"Breve História Colonial e Outras Memórias", do artista Tchalé Figueira

No Centro Cultural Cabo Verde, em Lisboa, irá inaugurar-se uma exposição intitulada “Breve História Colonial e Outras Memórias”, da autoria do artista Tchalé Figueira. Por meio das suas inconfundíveis pinceladas, Figueira transporta-nos a um universo onde a história colonial é não só observada mas desafiada, fazendo-nos questionar as nossas perceções e realidades. A sua arte não se limita a representações visuais, mas serve de manifesto contra desvalorizações humanas, iluminando episódios muitas vezes sombrios da história, e alertando sobre a indiferença e a amnésia coletiva. “Esta exposição é um convite à introspecção e ação”, destaca Ricardo Barbosa Vicente, curador da exposição. “Através da obra de Tchalé, somos instigados a refletir, questionar e, sobretudo, agir face às memórias e realidades que estas peças nos revelam.” Sobre Tchalé Figueira: Nascido em Mindelo, Cabo Verde, em 1953, Tchalé Figueira consolidou a sua carreira artística na Suíça, emergindo como uma figura proeminente no panorama artístico global. O artista, que também se destaca na literatura, regressou a Cabo Verde em 1985 e desde então tem exposto as suas obras em diversos países. O seu legado artístico estende-se por museus e coleções privadas em África, Europa e Américas. Convidamos a todos para se juntarem a nós na inauguração desta exposição singular e para se perderem nas narrativas entrelaçadas das obras de Tchalé Figueira, numa viagem que promete ser tanto introspectiva quanto reveladora.

21.11.2023 | por martalanca | Tchalé Figueira

Justíça interseccional em Portugal e na Alemanha

No âmbito do ciclo “Quo Vadis, Europa?”

No dia 29 de novembro, às 19h00, terá lugar, no auditório do Goethe-Institut em Lisboa, uma conversa sobre a justíça interseccional em Portugal e na Alemanha, com as convidadas Emilia Zenzile Roig da Alemanha e Cristina Roldão de Portugal. A conversa é coproduzida com a initiativa O Lado Negro da Força e será moderada pela jornalista Paula Cardoso.
Interseccionalidade é um termo que descreve a interação de vários mecanismos de opressão - justiça interseccional refere-se à distribuição justa e igualitária da riqueza, das oportunidades, dos direitos e do poder político na sociedade. Centra-se na interação de privilégios e desvantagens estruturais, ou seja, a desvantagem de alguns é o privilégio de outros. A justiça interseccional entende a discriminação e a desigualdade não como o resultado de intenções individuais, mas como sistémicas, institucionais e estruturais.
Desde o discurso histórico da ativista dos direitos humanos Sojourner Truth, “And ain’t I a woman?”, até às reflexões de Kimberlé Crenshaw, que inventou o termo interseccionalidade, o feminismo negro revolucionou a forma de pensar na luta contra os sistemas opressivos. Na Alemanha, esta força de mudança pode ser vista no trabalho de Emilia Zenzile Roig, que fundou o Centro para a Justiça Interseccional. Em Portugal, a pesquisa da socióloga Cristina Roldão lança luz sobre a presença negra no país, revelando apagamentos e silêncios históricos.
Mais do que um conceito inovador, como se promove na prática esta ideia de justiça? É possível falar de justiça social sem falar de interseccionalidade?


Emilia Zenzile Roig (*1983) é fundadora e directora do Centro para a Justiça Interseccional (CIJ) em Berlim. Concluiu o seu doutoramento na Universidade Humboldt em Berlim e na Science Po Lyon. Emilia Roig leccionou interseccionalidade, teoria crítica da raça e estudos pós-coloniais, bem como direito internacional e europeu na Alemanha, em França e nos EUA. Dá palestras e conferências em toda a Europa sobre os temas da interseccionalidade, feminismo, racismo, discriminação, diversidade e inclusão e é autora de numerosas publicações em alemão, inglês e francês. É autora do bestseller “WHY WE MATTER. O Fim da Opressão”. Em 2022, foi eleita a “Mulher Mais Influente do Ano” no Prémio Impacto da Diversidade. Em 2023, publicou “O FIM DO CASAMENTO. Por uma revolução do amor”.
Cristina Roldão (*1980) é uma socióloga portuguesa cuja investigação se centra na educação e na marginalização e que é conhecida pelo seu ativismo social, antirracista e feminista. Doutorada em Sociologia, é investigadora do ISCTE-IUL e docente da Escola Superior de Educação de Setúbal (ESE/IPS). Tem participado ativamente no debate académico e público sobre o racismo e a história negra na sociedade portuguesa. Foi membro da comissão organizadora da 7ª Conferência Internacional Afro-Europeia (Lisboa, 2019) e coordena o “Roteiro Anti-Racista” na ESE/IPS. É colunista do Público e integrou os grupos de trabalho para o Plano Nacional de Combate ao Racismo e para a recolha de dados sobre origem étnica nos censos de 2021.
Paula Cardoso (*1979) é uma jornalista luso-moçambicana, produtora de conteúdos e ativista antirracismo. É criadora da série de livros infantis Força Africana e das plataformas Afrolink e O Lado Negro da Força. Em 2022, foi incluída na lista das Top 100 Women In Social Enterprise 2022 pela EuclidNetwork, uma rede europeia de empreendedorismo social apoiada pela Comissão Europeia. É também membro do Fórum dos Cidadãos, que trabalha para revitalizar a democracia portuguesa, e do programa de mentoria HeforShe Lisboa.

Mais infos 

21.11.2023 | por martalanca | cristina roldão, Justíça interseccional

O Tempo que resta de Elia Suleiman

LEFFEST17ºLisboa Film Festival 

Um retrato único, poderoso, semi-biográfico e profundamente pessoal da Palestina, entre 1948 e os dias de hoje. Combinado com memórias de Elia Suleiman com a sua família, o filme procura retratar a vida quotidiana daqueles palestinos que ficaram e que foram rotulados de “árabes israelitas”, vivendo como uma minoria na sua própria pátria.

  • Duração: 109’ Ano de produção: 2009 País: FR, BE, UK Idioma: AR Mais infos.

