Encontro Internacional Lusófono de Literatura, Arquitetura e Património I Mindelo

1.o EILLAP 9 e 10 de maio Centro Cultural do Mindelo

Modalidade semipresencial

PROGRAMA

DIA 9 9h00-9h30 (CV) / 9h30 – 11h30 (PT) – ABERTURA

Inês Alves (Universidade Jean Piaget, Mindelo)
Hilarino da Luz (CHAM – NOVA FCSH/UAc, Portugal) Presidente da Câmara de S. Vicente - Dr. Augusto Neves

SESSÃO I - 9h30 -11h

Moderação: Hilarino da Luz (CHAM – NOVA FCSH/UAc, Portugal)

9h30-9h45

Escolas-piloto do PAIGC e o forjar da identidade nacional

ANA LÚCIA REIS (CHAM – NOVA FCSH/UAc, Portugal)

9h45-10h00

́Rotcha Scribida ́ sua gestão enquanto parte do Património Cultural ARÍCIA CONCEIÇÃO (Cabo Verde) – Online

10h00-10h15

Preservar a memória: contribuição do Onésimo Silveira para a Comunidade Cabo-verdiana
CARLA ROCHA e OLGA FERREIRA (Portugal / Cabo Verde)

10h15-10h30

O papel do autor-político na poesia de António Jacinto, Jorge Rebelo e Marcelino dos Santos
TOM SENNETT (Reino Unido / Moçambique)

10h30-11h00

Debate

11h00-11h15

Coffee Break

SESSÃO II – 11h15-12h30

Moderação: Claudino Borges (Universidade Jean Piaget de Cabo Verde)

11h15-11h30

Património Natural em Moçambique: Uma História da “Proteção da Natureza” desde o início do Século XX
PAULO VASCONCELOS (Portugal / Moçambique)

11h30-11h45

Sinta10 Tours

HIBRARIN DIAS (Cabo Verde)

11h45-12h00

Turismo Religioso na Serra do Estrondo Património Natural do Tocantins NÚBIA NOGUEIRA (Brasil) – Online

12h00-12h15

Morna: de música crioula a Património Imaterial da Humanidade

GENI DE BRITO (Brasil / Portugal) - Online

12h15-12h30

Cabo Verde: A escrita insurgente de Dina Salústio e Fátima Bettencourt SÔNIA SANTOS (Brasil) – Online

12h30-13h00

Debate

13h00 - 15h00 - ALMOÇO LIVRE
15h00 SESSÃO III - MESA REDONDA - Lugares e Património

Moderação: Inês Alves (Universidade Jean Piaget de Cabo Verde) Existirá um futuro ‘belo’ para a imagem do Mindelo?

CARLOS SANTOS (Universidade de Cabo Verde)

O patrimônio artístico feminino e seu apagamento histórico: notícias do Nordeste do Brasil
MADALENA ZACCARA (Universidade Federal de Pernambuco)

Patrimônio e desenvolvimento: diálogos possíveis entre cidades da lusofonia
MARCELA SANTANA (Cátedra Unesco Diálogo Intercultural em Patrimónios de Influência Portuguesa - Universidade de Coimbra)

Brasília: o patrimônio entre a literatura e a arquitetura

VALÉRIA DA SILVA (Universidade Federal de Goiás)

18h30_ Centro Nacional de Arte, Artesanato e Design

O Mar na Memória em Cabo Verde: Cruzamentos entre o “Mar Liso” de José Cabral e o “Falucho” de Manuel Brito-Semedo
Projeção de filme e onversa entre os autores

DIA 10
9h00-10h30 SESSÃO I - MESA REDONDA – Literatura, Lugares e Património

Moderação: António Tavares (Centro Cultural do Mindelo)
Mindelo, Cidade Literária: sua representação urbana e criação literária

ISABEL LOBO (Cátedra António Aurélio Gonçalves - UniMindelo)

Memória Coletiva na Inserção entre Literatura e Património ILDO ROCHA (Ministério dos Transportes e Turismo)- Online

Lugar do Património na Arquitetura das minhas obras JOSÉ CABRAL(Instituto das Pescas de Cabo Verde)

Mindelo, Um Espaço de História e de Memória

MANUEL BRITO-SEMEDO (Universidade de Cabo Verde)

10h30-11h00 Coffee Break

SESSÃO II – 11h00-11h15

Moderação: Carlos Santos (Universidade de Cabo Verde)

11h00-11h15

Relacionalidade e Território

NUNO FLORES (Portugal) Presencial

11h15-11h30

Leituras cruzadas sobre a (auto)construção da forma-dinâmica urbana de Maputo
DAVID VIANA (Portugal / Moçambique) - Online

11h30-11h45

Narrativas Visuais na Cidade Velha: Reflexos da História e Identidade Cultural na Arquitetura
YARA MONTEIRO (Brasil / Cabo Verde) – Online

11h45-12h00

Debate

SESSÃO III- 12h00-13h00

Moderação: Ana Lúcia Reis (CHAM – NOVA FCSH/UAc, Portugal)

12h00-12h15

O Património nos Lugares da Memória em Cabo Verde - a decadência da comunidade dos Rabelados do Interior de Santiago
CLAUDINO BORGES (Cabo Verde)

12h15-12h30

Rios Urbanos Naturalizados como Ferramentas para o Desenvolvimento e Equidade: Ribeira Afonso
NAGAYAMMA ARAGÃO (Portugal / São Tomé e Príncipe) - Online

12h30-12h45

Águas e Vozes
LÚCIA VIGNOLI (Brasil) - Online

12h45-13h00

Debate

13h00 - 15h - ALMOÇO LIVRE

15h00-16h30 – CONVERSA ENTRE ESCRITORAS / HOMENAGEM Memória em Fátima Bettencourt & Dina Salústio
Hilarino da Luz (CHAM – NOVA FCSH/UAc, Portugal)

16h30-16h50 - ENCERRAMENTO

 

08.05.2024 | par martalanca | arquitetura, literatura, Mindelo, Património

Lançamento do livro «Tarrafal», de João Pina

EM DIÁLOGO COM O AVÔ, PRESO POLÍTICO, E COM AS ÚNICAS IMAGENS DO INTERIOR DO «CAMPO DA MORTE LENTA», O FOTÓGRAFO JOÃO PINA REGISTA EM LIVRO A MEMÓRIA HISTÓRICA DO TARRAFAL.

