Vale da Amoreira: Histórias da Cidade nas Margens, na Penhasco

O livro Vale da Amoreira: Histórias da Cidade nas Margens, de Bruno Simões Castanheira (fotos)Elsa Peralta (coord.) reconstrói a formação do Vale da Amoreira como expressão das grandes transformações sociais, políticas e económicas do Portugal contemporâneo – e da Margem Sul de Lisboa em particular. Localizado no concelho da Moita, o bairro nasceu do cruzamento entre industrialização e império, êxodo rural e urbanização acelerada, migrações internas e fluxos populacionais associados à descolonização. Trabalhadores vindos do interior rural, retornados, refugiados e imigrantes africanos convergiram neste território nos anos 1970, num processo marcado pela precariedade das políticas públicas de habitação e pelo improviso das ocupações de casas.

Desde então, o Vale tornou-se palco de tensões entre abandono estatal e resposta popular, revelando como as periferias são muitas vezes reduzidas a territórios de contenção – estigmatizados e negligenciados – mas também continuamente reinventadas pelas práticas quotidianas, pelas redes de entreajuda e pela luta coletiva.

26.11.2025 | por martalanca | Vale da Amoreira

Assédio nas Artes Performativas em Portugal

Resultados Preliminares do Estudo MUDA sobre a Incidência de Assédio nas Artes Performativas em Portugal. O projeto MUDA – Assédio nas Artes em Portugal divulga hoje os resultados preliminares do questionário nacional sobre assédio laboral (moral e sexual) no setor artístico em Portugal, financiado pela Direção-Geral das Artes. Com 611 inquéritos completos, os dados apontam para a incidência de episódios de assédio autoreportados ao longo das trajetórias profissionais e formativas de quem trabalha ou estuda nas artes performativas e áreas afins. 

Segundo os resultados, 74,8% das pessoas inquiridas afirmam ter experienciado situações de assédio moral e 49,8% referem ter passado por assédio sexual em algum momento do seu percurso. O estudo evidencia ainda que 40% a 77% dos casos envolveram situações em que existia hierarquia, sendo frequente a presença de pessoas em chefia artística ou pedagógica entre os potenciais agressores. 

Os contextos em que estas situações ocorrem distribuem-se entre atividade remunerada (entre 43% e 74%, consoante o tipo de assédio) e ambientes de formação, incluindo ensino artístico certificado e não certificado. Por outro lado, uma parcela muito significativa das pessoas afetadas — entre 39% e 70%, dependendo do tipo de assédio — refere nunca ter apresentado queixa ou pedido de ação inspetiva, apontando como razões principais o receio de consequências profissionais, o desgaste emocional e a falta de provas ou testemunhas

O estudo traça também um retrato preliminar da amostra: 70,2% mulheres cisgénero, média de 38,49 anos, predominância de residência urbana, elevado nível de formação superior e forte presença de profissionais independentes. 

Cautelas e enquadramento metodológico 

O MUDA sublinha que estes resultados têm caráter preliminar e devem ser cautelosamente interpretados. A participação no questionário foi voluntária e disseminada online, o que pode gerar viés de auto-seleção e não permite afirmar que a amostra é representativa de todo o setor artístico em Portugal. Adicionalmente, não estão ainda publicados todos os detalhes metodológicos, nomeadamente critérios de definição de assédio, distribuição por áreas artísticas ou análises estatísticas completas. Assim, os valores apresentados não devem ser interpretados como prevalência absoluta, mas sim como 

indicadores de tendência e sinais de preocupação que reforçam a necessidade de aprofundar o diagnóstico e estruturar respostas institucionais

Próximos passos 

A equipa do MUDA encontra-se a realizar a análise detalhada dos dados, que dará origem ao Relatório Final, previsto para publicação no final de Março de 2026. Este documento irá incluir enquadramento metodológico completo, análises quantitativas e qualitativas detalhadas, cruzamentos sociodemográficos e recomendações para políticas públicas e práticas institucionais no setor artístico

Apresentação 

Entre 2018 e 2019, Raquel André e Catarina Vieira reuniram regularmente um grupo de mulheres profissionais das artes para partilharem as suas experiências no setor artístico, com uma abordagem feminista interseccional. Estes encontros permitiram levantar questões urgentes sobre igualdade de género, precariedade, entre outras, bem como identificar algumas ações concretas para dar resposta a esses desafios. Mais importante ainda, criaram um espaço de escuta onde foi possível acolher os primeiros testemunhos sobre experiências de assédio no meio artístico, revelando a necessidade de continuar a questionar e investigar. Estes relatos indicaram que o fenómeno do assédio nas artes é mais amplo do que aquilo que conseguimos analisar empiricamente. 

Paralelamente a esta iniciativa, Raquel André, Sara de Castro e Catarina Vieira criaram autonomamente projetos artísticos, realizados de forma colaborativa com outras mulheres, que refletiram sobre questões de género sob uma perspetiva de transformação social, política e artística. Estes projetos, que envolveram a participação de mulheres de diferentes comunidades, deram continuidade à reflexão sobre a desigualdade e violência de género, contribuindo para um maior conhecimento sobre o tema em diferentes contextos, tanto a nível nacional como internacional. 

Em dezembro de 2022 e outubro de 2024, a PLATEIA, da qual Sara de Castro e Raquel André fazem parte da direção, organizou, em colaboração com o sindicato CENAS-STE, conversas sobre assédio no sector da cultura, nas cidades do Porto e Lisboa. Nessas conversas, participaram profissionais das artes e da cultura, agentes sindicais e a advogada Joana Neto, especialista em Direito do Trabalho. 

Com base nas necessidades identificadas, Catarina Vieira, Raquel André e Sara de Castro criaram o projeto MUDA

O estudo científico está a ser realizado por uma equipa multidisciplinar de investigadoras: Ana Bártolo e Isabel Silva (Psicologia), Dália Costa (Sociologia), Joana Neto (Direito do Trabalho). 

Co-coordenação executiva: Catarina Vieira, Raquel André, Sara de Castro 

Design Gráfico e Comunicação: Pat Cividanes 

Assessoria de Imprensa: Mafalda Simões 

Gestão Financeira: Missanga 

Estudo Científico: 

Co-coordenação do estudo científico: Ana Bártolo e Isabel Silva 

Equipa de investigação científica: Ana Bártolo, Dália Costa, Joana Neto, Isabel Silva Financiamento: Direção Geral das Artes - DGARTES 

+info: www.mudaprojeto.com 

 

25.11.2025 | por martalanca | artes, assédio

Violência contra as mulheres

Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres (PpDM), coordenação nacional do Lobby Europeu das Mulheres (LEM), assinala o 25 de Novembro alertando que a violência contra as mulheres, em todas as suas formas, continua a ser uma das mais graves, persistentes e negligenciadas crises de direitos humanos

Os números não deixam margem para dúvidas, e são uma evidência da brutal dimensão do problema: uma em cada três mulheres no mundo já foi vítima de violência física ou sexual ao longo da vida (segundo o mais recente estudo da Organização Mundial da Saúde [1]) e as últimas duas décadas registaram pouco ou nenhum progresso na sua redução. Esta realidade exige ação urgente, firme e coordenada.

