Revista Língua-lugar: Literatura, História, Estudos Culturais

Língua-lugar é a mais recente publicação do Centre d’Études Lusophones da Université de Genève, em conjunto com a Universität Zürich, cujo objetivo é difundir as culturas e literaturas em língua portuguesa.

Neste número inaugural inclui-se um dossiê temático dedicado à reflexão sobre os discursos da Expo’98. Em complemento são apresentados os desenhos de Ângelo Ferreira de Sousa desconstruindo a mascote e os ideais da mesma exposição. São ainda tema a língua portuguesa vista na sua materialidade, marcada pelo lugar onde é falada, no ensaio de Eduardo Jorge de Oliveira, a linguagem e a contracultura brasileira no texto de André Masseno, o espaço da memória na experiência pós-imperial no artigo de Paulo de Medeiros recordando a obra de Luandino Vieira em relação com a de Djaimilia Pereira de Almeida. É dada a palavra a Lídia Jorge numa longa entrevista sublinhando a importância da literatura na res publica.

Javier del Real (Teatro Real) Ópera Corvo Branco · Javier del Real (Teatro Real) Ópera Corvo Branco ·   

Dossiê Temático: A Expo’98 e o Portugal pós-imperial em busca de uma narrativa nacional.

O primeiro dossiê temático de Língua-lugar, coordenado por Pedro Cerdeira, reúne artigos de Pedro Martins, Marta Araújo, Nazaré Torrão e Octavio Páez Granados e Catarina Duff Burnay.

O dossiê revisita a Expo’98 e produtos culturais a ela associados, designadamente a ópera Corvo Branco e a telenovela Terra Mãe. Interrogando a forma como a exposição se apropriou do período histórico da expansão marítima, o dossiê pretende ser um contributo para o entendimento do impacto de iniciativas comemorativas e da construção da identidade nacional no Portugal contemporâneo. Para tal, convoca diferentes disciplinas, nomeadamente a história, as ciências da comunicação, as ciências da educação e os estudos literários. 

Regino Cruz Arquitectos, Pavilhão Atlântico.Regino Cruz Arquitectos, Pavilhão Atlântico.

Lançamento & Acesso

29 Junho 2020 / 18 h - 19h (CET)

Acesso Revista e Informações sobre o Evento

oap.unige.ch/journals/lingua-lugar

Apoios

ASSH-Académie suisse des sciences humaines et sociales 

Joint Seed Funding

Instituto Camões

Design: Igor Ramos

Contacto lingua-lugar-info@unige.ch

Morada física Rue Saint-Ours 5, 1211 Genève 4 

Morada postal Rue De-Candolle 5, 1211 Genève 4 

Facebook www.facebook.com/107870490912933

Desenho de Ângelo Ferreira de Sousa, My Friend Gil Desenho de Ângelo Ferreira de Sousa, My Friend Gil

26.06.2020 | por martalanca | língua, revista

FUTURE NOW! (RE)PENSAR A CULTURA

FUTURE NOW! é um espaço de diálogo e intercâmbio digital que pretende discutir a Cultura e as Indústrias Criativas num contexto de pandemia, que desenham um conjunto de novos paradigmas sociais a nível mundial.

FUTURE NOW! pretende juntar vozes operacionais do(s) sector(es) em espaços de partilha, cruzamento e questionamento sobre o futuro que tem presente uma série de novos contextos e protocolos cujos impacto socioeconómicos já se fazem sentir, exigindo ações a curto/médio e longo prazo, pensadas coletivamente.

A Plataforma

  • Do Que Um Ciclo de Conferências

FUTURE NOW! irá reunir várias vozes do sector cultural numa plataforma comum de diálogo live: a partir do zoom em directo para o Facebook e  o Instagram.

Será criado um site com: (1) um catálogo digital com informação sobre todos os participantes inscritos: oradores, público em geral e entidades parceiras; (2) audios em português, inglês e francês de cada um dos painéis; web docs de 3m introduzindo cada painel; resumos do dia; publicação final de um manifesto FUTURE NOW!

