre visualidade e negritude, entre imagens e racismo, entre direito a representação no espaço público como modo de justiça racial e social; ou, as muitas implicações éticas em lidar, hoje, com os legados visuais do passado. Neste ciclo de conferências, iremos ouvir e debater com algumas destas vozes.

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14.03.2022 | por vários

Excertos do Livro “Prisão Política”

Excertos do Livro “Prisão Política” Mabiala ainda estava acordado. Sorrateiramente, começámos a falar, tentando perceber aquela requisição nocturna e tão imprecisa. Preparei-me para o pior. Podendo ser o momento da execução, retirei da Bíblia o papelinho que continha o número de telemóvel da Neusa. Coloquei no bolso da calça. «Se me matarem e atirarem o corpo para alguma mata ou rua, pelo menos alguém encontrará um número para contactar. Se for ao rio, espero que os jacarés não comam o papel e a água não apague totalmente o número», pensava. O meu «compuna» – calão para companheiro de cela – acreditava ser uma transferência para o Hospital-Prisão de São Paulo.

Mukanda

14.03.2022 | por Sedrick de Carvalho

Políticas do verniz

Políticas do verniz Não deixa de ser curioso que, ainda no século XVIII, o artista seja retratado como aquele que se esconde na multidão — tema que ficaria célebre com o flâneur de Baudelaire — e que, supostamente livre das amarras sociais, “tira proveito” dos acontecimentos. Ou seja, idealmente, nem os convivas, tampouco os artistas presentes num vernissage, fazem parte das classes trabalhadoras. Se, com a “pestilência” da atual pandemia, os vernissages foram proibidos — ou, pelo menos, bastante restritos — há quem diga que a arte será uma espécie de “salvação”, algo capaz de suspender a profunda violência e a desigualdade que estruturam as sociedades e, quem sabe, indicar-nos uma saída: arte como um “exercício experimental da liberdade”, para citar a expressão de Mário Pedrosa, atualizada por alguns comentadores contemporâneos.

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11.03.2022 | por Mariana Leme

Anozero’21–22 | Bienal de Coimbra

Anozero’21–22 | Bienal de Coimbra O Anozero – Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra reabre o programa da quarta edição, intitulada Meia-Noite, no dia 9 de abril, exatamente às 00h00. Com curadoria de Elfi Turpin e Filipa Oliveira, a bienal apresenta um Circuito de Exposições em cinco espaços emblemáticos da cidade e reúne obras, muitas das quais inéditas, de mais de 40 artistas e coletivos.

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09.03.2022 | por vários

As Estátuas e a História da Arte: o debate sobre vandalização de monumentos em Portugal

As Estátuas e a História da Arte: o debate sobre vandalização de monumentos em Portugal Este ensaio debruça-se sobre polémicas recentes e ainda duradouras sobre vandalização e/ou possível desmantelamento ou retirada de esculturas e monumentos, ou reconfiguração de espaços públicos, em Portugal. Embora prenhes de equívocos, as polémicas tiveram o mérito de promover uma discussão pública sobre persistências coloniais nas cidades portuguesas, em especial em Lisboa. Proponho uma reflexão sobre o lugar que a história da arte, ao questionar o seu próprio papel histórico, ao historicizar o seu objecto e ao analisar os modos de produção artística, pode ocupar nessa discussão. Recorrerei necessariamente a vários artigos de jornais, pois foi aí (com ramificações nas redes sociais), que teve lugar a discussão.

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07.03.2022 | por Mariana Pinto dos Santos

Missão Encoberta: o Toucado de Moctezuma

Missão Encoberta: o Toucado de Moctezuma Uma operação secreta no Weltmuseum Wienm, o Museu de Etnologia de Viena de Áustria, causou um burburinho inusitado. Mexicanos viraram agentes infiltrados com uma missão de memória: contar a história indígena sobre o chamado Toucado de Moctezuma, peça que terá pertencido a este imperador azteca, e que a Áustria se recusa a devolver ou sequer emprestar ao México. História hilariante que reviveu a exigência da restituição às culturas da América Latina de peças que os colonos levaram.

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03.03.2022 | por Pedro Cardoso