15.11.2023 | por martalanca | Elia Suleiman, leffest, palestina

Open Studio´da artista sul-africana Teresa Kutala Firmino

Depois de quatro intensas semanas, a Residência Artística de Teresa no ‘Angola AIR’ acaba e teremos, em primeira mão, o relato do que foram estas semanas de pesquisa in loco com moderação da conversa pelo curador angolano Marcos Jinguba.

Teresa “é uma artista multimédia, radicada em Joanesburgo, que trabalha com pintura, fotografia e performance. Ela faz parte de um coletivo chamado Kutala Chopeto, que começou como uma investigação sobre a história comum que está ligada ao Batalhão 32, os soldados que se estabeleceram em Pomfret após a Guerra da Fronteira.  

Teresa analisa como, apesar do trauma que vivenciaram, muitas destas mulheres tiveram que continuar a viver com os seus agressores. A artista questiona o que há no corpo e na mente da mulher negra que, apesar do trauma, continua a prosperar. Ela está realmente viva ou está em constante melancolia enquanto existe após o colonialismo, a guerra civil e a traição? Negociar o trauma é perceber que seu agressor possivelmente faz parte de um ciclo maior de abuso?

sexta-feira, 17 de novembro das 18h às 21h  ELA-Espaço Luanda Arte, entrada livre 

Agradecemos o apoio da Weza, da Textang II e da Tipografia Corimba.

O ELA-Espaço Luanda Arte encontra-se localizado no armazém Cunha & Irmão SARL / ex-Escola Portuguesa, Rua Alfredo Troni 51/57, Luanda.

14.11.2023 | por martalanca | Teresa Kutala Firmino

“A luta continua e a reação não passará!? O Iliberalismo contra a Democratização em Angola e Moçambique no século XXI”, de Nuno de Fragoso Vidal & Justino Pinto de Andrade

A Editora/Livraria Sá da Costa, em conjunto com os autores e a Associação Cultural Chá de Caxinde, tem a honra de a/o convidar para o lançamento do livro: “A luta continua e a reação não passará!? O Iliberalismo contra a Democratização em Angola e Moçambique no século XXI”, de Nuno de Fragoso Vidal & Justino Pinto de Andrade, que se realiza no dia 18 de novembro, pelas 17h30, na galeria da Sá da Costa, Rua Serpa Pinto, 19, Lisboa.
Participações:Malyn Newitt; Bruno Ferreira da Costa; Luca Bussotti; Jean-Michel Mabeko-Tali; Reginaldo Silva; David Boio; Domingos da Cruz; Sérgio Dundão; Mihaela Neto Webba; Florita Cuhanga António Telo; Maria Judite Chipenembe; Baltazar Muianga; Eugénio Costa Almeida; Paula Roque; Fernando Pacheco; Maria da Imaculada Melo.
Apresentação analítica crítica:Alexandra Dias Santos&Alberto Oliveira Pinto,seguida de discussão com os autores e alguns co-autores da obra.Coordenador da organização: Francisco de Pina QueirozA mesa conta ainda com as presenças de José Sousa Machado em representação da Editora Sá da Costa e de Jacques dos Santos, da Associação Chá de Caxinde (organização parceira do projeto).De acordo com Malyn D. Newitt (King’s College London), autor do prefácio “aquilo que efectivamente tem sido a governação de partido único nos dois países levou não somente à manipulação das eleições que mantém os partidos governantes no poder, mas também a uma sistemática negligência e, em alguns casos, simples negação dos direitos humanos da população, que tem sido em todos os aspectos tão extrema quanto o foi sob o regime colonial. (…)”, considerando também “essencial que aqueles que monitorizam a democracia e os direitos humanos sejam capazes de tornar públicas as suas análises, avaliações e conclusões. (…) O tipo de estudos como estes que se apresentam neste volume, que têm sido pesquisados com profundidade, revistos e escrutinados de forma independente, apresentam-se por si só como exemplos de esperança e sinais para a possibilidade de um futuro mais justo e igualitário.”O livro terá um custo de 20€Existirão disponíveis outros livros do mesmo projecto científico.

14.11.2023 | por martalanca | angola, de Nuno de Fragoso Vidal & Justino Pinto de Andrade, democracia, “A luta continua e a reação não passará!? O Liberalismo contra a Democratização em Angola e Moçambique no século XXI”

Reformular a autoridade e a autoria nas artes

20 novembro I Culturgest


TECENDO LINHAS DE REPARAÇÃO 

“Se a construção de uma ponte não enriquece a consciência de quem nela trabalha, então a ponte não deve ser construída.” É a partir desta premissa de Franz Omar Fanon, estendida enquanto território conceptual, que abrimos caminho à reflexão que molda esta conferência, no Dia da Consciência Negra. Num momento histórico em que o conceito de diversidade tende a esvaziar-se de significado nos discursos sobre cultura, abordaremos as dimensões de autoridade e autoria de modo a facilitar (e talvez acelerar) o pensamento e a concretização de insurreições radicais e reparadoras no sector cultural. O programa da conferência constrói-se a partir de uma pedagogia de perguntas: o que são e para que/quem servem linhas antirracistas para a arte-educação? Como reparar o reparável no sector artístico em Portugal? Quais os potenciais críticos dos nossos posicionamentos político-performativos? Como operar as categorias políticas deste tempo, sem estender a sua duração?

Common Stories junta Maison de la Culture de Seine-Saint-Denis (Paris), o Alkantara Festival e Culturgest (Lisboa), Théâtre National Wallonie-Bruxelles (Bruxelas), o festival africologne (Alemanha), o Riksteatern (Estocolmo) e TR Warszawa (Varsóvia), num projeto de três anos. Em novembro, o espaço Alkantara, em Lisboa, recebe o primeiro CommonLAb, que reúne artistas em ascensão preocupados com questões de identidade e diversidade, enquanto a Culturgest acolhe a conferência ‘Reformular a Autoridade e a Autoria nas Artes’, uma curadoria de Raquel Lima que corresponde à primeira sessão pública da Fábrica de Boas Práticas sobre como acolher a diversidade nas instituições culturais.

