LOOT - Exposição Individual de Barbara Wildenboer

05 Fevereiro 2022 - 19 Março 2022

Entrada Livre

THIS IS NOT A WHITE CUBE | Rua da Emenda, nº 72, Chiado, Lisbon

A galeria de arte THIS IS NOT A WHITE CUBE inaugura a 5 de Fevereiro “LOOT”, a primeira exposição individual da artista sul-africana Barbara Wildenboer em Portugal. 

A mostra integra cerca de 30 trabalhos inéditos, repartidos em três núcleos distintos, de entre os quais se destaca aquele que agrega o mais recente corpo de trabalho da artista e que dá nome à exposição.

“LOOT - SPOILS OF WAR”, decorre do interesse crescente da artista pela forma como um novo modelo de significações foi gerado e moldado a partir do encontro histórico e civilizacional entre África e a Europa. 

A materialização da ideia dá-se através da  exploração do conceito de  ‘apropriação’  que, se por um lado constitui, nesta exposição, uma referência directa aos artefatos saqueados e expropriados das suas origens no contexto da colonização, por outro lado, traduz a consistência plástica da obra da artista que, na apropriação “per se” encontra um instrumento de trabalho verdadeiramente essencial para a construção de um medium artístico que desde há muito envolve a reconfiguração e integração de textos, livros, mapas e imagens pré-existentes em colagens e instalações tridimensionais. 

Transversalmente, Barbara Wildeboer utiliza no seu processo criativo uma combinação de processos analógicos e digitais que concorrem para a construção de uma obra diversificada e rica, composta maioritariamente por colagens, construções fotográficas, instalações em papel, esculturas fotográficas animadas digitalmente e book arts. 

Tendo por base este modelo e o conceito de apropriação, ao longo dos últimos dois anos, a artista recolheu imagens de inúmeros artefactos antigos de proveniências distintas - de África, Oceânia, Grécia Antiga, Mesopotâmia e Américas - que atualmente integram as coleções de museus no mundo ocidental, na Grã-Bretanha, Alemanha, França e EUA. 

Arredadas do contexto original e assembladas em sistemas visuais complexos, de carácter surrealizante, estas imagens passam por um processo autoral de re-significação, assumindo nesta exposição uma natureza renovada. Na sua génese está uma (re) leitura iconográfica que enquadra o peso histórico dos contatos de carácter intercultural.

Ao longo da exposição, assistimos a um ritual de re-significação iconográfica, de descodificação e recodificação da imagem, que concorre para a construção de uma visão crítica da historiografia e dos processos de apropriação e “fetichização” das culturas. 

No epicentro da mostra e do debate que através desta a artista procura alavancar, encontramos um conjunto de instalações escultóricas monocromáticas que na sua configuração se assemelham a “escadas, postes, árvores, torres”, totens ou pequenos obeliscos, que “consistem numa assimilação de diferentes relíquias, figuras de fertilidade, máscaras, vasos e elementos arquitectónicos” diversos. 

Estes artefactos de papel, agrupam-se arguta e sagazmente, numa acomodação reflectida que evoca, de um modo idiossincrático e absurdo, a sistematização do Museu Ocidental para  evidenciar as múltiplas formas como estes objetos podem ser percepcionados. 

“As esculturas de papel aludem à curadoria das exposições de artefactos arqueológicos que, sendo colocados em pedestais ou em vitrinas, são depois iluminados por forma a produzir a ideia da aura de uma obra de arte sobre objeto que está já muito afastada das suas funções originais. 

O resultado é uma espécie de documentário de ficção ou de documento ficcional que faz referência a coisas reais, mas que as transforma em algo mais.”

Os conceitos de originalidade e de autoria são elementos centrais nesta exposição de Barbara Wildenboer, que através da sua ação, num desafio declarado às convenções do mundo artístico, vem produzido contributos significativos para a inversão do pensamento numa era  marcada pela necessidade de imposição de uma ideologia decolonial.

A exposição “LOOT” ficará patente até 19 de Março, de 3ª feira a sábado, entre as 14h30 e as 19h30. A entrada é livre, obedecendo às necessárias normas de segurança e prevenção em tempos de pandemia.

(Graça Rodrigues - Curadora, Janeiro de 2022)

Sobre Barbara Wildenboer

Barbara WildenboerBarbara Wildenboer

Barbara Wildenboer (b. 1973, África do Sul) investiga o conceito filosófico de estética através de uma série de diferentes meios e processos. Ao explorar este conceito, juntamente com fenómenos como a temporalidade, a geometria fractal e a interligação de todos os seres vivos, ela expõe as ligações entre uma miríade de formas de vida - desde a microscópica à imensa. 

O foco principal de Wildenboer é a estética ambiental, a qual ela vê englobando tanto territórios naturais, como a interação humana com o reino natural. No seu trabalho, explora ainda a ideia do sublime matemático (noção estética desenvolvida inicialmente por Immanuel Kant) e o modo como o infinito / ausência de limites do universo transcendem os limites da razão.

Wildenboer utiliza uma combinação de processos analógicos e digitais para produzir um corpo de trabalho diversificado e rico, composto maioritariamente por colagens, construções fotográficas e em papel, instalações, esculturas fotográficas animadas digitalmente e book arts.

Equipa

Diretora Geral e Co-Diretora Artística  |  Sónia Ribeiro

Curadora e Co-Diretora Artística  |  Graça Rodrigues

Assistente de Galeria | Francisca Vaz

Design Gráfico e Audiovisual  |  Francisco Blanco e  Nelson Chantre

THIS IS NOT A WHITE CUBE 

04.02.2022 | por Alícia Gaspar | Africa, arte, Barbara Wildenboer, Europa, exposição, LOOT, pós-colonialismo, this is not a white cube