NOVOS vs. SNBA - 100 Anos da polémica que abalou a arte

Há cem anos os modernistas fartaram-se dos “botas-de-elástico” da Sociedade Nacional de Belas-Artes e passaram ao ataque. Almada, Pacheko e Ferro deram guerra sem tréguas. O colóquio NOVOS vs. SNBA explica tudo.


17 DEZEMBRO 2021 LISBOA SEXTA-FEIRA

FACULDADE DE BELAS-ARTES > 10h15 - 12h45 

SOCIEDADE NACIONAL DE BELAS-ARTES > 15h15 - 18h15

2021 É UM ANO INTENSO em centenários culturais e políticos: Diário de Lisboa, revista Seara Nova, Partido Comunista Português, Noite Sangrenta.
Mas há outro acontecimento – nas artes – que não se pode ignorar: a Questão dos Novos e o respectivo Comício dos Novos. Foi o mais violento debate artístico e intelectual desde o escândalo da revista Orpheu em 1915. 

Tudo começou quando a Sociedade Nacional de Belas-Artes (SNBA) não aceitou o pintor modernista Eduardo Viana na exposição anual da casa, importantíssima na promoção comercial de artistas. Em reacção, alguns nomes da linha- da-frente – à cabeça José Pacheko e Leitão de Barros – lançaram uma proposta de 180 novos sócios, tentativa de takeover da SNBA rechaçada pelos chamados “botas-de-elástico” que dominavam a instituição presidida pelo escultor Francisco dos Santos. Os “inimigos” eram os da arte naturalista, herdeira da tradição. Os jornais encheram páginas com o assunto, conhecido como Questão dos Novos.

A polémica agravou-se e a vanguarda subiu o tom. Em Dezembro desse 1921 organizou no Cinema Chiado Terrasse um ataque inflamado: o Comício dos Novos. Discursaram, entre muitos, Almada Negreiros, António Ferro Raul Leal. A sala rebentou pelas costuras. O universo da arte portuguesa atingiu ali um ponto de não-retorno.
A SNBA manteve-se impenetrável mas os modernistas continuaram a agitação. Em 1925 o público já não podia ignorá-los, fosse pelas suas obras que passaram a decorar o café Brasileira do Chiado e o Bristol Club ou as exposições em espaços alternativos.

NOVOS vs. SNBA é um encontro inédito que analisa ao pormenor todo o conflito, com investigadores da Faculdade de Belas-Artes de Lisboa e do Instituto de História da Arte da Universidade Nova (www.novos21.pt/programa).

Nas sessões da manhã, na Faculdade de Belas-Artes de LisboaCristina Azevedo Tavares explica a vida e orgânica da SNBA e como se chegou à polémica. Mariana Pinto dos Santos aborda Almada Negreiros e o que o opôs a Leal da Câmara no Comício dos Novos. Paula Ribeiro Lobo escrutina a participação de António Ferro. Fernando Rosa Dias explora a presença dos intelectuais e artistas do Algarve na questão. 

À tarde, na SNBA, João Paulo Queiroz fala de como o processo levou mais tarde à renovação da instituição. Joana da Cunha Leal e Begoña Farré Torras falam de um evento paralelo e importante em 1921: a Exposição de Arte Catalã. João Macdonald desvela um manifesto esquecido do jornalista Augusto d’Esaguy. Raquel Henriques da Silva e Inês Silvestre recentralizam o tema dos painéis da Brasileira do Chiado.

O colóquio NOVOS vs. SNBA será convertido em livro em 1922, juntando todas as comunicações e também vasto material da época - recortes de jornais, fotografias, obras de arte - produzido durante a Questão dos Novos.

WWW.NOVOS21.PT

10.12.2021 | por Alícia Gaspar | almada negreiros, António ferro, colóquio, faculdade de belas artes, Raul leal, Sociedade nacional de belas-artes

Museu de Arte Antiga mostra inédito de Almada, a "pedra no sapato" do seu espólio

Uma peça inédita de grandes dimensões, considerada pela família de Almada Negreiros “a pedra no sapato” do espólio do artista, foi restaurada e vai poder ser vista pelo público, a partir desta quinta-feira, no Museu Nacional de Arte Antiga.