PROGRAMA COMPLETO

9:30 – 12:30 
Workshop teórico-prático*
LINHAS ANTIRRACISTAS PARA A ARTE/EDUCAÇÃO: TECENDO PASSADOS, PRESENTES E FUTUROS
UNA – União Negra das Artes: Dori Nigro e Melissa Rodrigues
Sala 2
Entrada gratuita mediante inscrição aqui

Linhas Antirracistas para a Arte/Educação. O que são? Para que servem? E para quem? Estas são algumas Pedagogias das Perguntas de partida com as quais nos deparamos numa tentativa de materializar a vontade de criar um objeto que reflita criticamente a realidade, questione e especule caminhos e possibilidades de futuro mais solidárias, plurais e horizontais no pensar-fazer artístico e educativo. Tendo a arte a potência de transformar, criar imaginários e expandir a outras realidades e dimensões do sentir-pensar, estas Linhas Antirracistas que agora se tecem a várias mãos - enraizadas no conhecimento, práticas e auscultação de artistas, ativistas, pensadoras/es e educadoras/es negras/es - apresenta-se como um diálogo e objeto-mediador-reparador para uma Pedagogia da Transgressão que promova mudanças efetivas nos currículos, nos imaginários, nas realidades e nos seus modos de pensar e fazer. Este propõe-se como um workshop teórico-prático.

12:30 – 14:00
ALMOÇO

14:00 – 15:30 
Mesa conversacional
FARMÁCIA FANON - I GRAMÁTICAS DO AZUL
Keynote speaker: Vânia Gala
Pequeno Auditório
Em português com tradução simultânea para inglês
Entrada gratuita**

Esta apresentação assume a forma de uma performance conversacional, a partir de uma mesa longa com os participantes. Partindo da ideia de degustação e o olfato como abertura sensorial ao mundo revelando através destes as interseções das relações humanas-não humanas neles inscritas e em particular a história colonial pretendo especular em conjunto histórias, saberes e performances alternativas. Quais os potenciais críticos desses posicionamentos? Iremos experimentar e olhar performances negras que se recusam a se atualizarem de forma particular ou mesmo aquelas que recusam certas chamadas para serem realizadas.

16:00 – 18:00
Mesa-redonda 
DA AUTORIDADE DA INÉRCIA À RADICALIDADE DO REPARÁVEL
Anabela Rodrigues, Apolo de Carvalho, Cristina Roldão, Gessica Correia Borges e Kitty Furtado
Pequeno Auditório 
Em português com tradução simultânea para inglês
Entrada gratuita**

Os movimentos sociais e associativos, artistas e investigadores das comunidades negras, por estarem historicamente sujeitos às condições precárias que denunciam, ocupam uma posição estratégica na formulação teórico-prática de políticas de reparação. Contudo, estão ainda limitados pela falsa ideia de inconstitucionalidade das medidas de ação afirmativa, um discurso que se promove e reproduz através de órgãos governamentais, da academia conservadora, do setor cultural e da sociedade civil de forma generalizada. Esta mesa detém-se a debater sobre como reparar o reparável, no setor cultural, desde uma lógica que compreenda a diversidade dos indivíduos, grupos, coletivos e associações que o compõem. Assim sobre como ultrapassar a autoridade da inércia estabelecida, e identificar caminhos radicais com destino à justiça social no meio artístico.

18:30 – 20:00
LIMITE
Keynote speaker: Jota Mombaça
Pequeno Auditório 
Em português com tradução simultânea para inglês
Entrada gratuita**

Como praticar um pensamento no limite das coisas? Como operar as categorias políticas deste tempo, sem estender sua duração? Como pensar a serviço do movimento e da transformação? Esta conferência será dedicada a uma reflexão sobre as noções de sujeito e autora, bem como sobre seu limite constitutivo. Pensadas a partir das tradições radicais preta, indígena e transfeminista, tais questões serão articuladas com base nas múltiplas temporalidades do ativismo e da transformação social, com foco especial no aqui e agora – essa dimensão espiralada do tempo e do espaço, em que passado, presente e futuro convergem de formas previsíveis e imprevisíveis. 

Curadoria Raquel Lima ; Olhares externos Dori Nigro e Melissa Rodrigues

10.11.2023 | por martalanca | artes, autoria, autoridade

Pérola Sem Rapariga |

direção e encenação: Zia Soares

texto: Djaimilia Pereira de Almeida

40.º Festival de Teatro do Seixal

Fórum Cultural do Seixal

16 NOV, 21H30

Pérola Sem Rapariga inspira-se na leitura de Voyage of the Sable Venus and Other Poems de Robin Coste Lewis, e do arquivo fotográfico de Alberto Henschel. O espetáculo pensa a relação entre a superfície do corpo e aquilo que sobre ele somos capazes de dizer, entre legenda e imagem, entre a pele e o salvamento. O artista Kiluanji Kia Henda intervém no espaço da cena instalando prenúncios de apocalipse.

“A ideia é mergulhar na gargalhada e acordar do outro lado. Cair no riso como quem cai no sono e no sono como quem cai ao mar. Ou antes, rir como quem se ergue, tirar o pó dos joelhos dentro dos sonhos, erguer a cabeça dentro do abismo. Ou rir como quem se afoga. Renascer de um afogamento. Acordar da morte.

Duas mulheres que são uma andam por aqui entretidas a abrir o caminho sinuoso aonde levam as gargalhadas. Riem a bandeiras despregadas e, quando dão conta, estão em apuros, numa confusão da qual não sabem sair sozinhas.

Se há uma visão dominante, em Pérola Sem Rapariga, é que as gargalhadas das raparigas são perigosas. Parece que queremos que as mulheres posem sem rir porque temos medo do ritmo, da faca e do arco do riso — que faz tremer a terra e racha o fundo do mar.”