Em 2025, Campanha UNiTE das Nações Unidas coloca no centro da mobilização global uma dimensão de violência que cresce de forma acelerada: a violência digital contra mulheres e raparigas. No ano em que o mundo assinala os 30 anos da Plataforma de Ação de Pequim, estamos perante uma mutação da violência: a violência digital, alimentada pela misoginia, pelo ódio organizado, pela pornografia violenta e pelas tecnologias avançam mais depressa do que os direitos humanos.

Este fenómeno, que inclui violência com base em imagens [2], perseguição digital e campanhas de ódio, integra o  já conhecido ‘continuum de violência’ [3] contra raparigas e mulheres. Esta violência move-se, sem barreiras, entre o  online e offline, revelando a linha cada vez mais ténue que separa estas duas  esferas.

Neste contexto, importa recordar que a nova Diretiva da União Europeia relativa ao combate à violência contra as mulheres e à violência doméstica constitui um avanço decisivo no reconhecimento da violência digital como crime. Pela primeira vez, quatro formas de abuso online passam a estar claramente definidas como infrações penais: a partilha não consentida de material íntimo ou manipulado, o stalking online, o assédio online e o incitamento ao ódio ou à violência online. Esta Diretiva representa um passo significativo para reforçar a proteção das mulheres e raparigas face à violência baseada no sexo, mas exige ação firme: o Estado português deverá transpô-la para a legislação nacional até 2027. Apelamos, por isso, ao apoio e à promoção desta transposição, essencial para garantir que a ciberviolência é reconhecida, prevenida e punida como o crime que é. 

Afeta desproporcionalmente raparigas, jovens mulheres, defensoras de direitos humanos, jornalistas e mulheres na vida pública, que enfrentam um volume crescente de ameaças e ataques online, com o objectivo de as silenciar, intimidar e expulsar do espaço público.

violência digital aumenta igualmente o risco de violência física, económica e psicológica, constituindo uma forma de controlo coercivo que limita liberdades fundamentais e inviabiliza a participação política, social e económica plena das mulheres. 

Atualmente, menos de metade dos países do mundo têm legislação adequada sobre violência digital, persistindo uma enorme falta de mecanismos eficazes de denúncia e apoio. As plataformas tecnológicas, atores centrais neste ecossistema, continuam também a falhar ao nível da prevenção e da resposta a este fenómeno, permitindo que a violência se normalize. 

Desde 2023, a PpDM tem vindo a implementar o projeto bE_SAFE - Conscientização sobre a CIBERVIOLÊNCIA e defesa de um ambiente online mais seguro para raparigas e mulheres, nomeadamente através da formação de docentes, forças de segurança, serviços sociais e comunidades educativas. O relatório realizado no âmbito deste projecto, resultante de 27 grupos focais (189 crianças e jovens, e 102 docentes e pessoal técnico), aponta para uma normalização e banalização da violência online entre crianças e jovens, a qual tende a ser maioritariamente perpetrada por rapazes e homens (incluindo na violência entre si).

Independentemente da faixa etária, o relatório afirma uma percepção comumente partilhada quanto ao peso que a persistência de estereótipos sobre as raparigas e as mulheres, a sua sexualização e a pressão colocada continuam a assumir no favorecimento destas como principais vítimas da violência online.

Constata-se uma clara continuidade, reconhecida desde logo pelo/as jovens, entre a violência online e a violência presencial, as quais se assumem enquanto extensão de uma mesma dinâmica abusiva.

Não são, portanto, “problemas online”. São crimes reais, com impactos reais, que destroem vidas reais.

Em Portugal, é uma urgência crescente. O relato [4] sobre o aumento do consumo de pornografia cada vez mais violenta entre jovens, que começa cada vez mais cedo e molda perceções de sexualidade e relações de poder, alerta para a necessidade urgente de respostas educativas e preventivas robustas, que enfrentem a influência da pornografia na construção das masculinidades e na normalização da violência sexual. 

Não podemos ignorar que este fenómeno se reflete diretamente no aumento de comportamentos abusivos online e offline, alimentando dinâmicas desiguais entre mulheres e homens desde idades cada vez mais precoces.

Este 25 de Novembro, exige que passemos do reconhecimento à ação.

A violência digital contra mulheres e raparigas não é periférica. Não é “nova”. Não é “menor”. É estrutural. É sistémica. E serve interesses económicos, políticos e patriarcais.

Neste sentido, e em linha com o Relatório sobre a Ciberviolência contra as Mulheres (2024) do LEM, exigimos:

  • Que o Estado português assuma a violência digital como uma prioridade política nacional, com leis específicas, eficazes e aplicadas.
  • Que as plataformas tecnológicas,  que continuam a lucrar com o ódio, com o assédio e com a violência sexual sejam responsabilizadas e atuem sobre esta realidade.
  • Que se assegure uma educação sexual feminista, que enfrente a pornografia violenta, as masculinidades tóxicas e os padrões culturais que normalizam o abuso.
  • Que haja proteção efetiva para mulheres na vida pública, frequentemente alvos de ataques coordenados que pretendem expulsá-las da participação cívica e política.
  • Que seja feito um investimento real, contínuo e sustentável nas organizações de mulheres - , que são quem verdadeiramente apoia, acolhe, forma, denuncia e  transforma -, bem como um reforço da cooperação entre as várias entidades implicadas (intervenientes da UE, Estados-Membros, setor tecnológico, sociedade civil, vítimas, instituições nacionais de direitos humanos, organizações de direitos das mulheres, etc.)
  • Que se ponha um fim à impunidade.

     

A violência digital é violência real, e mata.

O 25 de Novembro não é apenas um dia de evocação. É um dia de luta.

Unimos a nossa voz à de milhões de mulheres e raparigas em Portugal e no mundo. 

Unimo-nos para acabar com a violência digital. Unimo-nos para acabar com todas as formas de violência contra mulheres e raparigas.

 

25.11.2025 | por martalanca | Violência contra as mulheres

Inauguração do Jardim do Memorial do Massacre de Santa Cruz

No âmbito do projeto “Parceria para o Reforço da Governação Urbana, Inclusão Social e Promoção do Empreendedorismo, em Díli, Timor-Leste”, terá lugar no dia 26 de novembro, às 17 horas, a inauguração do Jardim do Memorial do Massacre de Santa Cruz - terminando a implementação deste projeto, que durou 42 meses (1 de maio de 2022 até 30 de novembro de 2025), com um evento marcante.

