“Phantasmagoria” de Hugo Canoilas e “vis-à-vis” de Ana Santos no CAV até 25 de setembro

Hugo Canoilas. Phantasmagoria. PhotodocumentaHugo Canoilas. Phantasmagoria. PhotodocumentaPátio da Inquisição

10 3000–221 Coimbra

Terça a Domingo 14h–19h

Entrada Gratuita

No dia 09 de Julho abriram ao público, no CAV, duas novas exposições do ciclo “Museu das Obsessões”, concebido e programado para o CAV por Ana Anacleto, por um período de dois anos. “Phantasmagoria ” de Hugo Canoilas e “visà-vis” de Ana Santos dão continuidade ao ciclo iniciado em Fevereiro de 2020 e procuram aprofundar as premissas da proposta conceptual definida pela curadora.

O ciclo de exposições “Museu das Obsessões”, assente numa ideia de liberdade e de transversalidade, recupera um conceito criado por Harald Szeemann, no início dos anos 70, que pretendia albergar todo o tipo de iniciativas decorrentes das práticas artísticas suas contemporâneas, explorando de forma livre (fora dos constrangimentos institucionais) todas as suas possibilidades de apresentação.

Assinalando o carácter de especialidade do CAV – enquanto espaço de apresentação, estudo e reflexão sobre as práticas artísticas ligadas ao uso e à criação da imagem (e particularmente da fotografia) – e valorizando grandemente a relação histórica que tem com os Encontros de Fotografia, pretende-se com o referido ciclo recriar um espírito de liberdade, promovendo o cruzamento entre as várias áreas disciplinares, dedicando especial atenção aos artistas cuja prática se afirma numa relação decorrente das questões da imagem mas cuja actividade se localiza num território de fronteira, com manifestações formais e conceptuais que vão para além das tipologias disciplinares (fotografia, vídeo, escultura, pintura, performance, etc).

Interessam-nos as particularidades, as idiossincrasias e as mitologias individuais, e é neste sentido que propomos um conjunto de exposições dedicadas a artistas (nacionais e internacionais) cuja prática se tem mostrado definidora de uma relação extraordinariamente idiossincrática tanto com a fruição da imagem quanto com a sua produção.

O ciclo de exposições “Museu das Obsessões” constitui-se então da apresentação de dez exposições subordinadas ao tema do Espectro e dez exposições subordinadas ao tema da Vertigem. Temas comuns à história da imagem, à história da produção fotográfica, ao pensamento imagético e ao próprio acto criativo.

Neste sentido, damos continuidade ao ciclo através da apresentação de duas exposições individuais de artistas de origem portuguesa – cujo percurso se tem desenvolvido também em contexto internacional – e que comungam de um interesse particular pelo estabelecimento de diálogos permanentes com a história da arte nas suas vertentes disciplinares mais tradicionais (a pintura e a escultura).

Na sala principal do CAV apresentamos a exposição “Phantasmagoria” de Hugo Canoilas que se constitui de uma grande instalação pictórica concebida especialmente para o contexto desta exposição, e que dá continuidade à mais recente investigação que o artista tem vindo a aprofundar em torno dos universos marinhos, das suas mitologias e dos seus ecosistemas enquanto metáforas de equilíbrio, sabedoria e partilha interseccional.

Na sala Project Room (espaço vocacionado para projectos especiais com um carácter mais experimental) contamos com a apresentação da exposição “vis-à-vis” de Ana Santos, concebida a partir de uma cuidada articulação entre um pequeno conjunto de obras escultóricas pré-existentes, inéditas em contexto nacional.

Ana Santos - vis-à-vis. Ana Santos - vis-à-vis.

Hugo Canoilas 

Phantasmagoria

A relação misteriosa que resulta do encontro entre duas imagens tem vindo a ocupar grande parte do pensamento produzido sobre arte e, mais recentemente, também os inevitáveis cruzamentos estabelecidos entre a prática artística e a investigação tecnológica e científica.

A percepção visual desenvolve-se em nós através de um mecanismo cumulativo. Vemos uma imagem a seguir a outra imagem, não sendo possível a activação de qualquer processo de simultaneidade. Já no caso do som ocorre o inverso. A percepção auditiva resulta de estados múltiplos de atenção e permite a sobreposição de inúmeras camadas sonoras num contínuo temporal. Ora, é justamente a consciência desta impossibilidade no campo da percepção visual, que nos leva simultaneamente a crer e a duvidar dos processos de entendimento das imagens em movimento (e muito particularmente do cinema e dos seus múltiplos mecanismos de ilusão).

Detenhamo-nos nesta ideia de percepção de movimento (ou de invenção deste em nós) para pensarmos no quanto o fragmento e a imagem fragmentária — e a sua percepção cumulativa — poderão ser responsáveis pela construção de experiências narrativas também elas em movimento. E pensemos, por momentos, no quanto o corpo, a sua deslocação e o vislumbre em fuga dessas imagens em acumulação poderão ser, de facto, responsáveis pela representação possível do movimento enquanto estado ele-mesmo.