Pérola Sem Rapariga©Filipe FerreiraPérola Sem Rapariga©Filipe Ferreira

Pérola Sem Rapariga©Filipe FerreiraPérola Sem Rapariga©Filipe Ferreira

direção, encenação: Zia Soares

texto: Djaimilia Pereira de Almeida

com: Filipa Bossuet, Sara Fonseca da Graça

artista visual: Kiluanji Kia Henda

instalação e figurinos: Neusa Trovoada

música e design de som: Xullaji

design de iluminação: Carolina Caramelo

assistência à encenação de movimento: Lucília Raimundo

vídeo promocional: António Castelo

produção executiva: Ngleva Produções

coprodução: Sowing_arts, Teatro Nacional D. Maria II, apap – FEMINIST FUTURES (projeto cofinanciado pelo programa Europa Criativa da União Europeia)

apoio: Casa da Dança, Polo Cultural Gaivotas Boavista

duração: 1H

09.11.2023 | por martalanca | Djaimilia Pereira de Almeida, kiluanji kia henda, Neusa Trovoada, Xullaji, Zia Soares

Em Memória da Memória. Interrogações e testemunhos pós-imperiais

Hoje, dia 9 de novembro, estreia o podcast “Em Memória da Memória. Interrogações e testemunhos pós-imperiais”, que vai explorar as reflexões de académicos, artistas e ativistas sobre a Europa pós-imperial, com o objetivo de compreender e discutir as pós-memórias europeias e os legados coloniais. 
Realizado no âmbito do projeto de investigação “MAPS – Pós-Memórias Europeias: Uma Cartografia Pós-Colonial”, coordenado pela investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, Margarida Calafate Ribeiro, e financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), o podcast vai contar com 18 episódios e vai ficar disponível na plataforma REIMAGINAR A EUROPA. Poderá também ser subscrito em SpotifyApple PodcastsAmazon Music e noutras plataformas de podcasts.  


podcast “Em Memória da Memória. Interrogações e testemunhos pós-imperiais” vai ser disponibilizado semanalmente, em português e em francês, sempre às quintas-feiras. Pretende trazer para primeiro plano as histórias de cidadãos e cidadãs de segunda e terceira gerações cujas experiências se encontram moldadas pelas heranças coloniais e pelos processos de descolonização nos contextos de Portugal, Bélgica e França.
Este novo conteúdo quer contribuir para a compreensão e discussão sobre as pós-memórias europeias e os legados coloniais através das vozes daqueles que estão a transformar ativamente o presente e o futuro da Europa. É uma iniciativa que pretende promover um diálogo enriquecedor e crítico sobre questões fundamentais da contemporaneidade, contribuindo para redefinir noções de cidadania na Europa contemporânea. A realização é da investigadora do CES, Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes, a imagem gráfica de Márcio de Carvalho e a música do indicativo é da autoria de XEXA.

09.11.2023 | por martalanca | memória, pós-imperial

Lançamento de "Xirico", de Nélson Moda I 7 de novembro I Tigre de Papel

XIRICO retrata a história da guerra civil em Moçambique, apresentando as causas internas e externas. É a primeira compilação genuína de entrevistas feitas em todas regiões de Moçambique aos moçambicanos que viveram a guerra civil. Estabelece igualmente uma descrição exaustiva de todo sinuoso processo de negociações desde Nairobi, para finalmente assinar-se o Acordo Geral da Paz a 4 de Outubro de 1992, em Roma, sob o envolvimento insólito duma entidade débil, fora das potências globais, a Comunidade de Sant’Egidio.

A obra contém uma exclusiva entrevista feita pelo autor Nelson Moda ao antigo presidente de Moçambique, Joaquim Alberto Chissano.

7 de novembro às 18h30 na Tigre de Papel

Apresentação do autor e Álvaro Vasconcelos, com moderação de Marta Lança

03.11.2023 | por martalanca | guerra cívil, Moçambique, Nélson Moda, processos de paz, Xirico

IRMÃ MARGINAL — SISTER OUTSIDER, de Audre Lorde

O Hangar — Centro de Investigação Artística e as edições Orfeu Negro convidam para o lançamento do livro IRMÃ MARGINAL — SISTER OUTSIDER, de Audre LordeNa próxima quinta-feira, 9 de Novembro, às 19h, o encontro é no espaço do Hangar. A Orfeu Negro dá início à publicação da obra de Audre Lorde em Portugal, com uma das mais significativas colectâneas de ensaios da autora. A apresentação conta com Gisela Casimiro, tradutora e prefaciadora da obra, Alexandra Santos, activista queer e anti-racista, e Rita Cássia, antropóloga, artista e activista.
Venham transformar o silêncio em linguagem e acção.
Contamos convosco!

03.11.2023 | por martalanca | Audre Lorde

“Kabeça” no Alkantara Festival 2023

Kabeça ©Bee BarrosKabeça ©Bee BarrosAs atrizes Aoaní Salvaterra e Joyce Souza estreiam no dia 19 de novembro às 17h30, a vídeo- performance “Kabeça”. Resultado da residência artística realizada no programa Kilombo, com a curadoria das Aurora Negra para o Alkantara Festival 2023, o trabalho que será apresentado na sala Mário Viegas, no Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa.

Em yoruba Orí significa cabeça. Mais do que uma parte fisiologicamente estruturada, o Orí é um orixá, um deus, uma divindade pessoal e intransferível. É Orí que irá acompanhar o indivíduo antes de seu nascimento até depois de sua morte. Orí foi uma escolha feita por cada um antes de nascer, e uma escolha que continuamente se faz, ou não.

No ocidente ensinam-nos que a cabeça é uma parte do corpo. Uma parte que abriga o cérebro, que tem uma estrutura composta de ossos, músculos e terminações nervosas. Uma parte que abriga o sistema nervoso. A noção de parte, de desmembramento proposta por lógicas coloniais espelham-se no corpo - cidade. O lapso enquanto instituição, a memória estrategicamente fragmentada, o violento soterramento é o palco desse cistema brancae - Lisboa.

É de terra que Orí é feito. Bater a cabeça na terra, no chão, é (em tradições de matriz africana, ressignificadas na diáspora) o gesto, a ação, de máximo respeito e reverência. O ato primeiro antes da gira, da festa, do movimento, do revide.
Nesta vídeo-performance batemos cabeça para quem veio antes, pedimos licença. Colocamos o nosso Orí e coração sobre as histórias soterradas, como uma cerimónia aos que perderam a cabeça. Interrompemos a lógica do que eles chamam “tempo”, conectamos. Procuramos perturbar o esquecimento como aqueles que não baixaram a cabeça. Reverenciamos quem aqui resistiu e resiste, no desejo de uma libertação súbita de energia que provoque movimentos nessa superfície.