Nesta cerimónia, cujo anfitrião será o Ministro da Administração Estatal, em parceria com a Delegação da União Europeia em Timor Leste, cofinanciadora do projeto e com a UCCLA, coordenadora do mesmo, será apresentado o mais recente espaço público requalificado na capital que dispõe de espaços verdes, zonas pedonais, iluminação, sanitários públicos, um Memorial e um Centro de Interpretação onde pode ser prestada homenagem e relembrado o Massacre de Santa Cruz, que ocorreu a 12 de novembro de 1991 e que marcou um ponto de viragem na Luta pela Libertação de Timor-Leste. 

Além do Ministro da Administração Estatal, Tomás do Rosário Cabral, a cerimónia contará com outros membros do governo, membros do Parlamento Nacional, Embaixador de Portugal em Dili, Duarte Bué Alves, Embaixador da Delegação da União Europeia em Dili, Thorsten Bargfrede, Secretária-Geral Adjunta da UCCLA, Paula Leal da Silva, e ainda com representantes da autoridade municipal da cidade capital, bem como de outras altas entidades e representantes do corpo diplomático. 

O projeto Parceria para o Reforço da Governação Urbana, Inclusão Social e Promoção do Empreendedorismo em Díli, Timor-Leste, ref.ª CSO/LA/2021/428-398, tem o financiamento da União Europeia e cofinanciamento do Governo de Timor-Leste, é implementado pelos parceiros Autoridade Municipal de Díli (AMD), União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) e Câmara Municipal de Lisboa (CML), sob orientação do Ministério da Administração Estatal.

Militares indonésios abriram fogo sobre a multidão presente no cemitério de Santa Cruz e provocaram a morte de 74 pessoas no local. (Max Stahl)Militares indonésios abriram fogo sobre a multidão presente no cemitério de Santa Cruz e provocaram a morte de 74 pessoas no local. (Max Stahl)

25.11.2025 | por martalanca | timor leste

Rito de Transição: Corpo T

estreia na Sala Estúdio Valentim de Barros a 3 de dezembro

Rito de Transição: Corpo T é a nova criação de Ritó Natálio, que se apresenta na Sala Estúdio Valentim de Barros, nos Jardins do Bombarda, de 3 a 7 de dezembro. Uma coprodução do Teatro Nacional D. Maria II e da Associação Parasita, o espetáculo integra o STAGES – Sustainable Theatre Alliance for a Green Environemental Shift, um projeto cofinanciado pela União Europeia e, através do qual, ao longo de três anos, Ritó Natálio desenvolveu uma pesquisa que cruzou as artes e as ciências, refletindo sobre ambientes não-binários, biotecnologia, processos de transição corporal, social e ecológica, e o espaço teatral.

Rito de Transição: Corpo T resulta deste processo de investigação e apresenta-se como uma ode às parentalidades e infâncias queer, brincando com a linguagem que se transmite e que transita entre a boca de pessoas adultas e a boca das crianças (e vice-versa). Uma fábula política dedicada aos processos de transição — corporal, hormonal, social e ecológica —, onde se cruzam bichos inventados, com sete asas e zero olhos, florestas feridas por monstros, danças de ovos e casulos e mitologias para corpos em flor que desejam a transformação.
Nestas histórias, o que está por vir é uma cicatriz do que aconteceu há muito tempo. Experimenta-se traduzir essa cicatriz em língua de crianças, criar peles vegetais, esculpir bocas de pedra e, sempre que possível, brincar. Um rito compartilhado de transição, que experimenta ser um poema intergeracional e habitar um espaço alquímico entre artes e ciências.

Rito de Transição: Corpo T é, assim, uma fábula política idealizada por Ritó Natálio, sobre o que se transforma (e o que se perde), num mundo em aceleração constante. O espetáculo conta com performance e colaborações de Jonas Van, Penélope Levi Natálio, Ritó Natálio e Shereya.

Em cena na Sala Estúdio Valentim de Barros, nos Jardins do Bombarda, em Lisboa, de 3 a 7 de dezembro, o espetáculo conta com interpretação em Língua Gestual Portuguesa na última sessão, no dia 7 de dezembro, domingo, às 16h.

25.11.2025 | por martalanca | Ritó Natálio

Kriolu Ku Gii ao vivo em Assomada – Debate sobre a Oficialização da Língua Cabo-verdiana

Local: Rua d’Arte – Cidade de Assomada
Data: 28 de Novembro de 2025 (sexta-feira)
Hora: 16h00 – 18h30

Tema central do evento

“Ofisializason di Língua Kabuverdianu – Kaminhus, Dizafius i Konsensu”
(Oficialização da Língua Cabo-verdiana – Caminhos, Desafios e Consensos)

Este debate pretende contribuir para a discussão nacional sobre a oficialização e o ensino da nossa língua, reunindo especialistas, artistas, estudantes e comunidade local. 

Programação

  • Abertura – Enquadramento do tema e apresentação (Gii)

  • Painel 1 — Variantes da Língua Cabo-verdiana 

  • Painel 2 — Ofisializason di Kriolu (estatuto legal)
    – Prof. Marciano Moreira — situação jurídico-legal do processo de oficialização
    – Crisálida Correia — identidade cabo-verdiana e implicações educacionais
    – Maria José — importância da escrita em língua materna (abordagem poética)

  • Interação com o público – Perguntas e respostas

  • Encerramento – Nota final e performance artística


Convidados principais

  • Prof. Marciano Moreira —  oficialização do Kriolu (estatuto legal)

  • Crisálida Correia — identidade e ensino

  • Maria José — literatura em língua materna

  • Gii — moderação / apresentação

25.11.2025 | por martalanca | língua caboverdiana

Sessão especial do filme “Contos do Esquecimento" em Lagos

 

Seguido de debate com a realizadora Dulce Fernandes, Luís Raposo (arqueólogo) e Marta Araújo (investigadora). 29 de novembro de 2025 19h00-20h30Local: Auditório do Edifício dos Paços do Concelho Séc. XXI, Lagos

Entrada gratuita mediante inscrição obrigatória em: https://forms.gle/ffEQyM4whQCyPBFU8

CONTOS DO ESQUECIMENTO documentário | 63’ | 2023
Achados arqueológicos recentes em Lagos, no sul de Portugal, revelaram o passado esquecido do papel de Portugal no tráfico transatlântico de africanos escravizados. Invocando a distância entre o que queremos esquecer e a urgência da memória, Contos do Esquecimento é um território de revelação do passado no presente.