No dia em que João Pina abriu uma caixa antiga que guardava negativos, provas de contacto, fotografias de época, cartas e telegramas do Tarrafal, iniciou um diálogo epistolar no tempo com o seu avô Guilherme da Costa Carvalho, enviado em 1949 para o campo de concentração do regime fascista português em Cabo Verde, conhecido também como o campo da morte lenta.

Os pais de Guilherme, Luiz e Herculana, foram as únicas visitas familiares ao Tarrafal na sua fase «portuguesa», levando consigo uma providencial câmara fotográfica Rolleiflex para retratar e dar prova de vida de todos os presos políticos do campo, além de fotografar todas as sepulturas dos mortos.

É a estas imagens, os únicos registos visuais feitos à época no interior do campo de concentração, que regressa João Pina, fotógrafo documental, continuando o seu já vasto trabalho de cartografia da memória histórica e das violações dos direitos humanos em forma de livro. À história pessoal e ao arquivo familiar, Tarrafal junta ainda anos de investigação e de colaboração com ex‑presos políticos, historiadores e famílias cabo‑verdianas, constituindo‑se como um documento de referência para, nos 50 anos do 25 de Abril, lembrar as consequências do passado vivido e compreender os desafios que temos pela frente.

28.04.2024 | par Nélida Brito | joão pina, literatura, tarrafal

FeLiCidade - Festival da Língua e da Liberdade na Cidade

Mais de 100 nomes num festival que junta música, literatura, performance e cinema, com entrada livre

 CCB . 4 e 5 maio . sábado e domingo . 10h00 à 01h00 . em vários espaços

No ano em que se assinalam os 50 anos da Revolução dos Cravos, e no âmbito da celebração do Dia Mundial da Língua Portuguesa, o CCB promove FeLiCidade – Festival da Língua e da Liberdade na Cidade, que se realiza nos dias 4 e 5 de maio, das 10h00 à 01h00, em vários espaços do Centro Cultural de Belém, com entrada livre. Uma celebração, um questionamento e uma festa da língua como casa.

FeLiCidade é um festival que está assente no diálogo entre os países que utilizam a língua portuguesa, explorando as suas diversas disposições, a sua desconstrução e as suas possibilidades, na literatura, na música, no cinema, em cena. Dezenas de falantes e ouvintes de todas as geografias ajudam-nos a refletir sobre uma relação de centenas de anos, a discutir a pluralidade de raízes e identidades, sem rasurar a complexidade, a violência e a exclusão da História.

Na música, há concertos de Nenny, La Familia Gitana, Puta da Silva, Titica, Luca Argel & Filipe Sambado, Meia/Fé, Lula Pena & Braima Galissá, Acácia Maior, Missy Bitty, Vaiapraia, Scúru Fitchádu & Azia, Baque de Mulher b2b Batucadeiras das Olaias, Trypas Corassão, Coletivo Gira, Madu, Phoenix RDC convida Valete, Lia de Itamaracá, MADU, Banda B’Leza, Lia de Itamaracá, Mynda Guevara, Juana na Rap e G Fema.

Nas aulas & glossários, celebram-se os 500 anos de Camões (Frederico Lourenço remonta ao estudo do autor, e José Luiz Tavares desafia-nos a conhecer o Camões Crioulo), os 100 anos de Alexandre O’Neill, os 100 anos do surgimento de Ricardo Reis (numa aula sobre o heterónimo de Pessoa e outra sobre o Ricardo Reis de Saramago), estudamos o potencial poético e literário das canções Mulheres de Atenas. de Chico Buarque (por João Constâncio e Luísa Buarque) e Língua, de Caetano Veloso (por Eucanaã Ferraz e Pedro Duarte), bem como aulas sobre Rui Knopfli, Mário Domingues, Ruy Duarte de Carvalho e outros autores africanos. De referir ainda o curso A Felicidade e a Vida, por Gonçalo M. Tavares.

As conversas são marcadas, pela primeira vez, exclusivamente pela quadrangulação Portugal, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor. Todas as histórias contam, todas se cruzam e fundem. Três escritores, de cada um dos vértices transoceânicos, conversam. Daniel Munduruku, escritor, ativista indígena, brasileiro, Francisco Bethencourt, historiador português, Mário Lúcio Sousa, escritor e cantautor cabo-verdiano. Ana Margarida de Carvalho, escritora portuguesa, Germano Almeida, escritor cabo-verdiano, Luís Cardoso, escritor timorense, Joana Bértholo, escritora portuguesa, José Eduardo Agualusa, escritor angolano, Socorro Acioli, escritora brasileira, Noemi Jaffe, escritora brasileira, Susana Moreira Marques, escritora portuguesa, Telma Tvon, escritora e rapper angolana, Andréa del Fuego, escritora brasileira, Conceição Lima, poeta são-tomense e Isabela Figueiredo, escritora portuguesa. A anteceder cada encontro há canções de boas-vindas e cordialidade; no final, há sessões de autógrafos.

Várias sessões de spoken word são apresentadas por Sitah Fayah X Spock, Rodrigo Brandão, Marina Campanatti, Alice Neto de Sousa, Maria Giulia Pinheiro, Muleca XIII, Marinho de Pina DJ Huba.

Há leituras encenadas, que partem do encontro de duplas de artistas, colocando em diálogo propostas desenhadas em torno de temas como género, autoria, construção, ancestralidade, escrita e vibração com: com várias duplas: Raquel Lima e Aoaní Salvaterra, Keli Freitas e Carolina Parreira, Jota Mombaça e Nádia Yracema, Cláudia Jardim e Cláudia Semedo, Sara Carinhas e Selma Uamusse, Tita Maravilha e Nuna.

Nas performances, a língua lê-se em voz alta, mexe-se, materializa desejos, esculpe páginas. A língua é performativa. No espaço público do CCB, durante todas as horas dos eventos, encontraremos performances inéditas de durações variadas, ativadas por artistas e para o público do FeLiCidade. Os corredores, os jardins, os elevadores e garagens serão marcados tanto pelas palavras de Salette Tavares como pela escrita que surge no próprio momento.

