Terceira Parte: Pan-africanismo, nacionalismo caboverdiano e pátria africana no projecto paigcista de unidade Guiné-Cabo Verde de Amílcar Cabral

Terceira Parte: Pan-africanismo, nacionalismo caboverdiano e pátria africana no projecto paigcista de unidade Guiné-Cabo Verde de Amílcar Cabral Conceito operatório chave no seu pensamento, por suicídio de classe entendia Amílcar Cabral a plena identificação do sector revolucionário da pequena burguesia intelectual e burocrático-administrativa com os interesses das classes trabalhadoras e das categorias sociais laboriosas mais humildes do povo e o seu consequente empenhamento nacionalista e revolucionário na defesa dos respectivos interesses. Fim essencial do suicídio de classe seria coarctar as naturais tendências da classe intelectual e burocrático-administrativa de serviços para o aburguesamento e para a concomitante construção de laços económico-sociais, políticos e culturais de dependência neo-colonial em relação às classes dominantes do centro desenvolvido e imperialista e/ou à potência economicamente atrasada, subdesenvolvida e sub-imperialista que era então Portugal.

A ler

02.07.2023 | por José Luís Hopffer Almada

Segunda Parte: A moderna transfiguração nacionalista e pan-africanista do slogan nativista a África aos africanos

Segunda Parte: A moderna transfiguração nacionalista e pan-africanista do slogan nativista a África aos africanos A reivindicação da liberdade de se apossar soberanamente do processo histórico, como realça o discurso cabraliano, será doravante entendida como sinónima tanto do resgate da dignidade africana do colonizado, por demais vilipendiada no seu direito básico de existir segundo a sua própria historicidade identitária e os seus próprios modelos culturais, como também de todos os pressupostos políticos e culturais da produção desalienada das condições de emergência de um ser humano reconciliado com as suas próprias história e cultura e liberto do estado de subjugação política, do atraso endémico, da miséria, do medo, do sofrimento e da ignorância resultantes da dominação colonial e do correlativo subdesenvolvimento crónico das ilhas.

A ler

30.06.2023 | por José Luís Hopffer Almada

Nativismo, pan-africanismo e nacionalismo caboverdiano - alguns subsídios teóricos para a compreensão da recepção do pan-africanismo e da lealdade bipartida - ou cissiparidade pátrida - entre os letrados nativistas, regionalistas e autonomistas caboverdia

Nativismo, pan-africanismo e nacionalismo caboverdiano - alguns subsídios teóricos para a compreensão da recepção do pan-africanismo e da lealdade bipartida - ou cissiparidade pátrida - entre os letrados nativistas, regionalistas e autonomistas caboverdia É esse slogan, criado por Monroe, Secretário de Estado estado-unidense, que inspiraria Eugénio Tavares no seu slogan A África aos Africanos na expressão, a partir do seu exílio norte-americano, da sua inusitada veia luso-ultramarina e regionalista caboverdiana consubstanciada na sua reivindicação de autonomia político-administrativa para Cabo Verde. O desvanecimento e a dissipação do fervor nacionalista caboverdiano encontra outrossim sustentáculo na subjugação das reivindicações do povo africander (afrikaaner no respectivo idioma afrikaans) da África do Sul pelo Império Britânico, numa época em que, salvos o caso exemplar, mas trágico, do Haiti e o caso falhado das Filipinas de Aguinaldo, o papel determinante, dirigente ou preponderante na desagregação dos impérios coloniais cabe às elites brancas crioulas nativizadas nas terras colonizadas das Américas, da África e da Oceânia.

A ler

24.06.2023 | por José Luís Hopffer Almada

Eu, Tituba, Bruxa… Negra de Salem

Eu, Tituba, Bruxa… Negra de Salem A constante desumanização das pessoas escravizadas é aqui desconstruída à medida que pela voz de Tituba (Eu, Tituba, Bruxa ….Negra de Salém) a história do mundo e das zonas de contacto (Mary Louise Pratt) no século XVII se tornam percetíveis. Há neste livro de Maryse Condé a instalação de um processo de rutura que subverte a tradição literária dominante e instaura uma nova identidade e uma capacidade de negociação entre margens e centros. Tituba, mulher de múltiplas iniciações, acrescenta à história a voz dos que não costumam falar, dos que não constam da história a não ser como estatísticas. Tributária do sistema de pensamento e cura Obeah (Obi) usa os seus poderes para curar, proteger e amar. Confessa-se Bruxa e servidora porque não há outra maneira de ser entendida pelos juízes que a julgam. Sabe que o espaço do meio que conhece não pode ser percebido pela cultura dominante e pela histeria coletiva que dominou a terra onde vivia.

Mukanda

03.08.2022 | por Ana Paula Tavares

O rap cabo-verdiano enquanto plataforma pan-africana

O rap cabo-verdiano enquanto plataforma pan-africana Apesar de muito consumido pelos jovens, sobretudo os da classe privilegiada ou aqueles com contacto com a diáspora cabo-verdiana, o rap era ainda pouco explorado nos anos de 1980. O seu desenvolvimento acontece no início dos anos de 1990 enquanto imitação da cultura urbana americana. Na Praia, a geração a seguir à pioneira, em que se destacam, entre outros, grupos como Niggas Badiu, Black Power, Tchipie, apesar de forte influência dos beats caribenhos, começaram desde cedo a desenvolver um trabalho de (re)construção de uma identidade de resistência.

Palcos

25.03.2021 | por Redy Wilson Lima e Alexssandro Robalo

Cabo Verde, movimentos sociais e pan-africanismo

Cabo Verde, movimentos sociais e pan-africanismo A historiografia cabo-verdiana mostra que a história arquipelágica se confunde com a história de resistência cultural e política e de revoltas. Assim, pensar as vagas dos movimentos sociais em Cabo Verde na esteira dos trabalhos de Aidi e Mueller obriga-nos a buscar os antecedentes históricos num arquipélago marcado pela luta de integração étnico-racial e de intermediação (neo)colonialista.

Jogos Sem Fronteiras

16.03.2021 | por Redy Wilson Lima e Stephanie Brito Duarte Barbosa Vicente

Prefácio a 'Venceremos!', de Thomas Sankara

Prefácio a 'Venceremos!', de Thomas Sankara Estes textos de Sankara são publicados num momento em que, e não por acaso, no continente africano, ecoam vozes jovens e renovadoras de um movimento pan-africanista, quiçá enterrado quer com o desaparecimento físico, quer com o afastamento da cena política de algumas das últimas figuras representativas dessa corrente política outrora libertadora. São vozes que clamam por uma África livre do assalto neocolonial a que está cada vez mais, e claramente, submetida neste início do século XXI.

Mukanda

19.10.2020 | por Jean-Michael Mabeko-Tali

Viagens da teoria antes do pós-colonial

Viagens da teoria antes do pós-colonial Os textos aqui publicados apontam para um modo alternativo de utilizar a diferença, na medida em que sublinham outros momentos distintivos, anti-coloniais, face a discursos legitimadores – na pós-colonialidade – de processos de interdependência inevitável, embora geradores de desigualdades económicas, sociais, políticas e raciais. Nesse sentido, os actuais debates em torno do multiculturalismo, da interculturalidade ou da hibridização/mestiçagem não transcendem, em parte, as premissas que enformaram os discursos coloniais e as reacções – anti-coloniais – a estes.

A ler

29.05.2011 | por Manuela Ribeiro Sanches