Género, domesticação e imigração contados por uma empregada de mesa em "Um Fado Atlântico"

A editora Urutau apresenta Um Fado Atlântico, novo livro da brasileira radicada em Portugal, Manuella Bezerra de Melo. O livro, publicado em Portugal e Brasil com distribuição para toda Europa, deve gerar algumas polêmicas em território português. Isto porque, a partir de uma personagem comum, uma empregada de mesa, o conto trata sobre questões espinhosas da imigração em Portugal. 


No prefácio que escreveu para o volume de poesia da antologia Volta para tua terra, Manuella Bezerra de Melo afirma que “A imigração é um labirinto”. Esta é a primeira pista para uma possível leitura de Um fado Atlântico, que conta a história de uma mulher imigrante presa neste labirinto. Empregada de mesa precarizada, esta personagem sem nome deixa sua cidade do outro lado do oceano para viver num país que, logo percebe, é muito diferente daquilo que imaginava. O que encontra é o subemprego e o preconceito, e passa por uma dificultosa adaptação onde é preciso muito esforço emocional para reconstruir seu lugar no mundo. 

Um Fado Atlântico é sobre a dimensão de gênero da imigração, principalmente para as mulheres brasileiras, mas também sobre a domesticação e a assimilação a que são submetidas as pessoas imigradas, evidenciando o sofrimento psíquico de alguém que se esforça para tornar-se aquilo que nunca poderá ser por uma tentativa inútil de se encaixar, de ser aceita, ou de minimamente não ser violentamente ferida. 

A autora delimita o livro a um tipo de ficção autobiográfica, género literário que tem sido explorado na produção contemporânea, principalmente no que tange a produzida por mulheres. E para Manuella, literatura e política são impossíveis de se distanciar. “Tudo na vida de uma mulher é político, não há uma fronteira que delimita o que é uma coisa e o que é outra”, explica. 

Segundo antecipa, a personagem do conto tem muito de si: a imigração, o trajeto que percorre, algumas experiências da vida prática. Entretanto a história é ficcional, e não há como ter certeza do que foi inventado e do que é real. “Neste livro, meu pacto com o leitor é deixá-lo livre para imaginar o que disto tudo pode ser da autora e o que pode ser somente dela, da personagem que também narra esta história, mas principalmente o que pode ser de todas nós, mulheres imigradas”, finaliza.

 A ilustração de capa é da artista eslovaca Zuzana Brakociová, e o livro está em venda no site da editora Urutau.

“há os poucos que perguntam de onde sou, o que faço aqui, normalmente as mulheres que, vez por outra, vem a seus papéis de esposa a constranger a imigrante da colônia que serve pratos aos maridos todos os dias. Respondo com educação, sucinta, calada, econômica. Quem era ela, econômica nas palavras. Evito olhar nos olhos para não ser mal interpretada. Respondo olhando para o chão, porque é para o chão olham as empregadas de mesa, e para onde devem olhar, é assim que rege o estatuto internacional deste ofício, principalmente o estatuto das imigrantes que servem mesas em tascas.” 

(Um fado Atlântico, IX, página 28 e 29) 

Minibiografia

Autora de Pés Pequenos pra Tanto Corpo (Urutau, 2019), Pra que roam os cães nessa hecatombe (Macabea,2020) e Um Fado Atlântico (Urutau,2022), Manuella Bezerra de Melo organizou a coleção de antologias VOLTA Para Tua Terra (Urutau, 2021; 2022). Participou de antologias poéticas, entre elas a Um Brasil ainda em chamas (Contracapa, 2022), e tem poemas e contos publicados em revistas literárias no Brasil, Portugal, Argentina, Colômbia, México, Equador e EUA. Para 2022 está previsto também seu primeiro livro de ensaio sobre a nova poesia brasileira no ciclo do Golpe de 2016 pela editora Zouk. É graduada em Comunicação Social com especialização em Literatura Brasileira, mestre em Teoria da Literatura e Literaturas Lusófonas e frequenta o Programa Doutoral em Modernidades Comparadas da Universidade do Minho, no norte de Portugal, onde vive desde 2017.

