Juliet and Juliet MURMUR #2 - Isabel Cordovil

8 Out. / 15h - MACAM

Isabel Cordovil reflete sobre a personagem de Julieta de Shakespeare num gesto de emancipação e alteridade. A personagem de Julieta, protagonista da tragédia Romeu e Julieta de William Shakespeare, tornou-se ao longo dos séculos um ícone universal do amor romântico. No entanto, reduzir Julieta à imagem de uma jovem apaixonada e vítima do destino é limitar a sua complexidade. É a partir desta perspetiva que Isabel Cordovil (1994) apresenta Juliet and Juliet, uma instalação que recria a célebre varanda de Julieta, em Verona, Itália, duplicando-a e abrindo espaço para a possibilidade da existência de duas Julietas. Sem recontar a narrativa shakespeariana, Cordovil isola esta personagem, deslocando-a da sua história original e reinscrevendo-a num espaço especulativo. Nesta nova dimensão, deixa de ser objeto de fatalidade para se afirmar como sujeito de descoberta, emancipação e liberdade. A duplicação da varanda pode ser interpretada como a evocação de uma relação amorosa entre duas mulheres, mas também como metáfora de espelhamento: um desdobramento identitário no qual o sujeito se reconhece e se reinventa.

Com Juliet and Juliet, Isabel Cordovil convida a refletir sobre o amor, a alteridade e a possibilidade de habitar um espaço onde autenticidade e liberdade se sobrepõem às imposições sociais. Curadoria: Carolina Quintela

Inauguração: 10 Outubro 2025 – 18.30h | Grande Hall De 10 Outubro 2025 a 02 Março 2026 Com o apoio da Artworks.

Isabel Cordovil (Lisboa, 1994). O trabalho de Cordovil investiga a política de revisitar narrativas — seja no mito, no folclore, na religião, na literatura, nos sonhos ou em torno do inconsciente coletivo — e as novas navegações ou manipulações possíveis das mesmas. Aceitando a linguagem e os símbolos como o processo de construção de significados, a artista trabalha no sentido de alargar os seus espectros de agência. Apesar da sua ausência física, o corpo, na prática de Isabel Cordovil, funciona como um sujeito principal, como um mediador entre o eu e o mundo exterior, um dispositivo de medição, destinado a explorar temas relacionados com a identidade (de género), locais de discurso político, finitude e morte. Principalmente através da instalação e da escultura, o seu trabalho reflete uma linguagem poética de metáfora lúdica, uma liberdade e desobediência visual, enquanto procura novas formas de pertencer/ desafiar e celebrar a alteridade.

O projeto MURMUR integra-se no programa de exposições temporárias dedicado à apresentação de obras inéditas de artistas, portugueses e estrangeiros, concebidas especialmente para as paredes do Grande Hall da ala nova do Museu MACAM, e para uma intervenção única. Partindo da ideia de murmúrio, e como referência ao próprio espaço, o projeto MURMUR estabelece um diálogo entre cada artista, a arquitetura e o público. As duas paredes do Grande Hall deixam de ser apenas um suporte, tornando-se parte integrante do processo criativo

O MACAM reúne no mesmo espaço o Museu de Arte Contemporânea Armando Martins e um hotel de 5 estrelas – o primeiro do género em Portugal e na Europa. Inaugurado em 22 de março de 2025, ocupa o histórico Palácio Condes da Ribeira Grande, em Lisboa, entre Alcântara e Belém. Num espaço de 13.000 m², integra arte moderna e contemporânea, arquitetura, hotelaria, gastronomia e artes performativas. O museu apresenta a Coleção Armando Martins, com mais de 600 obras de artistas portugueses e internacionais, a par de uma programação dinâmica de exposições temporárias e instalações site-specific. Com um hotel de 64 quartos, restaurante, bar, jardim, auditório e uma capela convertida em bar com música ao vivo, o MACAM é um novo marco cultural e turístico da cidade dedicado a tornar a arte acessível a todos e a proporcionar uma experiência única aos visitantes. 

07.10.2025 | por martalanca | MACAM