No cinema, são apresentados filmes em torno de nomes da literatura escrita em língua portuguesa, nomeadamente as estreias, em formato instalação, dos filmes O Marinheiro, do franco-japonês Yohei Yamakado, e Heterofonia, de Afonso Mota, a partir dos poemas homónimos de Fernando Pessoa e Alberto Pimenta; a estreia da nova cópia digital de O Primo Basílio, de George Pallu (1923), com a composição original inédita de Filipe Raposo, que a interpretará pela primeira vez ao piano. Entre outros filmes, são de destacar a apresentação integral da série documental Herdeiros de Saramago, da autoria de Carlos Vaz Marques e realizada por Graça Castanheira, que nos traz obras de, por exemplo, Andrea Del Fuego, Afonso Reis Cabral, Julián Fuks, Ondjaki, Valter Hugo Mãe, Adriana Lisboa, José Luís Peixoto, na presença dos autores, bem como o filme Anquanto La Lhéngua Fur Cantada, de João Botelho (2012), um hino à língua mirandesa, e MHM, de André Godinho, sobre o editor Manuel Hermínio Monteiro, apresentados pelos realizadores.

Um festival destinado a todas as idades, para todos os públicos, com programação para o público adulto, mas também destinado a crianças, com contadores de histórias (Miguel Sermão) e oficinas (por Catarina Câmara e Dina Mendonça). E porque o FeLiCidade é também uma festa, haverá um mercado e gastronomia, com produtos e comida de vários países, aberto das 12h00 às 21h00.

Com direção de Aida Tavares, a equipa curatorial é constituída por Anabela Mota Ribeiro, André e. Teodósio, Gonçalo Riscado, Nádia Yracema, Sara Carinhas, Tiago Bartolomeu Costa, sendo a programação desenvolvida por: CTL/Musicbox - Gonçalo Riscado, Pedro Azevedo, Inês Henriques, com BANTUMEN - Eddie Pipocas, Vanessa Sanches, Rainner Brito & VALSA - Marina Ginde, Nika Serafim (música); Anabela Mota Ribeiro e André e. Teodósio (conferências, lições, glossários, performance); Aoaní Salvaterra, Carolina Parreira, Cláudia Jardim, Cláudia Semedo, Jota Mombaça, Keli Freitas, Nádia Yracema, Nuna, Raquel Lima, Sara Carinhas, Selma Uamusse, Tita Maravilha (leituras encenadas) e Tiago Bartolomeu Costa (cinema).

No Dia Mundial da Língua Portuguesa (assinalado no dia 5 de maio), entende-se a língua como um motor de mudança e de transformação, discutem-se os modos de ser comunidade e vincam-se os compromissos com os valores de abril – com um cheirinho de alecrim.

A programação completa pode, desde já, ser consultada em www.felicidadefestival.com.

Em breve, haverá também uma App disponível para Android, iOS e Windows Phone.

10.04.2024 | par Nélida Brito | cinema, FeliCidade, festival, literatura, música, performance

Paradigmas em crise: Diálogos sobre Literatura, Género e Sexualidade

FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DE LISBOA 

CENTRO DE ESTUDOS COMPARATISTAS 

GRUPO MORPHE

Subgrupo GENORE – Género, Normatividade, Representações

Seminário Permanente: Paradigmas em crise: Diálogos sobre Literatura, Género e Sexualidade

Organização: Inocência Mata e Helder Thiago Maia

O objectivo deste Seminário Permanente, realizado no âmbito do projecto GENORE (Género, Normatividade, Representações), e do projecto individual Fissuras na colonialidade de género: representações de género, afecto e sexualidade pré-coloniais no alvorecer do Império colonial português, ambos sediados do Grupo MORPHE, é reunir professores, investigadores, activistas e escritores, cujo foco das suas actividades se relacionem com os estudos literários e interartes em língua portuguesa e os estudos de género e sexualidade nas suas mais diferentes perspectivas teóricas.

Nesta primeira edição recebemos os professores Jorge Vicente Valentim, da Universidade Federal de São Carlos/Brasil, e Rosangela Sarteschi, da Universidade de São Paulo/Brasil, que estão a desenvolver pesquisas de pós-doutoramento no Centro de Estudos Comparatistas, da Universidade de Lisboa.

Oradores: Rosangela Sartheschi (USP, Brasil) e Jorge Vicente Valentim (UFSCar, Brasil)

Mediação: Helder Thiago Maia (CEComp/FLUL)

10.04.2024 | par Nélida Brito | diálogos, FLUL, género, literatura, sexualidade

50 anos do 25 de Abril / Mulheres, Literatura e Revolução e MULHERES RARAS

MULHERES, LITERATURA E REVOLUÇÃO
Nos 50 anos do 25 de Abril e com um país a virar à direita é preciso entendermos melhor a nossa história para que consigamos agir, não baixar os braços e fazer muito barulho. Nesse contexto organizei na Snob um novo curso que tenta entender, do ponto de vista das mulheres - quem na verdade viu a sua vida mudar radicalmente com a revolução - como se fez essa transição. Uma revolução que se fez num dia teve e tem ainda décadas de trabalho para fazer na consciência do potencial da nossa liberdade, empatia e respeito pelo outro. Em três sessões vamos pensar como se ensina um país a viver em liberdade através da literatura, do activismo, da acção social, dos movimentos espontâneos e organizados. Só entendendo o que se passou podemos fazer o tanto que ainda falta fazer.
15, 22 e 29 de Abril, segundas-feiras19h - 20h3050€Presencial na Snob, zoom ou em vídeo em qualquer altura.Inscrições e informações: mulheres.raras.info@gmail.com
https://www.rosaazevedo.com/post/em-abril-na-snob
MULHERES RARAS

O projecto MULHERES RARAS lança-se para fora de portas, mais precisamente para o Reguengo Grande nos arredores da Lourinhã. No fim-de-semana de 6 e 7 de Abril a nossa proposta é afastarmo-nos de todos para nos aproximarmos uns dos outros a falar de livros escritos por mulheres no séc XX, em Portugal. O fim-de-semana inclui o curso MULHERES RARAS, leituras autónomas, leituras orientadas, muitas conversas sobre livros e não só, e algum tempo livre. Inclui também duas noites numa casa charmosa e todas as refeições (que serão preparadas comunitariamente.)