Estudo em fio dos painéis de São Vicente (título atribuído)© Direitos reservadosEstudo em fio dos painéis de São Vicente (título atribuído)© Direitos reservados

Depois de 80 anos guardada no antigo atelier de Almada Negreiros (1893-1970) esta obra, datada de 1950, esteve nas mãos dos especialistas do Laboratório José de Figueiredo, em Lisboa, para ser restaurada, e tem como título atribuído Estudo em fio dos painéis de S. Vicente.

Guardada durante décadas a sofrer a degradação do tempo, tem quase dois metros de altura e largura, e apresenta desenhos e reproduções fotográficas dos icónicos painéis do século XV, fios de algodão e arame, características únicas agora enaltecidas por um restauro e estudo aprofundado.

“Do espólio que nós temos na família, esta é capaz de ser a ‘pedra no sapato’ mais complexa, porque tem uma dimensão bastante grande, necessitava de um restauro multidisciplinar, e de um estudo paralelo. Reunia muitas condições que nunca tínhamos conseguido até hoje”, disse à agência Lusa Rita Almada Negreiros, neta do artista, em setembro, durante uma visita ao Instituto José de Figueiredo.

Os quinze painéis na Capela do Fundador (título atribuído)© Direitos reservadosOs quinze painéis na Capela do Fundador (título atribuído)© Direitos reservados

A partir desta quinta-feira, esta peça, inspirada nos Painéis de São Vicente, obra maior da pintura europeia do século XV, da autoria do pintor português Nuno Gonçalves, é exibida pela primeira vez no Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa, no âmbito de uma exposição que resulta de uma investigação desenvolvida por Simão Palmeirim e Pedro Freitas.

“Esta peça esteve desde os anos 1950 no mesmo sítio, pousada onde Almada a deixou, e foi-se degradando, sofrendo com o passar do tempo, o envelhecimento dos materiais, num atelier prefabricado em madeira, em Bicesse, que ainda existe, e, onde havia oscilações de temperatura, e de humidade”, relatou a neta do artista, sobre as condições do espólio.”

Para grande contentamento das netas de Almada - Rita e Catarina - que guardam o espólio do artista multifacetado, falecido em 1970, esta peça foi finalmente restaurada, e pode ser exibida ao público, num museu. Esperam ainda que possa ficar em depósito no MNAA, para sua própria proteção, e ser estudada pelos interessados.

Rita Almada Negreiros mostrou uma grande satisfação pela concretização do restauro, uma oportunidade conseguida, “graças ao Laboratório José de Figueiredo, à equipa multidisciplinar, e à exposição que se vai realizar no Museu Nacional de Arte Antiga”.

Também sublinhou a importância da realização de exaustivos estudos prévios, pelos investigadores Simão Palmeirim e Pedro Freitas, especialistas nas áreas de pintura, geometria e matemática: “Há vários anos trabalham sobre o espólio [de Almada Negreiros], e já conseguiram deslindar estes traçados geométricos, para fazer o restauro ponto a ponto para esta peça”. “Foram muitos anos de espera, e já quase tinha perdido a esperança”, disse à Lusa, emocionada.

José de Almada Negreiros - figura ímpar do modernismo português do século XX - aplicou-se, ao longo da vida, a uma grande diversidade de meios de expressão artística, desde o desenho e a pintura, mas também o ensaio, romance, poesia, dramaturgia, e até o bailado.

Esta peça, que é agora exibida pela primeira vez, tem a particularidade de ter sido inspirada pelos Painéis de São Vicente, o políptico que fascinou Almada desde a primeira vez que a viu, de tal forma que fez um pacto com Amadeo de Souza-Cardoso e Santa-Rita para a estudarem até ao fim da vida.