Kabeça ©Indira MatetaKabeça ©Indira Mateta

A vídeo-performance consiste na ação de “bater a cabeça” em dez lugares de resistência negra na cidade de Lisboa, como forma de evocar a memória apagada pela cidade, suprimida pelo sistema, sufocada pelo colonialismo. Com criação e performance de Aoaní Salvaterra e Joyce Souza, o projecto tem direção de Fotografia de Huba Artes, Indira Mateta e Pedro Henrique Sousa, apoio à dramaturgia de Monalisa Silva, música de Xullaji, som de Sara Marita, iluminação de Ariene Godoy, Edição de Victor dos Santos e produção da Ngleva Produções.

As criadoras entendem a vídeo-performance “Kabeça” como um prólogo do projeto “Kabeça Orí”, que foi recentemente aprovado na 4.a edição das Bolsas de Criação na área das Artes Performativas Contemporâneas promovido pelo O Espaço do Tempo, com o apoio do Banco BPI e da Fundação “la Caixa”. O espetáculo terá estreia absoluta n’O Espaço do Tempo, em novembro de 2024, no âmbito do Festival ETFEST.

Aoaní Salvaterra

Nascida em Lobata, São Tomé e Príncipe, é licenciada em Comunicação Social (FANOR) e mestre em Artes Performativas (Escola Superior de Teatro e Cinema). Em 2012 lançou em Luanda, pela editora Chá de Caxinde, a coletânea de crónicas intitulada “Miopia Crónica”. Foi oradora no primeiro evento TEDx de São Tomé e Príncipe. Desde 2017 tem trabalhado como atriz e performer em teatro, cinema e audiovisuais, com trabalho exibidos nos Estados Unidos, Portugal, Alemanha, Itália e China.

Joyce Souza

Natural do Guarujá - SP, Brasil, é mestre em artes performativas (Escola Superior de Teatro e Cinema). Licenciada em educação artística (FPA) e teatro (EAD-Universidade de São Paulo). Artista e pesquisadora transdisciplinar atua entre Brasil e Portugal como atriz, performer, dramaturga e docente. Atualmente integra o elenco do espetáculo “descobri-quê?” da Estrutura e Dori Nigro em co-produção com o Teatro Nacional D. Maria II em digressão na Odisséia Nacional e ministra formações acerca de uma educação anti-racista e decolonial.

03.11.2023 | por martalanca | alkantara festival, Aoaní Salvaterra, Joyce Souza

Diálogos de Pertença, Identidade e Futuro

 A proposta de Tom Farias é olhar para a forma como queremos que o mundo seja hoje, amanhã ou daqui a cem anos, e como desejamos que a sociedade se comporte entre um tempo e outro?O termo “diálogo” está ligado a palavra, assim como a palavra, o logos, se identifica com o étimo de conversa. Se a conversa e o diálogo estão juntos, na cosmologia do universo da língua escrita, então faz todo o sentido o que estamos fazendo aqui hoje, como princípio da comunicação social e da liberdade de expressão e dizer algo além do aparentemente plausível.

Detalhes do evento:
Talk - Diálogos de Pertença, Identidade e FuturoData: Sexta-feira, 3 de novembro de 2023Horário: 11h - 13hLocal: Museu do Fado, em Lisboa
RSVPPress@lisboacriola.pt+351 930 524 843

31.10.2023 | por martalanca | festa criola

1001 noites | IRMÃ PERSA - Teatro O Bando

Aconteça o que acontecer, se soubermos contar histórias
teremos mais hipóteses de acordar no dia seguinte.


IRMÃ PERSA é o primeiro de quatro espetáculos do Teatro O Bando em torno das 1001 NOITES, antologia de fascinantes histórias preservadas na tradição oral e que se tornou numa das mais importantes obras da literatura universal.
As 1001 NOITES são o fio condutor da tetralogia que ganhará vida pela mão de diferentes encenadoras e encenadores do Teatro O Bando.
À semelhança da teia tecida por Xerazade, noite após noite, todos os anos um novo espectáculo nascerá a partir do final do espectáculo anterior.
Em cena, um trio de personagens atravessará as quatro encenações: Xariar, interpretado por Fabian Bravo; Xerazade, interpretada por Rita Brito; e Dinarzade (a irmã de Xerazade) que será representada por uma actriz de uma cultura diferente, dando assim nome a cada uma das criações teatrais.

Em 2023, Tara Fatehi, actriz e bailarina iraniana, será a IRMÃ PERSA.
Começamos a IRMÃ PERSA pelo início da obra, descobrindo na sombra o enredo das personagens de Xariar, Xerazade e da sua irmã Dinarzade. Depois de entrever a traição da mulher, o Rei Xariar inicia o seu ciclo de matança e, durante anos, o Vizir, pai de Xerazade, cumpre zelosamente o seu terrível ofício de carrasco, até ao dia em que é a vez da sua filha. As irmãs Xerazade e Dinarzade elaboram um plano para salvar as mulheres e o seu povo. 

texto de autores anónimos traduzido do árabe por Hugo Maia
dramaturgia e encenação Suzana Branco
com Fabian Bravo, Rita Brito, Tara Fatehi três músicos ao vivo
cenografia João Brites apoio à cenografia Rui Francisco
música Jorge Salgueiro figurinos e adereços Clara Bento
corporalidade Vânia Rovisco desenho e retroprojeção Maria Taborda
desenho de luz Maria Taborda e Rita Louzeiro investigação Sabri Zekri Arabzadeh
produção Inês Gregório
2 NOV a 10 DEZqui a sáb às 21h / dom às 17hbilheteira@obando.pt | 910 306 101
É possível jantar antes do espectáculo mediante reserva.
Aos sábados há conversa com a equipa artística.