Hugo Canoilas - Phantasmagoria. @PhotodocumentaHugo Canoilas - Phantasmagoria. @Photodocumenta

A grande instalação pictórica concebida por Hugo Canoilas para o CAV, e que ocupa e integra todo o espaço do r/c do edifício, com o título Phantasmagoria, decorre das suas mais recentes investigações e explorações plásticas, e anuncia claramente a sua filiação no território de questionamento das imagens, da sua produção e da sua percepção.

Com um trabalho absolutamente singular — que se distribui por explorações nos vários territórios tipológicos que constituem a actuação dos artistas contemporâneos — o artista tem vindo a desenvolver uma prática pontuada pela especulação em torno das relações entre arte e realidade, pela constante interrogação acerca das características e limites da pintura e por uma tónica no trabalho colaborativo enquanto promotor de uma interacção simbiótica e geradora, abraçando o caos, o acaso e o livre arbítrio enquanto processos fortemente catalisadores da actividade criativa.

Mais recentemente tem vindo a concentrar-se nas relações entre arte e natureza, ou mais propriamente, nesse campo de possibilidades que poderá resultar do encontro entre uma prática artística que valoriza o processo e o conhecimento extraído da observação dos fenómenos e organismos naturais.

A exposição Phantasmagoria sucede temporalmente (e quase de imediato) à exposição Moldada na Escuridão — que apresentou recentemente na Fundação Calouste Gulbenkian — e dá continuidade a um interesse pelo mar profundo enquanto território especulativo, capaz de gerar projecções de um futuro não colonizado, permitindo uma experiência tangível sobre novas formas de vida e sistemas de empatia e compatibilidade inter-espécies.

Tomando como ponto de partida uma imagem retida na sua memória (a raríssima lula gigante mantida em formol numa das salas do Aquário Vasco da Gama em Lisboa, mas também a lula gigante efabulada a partir das descrições de Jules Vernes no seu 20,000 Léguas Submarinas, ou ainda a lula gigante reproduzida nas imagens transmitidas pelos robots que hoje perscrutam o fundo dos oceanos), e fazendo justamente uso do fragmento enquanto ferramenta operativa de representação, Hugo Canoilas constrói uma pintura de dimensões imensas que se propõe ao espectador como um enorme desafio perceptivo.

Esta pintura que simultaneamente envolve, integra e produz espaço, cuja leitura depende em absoluto do deslocamento do corpo e da criação de intervalos de tempo decorrentes desse movimento do corpo, reforça a condição cumulativa da percepção visual de que falámos no início deste texto, parecendo querer estabelecer — através da sua condição cinemática — uma narrativa não-linear, próxima dos processos de sonho ou de imaginação.

Trata-se, de facto, de uma fantasmagoria. Uma imagem que radica a sua construção no seu próprio limite, que se revela também na história do seu processo, e cuja eficácia reside justamente na impossibilidade da totalidade da sua percepção.

Ana Anacleto · Julho 2022

Ana Santos 

vis-à-vis 

@Photodocumenta@Photodocumenta@Photodocumenta@Photodocumenta

Com os desenvolvimentos críticos operados no seio da Arte a partir dos anos 60 do século XX, verificamos que as tipologias disciplinares entendidas como tradicionalmente inquestionáveis — pintura e escultura — sofreram alterações profundas no que diz respeito ao estabelecimento das suas definições, dos seus limites e da construção do seu campo de actuação. Do cruzamento entre as suas preocupações e questões originárias e a adopção de novas questões — que promovem naturalmente novos modos de fazer, mas também (e sobretudo) novos modos de ver e pensar — surge aquilo que Rosalind Krauss denominou como ‘campo expandido’.

Esse território alargado, que permite a integração de inúmeras outras tipologias discursivas de trabalho e simultaneamente o acomodar de matérias e lógicas de pensamento (fora até da própria matéria), deixa a tradicional escultura numa espécie de limbo, de ausência ontológica, que se define a partir da sua nãoidentidade (da exclusão, da oposição, da negação, daquilo que ela não é, ou deixou de ser).

Ana Santos tem vindo a desenhar e inscrever o seu percurso neste ‘campo expandido’ da escultura … ou, mais concretamente, da produção de objectos. A sua prática assenta, em primeira instância, na procura de um muito particular estado de atenção. Esse modo de observar que distende o tempo, que se fixa no detalhe, que perscruta o espaço, e que, para além de óptico é também háptico.

A exposição vis-à-vis, apresentada no Project Room do CAV, decorre desse originário estado de atenção e evoca — desde logo no título — duas questões fundamentais no processo da artista e operativas na tentativa do estabelecimento de uma relação com o seu trabalho: por uma lado uma ideia de posicionamento espacial (frente-a-frente) e por outro uma ideia relacional comparativa (em relação a …, quando comparado com…).