28.07.2022 | par Alícia Gaspar | Brasil, domesticação, editora urutau, género, imigração, livro, manuella bezerra de melo, Portugal, um fado atlântico

14ª edição do LEFFEST – Lisbon & Sintra Film Festival

Um ciclo de cinema muito especial organizado entre os dias 13 e 25 de Novembro.


O ciclo temático Confronting the Gaze – Os Olhares em Confronto, com curadoria de Alexey Artamonov, Denis Ruzaev e Ines Branco Lopez, nasce do desejo de homenagear filmes que ousaram questionar a natureza controversa da imagem cinematográfica e desafiar o olhar hegemónico do cinema, procurando novas e mais autênticas perspectivas.

Inicialmente introduzida na teoria do cinema através da crítica feminista, a noção de “gaze” / de “olhar”, que serve de premissa ao ciclo, vem sendo examinada através de diferentes perspectivas: de género, de raça, de classe, de resistência colonial, etc. O ciclo Confronting the Gaze procura ir ao encontro dessas perspectivas.

Organizado em torno de sete sessões duplas, o ciclo afirma olhares historicamente marginalizados, tradicionalmente menosprezados, procurando confrontar as relações de poder que o cinema produz e reproduz. As duplas de filmes seleccionadas estabelecem oposições ou relações de simbiose, por vezes complementam-se e, noutras alturas, resultam num diálogo pontuado pela ambiguidade.

Mais informação sobre o festival em: www.leffest.com

10.11.2020 | par martalanca | ciclo de cinema, classe, festival de cinema, género, raça, resistência colonial

História, Género e Conhecimento

O Seminário História, Género, Conhecimento pretende ser uma oportunidade para reflectir sobre a forma como a problematização de género marcou a produção de uma plêiade de autor@s e, também, a forma de produção de conhecimento da História e demais disciplinas. O seminário terá lugar no dia 6 de Fevereiro entre as 14h e as 17h no Colégio Almada Negreiros, Campus de Campolide da Universidade NOVA de Lisboa (Sala 217).

Após uma intervenção inicial, a cargo de Teresa Joaquim, seguir-se-á a discussão de breves textos e/ou imagens a distribuir pelos participantes. A partir dos materiais propostos queremos reflectir de forma crítica sobre estruturas e transmissão do conhecimento, práticas e teorias relacionadas com o ser-mulher, o feminino, a construção dos géneros no debate historiográfico, a par de outras disciplinas.

Este é um evento organizado no âmbito do Grupo “Cultura, Identidades e Poder” do IHC. A convidada para a abertura do seminário, Teresa Joaquim, é Professora Auxiliar da Universidade Aberta e coordenadora do Mestrado de Estudos sobre as Mulheres – Género, Cidadania e Desenvolvimento. É autora, entre outros, de livros como: Dar à luz, ensaio sobre as práticas e crenças da gravidez, parto e pós-parto em Portugal, Publicações D. Quixote, 1983, Menina e Moça, Construção Social da Feminilidade séculos XVII-XIX, Fim de Século, 1997; As causas das Mulheres. A comunidade infigurável, Lisboa, Livros Horizonte, 2004; Cuidar dos outros, cuidar de si – questões em torno da maternidade, Lisboa, Livros Horizonte, 2006 e Masculinidades/Feminilidades. 2010 (org). Porto, Edições Afrontamento.

A participação é livre, mas de inscrição obrigatória via o email culturaidentidadespoder@gmail.com

04.02.2020 | par martalanca | conhecimento, género, história

Artistas e educação radical na América Latina

Feminismo, Mulheres e Escolas de Arte

22 de outubro 2019 | 18h

com Hilary Robinson, Professor of Feminism, Art and Theory, Director of the Centre for Doctoral Training: Feminism, Sexual Politics, and Visual Culture, Loughborough University (U.K.) | Seminário em inglês