 

31.10.2023 | por martalanca | 1001 noites, Teatro O Bando

O LUSO‑ORIENTALISMO NA FILMOGRAFIA PRODUZIDA DURANTE O ESTADO NOVO SOBRE A «ÁSIA PORTUGUESA», de Maria do Carmo Piçarra

A filmografia sobre a «Ásia portuguesa» realizada em Portugal durante o Estado Novo é limitada. Produzida tardiamente, projectou uma retórica luso‑tropicalista que propagandeava a importância — mítica, porque já passada — de um império outrora vasto. Durante a ditadura, as colónias orientais mantinham sobretudo um valor simbólico.

Analisando a filmografia existente, Vento Leste propõe que a escassez de filmes sobre o «Oriente português» decorre sobretudo do valor simbólico destas comunidades imaginadas, evocadas com certa indefinição porque a sua relação com a metrópole estava há muito em desagregação, assentando em projecções e ruínas. Com o surgimento de tensões entre Portugal e a Índia quanto à autonomização da «Índia portuguesa», a filmagem das colónias orientais surgiu da necessidade de a ditadura sedimentar um discurso luso‑orientalista, que, não obstante, ignorou as especificidades locais e a miríade de diferenças entre a África e a Ásia e entre os territórios colonizados nessas regiões.

Maria do Carmo Piçarra: “É o culminar de um processo de investigação que me ocorreu fazer no pós-doutoramento quando, durante os visionamentos no CNC, em França, percebi que aqui estávamos a começar a estudar as representações filmadas das ex-colónias africanas - que perduram ainda hoje -, mas não aquelas relativas a Macau, Timor e à chamada (durante a ditadura) Índia Portuguesa. É sempre um gosto ser acolhida pela Livraria Linha de Sombra, onde amanhã, às 18h, o investigador Ricardo Roque e o director do Museu do Oriente, João Amorim, me dão o gosto de apresentar o livro. Também é o primeiro livro que publico com as Edições tinta-da-china e tem sido muito bom trabalhar com a sua equipa. Os cinco capítulos são ilustrados com fotografias que “garimpei” em várias colecções (Cinemateca, MUHNAC, Arquivo do Ultramar, Fundação Oriente). Tudo magnificamente paginado pelo Pedro Serpa (T-d-C), que também assina a capa, muito bonita. A seguir ao lançamento, haverá uma sessão com a Linha de Sombra que inclui a projecção de filmes programados por mim, com o apoio do FILMar - obrigada ao seu coordenador, Tiago Bartolomeu Costa -, em que haverá a possibilidade de ver pela primeira vez a versão digitalizada de Os pescadores de Amangau, filme de Miguel Spiguel exibido na VIII edição do Festival de Cinema de Berlim, e uma montagem de materiais filmados por Ruy Cinatti (entre filmes de propaganda explícita). Fecha um ciclo da minha vida, e não só de modo simbólico. Agradeço a presença das amigas e amigos que possam partilhar este momento comigo. Com o FILMar, estarei também no Porto/Post/Doc (e com a sua magnífica equipa), a lançar o livro, a dar formação a professores, a debater filmes e muito mais. Será uma alegria.”

31.10.2023 | por martalanca | Luso-orientalismo, maria do carmo piçarra

O Filmar celebra o cinema de Manuel Faria de Almeida

Manuel Faria de Almeida (Moçambique, 1934), autor de uma das mais importantes obras do cinema português, CATEMBE (1965), vai estar em destaque no mês de novembro, com a apresentação de novas cópias digitais de cinco dos seus filmes.
Coincidindo com a atribuição da Medalha de Mérito Cultural, pelo Ministério da Cultura, ao realizador, CATEMBE, severamente censurado pelo regime ditatorial do Estado Novo, vai ser apresentado em sala, numa ação do projeto FILMar, no âmbito do qual a Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema o digitalizou com o apoio do programa EEA Grants 2020-2024.
Depois da apresentação no DocLisboa 2021, o filme apresenta-se em sala de cinema, com sessões entre 2 e 4 de novembro, no Cinema Ideal, em Lisboa, e no dia 23 de novembro no Batalha Centro de Cinema, integrando a programação do festival Porto Post Doc.

As sessões serão entre 2 e 4 de Novembro, no Cinema Ideal, às 21h15, sempre acompanhadas por uma curta-metragem diferente, recentemente digitalizada, no âmbito do FILMar (PORTUGAL DESCONHECIDO), ou no âmbito do PRR (PARA UM ÁLBUM DE LISBOA; A EMBALAGEM DE VIDRO).
Depois, no Porto, no Porto Post Doc, no Cinema Batalha, será mostrado o filme em diálogo com o ACTO DOS FEITOS DA GUINÉ (Fernando Matos Silva, 1980).

A recente digitalização do filme permitiu revelar o trailer inédito que contem algumas imagens das sequências amputadas durante o processo de censura. Retirado de circulação pelo próprio realizador, o filme foi sujeito a 103 cortes, muitos deles perdidos, e que revelavam o quotidiano da cidade de Maputo, então Lourenço Marques, no início da década de 1960.
Com direção de fotografia de Augusto Cabrita, acompanhado por Alfredo Tropa, e produzido por António da Cunha Telles, CATEMBE tinha estreia marcada para o Cinema Império, em Lisboa, no mês de novembro de 1965, mas a violência das exigências do regime, levaram à anulação das suas exibições.
A cópia que agora se apresenta, junta os 45 minutos autorizados, aos quais se acrescenta 11 minutos de cortes, e o trailer que exemplifica a singularidade do olhar de Manuel Faria de Almeida, então um jovem realizador que veria o seu percurso amplamente afetado pela repressão artística e política a que o seu trabalho foi sujeito. O filme, cujo título completo seria CATEMBE – SETE DIAS EM LOURENÇO MARQUES, acompanhava o quotidiano do bairro de pescadores, bem como de uma jovem rapariga, contrariando as imagens impostas pelo regime colonial.
As sessões no Cinema Ideal serão acompanhadas, diariamente, com a apresentação de três filmes assinados por Manuel Faria de Almeida: PARA UM ÁLBUM DE LISBOA (1966), A EMBALAGEM DE VIDRO (1966) e PORTUGAL DESCONHECIDO, recentemente digitalizados com o apoio dos programas PRR e FILMar. Os filmes ficarão disponíveis na Cinemateca Digital, acessível através do site da Cinemateca Portuguesa, juntando-se assim a A FEIRA (1970).
Em colaboração com o programa Cinemax, da RTP, serão exibidos na televisão pública, durante o mês de novembro, o trailer inédito de CATEMBE e PORTUGAL DESCONHECIDO.