 

21.11.2025 | por martalanca | Contos do Esquecimento, Lagos

O Agente Secreto

No próximo sábado, dia 22, às 21h15, o Cinema Ideal apresenta uma sessão especial de O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho, que conta com a presença da actriz Isabél Zuaa. A participação da actriz oferece ao público uma oportunidade privilegiada de contacto com o outro lado do filme, enriquecendo o diálogo que a obra suscita. Isabél Zuaa é uma actriz portuguesa com carreira consolidada no Brasil e em Portugal.


Ambientado em 1977, durante uma época particularmente sombria da ditadura militar no Brasil – que perdurou até 15 de Março de 1985 –, a história acompanha Marcelo, um professor que abandona São Paulo para regressar a Recife (Pernambuco), a sua cidade natal. Na tentativa de se afastar de um passado marcado pela violência, Marcelo tenta reconstruir a vida num ambiente que, à primeira vista, parece proporcionar-lhe a paz que ambiciona. Mas depressa descobre que ali as pessoas vivem sob o mesmo clima de repressão e medo que julgava ter deixado para trás. Em competição no Festival de Cinema de Cannes, onde o actor Wagner Moura recebeu o prémio de melhor actor e Kleber Mendonça Filho (“O Som Ao Redor, “Aquarius, “Bacurau, “Retratos Fantasmas) o de melhor realizador, este “thriller” político foi também laureado com o prémio FIPRESCI, atribuído pela Federação Internacional de Críticos de Cinema. O elenco integra ainda Carlos Francisco, Robério Diógenes, Roney Villela, Gabriel Leone, Alice Carvalho, Hermila Guedes, Isabél Zuaa, Maria Fernanda Cândido e Tânia Maria. 

20.11.2025 | por martalanca | O Agente Secreto

A Cidade Invisível:

 curtas-metragens rodadas na periferia de Lisboa lembram Odair Moniz e estreiam no Cinema Ideal a 28 de Novembro
 

Um conjunto de seis curtas-metragens feitas por alunos da escola suíça HEAD, orientados pelo realizador Basil da Cunha, estreiam a 28 de Novembro, às 21h30, no Cinema Ideal, em Lisboa. A sessão conta com o apoio do Doclisboa - Festival Internacional de Cinema e será uma oportunidade única para ver estes filmes que retratam os bairros periféricos de Lisboa e que foram rodados num contexto muito particular e inesperado: o assassinato de Odair Moniz por um agente da PSP a 21 de Outubro de 2024.

Durante o workshop feito em Lisboa pelos alunos da HEAD, a morte de Odair Moniz teve um impacto profundo nos autores, nos protagonistas e nos próprios filmes. Tendo acontecido a meio da produção, este acontecimento transformou os projectos em objectos que vão além de retratos documentais. A Cidade Invisível é uma radiografia de um momento crucial na história recente de Portugal — um país que, durante demasiado tempo, silenciou a realidade da violência policial nas suas periferias.

Trabalhando em pares, os estudantes de cinema criaram um retrato documental de residentes locais, moldando uma cartografia sensível dos bairros periféricos da cidade. O projecto começou sob o impulso de António Brito Guterres, investigador e “dinamizador urbano”, cujo trabalho ilumina as zonas sombrias da “cidade branca”, abrindo uma reflexão crucial sobre a invisibilização desses territórios.

Os primeiros encontros com os protagonistas tiveram lugar em vários bairros da Grande Lisboa, guiados pela artista visual e produtora Maíra Zenun. Esta primeira fase alternou entre a procura de locais, escrita e as primeiras filmagens, complementadas por um workshop de câmara do director de fotografia Rui Xavier. Nas semanas seguintes, sob a supervisão da realizadora Cláudia Varejão, os alunos continuaram a escrever e a filmar, com o apoio de Basil da Cunha, Pedro Diniz e Eliana Rosa —  colaboradores de longa data enraizados nessas comunidades.

Os filmes que integram A Cidade Invisível foram criadas no âmbito do “Grand Atelier” da HEAD – Genebra, um workshop de três semanas realizado no estrangeiro, Em 2024, o workshop decorreu em Lisboa, em colaboração com a Escola de Cinema da Universidade Lusófona, orientado por Basil da Cunha – cineasta e professor na HEAD desde 2013, que se dedicou a filmar a comunidade da Reboleira ao longo de duas décadas.

Anita Hugi, directora do Departamento de Cinema, felicita a estreia destes filmes em colaboração com o Doclisboa, no Cinema Ideal: “São obras notáveis de beleza cinematográfica e humana. Reflectem a abordagem da nossa escola de cinema: cinema inovador, vozes individuais fortes e um processo de trabalho baseado na estreita colaboração com os protagonistas, que participam activamente na criação de cada filme.”

Sinopses
Entre cães e lobos
Khalissa Akadi, Mathilde Sauvère
2025, 13’ 

N’O Fim Do Mundo, um dos bairros de Lisboa, o coração de Leo está em chamas. Quando Odair Moniz é assassinato, Leo recusa-se a permanecer em silêncio. Ele quer compreender, agir, vingar-se e transformar. Mas como pode ele iniciar uma revolução? Como pode ele fazer ouvir a sua voz? Entre uma vontade feroz de viver, esperanças ardentes, um desejo de revolta e a necessidade de agir, Leo traça um caminho para a resiliência.

Solo De Vidro
Achiraf Djakpa, Jonathan Leggett
2025, 23’

Kleyton é um jovem adolescente que sonha um dia tornar-se dançarino. Junior, por outro lado, sonha em ser futebolista. Ambos vivem nos bairros periféricos de Lisboa: Cova da Moura e Reboleira.

Com o mar
Selam Tesfu Michael, Gabriel Berrada
2025, 22’

No bairro do Fim do Mundo, Álvaro, um jovem da comunidade cigana, está prestes a ser pai pela primeira vez. À medida que o nascimento se aproxima, ele recorre às pessoas à sua volta para compreender o que significa transmitir valores, proteger e amar num mundo onde a sua comunidade ainda enfrenta isolamento político, preconceito e estigmas profundamente enraizados.

No Mundo
Sirak Ghere, Luca Quiero
2025, 14’

Ao volante da sua carrinha pintada com as cores da sua empresa, Tiago Melo percorre os arredores de Lisboa para entregar os seus ovos. Através deste trabalho invulgar, descobrimos um homem com um passado conturbado que encontrou o seu caminho de volta, contado com um toque de humor. 