Foquemo-nos, para já, na segunda questão para melhor aprofundarmos o seu processo de trabalho. Promovendo o recurso à sensibilidade e à intuição como instâncias que permitem sublinhar a unicidade do acto criativo, a artista observa e reconhece, em determinados materiais ou objectos encontrados ou adquiridos, certas características formais, funcionais, morfológicas ou cromáticas que lhe permitem começar a desenhar e testar relações de proximidade ou afastamento. Interessa-lhe perceber que energia ou estado da matéria pode ser gerado a partir da junção de dois elementos pré-existentes, cuja proveniência ou familiaridade é naturalmente distinta. A partir de um léxico de acções mínimas (e muitas vezes quase invisíveis) — dobragem, colagem, pintura, deslocamento, corte, sobreposição, aproximação apenas — e com enorme sofisticação, a artista constrói universos que põem em evidência uma articulação possível entre pensamento especulativo e pensamento operativo, permitindo aos objectos estabelecerem-se como instâncias que sinalizam um equilíbrio tenso e definem a sua própria condição evocativa. O atelier é o lugar onde estes processos ocorrem e decorrem, uma vez que o tempo (a passagem do tempo) e a espera são elementos que contribuem para que esta terceira instância possa manifestar-se em plenitude.

Retomemos agora a primeira questão enunciada no título, que convoca uma ideia de posicionamento espacial e que decorre de uma ideia de presença, de manifestação física dos volumes no espaço e do próprio espaço no seu entorno. Este é o segundo momento de teste e reconhecimento a que os seus objectos são sujeitos. Colocados no espaço expositivo é agora necessário encontrar-lhes o lugar, a devida posição. À semelhança do que acontece no atelier, também no espaço expositivo nos parece ocorrer a promoção de um processo colaborativo: a artista ‘está’ e os objectos e ‘estão’. A disponibilidade para o reconhecimento das necessidades relacionais dos objectos entre si, e entre estes e o espaço, é fruto de uma comunicação não-verbal, impenetrável e intraduzível, mas que se efectua afirmativamente nos dois sentidos. Tudo parece concluir-se no momento em que estas relações presenciais se projectam para fora de si, para fora do objecto, numa condição imanente que potencia a activação do próprio espaço e altera em absoluto a sua condição originária. Espaço e objectos passam agora univocamente a produzir um resultado, propondo-se ao espectador como veículos de acesso a um universo profundamente subjectivo cuja experiência, diríamos, poderia aproximar-se de uma ideia de transcendência.

Ana Anacleto · Julho 2022

12.08.2022 | by Alícia Gaspar | ana santos, CAV, exposição, Hugo Canoilas, phantasmagoria, vis-à-vis

Arquivos BUALA: as incríveis reportagens de Pedro Cardoso, rubrica Palenque

Pedro Cardoso é um jornalista luso-angolano. Estudou Jornalismo e Ciências da Comunicação na Universidade do Porto. Trabalhou como repórter (2005, 6), no jornal A Semana, na Cidade da Praia, Cabo Verde. Vive no México desde 2011, onde é jornalista freelancer. Colabora com meios de comunicação de Portugal, México e Angola. No BUALA, mantem há dois anos a rubrica Palenque. Na América Latina, palenque significa palco, lugar cercado. As comunidades fortificadas de escravos rebeldes no México chamavam-se palenques. É, por isso, uma tribuna de onde se contam histórias latino-americanas. E onde se recorda também o legado dos africanos que vieram para estas terras. 

 Missão Encoberta, o Toucado de MoctezumaMissão Encoberta, o Toucado de MoctezumaAção de Graças, o luto do povo da Primeira LuzAção de Graças, o luto do povo da Primeira Luz

 

Convidamos os leitores do BUALA a percorrerem alguns dos seus artigos e reportagens que visam as temáticas da identidade, política, religião, LGBTQI, migração, guerra, direitos humanos, povos indígenas, Américas e Angola.


e muitas outras.

A fuga dos alemães
A Sacerdotisa e os Meninos Santos
Ação de Graças, o luto do povo da Primeira Luz
Angolanos ilegais a caminho dos Estados Unidos - os afogados
Angolanos ilegais a caminho dos Estados Unidos: os ilegais
Angolanos ilegais a caminho dos Estados Unidos: os passageiros
Aruká, o último guerreiro
As três mortes de Marisela Escobedo
Como história de amor e piratas: os 50 anos de “As Veias Abertas da América Latina”
Contos de Mar: resistências cruzadas
Contratados, colonos e emigrantes cabo-verdianos
De Colombo, raças e pedestais
E o muro o vento levou
Foroyaa liberdade! repressão na Gâmbia
Grita Colômbia
Guiné-Bissau: se um barco atracasse
Haiti. “O horizonte foi embora, ficou sozinho no mundo”
Lesther
Los Cabos Russos
Luta, Sangue e Liberdade
Mário Pinto de Andrade: a lucidez é um sorriso triste
Mascogos. Os índios africanos cantam blues
Missão Encoberta: o Toucado de Moctezuma
Na cidade somos quase predadores
Ñucanchick allpa: Mamã Dulu, terra e educação
O Caminho da Anaconda
O terceiro género - Muxes de Juchitán, México
Os enigmas das monjas
Os invisíveis: migração de angolanos para os Estados Unidos
Os ninguéns
Os perdidos: angolanos ilegais a caminho dos Estados Unidos
Os saltos altos de Zapata
Os versos de Cardenal
Perdão? Que perdão?
Piratas das Caraíbas, a frota dos EUA ao largo da Venezuela
Por quem os tambores chamam
Se morro longe de ti
Senhor dos Milagres Escravo de Angola, Cristo do Mundo
Uma América sem América
Violência contra comunidade LGBT+ na América Central

 

11.08.2022 | by Alícia Gaspar | América, angola, Brasil, direitos humanos, guerra, jornalista, México, migração, Palenque, pedro cardoso, Portugal, povos indígenas, religiao

Exposição “Nirivalele hi kuxwela” para visitar em Maputo

A exposição está patente no Centro Cultural Franco-Moçambicano, entre 5 de Julho a 20 de Agosto de 2022.