DATAS
De 5 de Abril, 21h a 7 de Abril, 17h
Casal Serrano
https://www.booking.com/Share-QHJp1Zd

MULHERES RARAS

Nas publicações de referência da História da Literatura Portuguesa do séc. XX escasseiam mulheres. Por um lado podemos afirmar sem estar longe da verdade que as mulheres escreviam menos que os homens. Mas porquê? E será que se justifica que os nomes de mulheres ao longo da primeira metade do século se contem pelos dedos de uma mão? Neste curso vamos falar de uma cultura feminina, por oposição a uma escrita feminina, revelar o que se passou no século XX em Portugal, falar de escritoras, do meio onde elas tiveram de se afirmar, pensar em conjunto que fenómeno de apagamento foi este. E, acima de tudo, vamos devolver à literatura alguns destes livros e destas autoras.

https://www.rosaazevedo.com/post/mulheres-raras-fora-de-portas


 

25.03.2024 | par mariana | 25 de abril, 50 anos do 25 de abril, literatura, mulheres, mulheres raras, revolução

Fora de Jogo- festa de lançamento

 O site da Fora de Jogo já está a funcionar!

Agora podem adquirir os nossos livros e acompanhar as nossas atividades em https://www.foradejogo.org/

A apresentação pública da  Fora de Jogo terá lugar no próximo dia 4 de Abril, a partir das 18h30 na Casa do Comum (R. da Rosa 285, 1200-408 Lisboa).

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O programa é o seguinte:

18:30 - Apresentação da Editora e dos dois primeiros livros com:
- Nuno Domingos (Fora de Jogo)
Diogo Duarte (Autor de O Anarquismo e a Arte de Governar) e
- Gabriela Leal (Organizadora de [Re]encantar o mapa)

19:15 - Conversa “O ecossistema do livro em Portugal hoje: desafios em debate”  com a participação de:
- Fernando Ramalho (Tigre de Papel)
- Fernanda Teodoro (Livraria da Travessa) (a confirmar)

- Nuno Medeiros (Fora de Jogo)

- Miguel Ribeiro (Casa do Comum)

e moderação de Débora Dias (Fora de Jogo)

20:30 - Jantar de lançamento e festa

A entrada é livre. Apareçam! 

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Entretanto e até ao fim deste mês ainda é possível adquirir os nossos dois primeiros lançamentos aproveitando o desconto de pré-venda. Para isso, aceda ao site ou responda a este e-mail e receba as instruções.

Fora de Jogo é a editora da  Associação Cultural com o mesmo nome. Estamos focados na publicação de livros que exploram um conjunto de processos sociais, históricos,  políticos e culturais situados em diferentes geografias, temporalidades e escalas da realidade. Interessa-nos, particularmente, a publicação de investigações nas áreas da história e das ciências sociais, mas  igualmente de todos os géneros, da poesia ao romance, da fotografia à dramaturgia, que expandam este conhecimento e as perspetivas sobre o mesmo


22.03.2024 | par Nélida Brito | editora, fora de jogo, literatura, livros

Em Tempo de Erros (1992), Muhammad Chukri

 

«Procurei o jogo da vida e os seus símbolos, não a sua verdade: a obscuridade e o enigma em vez do claro e do simples, o desconhecido em vez do óbvio, a miragem em vez da água.» 

Em Tempo de Erros (1992), Muhammad Chukri prossegue o duro relato autobiográfico iniciado em Pão SecoNesta história de uma vida no fio da navalha, assistimos aos anos de aprendizagem do autor, à sua crescente obsessão pela leitura, num quotidiano de pobreza e delinquência, e ao advento de um escritor. Entre a família em Tânger e a escola em Laraxe, preenchem os seus dias uma galeria de almas perdidas, amigos e amantes com a marca da loucura e, diz-nos, «bárbaros com quem vivi de noite em estreitas ruelas e tabernas duvidosas». Num país onde «os inteligentes enlouqueceram e deliram pelas ruas, e os que merecem ficar aqui emigraram», Chukri revisita a doença, a idade adulta e as amizades com os marginais estrangeiros atraídos por Tânger, reiterando a impossibilidade de aniquilar os desejos que o movem.

TÍTULO ORIGINAL ﺯﻣﻦ الأخطاء (Zaman al-Akhṭāʾ), TRADUÇÃO DO ÁRABE Hugo Maia, ILUSTRAÇÃO DA CAPA Gonçalo Duarte.

07.08.2023 | par martalanca | árabe, literatura, Marrocos, Muhammad Chukri

Lançamento do livro "Pesadelos, Excessos, Utopias. A representação do poder em Angola entre literatura e artes visuais", de Alice Girotto

Quinta-feira, 16 de Março, às 18h30 na Tigre de Papel, Lisboa
Lançamento do livro com a participação da autora, de Ana Mafalda Leite e de Inês Ponte

Apostando na validade hermenêutica e no alcance crítico da análise interartística no estudo das literaturas africanas de língua portuguesa, este livro tem o objetivo de alargar o horizonte de conhecimentos sobre a literatura contemporânea de Angola, com vista a uma compreensão mais profunda da realidade cultural do país pós-2002.O estudo de tipo temático identifica e confronta, num corpus de mais de vinte obras de ficção e das artes visuais, as características do poder que se evidenciam na sua representação literária e artística, especificamente em três manifestações: o poder nas relações que se instauram no espaço e na sua organização; a personificação do poder na arena política e em figuras intermediárias ligadas às instituições estatais; a redefinição do poder em modalidades novas e alternativas. Desta observação emergem os três núcleos estéticos evocados no título e considerados como sendo subjacentes à contemporaneidade angolana.

08.03.2023 | par martalanca | Alice Girotto, Ana Mafalda Leite, angola, artes visuais, Inês Ponte, literatura, Poder

Mundo Crítico, conversa imperfeita entre Abdulai Sila e Marta Lança sobre cultura e à volta dos livros de Abdulai Sila com Ana Paula Tavares, Sumaila Jaló e Denis da Silva

15 DE DEZEMBRO

CCCV – Centro Cultural Cabo Verde Rua de São Bento, nº 640, Lisbon, Portugal

17h00 | APRESENTAÇÃO DA MUNDO CRÍTICO N.º 8, COM CONVERSA IMPERFEITA ENTRE ABDULAI SILA E MARTA LANÇA

A cultura é um bem crucial para responder aos desafios do desenvolvimento, sejam eles sociais, económicos ou até mesmo políticos. O potencial da cultura para a transformação social e política tem sido amplamente debatido, porque ela é uma proposta enquanto arma contra a ignorância e a indiferença.
Na oitava edição da Mundo Crítico – Revista de Cooperação e Desenvolvimento (promovida pela ACEP e CEsA/ISEG), é discutido o papel da cultura e apresentadas iniciativas e práticas concretas em diferentes países, que utilizam a cultura como resposta aos desafios. À semelhança dos números anteriores, a apresentação da revista, que decorre a 15 de Dezembro, é pretexto para prolongar a conversa imperfeita, iniciada na edição, entre o escritor guineense Abdulai Sila e a investigadora portuguesa na área da cultura Marta Lança.