DECLARAÇÕES PÚBLICAS 

Pedro José-Marcellino 

(Cabo Verde/Canadá/Portugal) 

Cineasta, Cientita Político, Autor

FUTURE NOW! Creative Team 

Samira Pereira 

(Cabo Verde/Portugal)

Produtora e Programadora Cultural 

FUTURE NOW! Creative Team 

“Com o desconfinamento total a assomar, é crucial que tomemos um momento *agora* — antes que voltemos todos às nossas vidas — para refletir amplamente no que é, por certo, um momento de charneira para as Indústrias Criativas no mundo inteiro. Confrontadas já com uma crise existencial catastrófica causada pela pandemia COVID-19, este momento de pausa forçada é igualmente uma oportunidade ímpar para que nos detenhamos, re-avaliemos, reestruturamos, e agarremos o incrível progresso a nível de representação e diversidade advindo diretamente da discussão internacional em redor do movimento BLM, que acaba de — finalmente — fazer tremer os alicerces coloniais da nossa sociedade, e que construamos, portanto, algo mais robusto, e mais justo.

É chegado o momento de fazer desta indústria com tantas desigualdades, uma indústria que funcione para todos. Não haverá, porventura, melhor momento para insistir na diversidade de vozes do que o rescaldo e reconstrução de um ano que viu manifestações feministas, anti-fascistas, pró-LGBTQ2+, pró-imigração e direitos humanos, o #MeToo e o #TimesUp e finalmente o terramoto do COVID-19, reforçado pela benvinda explosão do protestos BLM no mundo inteiro, com a conseguinte consciencialização acelerada de um mundo sonolento (ou dormindo de sorrateira).

Juntem-se à conferência digital Future Now de 29 de Junho a 10 de Julho (Gratuito, via Zoom e nas redes sociais), para uma (retro)(pers)pectiva e discussão de futuros sobre estes e outros tópicos relacionados com as resiliências e vulnerabilidades nas Indústrias Criativas e dos profissionais da cultura, como estxs têm interagido com o mundo nos últimos 3 meses, e como se estão/virão a reinventar através deste processo.

Falemos do FUTURO. Agora.

De Cabo Verde para o mundo, colocando no centro as vozes africanas, realçadas por colegas e aliados do mundo.”

Abraão Vicente

Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas da República de Cabo Verde

“Pensar a cultura após a declaração da pandemia do COVID-19, das sucessivas declarações do Estado de Emergência e do impacto negativo sofrido no setor da cultura e das indústrias criativas é, agora, mais do que urgente.

As instituições públicas e o setor privado viram a paralização destes dois setores como uma oportunidade de criar outros caminhos para debelarem os novos desafios impostos.

Debater e encontrar as melhores soluções para o setor da cultura e das indústrias criativas têm sido uma das prioridades do Governo de Cabo Verde, através do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas. O mesmo departamento que apoia iniciativas da sociedade civil.

Nisto, surgiu já o Future Now - O setor cultural em Cabo Verde no contexto da COVID-19 e pós-pandemia. Uma conferência digital que reúne pensadores de vários quadrantes e de vários países com o fito de debater o novo paradigma social a nível mundial.

Neste contexto, o Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, reuniu-se, por videoconferência, com os promotores da conferência digital.

O grupo do FUTURE NOW! é formado pela especialista em comunicação, Samira Pereira (São Vicente), o grupo formado por Pedro José-Marcellino (P.J. Marcellino) politólogo e cineasta residente no Canadá (América do Norte), Edna Lopes, Cônsul HOnorária de Cabo Verde em Itália, Simoni Cruz, Estudante Universitária e membro do Conselho Diretivo da Associação Cabo-verdiana de Cabo Verde em Portugal, e Ivan Santos, Diretor da Cultura da Câmara Municipal da Praia (ilha de Santiago).

Samira Pereira explicou o cerne do Future Now que acontecerá em duas semanas, dividido em 27 painéis e conta com 130 oradores.

Uma iniciativa louvável que conta com total apoio do titular da pasta da cultura e das indústrias criativas. O governante acredita que para além de um período de reflexão é preciso um “call for action.” ”

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Participantes

Opening Address: H.E. Minister of Culture and the Creative Industries, Mr. Abraão Vicente 

Confirmed speakers:

Christine Semba (France/Germany) — Head, WOMEX Academy and WOMEX Special Projects

Paola Valdivieso (Colombia) — Cultural Manager | DJ Selector | Co-founder Loa Productora

Elena Vida (Italy) — Architect

Michelle Ngommo (Italy/Cameroon) — Chair, AfroFashion Association, Milano Afrofashion Week

Mário Lúcio (Cabo Verde) — Singer-Songwriter, Writer, Thinker (former Min. Culture CV)

Suzana Souza (Angola) — Curator

Guilherme Tavares (Brazil)  — Cultural Producer, Creative Director of Favela Sounds Festival

Prof. Maria Miguel Estrela (CV) — Researcher

Cláudia Leitão (Brazil) — Director, Observatory of Fortaleza, former Min. of Culture

