Dos cinquenta e cinco poemas que fazem o livro, onze estão escritos originalmente em kriol (língua guinense), aparecendo ao lado das suas traduções em português, que em nada diminuem os seus efeitos líricos, sendo que, no fim, ainda há um glossário para as expressões não traduzidas ao pé dos textos. Entre estes poemas, destaca-se Fos ku Pitrol (p. 110), “I e ski kontrada di fula ku mandinga”, numa alusão à guerra de Turban (Kansala), entre fulas e mandingas, um acontecimento ainda hoje vivo nas relações entre as duas etnias, permitindo sentir, por exemplo, o sabor local de que também são feitos estes momentos murmurados pelo poeta, que a nós nos coube apenas escutar os sussurros deixados escapar entrelinhas.
A ler
03.12.2021 | por Sumaila Jaló
Os perus, pão de milho, abóboras, amoras e bolos são a cara feliz do dia de Ação de Graças. Nesta celebração fofa que Hollywood nos impinge, as famílias unem-se e abraçam-se; os bons cidadãos ajudam os pobrezinhos que não têm que comer; milhares desfilam pelas ruas das cidades. A festa celebra o amor ao próximo e prepara os estômagos e ânimos para o Black Friday na virada das 24 horas.
Oficialmente, a comezaina e arrebate de caridade têm origem lá no início da fundação dos EUA em terra indígena, quando o primeiro grupo de colonizadores europeus com intenções claras de assentar arraiais aportou às praias do que hoje é Massachusetts. Eram 102 e passaram para a História como os “pais peregrinos”. Era o ano de 1620.
Jogos Sem Fronteiras
01.12.2021 | por Pedro Cardoso
O lema é do bairro para o mundo. Por via da arte, os jovens da Quinta do Mocho constroem horizontes de oportunidades, projetando novas visibilidades sobre si próprios e o bairro onde vivem.
Afroscreen
01.12.2021 | por Otávio Raposo
O corpo é rítmico e balança ao sabor da música rap. Os sentimentos de felicidade e liberdade acompanham a performance de Bráulio Pitra, que nem o ruído do avião é capaz de conter.
Afroscreen
30.11.2021 | por Otávio Raposo
Todos desceram depois a Rua Nova do Almada até à Praça do Município e enfiaram pela Rua do Arsenal, em direção ao Cais do Sodré. Durante este trajeto, encontraram outro indivíduo negro, em sentido contrário, o qual foi também cercado e agredido a soco e com pontapés, ao ponto de o terem derrubado, fazendo-o cair no chão. As agressões continuaram, até que um deles ergueu um pau com o formato de um taco de basebol, desferindo-lhe uma pancada no rosto, causando-lhe, entre outras lesões, um traumatismo craniano e na pirâmide nasal, com fratura dos ossos do nariz. Depois, abandonaram-no, continuando rumo à Avenida 24 de Julho, ao estabelecimento «A Merendeira», para se encontrarem, conforme combinado, com outros elementos do seu grupo de skinheads.
Mukanda
30.11.2021 | por João Pedro George
O 4º episódio de "Temos de Falar" contou com a presença de André Tecedeiro, artista plástico e poeta e Laura Falésia, académica das áreas de estética, filosofia e gestão.
Palcos
29.11.2021 | por vários
São poemas escritos por uma mulher e a atitude subversiva advém da sua condição de não pertença a um centro de poder estabelecido e da construção do poder a partir do olhar visto a partir da margem e que convoca sentimentos de sororidade, “todas por uma” (coro de irmãs). É a mulher que “pinta os lábios de encarnado rubescente” (Hipálage do Tempo (In)Útil) que luta e reage, autónoma, independente, “dona do desejo e da repulsa” (Onanismo), alguém que poderia juntar-se ao coro de quem uma vez escreveu “Guerreiros, nós, mulheres de corpo inteiro e segura mão”.
A ler
29.11.2021 | por Margarida Rendeiro
Sob o pretexto do «reflorestamento», da «descarbonização» e a troco de «empregos», na última década, a expansão gigantesca da monocultura do eucalipto pela Portucel Moçambique tem levado ao fim das terras comunais e das machambas que garantiam a perene sobrevivência de comunidades rurais, condenadas a viver sem nada e impotentes perante o desenvolvimento do eucalipto.
A ler
27.11.2021 | por Filipe Nunes e João Vinagre
O terceiro episódio do Temos de Falar contou com a presença do antropólogo Miguel Vale de Almeida e do escritor Rui Zink.
Palcos
22.11.2021 | por vários
a designação de “Palácio” há muito caiu em desuso, por nos remeter para um contexto de regimes políticos em decadência que instrumentalizavam as artes mantendo-as cativas da sua grandiosa máquina propagandística ditatorial, por outro, marginaliza, numa total falta de respeito e consideração, os artistas / profissionais da DANÇA.
Palcos
22.11.2021 | por vários
Nos EUA, o governo federal realiza as eleições para o Congresso pelo menos duas vezes, de dois em dois anos. Mas eleições locais e estaduais são por vezes vinculadas às eleições federais, mas não na maioria dos casos.