18h30 | CONVERSA À VOLTA DOS LIVROS DE ABDULAI SILA
Após a apresentação da revista, vamos conversar sobre a obra de Abdulai Sila, a partir de leituras realizadas por diversos convidados, entre os quais a escritora Ana Paula Tavares, e os investigadores Sumaila Djalo e Denis Augusto da Silva. O escritor guineense é autor de livros como A Última Tragédia, Mistida ou Memórias SOMânticas, fundador da editora guineense Ku Si Mon e da Associação de Escritores da Guiné-Bissau. Uma iniciativa ACEP e BUALA.

07.12.2022 | par martalanca | Abdulai Sila, ACEP, Ana Paula Tavares, cultura, Denis da Silva, literatura, Mundo Crítico, Sumaila Jaló

Manifesto a Crioulização, uma Poética de Partilha para Multiplicar

Manifesto por Mário Lúcio Sousa.

3 de Outubro de 2022 às 18h no Teatro Garcia de Resende. 

03.10.2022 | par Alícia Gaspar | Crioulização, cultura, literatura, manifesto, Mário Lúcio Sousa, poética

"Quem tem medo das emoções?", novo livro de Ana Pais

No próximo dia 25 de Setembro, o livro será o foco de uma caminhada que integra o programa Caminhadas com Arte, organizado por Lavrar o Mar, em Monchique.

O livro é disponibilizado gratuitamente em todos os eventos promocionais.

As próximas acções de divulgação em que Ana Pais estará presente são:

Teatro Viriato, em Viseu

1 de Outubro 17h

Long Table: conversa aberta com o público a propósito do tema pandemia e afectos.

Teatro Garcia de Resende, em Évora

8 de Outubro 18h

Conversa aberta com o público sobre teatro e afectos.

Festival Temps D’Image, em Lisboa (quiosque da Praça José Fontana) 

15 de Outubro 18h30

Conversa com Eunice Gonçalves Duarte (performer), Graça P. Corrêa (encenadora e investigadora CFCUL) e Jorge Martins Rosa (investigador ICNOVA) sobre emoções e a sua circulação no espaço público (nomeadamente, nos media digitais) e sobre como a arte pode contribuir para uma consciência colectiva dessa circulação.

Materiais Diversos, no Centro Cultural do Cartaxo

22 Outubro 16h

Conversa com Beatriz Cantinho, Túlio Rosa e convidado a confirmar integrada n’O Tempo das Cerejas / Quem tem medo das emoções?

Teatro Municipal do Porto, no Foyer do Teatro Campo Alegre

29 de Outubro, 15h30

Lançamento no Porto Acção integrada no festival Double Trouble #05.

Convidados: Né Barros (coreógrafa) e Gustavo Carona (médico)

*Ana Pais é investigadora em artes performativas, dramaturgista e curadora. Nos últimos anos, tem vindo a trabalhar, no contexto das artes performativas, as atmosferas afectivas geradas no espaço público que condicionam a nossa experiência íntima. Nesse âmbito, destacam-se o seu livro Ritmos Afectivos nas Artes Performativas (Colibri, 2018) e os encontros Em Fluxo: sentimentos públicos e práticas de reconhecimento (2019) que comissariou.*

Mais informações.

21.09.2022 | par Alícia Gaspar | afectos, Ana Pais, corpo, emoções, literatura, pandemia, quem tem medo das emoções?

Já está disponível segundo volume da VOLTA para tua terra

Após edição de sucesso em poesia (2021), 34 autores estrangeiros apresentam seus textos em prosa

Pré-venda.

 

Já está disponível em pré-venda o segundo volume da ‘VOLTA PARA TUA TERRA’O livro, que desta vez contém textos em prosa, une-se ao primeiro volume de poesia publicado em 2021, compondo a coleção publicada pela Editora Urutau, de naturalidade brasileira com sede em Portugal e Galiza. A coleção se propõe a selecionar textos de escritores estrangeiros que residem em Portugal com a temática antifascista, antiracista, antixenofobia e anticolonial a partir de uma open call, e desta vez foram escolhidos 34 contos, crônicas, ensaios e relatos de autoria de escritores de oito países, entre eles Brasil, Italia, Angola, Colombia, Guiné Bissau, Argentina e Espanha.

Este livro inaugura uma nova fase, já que aquilo que pretendia-se apenas um livro cresceu para tornar-se uma coleção, ou um circuito. O editor Wladimir Vaz explica que não era um plano um segundo volume, mas o livro em prosa tornou-se um processo orgânico. “Não pensávamos em uma coleção de antologias, mas após a publicação do primeiro volume de poesia sentimos como ela serviu para estimular as vozes dissonantes que produzem literatura em Portugal, como um abrigo. Temos uma temática urgente e um perfil urgente de escritores que necessitam ter sua voz amplificada neste País”, contou Wladimir Vaz, editor e curador.

A curadora e organizadora Manuella Bezerra de Melo concorda quanto à urgência dos temas propostos. “Os imigrantes são uma grande parcela deste País, entretanto só pensa-se em imigrantes para funções específicas, nunca como produtores de conhecimento, de cultura. A VOLTA nos fez notar o quanto estas temáticas precisam de investimento dentro do campo literário, é um investimento necessário no campo simbólico, e o momento político só nos mostra cada vez mais essencial”, explicou Manuella Bezerra de Melo, organizadora e curadora da coleção juntamente a Wladimir Vaz.

Nas duas open calls foram recebidas centenas de textos, o que só comprova um grande fluxo produtivo de literatura entre imigrantes,  e com este segundo volume, a coleção já textos publicados de 70 escritores oriundos de 12 países, todos residentes em Portugal. A pré-venda segue até o lançamento oficial do segundo volume da VOLTA para tua terra, que está agendado para o próximo dia 15 de outubro, às 14h, no Museu do Aljube - Resistência e Liberdade, instalado na antiga cadeia do Aljube, e hoje, símbolo da resistência antifascista e democrática de Portugal. Também haverá um evento no Norte, ainda sem data nem local.


