O filme Complô, realizado por João Miller Guerra, terá a sua estreia mundial na 36.ª edição do Festival Internacional de Cinema de Marselha (FIDMarseille), que decorre entre os dias 8 e 13 de Julho de 2025, em França.
Produzido pela Uma Pedra No Sapato e distribuído em Portugal e internacionalmente pela Magenta, Complô traça o retrato íntimo de Bruno, conhecido como “Ghoya” — órfão de um país onde nasceu, órfão do Estado. Encarcerado metade da sua vida, sempre livre. “Ghoya” é rapper crioulo e activista político. Este filme, um espaço de encontro num momento da luta e da vida.
Com argumento do próprio realizador, o filme conta com edição de Pedro Cabeleira, direção de som de Rafael Gonçalves Cardoso e produção de Filipa Reis.
A seleção de Complô para o FIDMarseille — um dos mais prestigiados festivais internacionais dedicados ao cinema de autor — assinala mais uma forte presença do cinema português no circuito internacional, reconhecendo a força de uma obra profundamente pessoal, política e cinematográfica. SOBRE O FILME ”Complô é um filme sobre a experiência de vida de um afrodescendente português, submetido à lei da nacionalidade baseada no “jus sanguinis”, que ditou que os filhos de imigrantes fossem tão imigrantes quanto os seus pais. Ghoya viu assim negado à nascença o direito de ser e se sentir português. A urgência de documentar esta experiência surge ainda em 2009 quando o conheci brevemente, estava “a monte”. Senti a força de um protagonista, abandonado pelo Estado português, que já relatava a sua história, usando a sua própria voz, muito antes deste filme começar. Essa é a vida de um MC de Rap Crioulo. A falta de integração do rap crioulo na nossa sociedade relaciona-se ainda hoje com a sua vida, alguém que viveu em bairros que foram sendo consecutivamente demolidos, fruto de “programas especiais de requalificação”. Com um longo passado em estabelecimentos prisionais, Ghoya sabe que a prisão começa no bairro onde se nasce. Este filme e a falta de outros é prova disso. É sobre tudo isto que cria as suas rimas. Obrigado, Bruno.”
João Miller Guerra
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