José da Silva (CV/France) — CEO, Sony Music Africa

Ivan Santos (CV) —Director, Praia Municipality UNESCO Cities of Music

Nuno Andrade Ferreira (CV) — Journalist

Jeff Hessney (USA, CV) — Cultural Programmer, Anthropologist

Samira Pereira (CV) — Cultural Programmer, former Director, Nat. Palace of Culture

Belarmino Kiwla Santos (Angola) — Building Society.org

Nuno Flores (Portugal) — Architect, Urban Planner

Redy Lima (CV) — Researcher, Sociologist

Renee Robinson (Jamaica) — Jamaican Film Commissioner, JAMPRO

Pedro José-Marcellino (CV/Canada) — Film/Cultural Producer, Political Scientist 

Janaina Alves Branco (CV) — ALAIM 

Mariana Duarte Silva (PT) — Lx Factory

Helena Moscoso (Portugal/CV) — Responsible Tourism Manager

Chris Benjamin (Jamaica), Vice-Consul in NYC, JAMPRO Trade & Investment Jamaica

Carlos Santos (CV) — Historian 

Miguel de Barros (Guinea Bissau) — Executive Director, Tiniguena. Equator Prize 2019

Angela Coutinho (CV/Portugal) — Professor/Researcher

 

Paulo Veiga (CV) — Cabo Verde Minister of the Sea Economy

Josina Freitas (CV) — Ministry of Culture representative 

Ivan Santos (CV) — Director of Praia UNESCO City of Culture, Municipality of Praia

Ana Gommel (CV) — Eco-Gourmand | Sumbia Café, hybrid cultural space 

Miriam Simas (CV) — Bombu Minino cultural organizaton 

Anayka Bettenncourt (Angola) — Zungueira Concept Store

Sueli Duarte (CV) — Art Educator 

Kwame Gamal Monteiro (CV) — Artist, Activist 

Rita Pedro (Portugal) — Philosopher

Marcela Lúcia Rojas (Colombia/Canada) — Artist, Art Educator, Art Therapist

Rita Rainho (Portugal) — Art Educator 

Lúcia Cardoso (CV) — Musician

Heitor Augusto (Brazil) — Founder, Nicho 54, Curator, Film Critic 

Abel Djassi Amado (CV) — Cultural Programmer/Producer

Gualter Monteiro (CV) — Artist, Producer 

Shakura S’Aida (USA/Canada/Switzerland) — Blues Singer, Activist

Guilherme Tavares (Brazil) — Favela Sounds

Solange Cesarovna (CV) — Cabo Verdean Society of Music 

 

Mário Bettencourt  (CV) — CV Associação of Producers

Paulo Lobo Linhares (CV) — Producer

Samira Vera-Cruz (CV) — Director, Parallax Productions

Pedro Soulé (CV) — Producer, Kriolscope

Sélim Harbi (Tunisia) — Filmmaker

Marta Lança (Portugal) — Researcher, Cultural Programmer, Editor, Buala.org 

Ana Cordeiro (CV/Portugal) — Director, Cabo Verde National Reading Plan

João Branco (CV/Portugal) — Theatre Director, MindelACT

Flávia Gusmão (CV/Portugal) — Actress

Sara Estrela (CV) — Theatre Director 

Chullage (Portugal/CV) — Playwright, Rapper, Activist, Sociologist, Griot Theatre 

Helardenson Duarte (Portugal/CV) — Actor

António Tavares (CV) — Dancer, Choreographer 

Šara Stranvovsky (USA) — Dancer, Educator

César Schofield Cardoso (CV) — Producer,  Multimedia Artist

Diogo Bento (CV/Portugal) — Photographer, Curator

 

Susana Souza (Brazil) — Visual Artist 

Alan Alan (CV) — Artist, Activist

Stephanie Silva (CV/Senegal) — Fashion Designer

Rosário da Luz (CV) — Activist 

Lorenzo i Bordonaro (Italy) — Artist, Activist

Adeline Bird (Canada/Tanzania) — Writer, Producer, Radio Host, Activist

Nathalie Younglai (Canada) — Screenwriter, Founder, BIPOC TV & Film

Celeste Fortes (CV) — Cultural Programmer, Professor, University of Cabo Verde

Anubha Momin (Canada/Bangladesh) — Writer, Producer, Activist 

Lolo Arkizi (Cabo Verde) — Producer/Director

 

 

 

 

 

 

 

 

25.06.2020 | por martalanca | FUTURE NOW!

As coisas fundadas no silêncio / Performances

A artista plástica Susana Mendes Silva, desenvolveu para As coisas fundadas no silêncio, o projeto expositivo “Como silenciar um poeta”. 