Filmes que estão na Cinemateca Digital


PARA UM ALBUM DE LISBOA (1966) - digitalização PRR - é o que passa no dia 3

A EMBALAGEM DE VIDRO (1966) - digitalização PRR - vai passar no dia 4
PORTUGAL DESCONHECIDO (1969) - digitalização FILMar - passa no dia 2
A FEIRA (1970)

 

30.10.2023 | por martalanca | Catembe, Manuel Faria de Almeida

Centro de História | Seminário de História de África

Apresentação do livro: Ramon Sarró, Inventing an African Alphabet: Writing, Art, and Kongo Culture in the DRC (Cambridge University Press, 2023)

FLUL | Anfiteatro III & Online  |  31 de Outubro de 2023 | 18h00

Assistência por videoconferência através do Zoom: https://videoconf-colibri.zoom.us/j/91764148345…

Coord.: Carlos Almeida, Eugénia Rodrigues, José da Silva Horta e Philipp Hofmann

Org.: Centro de História da Universidade de Lisboa, ICS - Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e University of Oxford

Apoio Institucional: CRIA-Centro em Rede de Investigação em AntropologiaIscte - Instituto Universitário de Lisboa e Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas - ISCSP/ULisboa

Mais informações: https://chul.letras.ulisboa.pt/eventos-detalhe.php?p=1044

20.10.2023 | por martalanca | Africa, escrita, estudos, Ramon Sarró

MANIFEST - Novas Perspetivas Artísticas sobre as Memórias do Comércio Transatlântico de Pessoas Escravizadas

Showcase do projeto MANIFEST - Novas Perspetivas Artísticas sobre as Memórias do Comércio Transatlântico de Pessoas Escravizadas, que irá decorrer no dia 23 de outubro de 2023, na Rua de São Marçal, 7, junto ao Pólo da Junta de Freguesia da Misericórdia. 
O projeto MANIFEST é um projeto co-financiado pela Europa Criativa, focado na importância da arte para a memória coletiva, que pretende divulgar novas perspetivas artísticas que reflitam sobre o tema do comércio transatlântico de pessoas escravizadas. O projeto, que envolve criação audiovisual, realidade virtual e realidade aumentada, conta com uma Artistic Journey com várias etapas, entre as quais uma residência artística em Lisboa que irá trazer a Portugal 22 artistas provenientes de mais de 10 países diferentes, depois de um processo de seleção que envolveu um call internacional onde participaram 227 artistas.
Este Showcase será a primeira oportunidade para o público entrar em contacto com os trabalhos artísticos que estão a ser desenvolvidos no âmbito do projeto, bem como conhecer e conversar com os artistas.
As portas do evento abrirão às 17h, e, a partir das 18h, haverá apresentações individuais de cada um dos 12 projetos. Pode saber mais sobre todos os trabalhos neste link.

19.10.2023 | por martalanca | escravatura, manifest

Cine Verde - edição Inaugural

No âmbito da abertura oficial do “Cine Verde” (ramificação do Cinéfilos & Literatus), no dia 20 de Outubro, sexta-feira, às 19h00, no Hotel Globo, exibir-se-á o documentário Unite for Bissau: Agroecologia e Feminismo na Guiné Bissau, da realizadora brasileira Iara Lee, com a produção Cultures of Resistance films/Caipinha Produtions. O evento conta com a parceria da associação KinoYetu, Goethe Institut Angola, EcoAngola e com o apoio da Embaixada da Alemanha em Angola e da Rosalina Express.  “Unite for Bissau: Agroecologia e Feminismo na Guiné Bissau” é o mais novo documentário da realizadora Iara Lee a ser exibido pela primeira vez em Angola, e que abre a sessão inaugural do “Cine Verde”.

Na ocasião teremos também uma conversa em torno do documentário e da temática “Agroecologia e Feminismo: Novas Formas de Resistências”, a ser discutida por Érica Tavares (ecologista), Telma Caleia (feminista e activista pelos Direitos da Mulher e da Criança), Luyana Canza (activista social e membro do Parlamento Juvenil da SADC), Érica Cardoso (estudante de Medicina e Secretária Adjunta para os Assuntos Sociais e Ambientais da FMUAN).
A moderação estará sob a responsabilidade da jornalista cultural e curadora Estrela Tomé.
“Unidos por Bissau: Agroecologia e Feminismo na Guiné Bissau” narra de maneira instigante a história de “mulheres corajosas da Guiné Bissau, uma nação localizada na África Ocidental, que desafiam o patriarcado construindo instituições que promovem a autossuficiência através da agroecologia. Elas também desafiam as normas sociais ao se oporem à mutilação genital feminina e ao rejeitarem o casamento forçado. Dando continuidade ao legado de Amílcar Cabral, o líder independentista da Guiné-Bissau, que colocou os direitos das mulheres no centro da luta pela libertação. As mulheres de uma geração em ascensão estão a retomar o seu poder.”
Cine Verde é uma ramificação do projecto Cinéfilos & Literatus e trabalha na projeção de documentários que abordam questões ambientais e ecológicas, visando discutir problemáticas contemporâneas correlacionadas.
A entrada é gratuita, sintam-se convidad@s.

19.10.2023 | por martalanca | cine verde

Mesa realizada pelo Prêmio Oceanos reúne os escritores brasileiros Carola Saavedra e Kaká Werá Jecupé, no Folio +

No dia 22 de outubro, domingo, acontece a mesa “Existir é lembrar o que não vivemos: o resgate dos saberes tradicionais”, promovida pelo Oceanos - Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa como parte da programação do Folio +, em Óbidos. O encontro reúne o escritor indígena Kaká Werá Jecupé e a escritora semifinalista do prêmio Oceanos Carola Saavedra, mediados por Selma Caetano, diretora da premiação.