Xineza
Clélia Baudrie, Noah Chung
2025, 15’

Xineza é uma jovem determinada e poderosa. Mãe solteira, ela luta para fazer ouvir a sua voz no exigente mundo da música. Acompanhando a sua luta diária, o filme retrata a realidade de ser uma mulher negra de origens desfavorecidas, numa experiência moldada pela esperança, pelas dificuldades e pela resiliência. Uma visão íntima de um caminho repleto de obstáculos, impulsionado por uma vontade inabalável de sucesso.

Vera
Solveig Carnajac, Julien Monges
2025, 21’

Vera é o retrato de uma mulher que tenta viver a sua paixão pela música apesar das dificuldades no quotidiana: precariedade, racismo e trabalho exaustivo.

Contactos  Miguel Chorão press@doclisboa.or

20.11.2025 | por martalanca | filmes

Casa 75 de Branca Clara das Neves

Casa 75 é um romance provocatório e celebrativo do ano de 1975. 
Danda, Fitinha, Marika, Daluz, Hendrix, Roberto e Naka são os eixos deste romance num lugar em que a urgência estonteante da sua juventude conflui com o romper dos seus novos países.
Algumas outras personagem atravessam este contar, vivendo todos a excepcionalidade da transição, as suas memórias conduzindo a raptos súbitos para lugares de vida extrema — a guerra, o amor, o luto, o poder da festa. Na presença pulsional da utopia e do apagamento da violência. No centro está a Casa, antigo lar feminino ocupado, onde partilham sonhos, ambições, reflexões e descobertas com os sons das músicas e das suas línguas, no ritmo dos debates e eventos políticos, rupturas e escolhas que irão marcar o seu futuro.

20.11.2025 | por martalanca | Branca Clara das Neves

Chovha xitaduma: Empurra que vai pegar - Kulungwana Gallery

18.11.2025 | por martalanca | Maputo

"DIA JÁ MANCHE": o espírito do Monte Cara renasce

Celebrando a herança do mítico clube lisboeta Monte Cara!

Há canções que atravessam o tempo como quem atravessa o Atlântico, ou seja, carregadas de memória, saudade e promessa de reencontro. “Dia Já Manche”, composição emblemática de Paulino Vieira, é uma dessas canções que agora regressa numa versão inédita que reúne três das vozes mais poderosas da lusofonia contemporânea. Este não é apenas um single. É um manifesto vivo da herança partilhada entre gerações e geografias, com Lisboa como ponto de encontro. É a Banda Monte Cara, grupo reunido por Alcides Nascimento, quem dá corpo a esta nova versão de “Dia Já Manche”. Um projecto que junta veteranos que tocaram naquele que foi mais do que um clube. Aberto em 1976 na Rua do Sol ao Rato, o Monte Cara, gerido pelo lendário Bana (Adriano Gonçalves), tornou-se epicentro incontornável da cultura africana na capital. Foi ali que a morna encontrou o fado ao balcão, que vozes como Cesária Évora, Paulino Vieira, Armando Tito e Celina Pereira marcaram gerações com actuações íntimas e revolucionárias. Agora, esses veteranos juntam-se a músicos da nova geração e trazem como convidados especiais três vozes que cruzam três continentes numa só canção: a alma das tabancas guineenses de Micas Cabral, uma das vozes mais emocionantes da Guiné-Bissau e rosto sonoro do lendário Tabanka Djaz; a entrega emocional e autêntica de Mário Marta, premiado revelação da música cabo-verdiana contemporânea; e as raízes urbanas de Luanda na voz de Chalo Correia, cantautor angolano herdeiro da tradição do semba de mestres como Ngola Ritmos, David Zé ou Urbano de Castro. O tema surge no seguimento do EP gravado em 2021 por Alcides Nascimento. O mesmo reuniu músicos históricos do Monte Cara numa viagem sonora que pôs Lisboa a dançar com saudade, mas que não se ficou pelas mornas e coladeiras, desaguando também noutras margens da música africana e da diáspora.

 

17.11.2025 | por martalanca | Monte Cara

Cantos e Contos de Resistência: Histórias e Celebrações Afro-Brasileiras”

Evento gratuito reúne narrativas, cantos, danças e oficinas com proposta de arte-educação antirracista para todas as idades, em Niterói.

A Prefeitura de Niterói e a Secretaria Municipal das Culturas apresentam no dia 25 de novembro, no Centro Eco Cultural Sueli Pontes, o evento “Cantos e Contos de Resistência: Histórias e Celebrações Afro-Brasileiras”. Com entrada gratuita e idealizado por Michelle Bittencourt e com produção do Ateliê Formativo, o evento de arte-educação antirracista  propõe uma imersão nas tradições orais, festas populares e expressões culturais de matriz africana, reconhecendo esses territórios como espaços vivos de resistência, aprendizado e celebração. 

Contemplado no Edital Aldir Blanc de Fomento à Cultura, o projeto conta com uma programação voltada a todos os públicos, em especial às infâncias, juventudes e comunidades do território. Além disso, apresenta diversas atividades como contação de histórias afro-brasileiras (mitos iorubás, contos de quilombo e narrativas de griots), rodas de conversa sobre ancestralidade oralidade e festas populares, além de oficinas como vivências em danças afro e experimentações com instrumentos de percussão, tudo de forma a reconhecer e valorizar os saberes ancestrais que seguem pulsando nos terreiros, nas ruas e nas vozes do povo. 

Inspirado em pensadoras e pensadores, como Nego Bispo, Sinara Rúbia, Sueli Carneiro, Nilma Lino Gomes, bell hooks e Muniz Sodré — nomes que contribuem com reflexões fundamentais sobre ancestralidade, oralidade, interseccionalidade, educação e resistência — o evento adota uma metodologia participativa, antirracista e intercultural, valorizando o corpo, a escuta ativa e o diálogo comunitário como ferramentas de ensino-aprendizagem. A oralidade é tratada como uma tecnologia ancestral e é ,também, o eixo central das práticas, fortalecendo a memória coletiva e os vínculos afetivos entre os participantes.

“O Cantos e Contos de Resistência é um chamado às memórias que dançam, cantam e contam histórias. É encontro de vozes ancestrais e contemporâneas que celebram a força do povo negro, semeando beleza, consciência e liberdade em cada palavra, em cada ritmo, em cada gesto” - Marietta Nidecker, diretora executiva do Ateliê Formativo.

“Este projeto nasce como um sopro de esperança e memória. Nossas histórias não ficaram no passado: caminham conosco, se renovam e apontam futuros possíveis. Cantos e Contos de Resistência é mais que um evento: é um território vivo de celebração, onde vozes negras se erguem, reafirmando que seguimos aqui, firmes, cantando e contando a vida!” — Michelle Bittencourt, curadora.