29.07.2022 | par Alícia Gaspar | antifascismo, antiracismo, editora urutau, literatura, livro, prosa, volta para tua terra

Virgínias

Lançamento do projeto “Virgínias”, um coletivo de mulheres que procura dar voz a textos inéditos escritos por mulheres (cis, trans ou não-binárias).

OPEN CALL:
Textos inéditos escritos por mulheres (cis, trans ou não-binárias) residentes no Algarve. Datas: de 4 a 24 de julho. www.casuloartesperformativas.pt/virginias

“Fazem alguma ideia de quantos livros se escrevem sobre mulheres no curso de um ano? Fazem ideia de quantos são escritos por homens?” in “Um quarto só seu”, Virginia Woolf

Quase 100 anos depois da publicação da obra literária “Um quarto só seu”, de Virginia Woolf, sabemos que as respostas a estas questões estão ainda longe de serem representativas e igualitárias tanto no panorama de criação literária, como em tantos outros. Foi a partir desta reflexão sobre a escrita de e sobre mulheres que nasceu o projeto “Virgínias”, um coletivo artístico que pretende dar voz a textos inéditos escritos por mulheres (cis, trans ou não-binárias).

A primeira incursão na busca destes textos originais – que não podem ter sido publicados, editados ou representados – será feita na região do Algarve, a partir do Cineteatro Louletano. Podem concorrer todas as mulheres (cis, trans ou não-binárias) que residam nesta região e que escrevam em qualquer uma das variantes da língua portuguesa, inclusive usando o género neutro. O envio de textos pode ser feito até dia 24 de julho, através deste site, e deve também incluir uma carta de apresentação e um texto original. Serão aceites diversas formas literárias, como ensaios, crónicas, contos, material biográfico, declarações artísticas, textos para cena, manifestos, cartas, etc, que privilegiem as temáticas de Identidade, Memória e Género.

Serão selecionados oito textos para serem trabalhados juntamente com o coletivo “Virgínias”, que posteriormente os levarão a palco numa leitura encenada. O trabalho de criação, edição, encenação e apresentação ao público será desenvolvido durante uma residência artística em Loulé, entre os dias 11 e 23 de agosto. A leitura encenada dos textos marca o encerramento da residência com uma apresentação que integra diversos grupos da comunidade local e que será gratuita e aberta ao público. Emmanuel Guilho

NOTA DE IMPRENSA

“Desejamos, enquanto coletivo de mulheres com experiências variadas no mundo artístico e editorial, encetar um trabalho de incentivo à criação e de divulgação de textos inéditos escritos por mulheres (cis, trans ou não-binária), levando-os a cena e publicando-os. É urgente contrariar a história da literatura que perpetua o privilégio de homens (geralmente brancos e de classe média) e corrigir o viés ideológico e social desta tendência. É necessário ampliar o universo de obras disponíveis para que haja uma representação da mulher e da comunidade LGBTQIA+ mais igualitária. Para isso é necessário descobrir, resgatar, reclamar esse espaço, dando voz e corpo a esses textos”, lê-se no comunicado do coletivo que inicia agora o seu trabalho.

Do coletivo “Virgínias” fazem parte Flávia Gusmão, Helena Ales Pereira, Inês Oneto, Madalena Palmeirim, Marlene Barreto e Patrícia Soso.

Esta residência é financiada pelo Cineteatro Louletano, produzida pelo Casulo, Artes Performativas e Audiovisuais e conta com os seguintes parceiros: Câmara Municipal de Loulé, Loulé Criativo, Mákina de Cena, Casa Cultura de Loulé, Grémio Dramático Povoense e Bô Dixam Bai Associação.

Para pedidos de informação, fotografias ou entrevistas, contactar com: Helena Ales Pereira
E-mail: helena.ales@gmail.com

14.07.2022 | par martalanca | feminismo, literatura, residência, Virgínias

Lisbon Revisited – Dias de Poesia 2022

Durante três dias, poetas e leitores de poesia conversam sobre livros publicados e por publicar, percursos na escrita, ressonâncias poéticas, o que cabe e o que sobra nos poemas.

Lisbon Revisited – Dias de Poesia é o encontro internacional de poetas que a Casa Fernando Pessoa organiza desde 2018 e que procura ser uma ocasião de convívio à volta da leitura. Este ano, os poemas conjugam-se em português e em espanhol. 

As sessões com os poetas serão transmitidas em direto nos canais digitais da Casa e ficarão disponíveis nesta página.

Programa

24 de junho 

19h às 21h - Abertura

Apresentação e leituras com todos os poetas:

Ana Martins Marques (Brasil), Felipe Benítez Reyes (Espanha), Hirondina Joshua (Moçambique), João Paulo Esteves da Silva (Portugal), Manuel Rivas (Espanha), Maria do Rosário Pedreira (Portugal), Miguel Cardoso (Portugal), Tatiana Faia (Portugal).

25 de junho

15h às 16h - Maria do Rosário Pedreira

Moderação: Aldina Duarte

16h30 às 17h30 - Manuel Rivas e Miguel Cardoso

Moderação: Susana Moreira Marques

18h às 19h - Tatiana Faia e João Paulo Esteves da Silva

Moderação: José Luís Costa

26 de junho

15h às 16h - Felipe Benítez Reyes

Moderação: Vasco Gato

Conversa em castelhano

16h30 às 17h30 - Ana Martins Marques e Hirondina Joshua

Moderação: Paola D’Agostino

18h30 às 19h30 – Encerramento

Luca Argel: Acima da rima a nota da canção

Performance de poesia e música

Bilhetes.

22.06.2022 | par Alícia Gaspar | casa fernando pessoa, EGEAC, lisbon revisited, literatura, poesia

Lançamento do livro "Quem tem medo das emoções?" de Ana Pais

Escrito, na sua maioria, num lugar sensível, à flor da pele, este livro é uma espécie de abraço. Uma viagem sobre emoções e afectos, que circulam no espaço público, na qual conhecimentos especializados se tornam acessíveis.

Ana Pais é investigadora em artes performativas, dramaturgista e curadora. Nos últimos anos, tem vindo a trabalhar, no contexto das artes performativas, as atmosferas afectivas geradas no espaço público que condicionam a nossa experiência íntima. Nesse âmbito, destacam-se o seu livro Ritmos Afectivos nas Artes Performativas (Colibri, 2018) e os encontros Em Fluxo: sentimentos públicos e práticas de reconhecimento (2019) que comissariou.