A relação entre mulheres, feminismo e escolas de arte é complexa e com especificidades geográficas. Enquanto o desenvolvimento do American women ́s art movement na década de 1970 é muitas vezes associado a programas particulares (i.e. o Feminist Art Program [Fresno State College 1970-1993; CalArts 1971-1975]) e à definição de instituições alternativas (i.e. o Feminist Studio Workshop [LA, 1973-1981]; New York Feminist Art Institute [1979-1990]), no Reino Unido a experiência foi muito diferente. Aí, as mulheres tenderam a organizar-se em grupos auto-didactas fora das escolas de arte, e com a excepção do MAFEM de Griselda Pollock em Leeds (1993-2003), a influência do feminismo na educação artística em escolas de arte restringiu-se a programas ad-hoc, seminários ou à influência de alguns professores. Contudo, os números e as percentages de alunas de arte cresceram exponencialmente desde os anos 1970 até à actualidade. Ancorando a discussão na história específica da experiência no Reino Unido, e partindo da minha experiência prévia enquanto Directora, esta comunicação irá analisar a situação de artistas mulheres em escolas de arte no Reino Unido na actualidade. Cinco décadas após a aplicação das primeiras pedagogias informadas pelo Movimento de Libertação das Mulheres, que pedagogias estão a ser utilizadas para formar grupos predominantemente femininos? O que podem ser estratégias feministas?

Local: Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa Auditório 3, torre B | Avenida de Berna 26, 1069-061 Lisboa

13.10.2019 | par martalanca | educação, feminismo, género, Hilary Robinson, Movimento de Libertação das Mulheres

Uma História das Mulheres em imagem, de Inês Brasão e Ana Biscaia

Na próxima sexta, Dia Internacional da Mulher, pelas 18h00, será lançado um livro feito a duas mãos. A Ana Biscaia compôs as ilustrações, e a Inês Brasão escreveu os textos. São 36 temas que contam uma História das Mulheres, deixando ao leitor muitos cantos vulneráveis em que se queira abrigar para refletir. A apresentação, acompanhada da inauguração da Exposição ligada ao livro, decorrerá no no Museu Nacional de Etnologia.

“Sabemos que a história oficial fez das mulheres sujeitos sem história. Fez das mulheres sujeitos sem desejo de falar, de se exprimir, de ter prazer, de se associar a partidos ou a causas. Fez delas profissionais de desejo, material de desejo, mas não sujeito de desejo. Fez da mulher um sujeito sem direito ao desejo de não fazer nada.”

04.03.2019 | par martalanca | género, ilustração, memória, mulheres

"DecliNações: questionando identidades nacionais, género e sexualidade"

Colóquio internacional, 29 e 30 de Outubro de 2018, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

As identidades nacionais têm-se revelado construções homogeneizadoras, orientadas para a obliteração das diferenças, não deixando, contudo, de ser relevantes a nível político (nacional e internacional), social, cultural, etc., apesar dos processos pós-nacionais internacionalizantes em vigor. Tais construções costumam identificar o nacional com certas imagens idealizadas do homem heterossexual em detrimento tanto das mulheres, quanto de outras identidades de género e orientações sexuais. Personagens de identificação nacional têm sido maioritariamente masculinas: soberanos, heróis de guerra, rebeldes que libertam a pátria de opressores, estrelas no desporto, música, pintura e outras artes, escritores e filósofos canônicos etc. Estas personagens masculinas, omnipresentes nas memórias das nações, costumam apresentar, além do mais, uma masculinidade hegemónica que exclui outras formas do masculino e legitima, até certo grau, a discriminação e a violência contra mulheres e os vários sujeitos do vasto leque da dissidência sexo-genérica.

A inclusão das mulheres nos discursos da identidade nacional tem muitas vezes traduzido, em várias e diversas latitudes, o desejo de domesticar a diferença e produzir um sujeito unitário com funções e caraterísticas definidas pelo patriarcado. Casos paradigmáticos são, por exemplo, a imagem generalizada da mulher africana decalcada do conceito de Mãe África, tornando-a guardiã das tradições, transmissora da ‘cultura’ e agente reprodutor, ou o recente enviesamento visível no Brasil, após o golpe de 2016, onde o recato e a domesticidade voltam a ser características enaltecedoras do sujeito mulher (como no caso da descrição da esposa do presidente Temer, pelos media, como “bela, recatada e do lar”).

Este colóquio propõe releituras críticas do nacional, em termos de género. No foco de interesse estarão países de língua oficial portuguesa – Angola, Brasil, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe – mas também as dinâmicas diaspóricas, regionais ou continentais nas quais estes países se inscrevem. Os feminismos, maioritariamente os do sul, constituem abordagens privilegiadas de análise, bem como os estudos queer, as epistemologias do sul ou a perspetiva decolonial.

