O que resta depois do Carnaval: Liceu, Mingas, o hino e a bandeira I Um passo atrás

O que resta depois do Carnaval: Liceu, Mingas, o hino e a bandeira I Um passo atrás É muito fácil esquecer que os hinos nacionais, as bandeiras e as insígnias foram criadas por mãos humanas, gente como nós. O processo de sacralização desses símbolos, como se tivessem sido obra de um deus no início dos tempos, como se sempre tivessem estado ali, como se fossem invioláveis e imutáveis, é uma espécie de pacto coletivo, não necessariamente consensual, muitas vezes implicando a existência de uma bandeira vencida e outra vencedora. Esse é, como sabemos, o caso de Angola, onde a bandeira vencedora triunfou sobre as outras.

Palcos

15.02.2024 | por Aline Frazão

“O Estado angolano é muito violento, comete atrocidades”, entrevista a Sara Kambinga

“O Estado angolano é muito violento, comete atrocidades”, entrevista a Sara Kambinga A sociedade angolana, diz a jornalista angolana, é profundamente patriarcal e as mulheres sofrem todos os dias. São forçadas a uma tripla jornada, são vítimas de violência obstétrica, sofrem assédio no local de trabalho e todas as tarefas de cuidado recaem sobre elas. Sem falar da violência e desproteção contra as trabalhadoras do comércio informal. "É das coisas mais difíceis de fazer, a luta dentro e fora de casa. É preciso ter um certo cuidado, afinal, somos todos consequência do mesmo sistema. Nós abraçamos uma luta, mas compreendemos a nossa realidade, temos de contextualizar o nosso discurso também. Se formos muito agressivas e radicais acabamos tendo resultados contrários. A pessoa tem de perceber que está a defender uma coisa que não faz sentido para a maioria, para poder convencer a outra pessoa de que há necessidade de mudar, que as visões já não são as mesmas, porque ninguém precisa de ser como antigamente."

Cara a cara

04.01.2023 | por Marta Lança

“A vida das mulheres não tem significado para os governantes angolanos”, entrevista a Djamila Ferreira

“A vida das mulheres não tem significado para os governantes angolanos”, entrevista a Djamila Ferreira Nasci em 1989 e cresci num país onde nunca vi um partido diferente a governar, nunca vi alternância política, cresci com um único Presidente da República, que só mudou há quatro anos. Estou a ver outro Presidente no poder e aí se quer manter. Por causa disso, penso que houve mais união popular para fazer pressão e empurrar o sistema. A ativista angolana fala das dificuldades de quem trabalha em recorrer à Justiça angolana e de como falha em casos de abandono familiar, situações de abuso e violações sexuais e despedimentos por gravidez. "Temos as mulheres totalmente acorrentadas e condenadas a serem cada vez mais pobres."

Cara a cara

14.12.2022 | por Marta Lança

Romper o silêncio, fazer o luto, Luanda – 30 anos do 27 de maio (2007)

Romper o silêncio, fazer o luto, Luanda – 30 anos do 27 de maio (2007) Já passaram 30 anos. E ainda há quem reviva o desespero da simulação de um fuzilamento. E não poucos têm medo de falar. Mas os angolanos não esquecem. Há uma comoção que atravessa as pessoas ligadas ao 27 de Maio pelas mais variadas razões: a cumplicidade que só a dor e o mistério perpetuam em três décadas de não esquecimento. Nesta grande família reunida, com a evidência das palavras de Martin Luther King e relato da experiência de Michel, o silêncio era mais para ouvir e não para calar.

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19.04.2022 | por Marta Lança

“Em nome da moral fazem-se guerras”, entrevista a Sarah Maldoror

“Em nome da moral fazem-se guerras”, entrevista a Sarah Maldoror A câmara de Sarah Maldoror captou os primórdios da luta pela libertação de países africanos, ao lado de nacionalistas como Mário Pinto de Andrade, seu marido, Amílcar Cabral ou Agostinho Neto. "Sempre convivi com este problema da mestiçagem. Um mestiço pode ser um africano que defende uma causa. Mas também aprendi com a minha experiência que não devemos lutar pela moral. Em nome da moral fazem-se guerras. Quando me falam de moral eu calo-me. O que é a moral? Há é que falar de respeito."

Cara a cara

17.08.2021 | por Pedro Cardoso

Novo Arquivo para a História das Lutas de Libertação em África

Novo Arquivo para a História das Lutas de Libertação em África A partir do dia 14 de Julho está aberto ao público o portal da Associação Tchiweka de Documentação (ATD) colocando online uma grande parte do arquivo que, desde 2006, o seu Centro de Documentação tem vindo a gerir, organizar e ampliar.

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13.07.2021 | por Associação Tchiweka de Documentação

Mães do 27

Mães do 27 Uma visão mais alargada dos contornos dos acontecimentos do 27 de Maio, prestando especial atenção aos sentimentos dos que ficaram, em particular as mães. Com isso, não pretendemos de todo ignorar os restantes familiares, mas sim começar por onde a humanidade tem o seu início: no ventre materno. As consequências destes acontecimentos foram de tal maneira nocivas, que pretendemos dar início a um longo processo de cura, humanizar a tragédia para mitigar a dor e buscar a paz interior.