Comprometido com a acessibilidade, o evento contará com intérprete de Libras durante as rodas de conversa. Outro destaque é a equipe majoritariamente formada por mulheres negras, reafirmando o caráter interseccional da iniciativa e fortalecendo representações sociais historicamente invisibilizadas. Essa composição não apenas fortalece representações sociais historicamente invisibilizadas, como também inspira novas gerações ao mostrar que conhecimento, cultura e liderança podem — e devem — partir de vozes negras femininas. 

Programação:

10h30 às 12h 

1. Introdução às Oralidades Negras

Contação de histórias

Primeiro contato com as tradições orais afro-brasileiras.

Profissional: Joana Gonçalves / acompanhada com músico

Profissional: Perla Duarte / acompanhada com músico

12h às 13h - INTERVALO PARA ALMOÇO

13h às 14h

2. Cantando e Contando: Os Ritmos da Resistência

Oficina de cantos tradicionais e narrativas

Vivência musical e narrativa das resistências do povo negro.

Rodrigo Reis

14h às 15h

3. Festas Populares Afro-Brasileiras: História e Significados

Roda de conversa e troca de saberes

Reflexão sobre os sentidos culturais e políticos das festas populares de matriz africana.

Ricardo Pereira / Rosane Souza / Mediação de Michelle Bittencourt

15h às 16h

4. Corpo em Movimento: Danças e Rituais de Celebração

Oficina de dança e prática corporal

Exploração do corpo como instrumento de expressão e celebração da cultura negra.

Jessyca Soares / acompanhada de músico

16h às 16h30

5. Grande Festa de Encerramento: Celebração Comunitária

Apresentação artística e roda de celebração

Síntese das aprendizagens, celebração comunitária e afirmação da resistência cultural.

Pábio do Violão

Serviço: “Cantos e Contos de Resistência: Histórias e Celebrações Afro-Brasileiras”

Local: Centro Eco Cultural Sueli Pontes. Endereço: Av Celso Kelly, 378 - Piratininga. Niterói. RJ. 

Data: 25 de novembro de 2025 (terça-feira), das 10h às 17h

Evento gratuito.

Classificação etária: livre

Acessibilidade: o projeto terá intérprete de LIBRAS integralmente.

Contato: atelieformativo@gmail.com

13.11.2025 | por martalanca | Celebrações Afro-Brasileiras, Niterói

Entre a Palavra e o Silêncio, curadoria de Adelaide Ginga

No próximo dia 22 de novembro, o MACAM abre ao público duas novas exposições temporárias: Entre a Palavra e o Silêncio - Obras da Coleção José Carlos Santana Pinto, com curadoria de Adelaide Ginga, que marca o início de uma nova abordagem do conceito intrínseco ao MACAM - The House of Private Collections, revelando pela primeira vez ao público uma coleção privada convidada; e O eu como múltiplo, com curadoria de Carolina Quintela, a terceira exposição temporária da Coleção MACAM, que através de obras de artistas nacionais e internacionais explora a multiplicidade do eu e a relação com o outro. 

Entre a Palavra e o Silêncio - Obras da Coleção José Carlos Santana Pinto Curadoria: Adelaide Ginga Galeria 3 - Ed. Exposições Temporárias De 22 novembro 2025 até 01 junho 2026 O MACAM apresenta ao público uma nova dimensão do conceito The House of Private Collections com a estreia de uma coleção particular convidada: a coleção de José Carlos Santana Pinto. Reconhecido pela sua abordagem atenta e rigorosa, o colecionador construiu ao longo dos anos um acervo singular, onde se destacam a reflexão conceptual, a economia formal e a intensa relação entre palavra e pensamento crítico. As obras agora reunidas no MACAM revelam diferentes vertentes desta coleção, marcada pela convivência entre artistas portugueses e internacionais, pela procura de diálogos visuais e conceptuais em múltiplos suportes que ultrapassam fronteiras geracionais. Fiel à sua visão, o colecionador entende a arte como um espaço de interrogação — “o belo tem de fazer perguntas” —, conferindo às peças selecionadas uma força que é tanto estética como reflexiva. Com curadoria de Adelaide Ginga, a exposição reafirma o compromisso do MACAM em promover o diálogo entre colecionadores, artistas e público, valorizando a diversidade das práticas contemporâneas e das perspetivas curatoriais. Com esta mostra, o Museu dá início a um ciclo de colaborações que, a par da Coleção Armando Martins, visa dar visibilidade a outros acervos privados sem espaço público de apresentação, reforçando o papel do MACAM como espaço de partilha e valorização do património artístico contemporâneo. Reúne obras de artistas portugueses e internacionais como On Kawara, Dora Garcia, Alfredo Jaar, Pedro Cabrita Reis, Carla Filipe, João Onofre, entre muitos outros. 

Alfredo Jaar, I can't go on, I'll go on, 2016Alfredo Jaar, I can't go on, I'll go on, 2016

O eu como múltiplo Curadoria: Carolina Quintela

Galeria 4 - Ed. Exposições Temporárias De 22 novembro 2025 até 04 maio 2026

O eu como múltiplo, a terceira exposição temporária da Coleção MACAM, reúne obras de artistas portugueses e estrangeiros que exploram a construção da identidade como experiência em permanente transformação. A exposição propõe um percurso que reflete o eu enquanto espaço plural — um cruzamento de gestos, memórias e imagens que se interligam e se desdobram. Ao longo deste diálogo entre o visível e o invisível, entre o ser e o tornar-se, a arte revela-se um território de questionamento sobre a consciência, o corpo e a memória. De acordo com o texto da Curadora Carolina Quintela, Entre a figuração e o imaginário, a exposição atravessa, através da arte contemporânea, questões da construção da identidade, defendendo a não linearidade e propondo uma visão do eu assente na multiplicidade, pluralidade e abertura. Em O eu como múltiplo, a identidade emerge como movimento e metamorfose, celebrando a complexidade do sujeito contemporâneo e as múltiplas formas de ser e sentir o mundo. Reúne obras de artistas como Ana Vieira, Helena Almeida, Horácio Frutuoso, John Baldessari, José Pedro Croft, Juan Muñoz, Júlia Ventura, Vik Muniz, Yu Nishimura, entre outros. 

12.11.2025 | por martalanca | arte contemporânea, MACAM

OS TRANSPARENTES, de Ondjaki Estreia a 31 de outubro no Teatro Estúdio Ildefonso Valério

O romance Os Transparentes, de Ondjaki, chega ao palco numa criação da companhia Cegada, com encenação de Manuela Paulo e dramaturgia de Marta Dias. O espetáculo estreia a 31 de outubro e estará em cena até 16 de novembro, de quinta a sábado às 21:00 e Domingos às 16:00 no Teatro Estúdio Ildefonso Valério, Vila Franca de Xira.