Com base na Sala Polivalente do Museu Nacional de Arte Contemporânea, o projeto inclui duas performances que se debruçam sobre a tradução de um poema da poeta Judith Teixeira para as outras duas línguas oficiais Portuguesas, a Língua Gestual Portuguesa e o Mirandês — “Tradução #1” e “Tradução #2” — e a leitura performativa da conferência “De mim”, publicada por Judith Teixeira em 1926.
“Tradução #1” - com Patrícia Carmo
3 de julho, sexta-feira 17:30 Estúdios Victor Córdon Duração: 2h
No sentido de contrariar a potência destrutiva do silenciamento em “Tradução #1” partiremos da tradução de um poema de Judith Teixeira para Língua Gestual Portuguesa.
- Não é necessária qualquer experiência anterior em LGP ou dança.
- Deverá chegar pelas 17:30.
- É necessário trazer roupa que permita os movimentos e seguir as instruções de participação dos estúdios: https://www.cnb.pt/evcsegurancacovid19/
- Participação gratuita para maiores de 18 anos, sujeita a inscrição.
- As inscrições podem ser feitas até ao dia 28 de junho enviando nome completo e data de nascimento para o e-mail atelier@efabula.pt
- Lotação 11 participantes.
“De mim” - com Marta Rema
3 de julho, sexta-feira
21:30 Rua das Gaivotas 6 Duração: 50 minutos
“DE MIM: Conferência em que se explicam as minhas razões sobre a Vida, sobre a Estética, sobre a Moral”, é um manifesto no qual a escritora se defende dos ataques e críticas a que vinha sendo sujeita desde 1923. Como afirma Fabio Mario da Silva, este texto é “acima de tudo (…) um discurso — para além de ter como destinatária a burguesia fútil e a sua conceção retrógrada de arte, defendendo que os artistas não se devem limitar às emergências dos mercados editoriais — de exaltação ao exótico e ao futurismo, que seriam sinónimos, naquela altura, para a sociedade portuguesa, de imorais, doidos e pagãos”. Não se sabe se este discurso terá sido alguma vez lido em público e por isso convocamos a sua presença fantasmática.
Participação gratuita para maiores de 18 anos sujeita a inscrição.
As inscrições podem ser feitas até dia 2 de julho para o e-mail atelier@efabula.pt Lotação de 25 participantes.
“Tradução #2” - com Alda Calvo
4 de julho, sábado 16:00 Rua das Gaivotas 6 Duração: 2h
No sentido de contrariar a potência destrutiva do silenciamento em “Tradução #2” partiremos da tradução de um poema de Judith Teixeira para Mirandês.
- Não é necessária qualquer experiência anterior em Mirandês ou em leitura de poesia.
- Participação gratuita para maiores de 18 anos sujeita a inscrição.
- As inscrições podem ser feitas até dia 2 de julho para o e-mail atelier@efabula.pt
- Lotação 20 participantes.
Susana Mendes Silva (Lisboa, 1972) é artista plástica e performer. O seu trabalho integra uma componente de investigação e de prática arquivística, que se traduz em obras cujas referências históricas e políticas se materializam em exposições, ações e performances através dos mais diversos meios de produção. O seu universo contempla e reconfigura contextos sociais diversos sem perder de vista a singularidade do indivíduo. A sua intimidade psicológica ou a sua voz são inúmeras vezes veículos de difusão e receção de mensagens poéticas e políticas que convocam e reativam a memória dos participantes e espetadores. Susana estudou Escultura na FBAUL e frequentou o programa de doutoramento em Artes Visuais (Studio Based Research) no Goldsmiths College, Londres, tendo sido bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian. É Doutorada em Arte Contemporânea, pelo Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, com a tese baseada na sua prática performativa – A performance enquanto encontro íntimo. É Professora Auxiliar na Universidade de Évora/DPAO no curso de Arquitetura Paisagista.

25.06.2020 | por martalanca | Performances, silêncio, Susana Mendes Silva

'Bustagate', de Welket Bungué

Bustagate com Isabél Zuaa e Cleo Tavares. // Um ano depois do incidente do Bairro da Jamaica (zona da margem Sul de Lisboa) eis o panorama escandaloso da violência e desigualdade social em Portugal. Eis um filme-intervenção póstumo à sua personagem imaginária, dedicado aos portugueses. // “Temos de entender quais são as questões sociais fraturantes da nossa sociedade. Somos brandos, e por isso acreditamos que a colonização de África, da América do Sul (…) foi uma missão importante que uniu a humanidade. Hoje grande parte da nossa riqueza deriva dos ganhos do nosso passado de violência, portanto devemos muito a esses povos agora ex-colonizados. LIVRES.”

