"Cavalo Dinheiro" de Pedro Costa estreia a 4 de Dezembro

Enquanto os jovens capitães fazem a revolução nas ruas, o povo das Fontainhas procura o seu Ventura que se perdeu no bosque.

 

“Um bairro prospera. Um bairro morre. Um bairro não é mais, é apenas uma memória. Este é o percurso das Fontainhas ao longo de quatro longas e três curtas-metragens de Pedro Costa. (…) No último filme, Cavalo Dinheiro, Ventura o fantasma regressa, mas as Fontainhas, como espaço real, já não existem. Estão cheias de habitação social. Quando não há para onde ir, as memórias tomam o lugar. O filme decorre numa paisagem imaginária, parte passado, parte presente, toda espaço mental”, escreve a Indiewire.

Cavalo Dinheiro de Pedro Costa estreia a 4 de Dezembro em Portugal. Apresentado em estreia mundial no Festival de Locarno, onde Pedro Costa foi distinguido com o Leopardo de Melhor Realizador e recebeu  o prémio da Federação Internacional de Cineclubes, o filme tem já estreia confirmada nos cinemas Ideal (Lisboa), Corte Inglés (Lisboa), Arrábida (Porto) e Dolce Vita Tejo (Amadora).

Em 2014, Cavalo Dinheiro teve ou terá presença confirmada em mais de três dezenas de festivais internacionais entre os quais: Locarno, Rio de Janeiro, Toronto, Nova Iorque, Valdivia, Londres, Viena, Mar del Plata, e Copenhaga.

Em 2015, o filme continuará a sua digressão pelos festivais internacionais, e será apresentado, entre outros, nos festivais de Roterdão, Sarajevo, Munique, Melbourne, Buenos Aires e Miami.

Em Abril, Costa será alvo de uma retrospectiva no Lincoln Center em Nova Iorque, acompanhado a estreia americana de Cavalo Dinheiro.

As estreias nos festivais de Ghent, na Bélgica e em Taipé, em Taiwan, serão também acompanhadas de retrospectivas da obra completa de Pedro Costa.

O filme tem estreias comerciais confirmadas nos cinemas nos Estados Unidos, Inglaterra, França, Bélgica e Japão.

07.11.2014 | por martalanca | Cavalo Dinheiro, cinema, Pedro Costa

Casa de Lava - Caderno

Durante o processo de produção do filme ‘Casa de Lava’ (1994), Pedro Costa colecionou num caderno o que viu, o que leu, as suas ideias. Em vez de um argumento tradicional, este caderno reúne imagens, cartas, recortes de jornais, citações, postais, pinturas…. que guiaram o realizador durante as filmagens em Cabo Verde, e que continuou (e foi concluído) após o seu regresso a Lisboa. Este caderno tornou-se um objecto autónomo do filme, mostrando a linguagem visual de Pedro Costa.

A edição de ‘Casa de Lava - Caderno’ é uma reprodução facsimilada do caderno original de Pedro Costa e inclui em anexo uma conversa entre o realizador e Nuno Crespo, e um texto de Philippe Azoury (em português, inglês e francês).

Pedro Costa (Lisboa,1959)

Abandona os estudos em História para frequentar as aulas do poeta e realizador António Reis na Escola de Cinema de Lisboa. O seu primeiro filme ‘O Sangue’ estreou mundialmente na Mostra Cinematografica di Venezia em 1989. ‘Casa de Lava’, a sua segunda longa metragem, filmada na Ilha do Fogo em Cabo Verde, foi apresentada em Cannes - ‘Un Certain Regard’, em 1994. Os seus filmes seguintes incluem ‘Ossos’, ‘No Quarto de Vanda’ e ‘Onde jaz o teu sorriso?’, sobre o trabalho de Danièle Huillet e Jean-Marie Straub. Recentemente realizou ‘Sweet Exorcist’, um segmento da produção colectiva ‘Centro Histórico’, com Manoel de Oliveira, Aki Kaurismaki e Victor Erice. O seu trabalho foi apresentado em várias galerias e museus em todo o mundo. É um dos artistas convidados do Pavilhão de Cuba na Bienal de Veneza 2013.

Mais sobre o artista: www.pedro-costa.net

 

 

Casa de Lava - Caderno
de Pedro Costa
Capa dura / 14.6 x 20.9 cm / 144 p.
Inclui uma conversa entre Pedro Costa e Nuno Crespo e um texto de Philippe Azoury (em português, inglês e francês).

Preço Pré-venda: 25 Eur
Preço de capa: 30 Eur
Disponível em Julho 2013

Mais informações:
www.pierrevonkleist.com

04.06.2013 | por martalanca | casa de lava, Pedro Costa

Orfeu Negro à conversa com Pedro Costa

cem mil cigarros, da Orfeu Negro em parceria com a Midas Filmes, reúne textos de 29 críticos, ensaístas, realizadores e artistas de todo o mundo sobre a obra de Pedro Costa. No dia 14 de Outubro, na Bulhosa Campo de Ourique, Lisboa, pelas 18h30, o realizador Pedro Costa vai conversar com o crítico Luís Miguel Oliveira e o público.

«cem mil cigarros oferece-nos uma visão retrospectiva da obra cinematográfica de Pedro Costa, reunindo textos de 29 críticos, ensaístas, realizadores e artistas de todo o mundo, entre os quais João Bénard da Costa, Thom Andersen, Chris Fujiwara, Jacques Rancière e Jeff Wall. Organizada e prefaciada por Ricardo Matos Cabo, esta monografia permite-nos um olhar alargado sobre a obra de Costa - os seus filmes, o seu pensamento, a paixão de realizar -, hoje uma referência fundamental no cinema contemporâneo».