Distinguido com o Prémio José Saramago e reconhecido internacionalmente como uma das vozes mais originais da literatura de língua portuguesa, Ondjaki construiu em Os Transparentes um retrato poético e político de Luanda - uma cidade onde o quotidiano e o fantástico se entrelaçam, revelando as pequenas resistências e afetos de quem nela vive.

companhia Cegada transporta agora esse universo para o palco, dando corpo às personagens e atmosferas da obra, que descrevem Luanda como uma cidade viva, feita de vozes, cheiros, poeiras e presenças invisíveis. É dessa matéria - feita de afetos, ausências e esperanças - que nasce o espetáculo. Entre o humor, a crítica e a ternura, Os Transparentes é um encontro entre literatura e teatro, entre Angola e Portugal, entre o visível e o invisível.

Da encenação aos intérpretes o elenco é inteiramente composto por criadores luandenses: Anílson Eugénio, Eduarda Oliveira, Kássia Laureano e Kévin Cassule que, dirigidos por Manuela Paulo, contam esta história com a autenticidade de quem reconhece, por dentro, a pulsação de Luanda e da sua diáspora. No palco trabalham as memórias, sonoridades e os afetos que habitam a obra de Ondjaki, oferecendo ao público uma leitura viva e verdadeira da cidade e das suas gentes.

Durante o processo criativo, a companhia recebeu a visita de Ondjaki, num encontro de partilha e diálogo entre literatura e teatro que marcou o percurso de construção do espetáculo e reforçou a ligação entre o autor e os intérpretes. Este trabalho reflete ainda o trabalho contínuo da companhia em adaptar obras literárias originalmente não escritas para teatro, transformando textos narrativos em peças dramáticas, consolidando um percurso de diálogo entre literatura e palco.

Após a temporada no Teatro Estúdio Ildefonso Valério, “Os Transparentes” seguirá em digressão por várias cidades de Portugal e Espanha, com apresentações em Zaragoza, Lagos, Badajoz, Covilhã, entre outras.

Em cena de 31 de outubro a 16 de novembro
Quinta a sábado às 21h00 | Domingo às 16h00

Teatro Estúdio Ildefonso Valério – Alverca

Interpretação
Anílson Eugénio, Eduarda Oliveira, Kássia Laureano e Kévin Cassule

Dramaturgia

Marta Dias

Encenação

Manuela Paulo

Cenografia e Adereços

Marta Fernandes da Silva

Figurinos

Simone Rodrigues

Direção Artística

Rui Dionísio

Direção de Produção e Comunicação

Vladimiro Cruz

Produção Executiva

Rafael Pires e Tatiana Antunes

Criação

Companhia Cegada (Entidade de Utilidade Pública)

 

Estrutura financiada por
República Portuguesa – Cultura, Juventude e Desporto / Direção-Geral das Artes
Câmara Municipal de Vila Franca de Xira

 

Gratos pela atenção, ficamos ao dispo para qualquer esclarecimento ou envio de mais matérias de comunicação.

 

Atentamente,

Vladimiro Cruz

Dir. Produção e Comunicação

Tlm. 925 444 874

06.11.2025 | por martalanca | ondjaki

Olivette Otele no ICS

Olivette Otele, historiadora, vem a Lisboa falar sobre Representações e Trajetórias de Europeus Africanos, na quinta-feira dia 27 de novembro às 16h00A professora catedrática do SOAS, Universidade de Londres, é a convidada da Palestra Sedas Nunes, evento anual que tem lugar no ICS-ULisboa (Entrecampos) e que este ano é organizada por Filipa Lowndes Vicente. A conferência é gratuita e aberta ao público.

Olivette OteleOlivette Otele

Licenciada em Literatura Britânica e Americana, Olivette Otele é também Mestre em História e Doutora em História Colonial Europeia e Política da Memória. ocupando atualmente o cargo de Professora Distinta de Investigação sobre os Legados e a Memória da Escravidão no Departamento de Direito da SOAS – Universidade de Londres. Tem uma vasta obra publicada sobre a história e os legados da escravidão colonial e sobre as heranças do passado. O seu próximo livro, 15 Ports that Made European Empires through Slavery (Basic Books, 2026), analisa os portos que moldaram os impérios europeus através do tráfico de escravos.

É Membro da Learned Society of Wales e também da Royal Historical Society, da qual foi vice-presidente. Recebeu um Doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Concordia, no Canadá (2022), e foi professora visitante na Universidade de Huron (Canadá) e no Collège de France. Foi júri do International Man Booker Prize e presidiu ao PEN Hessell-Tiltman Prize, bem como ao Prix Goncourt des Lycéens du Royaume-Uni (Embaixada de França em Londres).

Otele é colaboradora regular de diversos meios de comunicação — BBC, The Guardian, CNN, The New Yorker, Elle, Vogue Italia e GQ — e consultora de cinema nos Estados Unidos. Entre os projetos mais recentes estão a docuficção African Queens (Netflix) e o filme Chevalier (Disney+).

 O seu terceiro livro, African Europeans (2020), foi selecionado como um dos “Melhores Livros do Ano” pelo The Guardian, e finalista do Orwell Prize for Political Writing (2021) e do Los Angeles Times Book Prize (2022). A Professora Otele também conselheira de  governos, bancos e organizações de solidariedade sobre história colonial e justiça reparatória, incluindo a auditoria do Governo do País de Gales sobre Escravidão e Colonialismo e o projeto Cotton Capital do jornal The Guardian.

É amplamente difundida - e aceite, pela generalidade das pessoas - a ideia de que a presença de africanos na Europa é recente. Em Europeus Africanos, Olivette Otele, desfaz esse lugar-comum e oferece-nos a inédita história dos europeus de ascendência africana na Europa.

Do século III até ao século XXI, a autora resgata a longa herança africana através da vida de pessoas comuns e extraordinárias, traçando uma história até agora muito desconhecida. Nada é deixado ao acaso: o longo caminho de Europeus Africanos vai do imperador Sétimo Severo aos escravizados africanos que viveram na Europa do Renascimento, terminando nos atuais movimentos migratórios que hoje vemos nas cidades do velho continente.

E é precisamente por investigar, explorar e recuperar em linhas bem definidas uma história tão esquecida  - sem com isso deixar de pôr em evidência os matizes, as razões e as contradições - que Olivette Otele dá um enorme contributo para pensarmos algumas das questões mais importantes da atualidade: racismo, identidade, cidadania, poder.