CFP disponível aqui.

Equipa organizadora:
Doris Wieser (CEC, ULisboa)
Jessica Falconi (CEsA, ISEG, ULisboa)
Luciana Moreira (CES, UCoimbra)
Raquel Lima (CES, UCoimbra)
Simone Cavalcante (CEC, ULisboa)

Comissão científica:

Ana Paula Tavares (CLEPUL, ULisboa)
Catarina Martins (CES, UCoimbra)
Denilson Lopes (ECO, UFRJ)
Fernanda Gil Costa (CEC, ULisboa)
Inocência Mata (CEC, ULisboa)
Isabel Maria Casimiro (CEA, U Eduardo Mondlane)
Joacine Katar Moreira (ISCTE, IULisboa)
Luísa Afonso Soares (CEC, ULisboa)
M. Felisa Rodríguez Prado (U Santiago de Compostela)
Teresa Cunha (CES, UCoimbra)

Conferencistas e palestras confirmadas/os:

Ana Paula Tavares (CLEPUL, ULisboa), “Identidade e poesia. Construções, revisitas e tempo: Angola, discurso e pratica”
Catarina Martins (CES, UCoimbra), “Rompendo os corpus das literaturas nacionais africanas – corpos nus de mulheres negras”
Denilson Lopes (ECO, UFRJ), “Por uma historiografia queer das sensações”
Isabel Maria Casimiro (CEA, U Eduardo Mondlane), “‘Cinderelas do nosso Moçambique’: confrontando diálogos entre jovens feministas e veteranas da luta armada”
Joacine Katar Moreira (ISCTE, IULisboa), “Narrativas interseccionais negras em Portugal”
Teresa Cunha (CES, UCoimbra), “Podem as Sindarelas falar? DecliNações Feministas e pós-coloniais: Moçambique, Timor-Leste”

Esta atividade insere-se no âmbito dos projetos Feminismos e dissidência sexual e de género no Sul Global e Identidades nacionais em diálogo: construções de identidades políticas e literárias em Portugal, Angola e Moçambique (1961-presente), do grupo CITCOM do Centro de Estudos Comparatistas, FLUL.

Para mais informações sobre o evento, por favor seguir este link, ou o evento de facebook.

 

24.10.2018 | par martalanca | colóquio, género, identidades

CHAMADA DE TRABALHOS PARA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL GÉNERO NA ARTE DE PAÍSES LUSÓFONOS: CORPO, SEXUALIDADE, IDENTIDADE, RESISTÊNCIA

27 - 28 OUTUBRO 2017 (6ª feira - Sábado) FCSH- Universidade Nova de Lisboa 

Tony GumTony GumA conferência internacional Género na Arte de Países Lusófonos: Corpo, Sexualidade, Identidade, Resistência integra-se num conjunto de eventos organizados pelo Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado (MNAC-MC), pelo Centro de História de Arte e Investigação Artística (CHAIA) da Universidade de Évora (UE) e Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais (CICS.NOVA) da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH/UNL) que têm como objetivo principal debater de um modo transdisciplinar as questões de género no panorama artístico de países lusófonos contemporâneo (século XXI) desafiando assim os modelos tradicionais de produção de conhecimento do Norte Global. Com esta conferência procuramos juntar pessoas de diferentes contextos e proveniências que debatam estas questões de modo a contribuir para a construção de uma plataforma de troca de ideias, de experiências, de oportunidades de criação, de partilha e de solidariedade. As contribuições vindas de académicos, artistas, curadores, activistas, entre outras pessoas que demonstrem interesse em reflectir sobre estes temas são bem-vindas.