Os outros dois artistas viriam a falecer em 1918, mas Almada continuou o seu propósito, e dedicou várias décadas à promessa, criando uma teoria para explicar os enigmas do conjunto de pintura antiga. Imaginou a disposição de mais de uma dezena de pinturas num só grande retábulo, que afirmava ter sido projetado para o Mosteiro da Batalha, resultando desses seus estudos uma vasta produção artística.

Estudo geométrico a propósito da obra Ecce Homo (título atribuído)© Direitos reservadosEstudo geométrico a propósito da obra Ecce Homo (título atribuído)© Direitos reservados

Rita Almada recordou que, infelizmente, devido ao seu estado, as peças não puderam ser exibidas na exposição antológica “José de Almada Negreiros - Uma Maneira de ser Moderno”, que a Fundação Calouste Gulbenkian lhe dedicou, em 2017, com mais de 150 obras.

“Agora, vai ter um destaque especial na Sala do Teto Pintado do Museu de Arte Antiga”, disse, sobre a exposição que abre esta quinta-feira ao público, com o título “Almada Negreiros e os Painéis - um retábulo imaginado para o Mosteiro da Batalha”, com peças em que o artista apresenta a sua interpretação geométrica de várias pinturas do museu, entre as quais os próprios painéis de São Vicente.

Pela primeira vez, serão apresentadas duas obras de grande dimensão - uma de 1950 e outra de 1960 - completas, que aliam fotografia, desenho e materiais têxteis, e marcam momentos importantes da pesquisa de Almada, bem como alguns estudos preparatórios do artista.

Esta exposição é complementada por uma outra, dedicada ao mesmo tema, no próprio Mosteiro da Batalha, a inaugurar, sob o título “Almada Negreiros e o Mosteiro da Batalha - quinze pinturas primitivas num retábulo imaginado”, e tem também como comissário Simão Palmeirim.

Artigo publicado originalmente no jornal Diário de Notícias a 15/10/2020

16.10.2020 | por martalanca | almada negreiros, cultura, exposição, museu de arte antiga, pinturas

Projecto P! performance na esfera pública - 10 a 14 de Abril

Vários Espaços
10 a 14 de Abril 2017

Nos 100 anos da conferência futurista de Almada Negreiros, o Projecto P! promove um programa de pensamento crítico e de curadoria a partir da questão: como constrói, recria e participa a performance arte na esfera pública? Se reconhecermos nas vanguardas do início do século XX o gesto fundador da performance arte, tal como propõe a historiadora Roselee Goldberg, podemos considerar esta conferência como o marco inaugural da performance arte portuguesa? Este programa inclui a publicação do livro Performance na Esfera Pública (Edições Orfeu Negro), uma conferência internacional e performances.


Sintomaticamente, a performance arte irrompe em Portugal em configurações de mudança (Implantação da República, Revolução dos Cravos, adesão à Comunidade Europeia) e em diferentes artes (poesia, música, artes visuais, artes performativas). Depois da conferência futurista, só nos anos 60/70, as artes plásticas, a música e a poesia experimentais participam no processo revolucionário do 25 de Abril com ações e happenings. Subsequente à entrada de Portugal na Comunidade Europeia, a partir dos anos 1990, a performance manifesta-se no teatro e na dança, num período de vitalidade que enfraqueceria aos primeiros sinais da crise financeira mundial de 2008. Abordá-la a partir do prisma da esfera pública enquanto espaço discursivo permite-nos, por um lado, equacionar a força mobilizadora da performance arte nos diferentes momentos socioeconómicos de emergência e, por outro lado, pensar a forma como cada campo artístico activa uma participação específica na esfera pública, por via da performance.

PROGRAMA

10 abril → 10h às 13h
Fundação Calouste Gulbenkian, Auditório 3
Conferência internacional Performance na Esfera Pública
Jen Harvie: “Housing Crisis” (conferência em inglês)
Christine Greiner: “Microactivismos de Afectos”
Idalina Conde: “1917-2017 de Almada Negreiros a hoje: que Olhar para a Europa?”