11.10.2010 | por martalanca | Pedro Costa

Pedro Costa em destaque nos Estados Unidos e no Brasil

NE CHANGE RIEN, de  Pedro Costa, inaugura o programa do Festival All Tomorrow’s Parties, comissariado por Jim Jarmusch, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, na próxima sexta-feira. O filme estreará a 3 de Novembro nos Estados Unidos, em Nova Iorque, Los Angeles, Seattle, Chicago e Boston. O cineasta é também homenageado no Brasil, onde o Centro Cultural Banco do Brasil, uma das mais prestigiadas instituições de divulgação cultural, apresenta este mês uma retrospectiva da sua obra em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Brasília.

O Festival ALL TOMORROW’S PARTIES - título de uma canção dos Velvet Underground - foi fundado em 1999 como uma alternativa aos festivais de Verão tradicionais e oferece um espectro de programação que vai do rock à musica de vanguarda e ao hip-hop passando por exposições de arte e ciclos de cinema. O cineasta Jim Jarmusch foi o comissário escolhido para programar a edição deste ano. É também dele - e da Criterion Collection, a editora norte-americana de Costa - a escolha dos filmes a apresentar. NE CHANGE RIEN será projectado na sexta-feira 3 de Setembro e Pedro Costa estará presente no ATP 2010 para um debate com Jim Jarmusch.

No Brasil, para além da retrospectiva que será exibida nas três principais cidades brasileiras, foi ainda dada Carta Branca a Pedro Costa, que seleccionou para o programa filmes de António Reis e Margarida Cordeiro, Andy Warhol, Jean-Marie Straub e Danièlle Huillet, entre outros.  A mostra é organizada pela Associação Filmes de Quintal, que em 2007 realizou a primeira retrospectiva de Pedro Costa no Brasil, durante o forumdoc.bh.2007. A imprensa brasileira destaca a retrospectiva elogiando a iniciativa. O Estado de São Paulo publica hoje uma entrevista com o realizador e destaca num outro artigo que “o grande barato desta semana para os cinéfilos não é a estreia de nenhum blockbuster manjado (…) é a obra de um cineasta original. Trata-se do português Pedro Costa, que ganha retrospectiva completa no Centro Cultural Banco do Brasil. Na mostra estarão presentes os sete  longos e os três curtos  (…) [que] ajudam a compor o surpreendente mosaico da maneira de pensar deste cineasta”. Também o Guia Folha destaca a retrospectiva do realizador que considera “rigoroso, austero e exigente”.

ler aqui

01.09.2010 | por martalanca | cinema, Pedro Costa

De "Juventude em Marcha"

“Nha cretcheu, meu amor

O nosso encontro torna a nossa vida mais bonita, pelo menos

há mais de trinta anos.

Pela minha parte, torno-me novo e volto cheio de força.

Eu gostava de te oferecer cem mil cigarros,

um automóvel,uma casinha de lava que tu tanto querias,

um ramalhete de flores de quatro tostões.

Mas antes de todas as coisasBebe uma garrafa de vinho do bom,

Pensa em mim.

Aqui o trabalho nunca pára.

Agora somos mais de cem.

No outro ontem, no meu aniversário

Foi altura de um longo pensamento para ti.

A carta que te levaram chegou bem.

Não tive resposta tua.

Fico à espera.

Todos os dias, todos os minutos,

Todos os dias aprendo umas palavras novas e bonitas, só para

nós dois.

Mesmo assim à nossa medida, como um pijama de seda fina que

tu não queres.

Só posso te chegar uma carta por mês.

Ainda sempre nada da tua mão.

Fica para a próxima.

Às vezes tenho medo de construir esta parede

Eu, com picareta e cimento

E tu, com o teu silêncio

Uma vala tão funda que te empurra para um longo esquecimento.

Até dói cá dentro ver estas coisas más que não queria ver

O teu cabelo tão lindo cai-me das mãos como as ervas secas.

Às vezes perco a força e juro que vou esquecer de mim. ”

 

Juventude em Marcha, Pedro Costa, 2006

 

Pedro Costa:

Essa carta imagina como é que vem a um pedreiro uma declaração de amor. Este pedreiro que construiu um museu onde está um quadro de Rubens, mas que não entra lá. Ventura construiu o Museu Calouste Gulbenkian de Lisboa. Ele sabe melhor do que ninguém onde estão localizados os bancos, e tem mais direito de olhar o quadro do Rubens do que muitos que passam por ali. Rubens tem uma frase bonita: “Não pinto para o marchand da Côte d’Azur, pinto para o operário que está construindo aquela casa ali em frente, mesmo sabendo que ele provavelmente não vai querer o meu quadro”. Faço meus filmes para o Ventura, sabendo que ele – ou outros também – provavelmente não vão querer esses filmes. A carta é um pouco isso, são as coisas que ele quer e são as coisas que eu quero, combinadas. E também coisas que eu não quero, mas que tenho que aceitar, e coisas que ele não quer, mas que tem que aceitar. É importante isso: há coisas no filme que o próprio Ventura não gosta. 

 

O resto da entrevista com o realizador aqui

01.09.2010 | por martamestre | Fontainhas, Juventude em Marcha, Pedro Costa