Pode visitar a Exposição “Nirivalele hi kuxwela” de Hugo Mendes até o dia 20 de Agosto no Centro Cultural Franco-Moçambicano de Maputo.

“Nirivalele hi kuxwela” é uma alegoria para o tempo que a pandemia nos tirou – foram dois longos anos de incertezas e ansiedade – e também brinca com o facto de artistas terem sobre si a conotação (não totalmente infundada) de serem imprevisíveis e com problemas com deadlines.

“Com obras de arte resultantes das reflexões durante o tempo de isolamento causado pela pandemia, e que tencionam representar aspectos do quotidiano, referindo-se à história colectiva dos Moçambicanos.”

Hugo Mendes é um artista visual que nasceu e cresceu em Maputo. Sendo Moçambique um país com uma cultura muito rica e diversa, e com uma forte tradição no artesanato e escultura em madeira, Hugo inspira-se nesses processos. Através do seu trabalho, tenta representar os aspectos do quotidiano, referindo-se à história colectiva dos Moçambicanos, aos seus sonhos, e procurando explorar elementos mais íntimos, relacionados com o lado mais obscuro do seu próprio imaginário.

09.08.2022 | by Alícia Gaspar | arte, centro cultural franco-moçambicano, exposição, hugo mendes, Maputo, Nirivalele hi kuxwela, pandemia

Mundo de Aventuras de José Fonte Santa I Évora

Curadoria de José Alberto Ferreira

Fundação Eugénio de Almeida I Centro de Arte e Cultura, Piso 2


Horário

MAIO - SETEMBRO
De terça-feira a domingo, 10h00-13h00 / 14h00-19h00

OUTUBRO - ABRIL
De terça-feira a domingo, 10h00-13h00 / 14h00-18h00

Entrada livre

João Fonte Santa é um dos artistas mais representativos da sua geração. O seu trabalho aborda a incessantemultiplicação de instâncias produtoras de imagens, a sua circulação na cultura de massas e a legibilidadeideológica destes processos. Fonte Santa apropria-se habitualmente de imagens — da banda desenhada aosjornais, da pintura à fotografia, da iconografia popular ao cinema — a partir das quais interroga sentidos,filiações, sensibilidades e identidades.As imagens e os seus modos de circulação integram as formações discursivas que produzem narrativasde poder e de saber. Por elas tanto se mitificam identidades como se caucionam relatos históricos ouhegemonizam discursos. É talvez por isso que elas são o campo privilegiado de questionação e de desafio,análise, desconstrução ou insubmissão por parte de muitos artistas. E é seguramente por isso que estesgestos de apropriação, transformação, re-significação e leitura instalam o acto de criação num territórioonde se cruzam crise e crítica, ética e estética, arte e sociedade.No percurso artístico de João Fonte Santa, a problematização das mitologias nacionais e a desconstruçãoda história, como acontece neste Mundo de Aventuras, tem sido uma constante. Nesta exposição, comefeito, interrogam-se narrativas identitárias em torno de três núcleos. No primeiro, aborda-se a identidadenacional, entre o Berço da nação e A portuguesa, duas peças que tensionam o tempo histórico atravessandoo espaço expositivo.Num segundo núcleo, abordam-se as imagens publicadas no relato dos exploradores portuguesesHermenegildo Capelo e Roberto Ivens, De Angola à contra-costa. As grandes telas que abrema exposição representam imagens daquele livro, originalmente publicado em 1886. Elas evocam a leituraaventurosa desta Descrição de uma viagem através do continente africano compreendendo narrativasdiversas, aventuras e importantes descobertas, como reza o subtítulo encantatório da obra, onde a faunae a flora são analisadas, fotografadas e reproduzidas ilustrando cada passo da travessia continental.Na exposição, é a fauna africana que domina as escolhas do artista, cujas telas de cores fortes e traçopreciso convidam a ler a evidência do mundo natural, submetido pelas armas e pela caça aos exploradoreshumanos. Não um paraíso, mas um paraíso selvagem que as armas domesticam e ordenam.É nesse contexto que se inscreve o terceiro núcleo, no qual o artista trabalha sobre um original debanda-desenhada português anónimo, sem título, datado de 1977, no qual se mitifica o herói branco emação numa África em guerra. A análise, apropriação, re-produção (isto é, literalmente, produção de novo)de vinhetas deste objecto contraria abertamente o eufórico mundo de aventuras que dá título à exposição.Em rigor, desafia-nos a mergulhar nos 31 desenhos da série, em chave serial, iterativa, elíptica e traumática.A exposição apresenta-se como um exercício de desmontagem das imagens de dominação, no queMarie-José Mondzain caracteriza como «descolonização do imaginário». Num mundo fortemente dominadopela imagem, o gesto de criação de (mais) imagens só pode recusar a lógica da acumulação e verter-se emanalítica do imaginário, desafiando-nos a reler as narrativas à luz das suas e das nossas contradições.É este o mundo de aventuras que lhe propomos.