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11.07.2021 | por vários

O processo de dez pessoas acusadas de apoio ao MPLA, em março de 1971

O processo de dez pessoas acusadas de apoio ao MPLA, em março de 1971 Há 50 anos, 30 de Março de 1971, os três juízes do Tribunal Plenário de Lisboa - Fernando António Morgado Florindo, Bernardino Rodrigues de Sousa e João de Sá Alves Cortês - ditavam a sentença de um processo de dez pessoas acusadas de apoio ao MPLA, Movimento Popular de Libertação de Angola. A presença entre os arguidos do Presidente de Honra do MPLA, Padre Joaquim Pinto de Andrade – antigo chanceler da arquidiocese de Luanda e, à data da prisão, a frequentar a Faculdade de Direito de Lisboa – garante a curiosidade internacional e há na sala delegados da Amnistia Internacional, Associação Internacional dos Juristas Democratas, Liga Belga dos Direitos do Homem, Federação Internacional dos Direitos do Homem e Associação Internacional dos Cristãos Solidários.

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13.03.2021 | por Diana Andringa

"Entrámos noutro século, o paradigma é diferente", entrevista a Marcolino Moco

"Entrámos noutro século, o paradigma é diferente", entrevista a Marcolino Moco Umbuntu, umbundo tem a mesma origem. No Zimbabué, dizem ”uno”, umbuntu quer dizer “uno” em umbundo. “Eu não significo nada sem ti.” Se fico em casa sozinho começo a pensar nisso: em que consiste a minha hombridade? Sozinho não troco ideias, sou pessoa porque existem outras pessoas. A princípio era uma filosofia de carácter étnico, o grande segredo de Mandela e Tuto foi conseguir elevá-la para outra coisa, não é só “eu não sou nada sem o outro umbundo” para torná-la trans-étnica.

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09.07.2018 | por Marta Lança

Mulheres de armas, entrevista a Margarida Paredes

Mulheres de armas, entrevista a Margarida Paredes Fui testemunha de actos de solidariedade de mulheres da elite com as ex-combatentes que vivem em situações de grande aflição, sobretudo as da Frente Leste e as do Campo de Concentração de São Nicolau. Se hoje podemos ouvir estas mulheres no meu livro é porque as veteranas que são dirigentes me abriram as portas. Joana Mucolo Tchimbinde Fronteira, uma das entrevistadas da Frente Leste, foi muito frontal ao dizer: “Nós não abandonámos o MPLA mas o MPLA é que abandonou o povo”. Mas tem havido uma luta comum pelo reconhecimento no âmbito da organização das mulheres.

Cara a cara

24.02.2016 | por Marta Lança

As memórias da guerra no documentário “Independência”

As memórias da guerra no documentário “Independência” O projecto “Angola nos Trilhos da Independência“ tem atiçado a curiosidade de muita gente. Foram 57 meses, 900 horas de material audiovisual recolhido em território angolano e internacional, que contem cerca de 700 depoimentos de protagonistas da luta anticolonial. Tudo isto destinado a preservar a memória de um período na História que diz respeito a Angola e à luta de todos os povos sob ocupação colonial cujas memórias padecem ainda de ser registadas e pensadas.É uma epopeia de grande fôlego que implicou muitas viagens, adversidades, muita poeira e entusiasmo. Através dele, a equipa (e futuramente nós) ficou a conhecer um país sob todas as suas diversas camadas. O resultado sai em 2015 na senda das comemorações dos 40 anos da Dipanda.

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07.01.2015 | por Marta Lança

“A vitória é certa” apontamentos para a História do MPLA

“A vitória é certa” apontamentos para a História do MPLA É essa filiação num movimento cultural, político e social com raízes profundas em sectores fundamentais da sociedade angolana que darão ao MPLA a capacidade de sobreviver, nos anos futuros, às duras provas que encontrará para se afirmar enquanto movimento de libertação nacional com legítimas aspirações a representante do povo angolano.

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22.02.2013 | por Ricardo Noronha

Crónica de uma vitória anunciada

Crónica de uma vitória anunciada A mudança mais relevante em Angola tem a ver com a juventude. Os jovens de hoje, os quais representam a maioria da população angolana, já não se mostram tão traumatizados pela guerra civil quanto os respectivos pais. Estão também muito melhor informados e decididos a reinvidicar a parcela da riqueza do país a que têm direito. Dez anos após a morte em combate de Jonas Savimbi, no Leste de Angola, a juventude angolana está muito mais interessada no presente, e no futuro, do que no passado

Mukanda

28.08.2012 | por José Eduardo Agualusa

“Não se festeja a morte de ninguém”, entrevista a Pepetela

“Não se festeja a morte de ninguém”, entrevista a Pepetela Filho de portugueses, não suportava o racismo e esteve cinco anos na luta armada pelo MPLA, combatendo os próprios primos. Começou a ensinar, trocou a arma pela caneta e tornou-se um dos grandes escritores angolanos, vencedor do Prémio Camões.

Cara a cara

16.01.2012 | por Pepetela

Pode um homem angolano, militar das forças armadas, herói da batalha do Cuito Cuanavale, ser feminista?

 Pode um homem angolano, militar das forças armadas, herói da batalha do Cuito Cuanavale, ser feminista? “Em Angola a mulher participou lado a lado com o homem na tarefa de luta pela independência nacional com a mesma coragem e passando pelos mesmos sacrifícios que os seus companheiros homens. (...) fardada com rigor militar, a cumprir as mais diversas missões, mesmo a mais arriscadas."

A ler

22.06.2010 | por Margarida Paredes