A pandemia Covid-19 provocou um choque emocional em todo o mundo, convulsionando a vida como a conhecíamos e contaminando a nossa experiência íntima. Ainda não falámos o bastante sobre ela. Ainda não ganhámos uma maior consciência colectiva sobre como a nossa vida privada é determinada por condicionantes políticas, mediáticas, sociais ou culturais. O livro de Ana Pais Quem tem medo das emoções? reúne episódios em que esses condicionamentos são evidentes fazendo uma ponte com abordagens teóricas contemporâneas, numa perspectiva não de um relato do passado, mas de construção de futuro.

“Parece-me cada vez mais fundamental encontrar formas de lidar com os sentimentos públicos de forma ética e socialmente responsável”, afirma Ana Pais. Nos 16 breves capítulos que constituem este livro, viaja por temas de natureza muito diferente: atmosferas de medo, varandas, Marcelo Rebelo de Sousa, 25 de Abril, mãos, transmissão, abraço, espectáculos… Cada tema é abordado a partir de experiências concretas e situadas com que o leitor se pode imediatamente identificar.

Quem tem medo das emoções? procura tornar conhecimentos especializados sobre emoções e afectos acessíveis a todos. Mostrar a relação determinante entre os afectos que circulam no espaço público e a experiência afectiva privada. É um livro que fala de como o vírus nos mostrou que o outro é vital para a nossa sobrevivência.

Excertos

“Escrevi a maior parte destes textos de um lugar que todos, cada um à sua maneira, habitámos durante a pandemia do Covid-19: um lugar sensível, à flor da pele. Limitado o nosso movimento, a nossa pele expandiu, intensificando emoções. A pele é o lugar de manifestação de sensibilidades para com o outro e para connosco em contexto de alta tensão – contacto e fronteira com o exterior e com o interior. À flor da pele, os nossos nervos explodem face ao que nos surpreende a cada momento: o medo de ficarmos (ou de os nossos ficarem) doentes, o pânico do contágio que se infiltra pelos poros na circulação sanguínea, a irrupção súbita de um soluço quando vemos um vídeo, lemos uma notícia ou escrevemos uma mensagem, a saudade de todos os que amamos. Pequenas explosões que rebentam na pele, diariamente. Esta outra casa agigantou-se à medida que fomos sendo privados do nosso quotidiano habitual, destacando reacções e sentimentos contra o pano de fundo do isolamento ou do cumprimento de funções essenciais. Como uma espécie de tela onde se inscrevem as marcas de um processo individual e colectivo, a pele é a caixa preta deste período nas nossas vidas.” (capítulo Pele)

“Acredito que todos consigamos evocar uma situação em que a impressão da atmosfera foi palpável, desde o impacto de multidões, num estádio de futebol cheio de adeptos, num discurso político em plena campanha ou num concerto de música pop ao vivo, em que as forças do entusiasmo competem, o empenho ideológico vibra ou a admiração pelos músicos se expressa em gritos e ondas de aplausos, até situações do quotidiano em que uma subtil tensão ou, pelo contrário, descontração, pode contaminar o tom emocional de uma reunião de trabalho, de uma palestra ou de um jantar de família ou entre amigos. Estamos, pois, sintonizados com o ambiente afectivo que nos envolve e afecta. Sendo mais ou menos claras, mais ou menos palpáveis, as atmosferas exercem o seu poder sobre nós, sobre os corpos individuais. É esse o poder do contágio.” (cap. Atmosferas Afectivas)

“Ontem o Marcelo falou, mas não percebi nada”, dizia um trabalhador na esplanada do café da esquina, no último dia em que esteve aberto, ou seja, o dia após o anúncio do Estado de Emergência (iniciado a 18 de Março de 2020). E acrescentou: “Só percebi que temos um inimigo e que ele é invisível”. Muito provavelmente, esta foi a ideia que a maior parte da população fixou do discurso do Presidente da República. A outra ideia foi, seguramente, a de estarmos a viver uma guerra, metáfora amplamente utilizada pelos governos para mobilizar as populações, o que, aos olhos da Europa dos nossos dias, parece uma profecia ou uma piada de mau gosto.” (cap. Marcelo)

“Um pensamento é suficiente para envenenar o sangue. É como um pacotinho de chá mergulhado na água a ferver. Inerte e aparentemente inofensivo, o seu conteúdo contamina o ambiente onde submerge. O aroma das plantas vai-se diluindo, serpenteando suavemente em pequenas ondas até que toda a água fica tingida. Em apenas alguns minutos todo o bule fica da mesma cor. O mesmo acontece com os pensamentos, que transformam o tom emocional do nosso corpo. Imaginemos que um pensamento negativo pipoca na nossa mente, dilui-se silenciosamente e mergulha no nosso sistema sanguíneo, sem nos darmos conta. De repente, todo o organismo fica tingido pelas cargas afectivas que esse pensamento transporta e, como um filtro, permeiam todos os nossos comportamentos e acções dali em diante. Adquirimos o tom emocional desse pensamento, mesmo que não estejamos conscientes dele. De que cor está o nosso sangue depois de meses de pensamentos sobre a morte, a doença ou o contágio em infusão constante na mente? E, mais recentemente, em que cor se transmutou ele depois de semanas de exposição a imagens de guerra non-stop? Será que a nossa inquietação vem não só do facto de o conflito estar a acontecer na Europa, mas também da repetição incessante das mesmas imagens, uma e outra vez?” (cap. Varandas)

© Vitorino Coragem© Vitorino Coragem

Ana Pais (Lisboa, 1974) é investigadora em artes performativas (Centro Estudos de Teatro, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), dramaturgista e curadora. É autora do livro O Discurso da Cumplicidade. Dramaturgias Contemporâneas (Colibri, 2004) e de Ritmos Afectivos nas Artes Performativas (Colibri, 2018). Organizou ainda a antologia Performance na Esfera Pública (Orfeu Negro, 2017) e a sua versão em inglês disponível para download gratuito em www.performativa.pt. Foi crítica de teatro no Público (2003) e no Expresso (2004). Como dramaturgista, colaborou com criadores de teatro e dança em Portugal (João Brites, Tiago Rodrigues, Sara de Castro, Rui Horta e Miguel Pereira) e, como curadora, concebeu, coordenou e produziu vários eventos de curadoria discursiva, dos quais destaca o Projecto P! Performance na Esfera Pública (Lisboa, 10 > 14 Abril de 2017) e Em Fluxo: sentimentos públicos e práticas de reconhecimento (Lisboa, 3 > 5 Abril de 2019).