Jen Harvie é professora doutora na Universidade Queen Mary, Londres, onde lecciona Teatro contemporâneo e Performance. Os seus livros incluem Fair Play – Art, Performance and Neoliberalism, Theatre & the City e The Routledge Companion to Theatre and Performance (com Paul Allain). Co-editou números especiais da Contemporary Theatre Review sobre globalização, os Jogos Olímpicos/ Paralímpicos de Londres, assim como uma antologia sobre processos criativos – Making Contemporary Theatre: International Rehearsal Processes (com Andy Lavender, 2010) – e outra sobre o trabalho de Lois Weaver, co-fundadora de Split Britches – The Only Way Home Is Through the Show: Performance Work of Lois Weaver (2015). Actualmente, dirige a colecção da Palgrave Theatre & e desenvolve um projecto sobre teatro e performance feminista contemporâneos no Reino Unido.

Christine Greiner é professora doutora na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP, Brasil. Coordena o curso de graduação em Comunicação e Artes do Corpo, que ajudou a criar. Desenvolve a sua pesquisa na área de comunicação, com foco nos estudos interdisciplinares do corpo. É parceira de trabalho de Helena Katz, com quem desenvolve o conceito de Teoria Corpomídia. É especialista em estudos do corpo no Oriente e teve dois de seus pós-doutoramentos realizados no Japão. É jornalista, professora e investigadora, e vem contribuindo ao longo dos anos com a construção de um pensamento e reflexão crítica sobre dança.

Idalina Conde é professora e investigadora no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), doutorada em sociologia com especialidade sobre arte e cultura, autora de várias publicações nestas áreas. Colaborou em projetos europeus, nomeadamente do ERICARTS – European Institute for Comparative Cultural Research. Desenvolve atualmente uma linha de estudos sobre a Europa em visão cultural, com iconografias do património e arte contemporânea. Entre outras iniciativas com temáticas europeias, realizou os seguintes workshops: Criatividade em Agenda na Europa, na Representação da Comissão Europeia em Portugal, com duas edições em 2012 e 2013; Património em Agenda na Europa, na Casa-Museu Medeiros e Almeida em Lisboa.

10 abril → 14h30 às 17h30
Fundação Calouste Gulbenkian, Auditório 3, Sala 1 e Sala 2
Desconferência: Performance na Esfera Pública
Jen Harvie, Christine Greiner e Idalina Conde moderam três sessões de debate cujos temas serão votados na hora pelos participantes. Neste formato pouco convencional, público e oradores poderão ter um espaço de participação autogerido que nos parece vital para intensificar a relação entre investigadores e criadores, bem como para estimu-lar a intervenção do público.

10 abril → 18h30
Fundação Calouste Gulbenkian
Lançamento do livro Performance na Esfera Pública (Edições Orfeu Negro) com a presença da investigadora Rebecca Schneider seguida de beberete.

“Extending a Hand: Performance and Gesture in Spheres of Intra-action” (conferência em inglês)

Rebecca Schneider é professora doutora no departamento de Theatre Arts and Performance Studies na Brown University, onde lecciona estudos de performance, história do teatro e teorias da intermedialidade. É autora de Theatre and History (Palgrave 2014), Performing Remains: Art and War in Times of Theatrical Reenactment (Routledge 2011) e The Explicit Body in Performance (Routledge, 1997). Co-editou a antologia Re:Direction: A Theoretical and Practical Guide to 20th-Century Directing e um número especial da revista TDR: The Drama Review sobre Precaridade e Performance (2012). É uma das editoras principais de TDR, contribuindo ainda para a revista Women and Theatre, e com David Krasner para a colecção “Theatre: Theory/Text/Performance” com a University of Michigan Press. Schneider tem publicado ensaios em diversas antologias, incluindo Psychoanalysis and Performance, Acting Out: Feminist Performance, Performance and Cultural Politics, Performance Cosmologies, Performance and the City e o ensaio “Solo Solo Solo” em After Criticism. Tem colaborado com artistas no British Museum, em Londres, na Mobile Academy em Berlim, bem como apresentado comunicações em museus como o Guggenheim em Nova Iorque, no programa Capitals na Gulbenkian em Lisboa, no Museum of Modern Art em Warsaw, Musée d’Art Contemporain de Montreal e o Centre de la Dance em Paris.