José Alberto Ferreira, curador



Programa Inaugural

Sábado, 9 de julho | 16h00

Alice Geirinhas e José Alberto Ferreira conversam com João Fonte Santa sobre a exposição, seguindo-se uma visita guiada

Entrada livre, limitada à lotação do espaço

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João Fonte Santa

Estudou Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade Clássica de Lisboa. Começou por se dedicar à produção de banda-desenhada underground no contexto do surgimento de fanzines. Lentamente, contudo, o seu trabalho afirmar-se-ia no campo da pintura. Trabalhando a partir de um extenso fundo de imagens e referências de cultura pop, edificaria uma obra que tem tanto de visualmente atraente como de pertinente no modo como apresenta uma visão do mundo particularmente crítica.  

Expõe regularmente desde meados dos anos 90. Das suas exposições individuais, destacam-se: 

Frozen Yougurt Potlash, Galeria VPF Cream Art, Lisboa;

O Aprendiz Preguiçoso, Festival Sonda, Atelier-Museu António Duarte, Caldas da Rainha;
Do Fotorrealismo à Abstração, Salão Olímpico, Porto.
Pintura Para Uma Nova Sociedade, Museu do Neo-Realismo, Vila Franca de Xira;
TODOS OS DIAS A MESMA COISA – CARRO – TRABALHO – COMER – TRABALHO – CARRO – SOFÁ – TV – DORMIR – CARRO – TRABALHO – ATÉ QUANDO VAIS AGUENTAR? – UM EM CADA DEZ ENLOQUECE – UM EM CADA CINCO REBENTA!, Galeria VPF Cream Art, Lisboa;
O Colapso da Civilização, VPF Cream Art, Lisboa;
Bem-vindos à Cidade do Medo, MAAT, Lisboa

Algumas exposições coletivas:

Zaping Ecstazy, CAPC, Coimbra
Plan XX!, G-Mac, Glasgow
Terminal, Fundição de Oeiras, Oeiras
Gabinete Transnatural de Domingos Vandelli, Museu de História Natural da Universidade de Coimbra, Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Café Portugal
, Design Factory, Bratislava; FEA, Évora
Glocalização ou Colapso, Obras na Coleção MG, espaço Adães Bermudes, Alvito
Portugal Portugueses, Museu Afro-Brasil, São Paulo
Utopia/Dystopia, MAAT, Lisboa
Studiolo XXI, FEA, Évora
A Incontornável Tangibilidade do Livro ou o Anti-Livro, MNAC, Lisboa
Cosmo/Política #7, Museu do Neo-Realismo, Vila Franca de Xira;

José Alberto Ferreira
Docente convidado da Universidade de Évora, onde leciona disciplinas da área da história e teoria do teatro. Tem colaboração dispersa em vários jornais e revistas, nacionais e internacionais.  Dirigiu e produziu o Festival Escrita na Paisagem (2004-2012), no âmbito do qual programou projetos e criações de artistas nacionais e internacionais na área do teatro e do transdisciplinar. Foi o curador português do projeto INTERsection: Intimacy and Spectacle, integrado na Quadrienal de Praga. Dirigiu e programa Ciclos de São Vicente, em Évora (2011-2017). É o Director Artístico do Centro de Arte e Cultura da Fundação Eugénio de Almeida desde 2018. 

Publicou, além de textos dispersos por catálogos e revistas, Uma Discreta invençam (2004), sobre Gil Vicente, Por dar-nos perdão (2006), sobre teatro medieval, Da vida das Marionetas, sobre os Bonecos de Santo Aleixo (2015). Editor e coeditor de vários títulos, de que destaca Escrita na paisagem (2005), Autos, passos e Bailinhos (2007), Tradução, Dramaturgia, Encenação  (2014), Perpectivas da investigação e(m) artes: articulações (2016), Teatro do Vestido. Um dicionário (2018). Colabora com várias organizações ministrando cursos e seminários.

08.08.2022 | by Alícia Gaspar | banda desenhada, cinema, Descolonização, exposição, fotografia, joão fonte sana, jornais, mundo de aventuras

Cine Eco | Festival de resistência regressa com cinema de impacto para refletir e (re)agir

São 70 os filmes incluídos na Seleção Oficial da 28ª edição do Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela, que decorre em Seia entre os dias 8 e 15 de outubro. Mais de 25 países estão representados na edição deste ano, sendo Portugal, França, Espanha e Alemanha, os que têm maior número de trabalhos a concurso. Novas ‘pandemias’, doenças emergentes, fraudes alimentares, pecuária sustentável, luta de povos nativos, são algumas das temáticas abordadas.