Ação de divulgação

TBA – Teatro do Bairro Alto Lisboa, Rua Tenente Raul Cascais, 1A 4 de Junho

16h

Lançamento em Lisboa precedido de workshop das 10h às 13h.

Conversa dinamizada por Sílvia Pinto Coelho e Manuel Loff.

24.05.2022 | par Alícia Gaspar | Ana Pais, lançamento de livro, literatura, quem tem medo das emoções?

Paulina Chiziane conversa com alunos da FLUL

No âmbito da sua deslocação a Portugal, a escritora moçambicana Paulina Chiziane, Prémio CAMÕES 2021, disponibilizou-se a ter uma conversa com os alunos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), onde a sua obra é muito estudada em diferentes unidades curriculares. Essa sessão é organizada em conformidade com a sua editora, a Editorial Caminho/Leya, no âmbito do GENORE – Género, Normatividade, Representações, um projecto sediado no CEComp que visa discutir género em diferentes campos do conhecimento, com especial ênfase nos países africanos.

13.05.2022 | par Alícia Gaspar | Africa, CEComp, FLUL, literatura, paulina chiziane, prémio Camões

Sant Jordi na FLUL

De 18 de abril a 13 de maio
EXPOSIÇÃO | “A literatura catalã, um miradouro para o mundo”
Entrada da Faculdade de Letras (FLUL - Universidade de Lisboa)

Sant Jordi é uma das celebrações mais originais da Catalunha e tem lugar durante a primavera, no dia 23 de abril. “Trata-se de uma festa popular, que une cultura e romantismo combinando a celebração do dia do livro e do dia dos apaixonados”.

segunda-feira, 18 de abril
APRESENTAÇÃO DE LIVRO | Conversa com Rita Custódio e Àlex Tarradellas, tradutores da antologia de poesia catalã ‘Resistir ao Tempo’
16h30 | Sala A201 Anfiteatro III (FLUL)

terça-feira, 19 de abril
TERTÚLIA COM TINA VALLÈS | Os alunos de Catalão B1 e B2 falarão com a autora do livro ‘La memòria de l’arbre’, Tina Vallès
18h30 | Sala C134.A (FLUL)

quarta-feira, 20 de abril
APRESENTAÇÃO DE LIVRO | ‘A Memória da Árvore’, com Tina Vallès (autora), Artur Guerra e Cristina Rodriguez (tradutores)
18h | Livraria LeYa na Buchholz (Rua Duque de Palmela, 4)

sexta-feira, 22 de abril
CONFERÊNCIA | “Uma ponte entre culturas. A tradução literária de português para catalão” com Gabriel de la S. T. Sampol (tradutor)
17h | Sala A202 Anfiteatro IV (FLUL)

sábado, 23 de abril
PASSEIO LITERÁRIO | “A vida é passear-se pela Baixa”. Itinerário literário baseado no livro de poemas ‘Lisbona’, com a presença de Gabriel de la S. T. Sampol (autor)

Inscrição: xmagrinya@edu.ulisboa.pt
10h | Jardim do Príncipe Real

07.04.2022 | par Alícia Gaspar | FLUL, leitura, literatura, poesia, poesia catalã, sant jordi

Tá faltando mundo aí: Literatura, infância e representações culturais

©Renato Parada©Renato Parada

Antropóloga, escritora, editora e consultora brasileira, Heloisa Pires Lima estará no CCB, no dia 6 de abril, às 18h30, a apresentar a conferência Tá faltando mundo aí: Literatura, infância e representações culturais, na qual irá falar sobre as dinâmicas do circuito livreiro infantojuvenil, destacando o caso da origem continental africana.

Esta palestra inaugura o ciclo Visualidades Negras, com curadoria e moderação de Filipa Lowndes Vicente (Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa), que propõe várias reflexões sobre a relação entre visualidade e negritude, com Billy Woodberry (13 abril), Deborah Willis (27 abril), Kenneth Montague (4 maio) e Ruth Wilson Gilmore (18 maio).

Com o apoio da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento.

20% desconto para estudantes (mediante apresentação de cartão de estudante ou comprovativo. Desconto válido apenas para bilhetes de sessão)

31.03.2022 | par Alícia Gaspar | heloisa pires lima, infância, literatura, representações culturais

Lançamento do livro "A vitória é hoje. A minha relação com a Paralisia Supranuclear Progressiva"

Centro Cultural Português do Mindelo 

15 de Dezembro de 2021 às 15H

 

14.12.2021 | par Alícia Gaspar | Ana Cordeiro, André corisco tolentino, centro cultural português do mindelo, convite, germano almeida, lançamento de livro, literatura, Mindelo, paralisia supranuclear progressiva

Leituras de Eduardo Lourenço - Webinar 3 de Dezembro

O Centro de Estudos Ibéricos, vinte anos após o Professor Eduardo Lourenço ter lançado a ideia seminal que levou à sua criação, honra a memória do seu mentor, patrono e Diretor Honorífico com a promoção do Projeto “Leituras de Eduardo Lourenço”.

Coordenado por António Pedro Pita (Universidade de Coimbra), Margarida Calafate Ribeiro e Roberto Vecchi (Centro de Estudos Sociais e Cátedra Eduardo Lourenço, Universidade de Bolonha) e Rui Jacinto (Centro de Estudos Ibéricos e CEGOT-Universidade de Coimbra).

Assumindo a obra de Eduardo Lourenço como elemento agregador, o Projeto pretende gerar um movimento cultural de discussão e (re)leitura crítica do seu legado, assim como promover a reflexão de um pensamento vasto e labiríntico através de múltiplas iniciativas.

O seminário de 3 de dezembro, em versão webinar, contará com as participações de: 

Apresentação e moderação: António Pedro Pita (Universidade de Coimbra)

Intervenções de: Maria Odete Semedo (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa da Guiné Bissau) e de Vincenzo Russo (Università di Milano).

30.11.2021 | par Alícia Gaspar | António Pedro pita, centro de estudos ibéricos, leitura, literatura, Margarida Calafate Ribeiro, professor Eduardo Lourenço, Roberto vecchi, rui jacinto, webinar