Autores: Bojana Cvejić e Ana Vujanović, Carla Cruz, Sandra Guerreiro Dias, David Helbich, Isabel Nogueira, Claire Bishop, Eleonora Fabião, Sevi Bayraktar, Maria Andueza Olmedo, Christof Migone, Rui Mourão, Liliana Coutinho, Peggy Phelan, Ana Bigotte Vieira, Leif Elggren/KREV, Ana Borralho e João Galante, Sílvia Pinto Coelho, João Macdonald, Christine Greiner, Andrea Maciel, Paulo Raposo, Guillermo Gómez-Peña.

11 abril → 18h30
Casa Fernando Pessoa
Debate: 100 anos da conferência futurista, 100 anos de performance arte em Portugal? com Sandra Guerreiro Dias, Fernando Rosa Dias, Mariana Pinto dos Santos, Sílvia Laurea-no Costa

Uma das ações mais emblemáticas de Almada Negreiros foi a conferência futurista, proferida no Teatro da República (atual São Luiz Teatro Municipal), com o intuito de lançar o futurismo em Portugal, movimento encabeçado por Santa Rita Pintor. Tendo em conta a teoria proposta por RoseLee Goldberg, segundo a qual a performance arte nasce com as ações performativas futuristas, esta conferência pode ser considerada o marco inaugural da performance arte portuguesa. Mas será? E se assumirmos que é, qual o impacte dessa acção nas gerações do século XX? Qual a herança de Almada na performance

11 abril → 19h às 20h30
São Luiz Teatro Municipal
Performance: Partituras para o Corpo, o Edifício e a Alma

David Helbich

David Helbich criou guiões de performances especialmente para o edifício do São Luiz Teatro Municipal, publicadas no livro Performance Arte e Esfera Pública. Cada performance interpela não só o espaço arquitectónico do teatro mas também a história da performance arte tendo por protagonista o espectador, cuja experiência está no centro da proposta estética. Com a presença do artista, o espectador poderá desempenhar várias acções por todo o edifício num itinerário bem humorado. 

David Helbich (1973, Berlim/Bremen) tem vivido e trabalhado em Bruxelas desde 2002. Estudou composição em Amesterdão e Friburgo. Os seus trabalhos têm lugar em palcos, em papel, online e no espaço público. Recentemente apresentou-se, entre outros, no Martin-Gropius-Bau (Berlim), Palais de Tokyo (Paris) e UnionDocs (Nova Iorque). Para além de ensinar, por exemplo, na International Summer Courses for New Music Darmstadt, é autor do bestselling livro de fotografia Belgian solutions.

11 abril → 21h30
Polo Cultural Gaivotas | Boavista
Debate: O Público e o Privado
Dinamizador: Susana Mendes Silva (artista)
Festival Condomínio (curadoras)
Susana Chioca (artista e curadora)
Luísa Veloso (investigadora)

12 abril → 13h às 18h
MNAC – Museu do Chiado
Instalação performativa: Increments
Kovács/O’Doherty

Os trabalhos do duo de Kata Kóvacs e Tom O’Doherty combinam elementos de arte duracional, minimalismo, eletroacústica, movimento e vídeo. Em Increments, Kóvacs e O’Doherty executam uma série de ações simples em dois tambores, gravando os sons e reproduzindo-os no espaço da performance. Vão alternando entre a adição de novos sons e a escuta. Uma vez que a gravação de cada nova ação é realizada simultaneamente com a reprodução das acções precedentes, daqui resulta a sedimentação de um agregado cada vez mais denso de sons, em que as camadas mais antigas são as que mais sofreram as transformações operadas pela acústica do lugar em cada momento de gravação, fazendo referência ao trabalho de Alvin Lucier I am sitting in a room. Increments tanto apela a uma observação dos sistemas de gravação e reprodução áudio como à imersão no mundo acústico, onde se inclui a própria presença do público. Nelas se entretecem questões e crenças espacio-temporais, aqui habitadas pela poesia de vestígios acústicos, fragmentos rítmicos e feedback.