Após um périplo por Cabo Verde e Portugal (incluindo os Açores) com várias extensões já realizadas este ano em diversas cidades portuguesas, e da participação no Fórum Mundial da Água, no Senegal, no mês de março, avizinha-se uma das mais representativas edições do festival Cine Eco em Seia, após dois anos de Pandemia que, ainda assim, não impediram a realização deste icónico Festival em 2020 e 2021.

Na sua 28ª edição entram em concurso 70 filmes sobre temáticas tão pertinentes como polémicas e que inscrevem o Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela “como um evento de charneira para a divulgação das mais recentes produções documentais sobre os mais prementes desafios ambientais e societais, mas também como um importante espaço de debate e contacto com realidades que imaginávamos pertencer apenas à dimensão das distopias”, afirma a Organização do Cine Eco.

Na Competição Internacional de Longas-Metragens figuram 11 documentários. Será possível ver o filme sensação da edição deste ano do Festival de Cannes, a adaptação do clássico de Robert Bresson, “Au Hasard Balthazar”. O mundo é um lugar misterioso quando observado pelos olhos de um burro e, no filme “EO”, do veterano realizador polaco Jerzy Skolimowski, o animal é libertado de um circo por um movimento de defesa dos animais explorados e, ironicamente, vai parar às mãos de um novo dono e alvo de maus tratos. O animal acaba por observar, em silêncio, o sofrimento, a raiva, o desespero e a solidão humana.

Do coração da Papua Nova Guiné chega o filme de Céline Rouzet sobre “tribos locais presas entre rivalidades de clãs, políticos corruptos e multinacionais aparentemente cínicas” em “140 KM À L’OUEST DU PARADIS” (França; Bélgica). No filme “TAMING THE GARDEN” (Suíça; Alemanha; Geórgia), a realizadora Salomé Jashi leva-nos numa viagem ‘delirante’ de uma árvore centenária transplantada, que atravessa o mar Negro para viver o resto dos seus dias no jardim particular do excêntrico milionário e ex-primeiro-ministro da Geórgia. Em “Aya” (Bélgica; França), o realizador Simon Gillard aborda o dilema interno de uma jovem menina confrontada com a inevitabilidade – abandonar a ilha de Lahou, na Costa do Marfim, devido à subida do nível da água do mar. Do Brasil para o Cine Eco chega a luta dos Yanomami em “A Última Floresta” de Luiz Bolognesi e “A Serra do Roncador ao Poente” de Armando Lacerda. Neste último documentário, o realizador conduz-nos pela arte rupestre dos clãs Xavante, os guardiões da Serra, que materializam os espíritos que os defendem quando “a civilização” se rebela contra eles e as suas terras. Estruturado na narrativa pessoal dos nativos da Virgínia Ocidental, “DEVIL PUT THE COAL IN THE GROUND” (EUA) de Peter Hutchinson e Lucas Sabean retrata o sofrimento e a devastação provocada pela indústria do carvão, a economia em colapso, as feridas provocadas pela epidemia dos opiáceos, a pobreza, a degradação ambiental e o desaparecimento dos Apalaches. Na Competição Internacional de Longas-Metragens concorrem ainda “LA FABRIQUE DES PANDÉMIES” (França) de Marie-Monique Robin, uma viagem por 3 continentes - Ásia, América e África - com a atriz Juliette Binoche. Depois de contactarem com mais de 20 cientistas, as evidências parecem claras: “sem uma rápida resposta, o mundo irá enfrentar uma epidemia de pandemias!”. AMUKA - L’ÉVEIL DES PAYSANS CONGOLAIS (França; Bélgica) de Antonio Spanò enquadra-nos na vida dos “ceifeiros da esperança”, os agricultores da República Democrática do Congo que lutam diariamente contra inimigos invisíveis. Do país vizinho para o Cine Eco chegam ainda dois documentários.

PEDRA I OLI (STONE AND OIL) de Àlex Dioscorides, uma imersão documental sobre o desaparecimento do olival de montanha, na Serra de Tramuntana em Maiorca, e o abandono do trabalho do campo. Já “GANADO O DESIERTO (LIVESTOCK OR DESERT)” de Francisco Vaquero Robustillo retrata o papel do gado na regeneração das pastagens, dos solos, das florestas e da água e documenta o papel do maneio e a pecuária sustentável como solução para o restauro dos ecossistemas e economias rurais.

Na Competição Internacional de Curtas Metragens participam 26 documentários e filmes de ficção de vários países como Irão, Senegal, Chile, Rússia, Austrália, Sérvia, Cuba e vários países europeus. A categoria Séries e Reportagens Televisivas integra 11 trabalhos que versam sobre temáticas tão diversas como a agricultura intensiva, fraude alimentar, novas oportunidades da agricultura sustentável, educação ecológica subaquática, o degelo, o papel das abelhas. Na Competição de Longas-Metragens em Língua Portuguesa figuram 4 películas de Portugal e Brasil; na Competição de Curtas Metragens concorrem 13 filmes e, já na Competição Panorama Regional, estão a concurso 5 trabalhos.

Os programadores deste ano do Cine Eco’22 são Cláudia Marques Santos, Tiago Fernandes Alves e Daniel Oliveira.