Os americanos elegem mais de meio milhão de representantes/deputados no total, desde o presidente até ao legista do condado. (É difícil comparar este número com outros países, que poderiam colocar mais assentos legislativos a voto, mas não, digamos, inspetor de minas ou engenheiro do condado). Um exemplo particularmente estranho num contexto global: “Nenhuma outra democracia no mundo utiliza as eleições para escolher juízes ou procuradores”, disse Richard Pildes, um perito eleitoral de Nova Iorque. Em vez disso, outros funcionários/deputados nomeiam normalmente os juízes e procuradores de um país.
Jogos Sem Fronteiras
21.11.2021 | por German Lopez
No mais rigoroso e nobre sentido da homenagem, meu muito Caro José, não me coíbo de aqui, agora, e antes de prosseguir esta minha missiva, reproduzir a belíssima entrevista feita pelo saudoso Ernesto Sampaio, e dada à estampa no suplemento «Sete Ponto Sete» do Diário de Lisboa de 8 de Março de 1980, aquando da publicação de Levantado do Chão, a qual constitui um documento precioso e fundamental sobre a tua pessoalíssima oficina, contendo nele, ainda, a génese biográfica do próprio romance. Ou, como lhe chamou o nosso impiedoso Luiz Pacheco em «Este sol é de justiça»,
A ler
21.11.2021 | por Zetho Cunha Gonçalves
Quando a arte é controlada apenas por um tipo de pessoa que pertence a um grupo que foi socializado a partir de uma cultura colonial, como a portuguesa, não é só difícil pensar nestas perguntas, como é quase impossível uma mudança estrutural. Seria preciso não só reinventar o modo de produção artística, como ainda destruir este modelo para criar um novo baseado numa nova ética, em que pessoas sem sobrenome importante podem participar com voz ativa dos circuitos que distribuem o poder. A arte é política.
Mukanda
21.11.2021 | por Rodrigo Ribeiro Saturnino (ROD)
A era digital e o desligamento do mundo, com o filósofo André Barata e o advogado Francisco Teixeira Mota.
Palcos
21.11.2021 | por vários
Para Fisher, o som de uma Londres mutilada a arrastar os pés à entrada do século XXI – como uma espécie de memória desbotada e perra de uma dança – ganha corpo nos álbuns de Burial e The Caretaker, nomeadamente Burial (2006) e Untrue (2007), do primeiro, e Selected Memories from the Haunted Ballroom (1999) e Theoretically Pure Anterograde Amnesia (2005), do segundo. Sem que possa examinar cada um destes álbuns e as diferenças entre eles, vale a pena, fazer o seu retrato a traço largo, enquanto exercícios sobre as nossas perturbações temporais.
Mukanda
20.11.2021 | por Miguel Cardoso
Acho que em geral, não só aqui, eu sinto que é muito mais mediático o tema da transgeneridade.
É muito mais conversado e ao mesmo tempo que sinto que é uma temática um pouco cansada, um pouco desgastada nas mesmas narrativas, e o meu trabalho aqui em Portugal e no Atlas da Boca é tentar renovar essas narrativas, é falar assim: nem todas as travesti, nem toda mulher trans vai se identificar pela dor, pelo problema com o corpo, pela não aceitação, pela disforia.
Cara a cara
19.11.2021 | por Alícia Gaspar
Eu me inicio a partir daquele lugar (Angola), mas tenho em mente que não me encerro naquele lugar. Sou angolano, sou africano, sou um homem, mas, mais do que isto, eu sou as somas de todos os lugares por onde eu passei, de todas as pessoas com quem me encontrei e que causaram alguma espécie de impacto na minha formação e na minha personalidade. Angola é importante para mim, mas não Angola no sentido de nação, no sentido de pátria, porque essa é uma construção e é uma construção que não foi iniciada por angolanos…
Cara a cara
19.11.2021 | por Doris Wieser
O Brasil vive um dos mais dramáticos períodos da sua História. Mergulhado num misto de negacionismo, política de ódio, destruição e retrocesso. A manifestação será realizada na Praça do Município, às 16h30, com apresentações artísticas.
Mukanda
19.11.2021 | por vários
Entre a música e a dança serve-se à noiva a refeição principal, à base de arroz, leite fermentado e óleo de palma. O tambor de água (ou tina) marca o ritmo do festejo, acompanhada pelo djembê, sikó, wafe e as canções tradicionais ligadas a esse ritual.
Afroscreen
16.11.2021 | por Otávio Raposo
Num regime de propriedade dominado por grandes latifúndios e num contexto sociodemográfico de abandono e de envelhecimento da população, as imagens recolhidas são expressivas de uma realidade mais profunda, enraizada na concentração do poder de decisão e no vazio sócio-ambiental criado pelo progressivo desvínculo da paisagem por parte daqueles que possuem um maior sentido de comunidade e de ligação à natureza envolvente.
Jogos Sem Fronteiras
16.11.2021 | por André Paxiuta