Sediados em Berlim, Kóvacs/ O’Doherty trabalham enquanto duo desde 2011. Em 2016, foram premiados pelo Art + Technology Award do LACMA (Los Angeles County Museum of Art).

12 abril → 19h às 20h30

São Luiz Teatro Municipal
Performance: Partituras para o Corpo, o Edifício e a Alma
David Helbich

12 abril → 19h
MNAC - Museu do Chiado
Performance: Reacting to Time - Portugueses na Performance
Apresentação da Transmissão X
Projeto de Vânia Rovisco com Fernando Aguiar e a colaboração de Bruno Humberto
Entre 6 e 10 de abril das 19h00 às 23h00 decorre o Workshop Transmissão X no Polo Cultural Gaivotas |Boavista

Reacting to Time - Portugueses na Performance procura actualizar a especificidade da memória corporal das primeiras experiências da performance. Aceder à origem dessa informação, atualizá-la pela transmissão directa e apresentá-la publicamente são os objectivos deste projeto. Trata-se de construir um arquivo vivo, tornado presente nos corpos.
Desde 2014, Vânia Rovisco dirige vários workshops de transmissão cujo objectivo é transmitir aos participantes uma performance que lhe tinha sido transmitida a ela pelo artista que criara a obra. Até agora foram transmitidas e reapresentadas as performances de dois autores: Identificatión (1975) de Manoel Barbosa e Il Faut Danser (1985) de António Olaio.
Nesta nova etapa, Fernando Aguiar transmitirá a performance Expresiones y interaccion(1997) a Vânia Rovisco (1.ª transmissão) que, por sua vez, a transmitirá ao artista Bruno Humberto (2.ª transmissão). No workshop Transmissão X, este transmitirá diretamente ao corpo de participantes masculinos (artistas, estudantes e interessados em performance) uma parte da história do corpo da performance portuguesa, num esforço de preservação e transmissão da memória corporal destas primeiras experiências. Do workshop resultará um objeto a apresentar pelos formandos, potenciando a propagação deste conhecimento e experiência.

Vânia Rovisco concluiu o Curso para Intérpretes de Dança Contemporânea do Fórum Dança (1998-2000). Trabalhou como intérprete com Meg Stuart/Damaged Goods (2001-2007) em diversas peças e projectos de improvisação. Colaborou com Pierre Colibeuf, Helena Waldman, Gordon Monahan, entre outros. Em 2004, começou a fazer direção de movimento, com encenadores como João Brites, Gonçalo Amorim, Gonçalo Waddington/Carla Maciel. Em 2007, tomou a decisão de colocar o corpo no contexto da galeria de arte, concebendo instalações e performances, que se tornou um alicerce na concepção do seu trabalho, envolvendo também o vídeo pela captura da plasticidade do corpo e movimento. Cofundadora de AADK. Em 2013, estreou o solo The Archaic, Looking Out, The Night Knight. Participou na Feira de Arte Contemporânea mOstra14. Encenou para o festival TODOS Silo de carros e estradas giratórias.
www.brunohumberto.com
ocontrariodotempo.blogspot.pt/

12 abril → 21h30
Polo Cultural Gaivotas | Boavista
Debate: Performance Arte e Memória

Dinamizadora: Cláudia Madeira (investigadora)
Fernando Aguiar (artista)
Ana Dinger (investigadora)
Clara Meneres (artista)

13 abril → 13h às 18h
MNAC – Museu do Chiado
Instalação performativa: Increments
Kovács/O’Doherty