Sobre o CineEco

O CineEco é membro fundador e faz parte da direção da Green Film Network, uma plataforma de 40 festivais de cinema ambiental.

O CineEco 2022 é organizado de forma ininterrupta há 27 anos pelo Município de Seia e conta com o Alto Patrocínio do Presidente da República e do Departamento de Ambiente das Nações Unidas.

Mais informações.

02.08.2022 | by Alícia Gaspar | cine eco, cinema, cinema ambiental, ecologia, festival de resistência, planeta, serra da estrela

Apresentação e debate da obra “Matchundadi” de Joacine Katar Moreira na UCCLA

Vai decorrer no dia 13 de agosto, pelas 16h30, a apresentação e debate da obra “Matchundadi: Género, Performance e Violência Política na Guiné-Bissau” de Joacine Katar Moreira, no auditório da UCCLA.

Com a chancela da Nimba Edições, o debate terá como oradores a autora Joacine Katar Moreira, o sociólogo Huco Monteiro e o jornalista Tony Tcheka.

A abertura da sessão contará com as intervenções do Secretário-geral da UCCLA, Vitor Ramalho, e do editor Luís Vicente.

Haverá um momento musical pelo músico guineense Guto Pires.

De referir que este evento decorre no âmbito da exposição “Olhares da Guinendade - Artes da Guiné-Bissau” patente na UCCLA - Mais informações aqui.

A sessão terá transmissão em direto da página do Facebook da UCCLA.

Sinopse:

«A cultura di matchundadi tem sido o motor da vida política guineense e sem a exacerbação e a institucionalização desta forma de masculinidade hegemónica, o sumo que tem regado a política guineense desapareceria. Entre tramas, traições, mortes, destituições, eleições, nomeações, transições políticas e golpes de Estado.»

[Joacine Katar Moreira]

Indispensável. Numa palavra seria esta a qualificação do livro de Joacine Katar Moreira que aqui se apresenta. E indispensável por múltiplas razões: porque permitirá à leitora e ao leitor aprender tanto como aprendi eu sobre a história contemporânea da Guiné-Bissau; porque desenvolve uma análise fina e sofisticada de como essa história foi e é, também, organizada por um dos processos primordiais de todas as sociedades humanas – o género; porque aponta claramente um dos elementos centrais, até aqui oculto de toda e qualquer análise sobre a realidade guineense, geradores da instabilidade e violência dos processos sociopolíticos da Guiné-Bissau – as formas de (hiper)masculinidade hegemónica que monopolizam a competição pelo poder estatal.

[Pedro Vasconcelos]

A cultura di matchundadi, hipermasculina, move-se dentro das estruturas do Estado, procurando fazer da matchundadi endémica uma matchundadi sistémica. Ou seja, procura institucionalizar um modus operandi e uma visão do mundo na qual impera a lei do mais forte, do mais poderoso e sobretudo do mais violento, ao mesmo tempo que esta hipermasculinidade traduz as características associadas aos homens e às masculinidades, tais como a redistribuição dos recursos, a protecção (e enriquecimento) do seu clã e a ameaça permanente aos adversários políticos. Assim, a cultura di matchundadi é altamente performativa mas com consequências que colidem com o ambiente democrático e a paz social, pois vive do mimetismo político e assenta no confronto constante, na demonstração de força de uns sobre outros.

[Joacine Katar Moreira]

Biografia da autora:

Joacine Katar Moreira é historiadora e política nascida na Guiné-Bissau em 1982. É Doutorada em Estudos Africanos, mestre em Estudos do Desenvolvimento e licenciada em História Moderna e Contemporânea pelo ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa. Foi deputada independente do Parlamento Português durante a XIV Legislatura e candidata às eleições europeias em 2019. Feminista interseccional e anti-racista, as suas áreas de estudo são os Estudos de Género, a violência, a política e a descolonização. Mentora e fundadora do INMUNE - Instituto da Mulher Negra em Portugal, tem participado ativamente no debate público sobre o Colonialismo, a Escravatura e o Racismo. Como política a sua agenda pautou-se pelo alargamento dos Direitos Constitucionais, o combate ao racismo e à pobreza e pela luta contra as alterações climáticas.

02.08.2022 | by Alícia Gaspar | guto pires, huco monteiro, joacine katar moreira, luís vicente, masculinidade, matchundadi, novo livro, tony tcheka, uccla, vítor ramalho

Vozes Indígenas na saúde: trajetórias, memórias e protagonismos

 Co-edição da Piseagrama com a Editora Fiocruz, Vozes Indígenas na saúde: trajetórias, memórias e protagonismos é uma coletânea de depoimentos de lideranças indígenas de diversas povos e regiões do Brasil.

 

A partir das trajetórias e experiências pessoais de treze lideranças, o livro reúne temas, eventos e situações sociopolíticas que resgatam a história e as particularidades da atuação do movimento indígena e seu protagonismo na formulação e na implementação da atual política de saúde para os povos indígenas no Brasil.

Vozes indígenas traz ainda uma conversa entre as jovens lideranças Célia Xakriabá e Luiz Eloy Terena, que revisitam as narrativas da coletânea e refletem sobre seu conteúdo a partir de uma perspectiva contemporânea de luta.