06.11.2025 | por martalanca | Olivette Otele

As Nossas Complexas Democracias I Lançamento do livro «A Palavra e o Poder»

26 nov 2025 quarta, 18:30 no Auditório 2, Fundação Calouste Gulbenkian, Entrada livre

Sujeita à lotação do espaçoUm debate sobre os desafios das democracias contemporâneas, com Rodrigo Tavares, José Miguel Wisnik, Milena Britto e Capicua, com moderação de Mafalda Anjos, por ocasião do lançamento, pela primeira vez em Portugal, do livro A Palavra e o Poder: Uma Travessia Crítica por 40 Anos de Democracia Brasileira.

O que pode o Brasil ensinar – e aprender – sobre democracia, quarenta anos depois do fim da ditadura? A democracia brasileira continua a produzir sinais contraditórios. O arcabouço institucional do país permanece sólido, mas as suas desigualdades persistentes limitam a cidadania plena.

Em Portugal, o percurso brasileiro desperta interesse não apenas pela afinidade histórica, mas porque levanta perguntas que também ressoam deste lado do Atlântico: como reforçar a confiança nas instituições e ampliar a participação democrática? E como pode a cultura continuar a ser o território onde a democracia se testa, se questiona e se reinventa?

No centro desta reflexão está o livro A Palavra e o Poder: Uma Travessia Crítica por 40 Anos de Democracia Brasileira, lançado no Brasil em outubro e agora apresentado, pela primeira vez, em Portugal.

O projeto distingue-se pela pluralidade e pela relevância das vozes reunidas, oferecendo um retrato rigoroso e intergeracional da experiência democrática brasileira. A obra reúne mais de 80 personalidades – entre ex-presidentes da República, intelectuais, jornalistas, economistas, ativistas e artistas –, organizadas em pares que dialogam entre si, num raro exercício de confronto e complementaridade de ideias sobre a democracia brasileira, das promessas de 1985 aos desafios contemporâneos.

Organizado por Rodrigo Tavares, Flavia Lima e Naief Haddad, o livro é publicado pelo Grupo Editorial Record, em parceria com a Folha de S.Paulo.

Este evento faz parte da programação complementar da exposição complexo brasil, com curadoria de José Miguel Wisnik, Guilherme Wisnik e Milena Britto. 

06.11.2025 | por martalanca | Brasil

O Projecto Ágora no Cacém

O Projecto Ágora procura promover a consciencialização política, a participação no debate e a formação em cidadania. A primeira sessão terá lugar no espaço da Universidade Sénior Intergeracional de Agualva e Mira Sintra (Travessa da Capela, 2), às 19h30 de sexta-feira, 7 de Novembro de 2025. Contará com a presença especial da activista e poetisa Vânia Andrade.

Sexta-feira, 7 de Novembro às 19h30 Local: Espaço da Universidade Sénior Integeracional de Agualva e Mira Sintra (USIAMS) na Travessa da Capela, 2 2735-521 Agualva-Cacém

Nota: A sessão será gravada para fins de registo e divulgação do projeto. 

05.11.2025 | por martalanca | agora, Vânia Andrade.

Apresentação de "Virá que eu vi, Amazónia o cinema" e exibição de filmes, em Braga

Apresentação do livro, no dia 11 de novembro às 18h30 na Centésima Página, Braga, com a presença da autora, Anabela Roqueno âmbito de Braga 25, Capital Portuguesa da Cultura 2025. 

Projeção dos filmes: 

Ka’a zar ukyze wà - Os donos da floresta em perigo

Ano de Lançamento (Brasil): 2019 Realização: Flay Guajajara, Edivan dos Santos Guajajara e Erisvan Bone Guajajara. A Terra Indígena Araribóia (MA) é uma das mais ameaçadas da Amazónia. É o território do povo Guajajara e também de um grupo de indígenas, os Awá Guajá. O filme é um alerta e pedido de socorro dos Guajajara pela proteção das florestas e de seus parentes Awá Guajá, um dos últimos povos caçadores e coletores do mundo, cujo modo de vida depende essencialmente da floresta e, se a destruição continuar, está com os dias contados.  

Zo’é rekoha – Modo de vida zo’é

Realização: Lia Malcher. Narrado pelas vozes de Tokẽ, Se’y, Awapo’í e Supi, quatro lideranças do povo indígena Zo’é, o documentário “Zo’é rekoha – modo de vida zo’é” é a primeira produção do especial “Os povos se apresentam”, que traz conteúdos feitos em colaboração com pessoas e organizações indígenas para a Enciclopédia Povos Indígenas no Brasil [https://povosindigenas.org.br], do Instituto Socioambiental (ISA). Fruto de uma parceria com a Tekohara Organização Zo’é e com Instituto Iepé [https://institutoiepe.org.br], o vídeo abre uma nova janela de comunicação com o mundo zo’é, apresentando, em primeira pessoa, o território, os cantos, as festas, o artesanato, as roças e casas desse povo de língua tupi-guarani que vive no Norte do Pará.   

Primeiro livro da coleção Buala /Tigre de Papel

PREFÁCIO Ellen Lima Wassu IMAGEM  João Salaviza CAPA Ágata Ventura.
Virá que eu vi, a Amazónia no Cinema, de Anabela Roque 

“Procurei escrever sobre filmes cuja temática permitisse uma reflexão sobre a Amazónia e, entre estes, aqueles que dedicam especial atenção às cosmologias indígenas. O meu objetivo é evidenciar a diversidade de modos de fazer cinema na região, traduzidos em narrativas enraizadas nas realidades locais, capazes de resgatar ou expor fatos históricos, culturais e ambientais dos diferentes territórios do bioma.” Anabela Roque.

Ler a introdução do livro.

 

05.11.2025 | por martalanca | amazônia, Amazónia o cinema, Braga, Virá que eu vi

Mulheres na Luta Contra o Fascismo e o Colonialismo

Pela primeira vez em Portugal, o Congresso Mulheres na Luta contra o Fascismo e o Colonialismo juntou, em 2024, vozes fundamentais da memória histórica das mulheres que lutaram contra o fascismo em Portugal e contra o colonialismo nos países africanos de língua portugueses - académicas, militantes e activistas, testemunhas vivas da memória da luta das mulheres e das suas organizações que estiveram, e continuam a estar, na vanguarda do desenvolvimento, do pensar e transformar da(s) sua(s) sociedade(s).
Nos 50 anos do 25 de Abril e das independências das colónias portuguesas em África, as discussões agora publicadas neste livro demonstram a convergência entre a resistência antifascista em Portugal e os movimentos anticoloniais e pela independência em Africa. A literatura, as cartas clandestinas, a organização comunitária e militante, mas também dados concretos sobre a realidade da vida e do quotidiano das mulheres, emergem como ferramentas da sua resistência, revelando como as mulheres não só combateram a violência da colonização e do fascismo, mas estão também a construir novas identidades políticas e culturais.
Um projecto promissor de articulações na senda de Abril.

 

05.11.2025 | por martalanca | colonialismo