13 abril → 15h
Polo Cultural Gaivotas | Boavista
Debate: Intervenção e Ética
Dinamizador: Vanessa Rato (jornalista)
Pablo Alvez Artinprocess (artista e investigador)
Mário Caeiro (investigador e curador)
Joana Craveiro (artista)

13 abril → 19h às 20h30
São Luiz Teatro Municipal
Performance: Partituras para o Corpo, o Edifício e a Alma
David Helbich

13 abril → 22h
Maria Matos Teatro Municipal
Concerto: Intonarumori
Luciano Chessa & The Orquestra Of Futurist Noise Intoners

The Orchestra of Futurist Noise Intoners é a única réplica completa da das máquinas de barulho – intonarumori – criadas pelo compositor futurista Luigi Russolo. Foram reconstruídas pelo maestro Luciano Chessa a convite da bienal PERFORMA, em Nova Iorque, que na edição de 2009 celebrava os 100 anos do futurismo italiano. Apresentando obras históricas e originais, o concerto da Orchestra of Futurist Noise Intoners inclui peças de compositores oriundos de estilos musicais diversificados. No concerto em Lisboa, ouviremos peças de Luigi Russolo, Lee Ranaldo (guitarrista fundador do grupo de rock alternativo Sonic Youth, Lucianno Chessa, Blixa Bargeld, Ellen Fullman, Pauline Oliveros (figura central no desenvolvimento da música electrónica do pós-guerra), Teho Teardo, Mike Patton (vocalista dos Faith no More e Mr. Bungle), James Fei, entre outros.

14 abril → 17h
São Luiz Teatro Municipal
Performances: REINVENÇÕES 100 anos da conferência futurista de Almada Negreiros
Artistas confirmados: Américo Rodrigues, Ana Borralho & João Galante, António Olaio, Beatriz Brás & Sérgio Coragem, Diana Combo, Fernando Aguiar, Homeostéticos, Manoel Barbosa, Marta Bernardes, Nova Orquestra Futurista do Porto, Pogo Teatro, Raquel André, Sónia Baptista, Margarida Chambel & Nuno Oliveira

Exatamente 100 anos depois do jovem Almada ter ocupado o palco do Teatro República (actual São Luiz Teatro Municipal) para ler o seu Ultimatum às gerações futuristas do século XX, entre outros manifestos, vários espaços do mesmo teatro serão ocupados por 14 artistas de diferentes gerações e de diversas disciplinas artísticas (artes visuais, poesia, dança, música e teatro), que reinventam a conferência futurista.

14 abril → 22h30
São Luiz Teatro Municipal
Festa-futurista-e-tudo
Cocktails futuristas e surpresa culinária futurista pelo Chef Joaquim de Sousa

Chef Joaquim Sousa natural de França, antigo Chefe Pasteleiro do The Oitavos tem um percurso profissional raro. Fez grande parte da sua carreira em França, entre 1988 e 2001, onde trabalhou em pastelaria, salões de chá e hotelaria de 5 estrelas com restaurantes de Estrelas Michelin. Quando chegou a Portugal, em 2001, tornou-se responsável pela formação em pastelaria em várias cadeias de hotéis de 5 estrelas. É atualmente formador na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa. Com uma reputação de criativo, perfecionista e ótimo formador, este verdadeiro aficionado do chocolate está em constante investigação de soluções inovadoras e arrojadas.

DJ sets futuristas
Mirta Vuduvum (vonCalhau!)
Bruno Silva (Ondness)
Miguel Sá (Tra$h Converters)

Uma iniciativa da Associação Per Form Ativa
Coordenação de Projeto Ana Pais
Curadoria Ana Pais, Pedro Rocha, Levina Valentim
Gestão de Projeto Ana do Rosário Bragança
Produção Missanga
Comunicação Wake Up!
Design Ilhas

03.04.2017 | por marianapinho | almada negreiros, orfeu negro, Performance na esfera pública, Projecto P!