 
Os textos são acompanhados por desenhos do artista Wapichana Gustavo Caboco, que trafegam entre os mundos da medicina indígena e da biomedicina ocidental, nos conduzindo, a cada página, pelas muitas confluências e caminhos que os saberes de cura pressupõem.

Com coordenação editorial da Piseagrama, Vozes Indígenas na Saúde é organizado por Ana Lúcia de Moura Pontes, Vanessa Hacon, Luiz Eloy Terena e Ricardo Ventura Santos.

O livro impresso será vendido pelo preço especial de custo de R$ 35,00, e todo o dinheiro arrecadado com as vendas será destinado a organizações indígenas. O livro também estará disponível para download gratuito em nosso site.

 

Ficha técnica

VALOR R$ 35,00
TIPO brochura
FORMATO 14 × 21 cm
PÁGINAS 384
ISBN 978-65-89833-04-8
978-65-5708-131-0
ORGANIZADORES Vanessa Hacon, Ana Lúcia de Moura Pontes, Luiz Eloy Terena e Ricardo Ventura Santos
TEXTO DE ORELHA Joênia Wapichana
TEXTOS Ailton Krenak, Álvaro Tukano, Carmen Pankararu, Célia Xakriabá, Chico Apurinã, Clóvis Ambrósio Wapichana, Davi Kopenawa Yanomami, Iolanda Pereira Macuxi, Ivani Gomes Pankararu, Jacir de Souza Macuxi, Letícia Yawanawá, Lourenço Krikatí, Luiz Eloy Terena, Megaron Txucarramãe Mebêngôkre, Zezinho Kaxararí
DESENHOS Gustavo Caboco

01.08.2022 | by martalanca | índigenas

CALL FOR PAPERS "BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA BRASILEIRA: REFLEXÕES E PERSPETIVAS"

Call for Papers para Encontro de Jovens Investigadores

Iscte – Instituto Universitário de Lisboa  11 de novembro de 2022

Celebram-se este ano os 200 anos da Independência do Brasil. Aproveitando esta efeméride, o  Centro de Estudos Internacionais (CEI-Iscte) e o Centro de Investigação e Estudos em Sociologia (CIES-Iscte) do Iscte-Instituto Universitário de Lisboa, com o apoio do Doutoramento em História Moderna e Contemporânea e do Doutoramento em Estudos Internacionais, organizam um colóquio subordinado ao tema “Bicentenário da Independência brasileira: reflexões e perspetivas”, que será um espaço de reflexão e debate sobre temas relativos à independência e evolução histórica do Brasil desde 1822 até ao presente.

No âmbito deste evento, iremos organizar a 11 de novembro de 2022, um encontro destinado à participação de jovens investigadores (doutorandos ou recém-doutorados), onde pretendemos debater as problemáticas que envolvem os 200 anos do Brasil independente, tendo como base uma perspetiva no âmbito da História e das Relações Internacionais do Brasil.

Convidamos todos os interessados a apresentar propostas de comunicação considerando três áreas temáticas:

As diferentes independências do Brasil” – neste tópico incluímos as diferentes perspetivas acerca da independência do Brasil, como foi percecionada, quer no momento, quer também no impacto que teve ao longo do tempo, em termos de grupos sociais particulares (mulheres, indígenas, negros, grupos profissionais ou grupos políticos, etc.).

O Brasil e as suas relações atlânticas” – um dos objetivos do encontro é enquadrar a independência brasileira no seu contexto regional e analisar o seu impacto, no tempo e no espaço. Este painel poderá abordar questões como o impacto das independências das restantes colónias ibero-americanas ao longo do século XIX, as relações que se estabeleceram entre si, as relações pós-coloniais com os países ibéricos, entre outros.

O Brasil como ator global” – esta é uma temática que procura sobretudo refletir o papel do Brasil como ator internacional, não só do ponto de vista regional, mas também global. Como se irá comportar internacionalmente o Brasil, depois de ser claramente identificado como uma das potências emergentes do início do séc. XXI? Qual o impacto que a mudança na liderança política e o resultado eleitoral de outubro de 2022 poderá ter na política externa brasileira? O que poderemos esperar do Brasil como potência regional? Estes serão alguns dos temas deste painel.

As propostas, indicando claramente o painel em que desejam participar, devem ser enviadas até ao dia 31 de agosto de 2022 para bicentenariobrasil.iscte@gmail.com, contendo um resumo com até 300 palavras, um CV resumido (até 100 palavras) do/a autor/a e até quatro palavras-chave. Serão aceites propostas em português, espanhol, inglês e francês.

Os resultados de aceitação das propostas serão enviados aos autores até o dia 20 de setembro de 2022.

Comissão científica:

Prof. Doutora Ana Mónica Fonseca, CEI-Iscte

Prof. Doutora Maria João Vaz, CIES-Iscte

Prof. Doutor Luís Miguel Carolino, CIES-Iscte

Prof. Doutor Luís Nuno Rodrigues, CEI-Iscte              

Prof. Doutor Paulo Teodoro de Matos, CIES-Iscte

01.08.2022 | by martalanca | Brasil, independência