Bustagate é um filme híbrido, que mistura textualidade e três narrativas visuais para contar e asfixiar o público, fingindo colocá-los no mesmo lugar que a nossa deflagrada heroína (a Sociedade). Bustagate, um ano depois do incidente do Bairro da Jamaica (zona da margem Sul de Lisboa). Através dos comentários do artista como agente político em nome do Ministério Público Português, Welket faz o recorte de um panorama escandaloso e desajustado de violência e desigualdade social em Portugal. Aqui está um filme-intervenção póstumo ao personagem imaginário aqui chamado Pretugal (personificando o Luís Giovani Rodrigues), dedicado ao povo português (aos tradicionalmente “nativos” e aos descendentes do continente africano que nasceram aqui). Esta criação segue o assunto principal do filme-manifesto (ou filme-intervenção) anterior Eu Não Sou Pilatus (Seleção Oficial DocLisboa - Competição Internacional, 2019).

 

05.06.2020 | por martalanca | Welket Bungué

Festival digital Latitude

De 4 a 6 de junho terá lugar o festival digital Latitude. O programa dedica-se, em performances artísticas e debates, à questão de como estruturas coloniais perduram até à atualidade e como podem ser ultrapassadas. Partindo de projetos artísticos e discursivos que foram iniciados e apoiados pelo Goethe-Institut durante os últimos anos, o Festival Latitude reúne posições internacionais das áreas da cultura, da ciência e da política e reflete sobre assimetrias e injustiças sociais, políticas e económicas que se foram perpetuando desde os tempos coloniais até aos nossos dias.

Film Archives, foto de Bruno CastroFilm Archives, foto de Bruno Castro

Entre estas iniciativas encontra-se o projeto Tudo passa exceto o passado, no âmbito do qual o Goethe-Institut Portugal organizou em Lisboa, em setembro de 2019, um workshop sobre arquivos cinematográficos e formas de lidar com material cinematográfico de origem colonial.
Num painel a realizar sexta-feira, dia 5 de junho, às 18h30, 15 dos participantes - artistas, cineastas, arquivistas e investigadores de 12 países diferentes - reunir-se-ão novamente para discutir o passado, o presente e, especialmente, o futuro das coleções coloniais em arquivos cinematográficos. O ponto de partida para o debate é a leitura coletiva de um apelo desenvolvido em conjunto para mudar a forma como os arquivos cinematográficos europeus lidam e permitem acesso a material de origem colonial.
O documento é o resultado dos debates durante o workshop de Lisboa, que tratou da relação entre arquivo e poder, bem como de diferentes estratégias artísticas com material de arquivo de origem colonial e material das lutas de libertação colonial. O documento, que será lido, comentado e discutido em conjunto pela primeira vez no contexto do Festival Latitude, reflete a diversidade de vozes e posições do workshop.
A participação gratuita realiza-se online através do livestream e do chat.
Pode consultar o acesso, links e outros detalhes sobre o festival aqui.  

FESTIVAL LATITUDEFESTIVAL LATITUDE
Leitura e debate com: Inês Beleza Barreiros (Historiadora Cultural, Lisboa, Portugal), Ganza Buroko (Agente cultural, Goma, Congo), Maria do Carmo Piçarra (Curadora, Lisboa, Portugal), Filipa César (Artista plástica, Berlim, Alemanha), Didi Cheeka (Cineasta, Lagos, Nigéria), Inadelso Cossa (Cineasta, Maputo, Moçambique), Fradique (Cineasta, Luanda, Angola), Sana Na N’Hada (Cineasta, Bissau, Guinea-Bissau), Yaa Addae Nantwi (Investigadora, Accra, Gana), Inês Ponte (Antropóloga, Lisboa, Portugal), Tom Rice (Professor Sénior de Cinema, Londres, UK), Tamer El Said (Cineasta, Cairo, Egito), Raquel Schefer (Investigadora, Paris, França), Catarina Simão (Artista plástica, Lisboa Portugal), Stefanie Schulte Strathaus (Curadora, Berlim, Alemanha) e Antje Van Wichelen (Artista plástica, Bruxelas, Bélgica).

TEXTO DE INÊS PONTE SOBRE O ENCONTRO ANTERIOR Arquivos, filmes e memórias: ingredientes para lembrar e esquecer o passado

 

 

 

02.06.2020 | por martalanca | arquivos, Goethe Institute Lisboa, Latitude