Os saberes dos povos originários das Américas, assim como suas cosmogonias, apresentam um modo diverso para se olhar para as questões globais mais prementes - mudanças climáticas, desigualdades socioeconômicas, disputas geopolíticas -, mas também para o próprio fazer literário, menos fincado no “eu” e em tradições e correntes literárias. Nessa mesa, Kaká e Carola conversam sobre esses temas, além de falar sobre seus últimos lançamentos e suas próprias trajetórias como escritores.

Sobre os convidados

Kaká Werá Jecupé nasceu em São Paulo, no ano do golpe militar no Brasil, 1964. De origem indígena, do povo Tapuia, foi acolhido e nomeado Guarani pelo pajé Guyrá Pepo, da aldeia Morro da Saudade, na Mata Atlântica, São Paulo. Ali, viveu e aprendeu a cultura Guarani. É escritor, autor de mais de uma dezena de livros, tradutor, ambientalista, pesquisador e propagador dos saberes ancestrais de povos indígenas.

Carola Saavedra nasceu em Santiago do Chile, em 1973, e se mudou para o Brasil aos três anos. Morou na Espanha, na França e agora mora na Alemanha, onde é pesquisadora do Instituto Luso-Brasileiro da Universidade de Colônia. Escritora e tradutora, publicou livros de ensaios, poesia e romances, traduzidos para inglês, francês, espanhol e alemão, como Paisagem com dromedário, O inventário das coisas ausentes, Com armas sonolentas, O mundo desdobrável e, entre outros, O manto da noite, semifinalista do Oceanos 2023.

Selma Caetano nasceu em Santos, São Paulo, e é gestora cultural e curadora-coordenadora do Prêmio Oceanos. Formada em Literatura Portuguesa e Brasileira pela PUC-SP, com especialização em Gestão Cultural pela Universidade de Girona, Espanha, em parceria com o Observatório Itaú Cultural/SP. É autora de Graciliano Ramos - Biografia Ilustrada, O livro das palavras – coletânea de entrevistas, textos críticos e biográficos de 30 escritores de Língua Portuguesa, em parceria com José Castello.

Quando?

Dia 22/10, às 17h30 (horário de Portugal)

Onde?

Livraria Artes & Letras, na rua da Porta da Vila, 16 – Espaço Ó, em Óbidos

19.10.2023 | por martalanca | Folio, Prémio Oceanos

CONFERÊNCIA: E Tu Por Que és Negro?

20.10.2023 I Uma exposição de Rubén H Bermudez Curadoria: Pablo Berastégui Lozano
Conversa 16h | FBAUP Aula Magna Rubén H Bermúdez e Pablo Berastégui Lozano Moderação: José Sérgio Inauguração 18h | Rampa

Em “E tu, por que és negro?” (Y tú, ¿por qué eres negro?), Rubén H. Bermúdez questiona a construção da negritude como uma força política em Espanha, a partir da sua própria biografia. O projeto começa como um livro de fotografia e uma exposição, onde as imagens feitas pelo autor se misturam com elementos da cultura popular, e com conversas e elementos simbólicos da sua vida.
Em Espanha, Rubén H. Bermúdez é um dos raros artistas a explorar, na primeira pessoa, a sua identidade como pessoa racializada. Ao contrário de Portugal, que há algum tempo presta atenção às questões relacionadas com o passado colonial e a presença de pessoas racializadas, o país vizinho ainda não aborda, de modo consequente, esse tema.
“E tu, por que és negro?” apresenta-se como um convite para partilhar experiências e promover um diálogo sobre as questões identitárias de ambos os países ibéricos, à luz das realidades sociais e demográficas contemporâneas.
Esta exposição foi exibida em locais como na CaixaForum de Madrid e Barcelona, a Bienal de Fotografia de Bamako e o Festival Circulations de Paris. Posteriormente, a esse primeiro corpo de trabalho juntou-se a longa-metragem “A todos nos gusta el plátano”, composto por imagens captadas por sete afrodescendentes em Espanha. O filme foi reconhecido com três prémios (Júri, Público e Jovem) no festival de cinema documental Documenta Madrid 2021. A exposição é complementada pela incorporação de um espaço de documentação de outras experiências de consciência afro em Espanha, através de publicações e materiais diversos. 

Rubén H. Bermúdez (Móstoles, Madrid) é  fotógrafo, designer e professor. Tem formação pela Escola de Fotografia EFTI. Graças à bolsa Fotopres da Fundação La Caixa, Bermúdez teve a oportunidade de produzir o livro de fotografia ‘Y tu, por que eres negro?’ (2017), no qual condensa as principais características da sua prática artística. O seu trabalho tem sido exibido em diferentes espaços, como o Museu Nacional Reina Sofía, e em eventos como os Rencontres de Bamako / Bienal Africana de Fotografia, e foi adquirido pela Coleção de Arte Contemporânea da Comunidade de Madrid, depositada no centro CA2M. Uma nova versão do projeto será apresentada em 2023 no Festival PhotoIreland. Em 2021, realizou a sua primeira longa-metragem, ‘A todos nos gusta el plátano’, que recebeu vários prémios na Documenta Madrid 2021. É co-fundador do coletivo AfroConciencia, um grupo de reflexão e ação coletiva que procura empoderar afrodescendentes, promovendo e motivando o seu papel como agentes de transformação social, e é co-responsável pelo Centro Cultural Espaço Afro de Madrid.
Pablo Berastégui Lozano (Pamplona, 1968) vive e trabalha em Portugal e Espanha. Desenvolveu uma sólida carreira de 20 anos como produtor cultural em diferentes instituições, principalmente em projetos de grande escala. Atualmente é o diretor do projeto de fotografia documental denominado Salut au monde! que iniciou em fevereiro de 2019 no Porto. Foi Diretor Geral de San Sebastián 2016 Capital Europeia da Cultura e anteriormente foi responsável pelos espaços culturais da cidade de Madrid como Matadero Madrid (2008-2012) e o Centro Conde Duque (2013). Foi diretor do Festival Internacional de Fotografia e Artes Visuais PhotoEspaña entre 2003 e 2006. É atualmente professor de Planificação e Gestão de Projetos Culturais no curso de Estudos Curatoriais da Universidade de Navarra. Colabora igualmente como consultor em diferentes projetos culturais em Espanha e Portugal.

19.10.2023 | por martalanca | Rampa, Rubén H. Bermúdez