TÓPICOS

Esta conferência pretende reunir pessoas de diferentes países das lusofonias, vindas da academia, do activismo e de outras áreas, para reflectirem e dialogarem, de um modo crítico, transdisciplinar e sistémico, sobre a questão do género no foro da arte e da cultura contemporâneas. 
As contribuições devem focar-se na área das artes e da cultura e abordar, entre outras questões relevantes:
● O cruzamento da arte focado no género com perspectivas feministas, LGBTI, queer e pós-colonialistas;
● Representações de corporalidades e performatividades que questionam as categorias fixas de sexo, género, identidade sexual e desejo fazendo emergir novos discursos culturais identitários de subjectivação e autodeterminação, assertivos e autónomos;
● O género enquanto dimensão intrinsecamente ligada a outras, como a raça, a orientação sexual, a classe, a cultura, a idade, a (dis)capacidade e a educação, que conjuntamente produzem dinâmicas interaccionais específicas hierarquizadas;
● Num mundo globalizado, a combinação, de modo diversificado e complexo, de múltiplos hábitos sexuais e regimes de género, vindos de pessoas com diferentes pertenças no que respeita à cultura, nação e religião, multiplicam as configurações e variações das dimensões de género em que é possível viver;
● O modo como os corpos das minorias descriminadas como as mulheres, os gays, as lésbicas, transgénero e transsexxuais, entre outros, são afectados pela desigualdade de género que os oculta;
● Histórias de vida - herstories, e queerstories – em espaços e temporalidades concretas que mostram por meio de múltiplos suportes artísticos as suas vivências, passando-as do silêncio à representação revelando o que anteriormente fora proibido, escondido e ignorado no campo do desejo e da sexualidade;
● A dimensão de género na esfera íntima - nas relações, decisões e gestos da vida quotidiana - enquanto espaço onde se exerce o poder;
● Grupos culturais alternativos ligados ao apoio e divulgação de práticas artísticas centradas em identidades não heteronormativas sublinhando e revelando as ficções, as construções sociais e relações de poder em torno das categorias de género binárias;
● Os discursos que defendem a ‘naturalidade’ das identidades e sexualidades normativas que procuram impor;
● O «devenir» (tornar-se, transformar-se) beauvoiriano do género –desvendando as estruturas e processos responsáveis pela própria formação do género;
● O pós-pornográfico enquanto discurso e espaço de afirmação da vontade de criação que se distancia e recusa o discurso pornográfico heteronormativo;
● Personae e máscaras de género que rompem e questionam os discursos sociais, nomeadamente os dos meios de comunicação de massas, considerados responsáveis pela alienação, deturpação e criação de estereótipos de género, e pela percepção das sexualidades como meras mercadorias dessubjectivadoras.

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01.07.2017 | par martalanca | arte, CPLP, género

Amor ou hedonismo? Turismo, moralidade e mercadorização da intimidade

CENAS DO GÉNERO convida: Paradise: Love (2012, dir. Ulrich Seidl)sábado | 29 NOV | 17h | cinema e política à conversa, com Valerio Simoni (antropólogo) | entrada livre
no Zona Franca 

Nas praias do Quénia, como noutros lugares, a oferta turística organiza-se em torno da promessa de fruição absoluta. O desencanto com os trópicos surge muitas vezes pelo desencontro entre as imagens consumidas à distância, antes da viagem, e o contacto com os habitantes locais e suas circunstâncias quotidianas. As relações pessoais estabelecidas no efémero intervalo turístico parecem ser também capturadas por esta confusão de promessa e desencanto, ao dependerem de expectativas mútuas a jogo com categorias sociais saturadas por estereótipos de género, raça e classe, que por si motivarão desconfianças e mal-entendidos. Mas que transformações potenciam tais encontros? E o que permanece após a partida?
O filme Paradise: Love (2012, dir. Ulrich Seidl) mergulha num destes contextos de interacção, ao conduzir-nos pelo fenómeno do turismo sexual através do trajecto emotivo de uma mulher europeia de meia-idade, à deriva entre a euforia e o desespero quando a procura de gratificação pessoal a põe em confronto com o papel de sugar-mamma.

Para esta sessão de cinema, o colectivo Cenas do Género convida o antropólogo Valerio Simoni a lançar controvérsia sobre moralidade, turismo e a mercadorização da intimidade.

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24.11.2014 | par martalanca | género, Paradise: love, Quénia, turismo sexual

Género, sexualidade e práticas vaginais - Brigitte Bagnol

03.07.2011 | par martalanca | Brigitte Bagnol, género, sexualidade