Mário Lúcio Sousa
Postes avec la étiquette Mário Lúcio Sousa
Archives
Auteur
- administrador
- adrianabarbosa
- Alícia Gaspar
- arimildesoares
- camillediard
- candela
- catarinasanto
- claudiar
- cristinasalvador
- franciscabagulho
- guilhermecartaxo
- herminiobovino
- joanapereira
- joanapires
- keitamayanda
- luisestevao
- mariadias
- marialuz
- mariana
- marianapinho
- mariapicarra
- mariaprata
- martacacador
- martalanca
- martamestre
- nadinesiegert
- Nélida Brito
- NilzangelaSouza
- otavioraposo
- raul f. curvelo
- ritadamasio
- samirapereira
- Victor Hugo Lopes
Data
- octobre 2025
- septembre 2025
- août 2025
- juillet 2025
- juin 2025
- mai 2025
- avril 2025
- mars 2025
- février 2025
- janvier 2025
- décembre 2024
- novembre 2024
Étiquettes
- Álbuns de Família
- artistes
- black skin white algorithms
- Casa do Comum
- cura
- desenho
- États-Unis
- Ex-Jugoslávia
- Folio
- From Marxism and Subaltern Studies to Postcolonialism. A conversation with professor Sanjay Seth
- Goli Guerreiro
- grants for artists
- gueto
- língua
- literatura moçambicana
- mátria amada
- njabala foundation
- paulo moura
- seminarios
- Spillovers
Les plus lus
- Cinema e memória das independências em debate na 3ª edição dos Encontros do Património Audiovisual
- Companhia de dança contemporânea de Angola
- Exposição Contra-feitiço de Denilson Baniwa
- RAMONERA, da poeta muxe' Elvis Guerra, Lançamento com a autora em Óbidos e Lisboa
- Juliet and Juliet MURMUR #2 - Isabel Cordovil
- "Virá que eu vi, Amazónia no Cinema", de Anabela Roque
- Cidade da Praia vai acolher a 13.ª edição do Encontro de Escritores de Língua Portuguesa
- Foco de Artista – Mónica de Miranda
- Lançamento Imaginários da Guiné-Bissau – o espólio de Álvaro de Barros Geraldo (1955–1975)



 «[…] segundo o que o povo contava, o menino abotoava roupas com assobios, desde a mais tenrinha idade que atacava bibes, calções, batas e pijamas com assobios, e ali mesmo, diante de toda a gente, estando a brincar de roda frente a Jesus, também o tinha feito, mas ninguém tinha dado por ele, e ficou Jesus incomodada com a descrição, Jesus não concebia que por um tal infantil motivo fosse uma criatura inocente encomendada à morte precoce e enclausurada pelo resto da vida, e eis que as Marias, dando credo aos contos populares, continuaram a apresentar o anónimo dizendo que, por azar, o menino tinha nascido com uma incorrigível virtude de bom e viciado assobiador, e assim como abotoava as suas roupas, também desabotoava as dos outros, por pura distracção, todas as crianças adoram chichorrobiar à toa e era isso que tinha ditado a sua sina, a criança não podia ir à missa, nem à escola, nem às procissões, nem assomar-se à janela sequer, e muito menos maravilhar-se como toda e qualquer criatura, o garoto não podia emitir sequer um desses silvos que todo o ser humano acrescenta para realçar o espanto, porque punha todo o mundo a nu, até o rei, mas menino faz exactamente aquilo que se lhe interdita e, por isso, o pequenote teve de ser considerado besta e condenado às masmorras domésticas porquanto nem todos os parentes e vizinhos aceitaram substituir nas suas e nas vestes das suas filhas botões por fechos e colchetes e também não estavam dispostos a ver-se nus na praça pública […]»
«[…] segundo o que o povo contava, o menino abotoava roupas com assobios, desde a mais tenrinha idade que atacava bibes, calções, batas e pijamas com assobios, e ali mesmo, diante de toda a gente, estando a brincar de roda frente a Jesus, também o tinha feito, mas ninguém tinha dado por ele, e ficou Jesus incomodada com a descrição, Jesus não concebia que por um tal infantil motivo fosse uma criatura inocente encomendada à morte precoce e enclausurada pelo resto da vida, e eis que as Marias, dando credo aos contos populares, continuaram a apresentar o anónimo dizendo que, por azar, o menino tinha nascido com uma incorrigível virtude de bom e viciado assobiador, e assim como abotoava as suas roupas, também desabotoava as dos outros, por pura distracção, todas as crianças adoram chichorrobiar à toa e era isso que tinha ditado a sua sina, a criança não podia ir à missa, nem à escola, nem às procissões, nem assomar-se à janela sequer, e muito menos maravilhar-se como toda e qualquer criatura, o garoto não podia emitir sequer um desses silvos que todo o ser humano acrescenta para realçar o espanto, porque punha todo o mundo a nu, até o rei, mas menino faz exactamente aquilo que se lhe interdita e, por isso, o pequenote teve de ser considerado besta e condenado às masmorras domésticas porquanto nem todos os parentes e vizinhos aceitaram substituir nas suas e nas vestes das suas filhas botões por fechos e colchetes e também não estavam dispostos a ver-se nus na praça pública […]»



