Ação em Lisboa: FAKE OR REAL ESTATE OF ISRAEL?

Por trás do genocídio está (também) um negócio imobiliário multimilionário. Empresas sionistas de construção de assentamentos já se preparam para o futuro e veem Gaza como uma oportunidade de repetir o lucrativo negócio que realizam na Cisjordânia com o apoio de Donald Trump e sua ideia de criar a “Riviera de Gaza”.
O povo palestino sofre há décadas a desapropriação de suas terras, não apenas como um processo de limpeza étnica, mas também como um processo de gentrificação e destruição de suas casas desde o final da década de 1960 na Cisjordânia pelas forças de ocupação israelenses, colonos (aproximadamente 700.000) e empresas ocidentais de turismo e imobiliárias: Re/Max (EUA), Airbnb, Booking.com, etc.
A imobiliária Harey Zahav (Montanhas Douradas em hebraico), especializada na construção de assentamentos para colonos israelenses em áreas ocupadas (consideradas ilegais pelo direito internacional), anuncia em suas redes sociais o desenvolvimento de fileiras de casas à beira-mar na Faixa de Gaza. No meio de um genocídio, com a fome como arma de guerra e dezenas de milhares de mortes, o próprio dono da construtora reconheceu em entrevista que a publicação era um fake.
Coletivo Left Hand Rotationwww.lefthandrotation.com

11.08.2025 | por martalanca | Coletivo Left Hand Rotation, Gaza

CABRAL KA MORI

Inauguração no próximo sábado, dia 16 de AGOSTO de 2025, às 18 horas, no Espaço Cultural Mbongi_67.
CABRAL KA MORI foi organizada pela “Comissão 50 Anos 25 de abril”, e apresenta o contributo central que Amílcar Cabral e o movimento de libertação que ele liderou (PAIGC) deram para a história global das independências das colónias portuguesas em África, e além, e para o fim da ditadura fascista-colonial em Portugal.
A partir desta exposição, entre os dias 16 de agosto e 28 de setembro de 2025, o COLETIVO MBONGI_67 irá promover um conjunto de atividades como visitas guiadas, sessões de cinema relacionadas à temática, conversas, apresentação de livros, leitura de poesias e músicas de intervenção, etc..
Gostaríamos muito de poder contar com vocês na divulgação, e presença, deste evento que marcará Portugal, por se tratar de uma oportunidade única de reflexão crítica e coletiva sobre o legado das lutas de libertação. 
A inauguração conta também com a apresentação do livro O MUNDO DE AMÍLCAR CABRAL (Ed. Tigre de Papel), organizado por José Neves, Rui Lopes e Victor Barros, que estará presente.
Em anexo, encontra-se o material de divulgação da Exposição CABRAL CA MORI, como cartaz e post para as redes sociais. E, com certeza, estamos à disposição, para qualquer questão.
Abertura:  16/08/2025.  18 horas
Praceta António Sérgio 4A, Monte Abraão, 2745-252 SINTRA.

O Coletivo Mbongi 67 

11.08.2025 | por martalanca | CABRAL KA MORI, Coletivo Mbongi 67

BoCA Bienal 2025 propõe “Camino Irreal” e inaugura um novo eixo Lisboa–Madrid

Entre 10 de Setembro e 26 de Outubro, uma ópera inédita de Dino D’Santiago, uma instalação-teatral de Kiluanji Kia Henda sobre migração e memória, uma performance duracional de Milo Rau e Servane Dècle que revisita o caso Pelicot ou a criação coreográfica de Elena Córdoba e Francisco Camacho em torno da memória partilhada, são algumas das estreias absolutas que integram a 5.ª edição da Bienal de Artes Contemporâneas

 

BoCA – Bienal de Artes Contemporâneas regressa em 2025 com uma proposta inédita: uma programação partilhada entre Lisboa e Madrid.

De 10 de Setembro a 26 de Outubro, a bienal estabelece um novo eixo ibérico de criação e apresentação artística, reunindo projectos transdisciplinares que cruzam as artes performativas e visuais, a música e o cinema.

Com curadoria de John Romão, esta quinta edição apresenta-se sob o título “Camino Irreal”. Entre o eco e o peso histórico da colonização e os atalhos distorcidos da era da pós-verdade, “Camino Irreal” é um convite ao desvio, ao deslocamento simbólico e à possibilidade de reconfigurar o lugar do artista e do espectador. Um caminho que não se encontra nos mapas turísticos nem nos roteiros oficiais, mas que pulsa nos corpos que criam, resistem e se deslocam, geográfica e artisticamente.

São muitos os destaques de programação, incluindo a estreia absoluta de “Adilson”, ópera encenada por Dino D’Santiago com libreto de Rui Catalão, sobre a luta de milhares de pessoas pela cidadania e o direito a serem reconhecidas no país onde vivem. João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata apresentam “13 Alfinetes”, um novo filme que articula devoção e desejo em diálogo com a memória visual de Lisboa e Madrid. Tânia Carvalho e Rocío Guzmán encontram-se num concerto que parte do cancioneiro tradicional português e do flamenco para reflectir sobre heranças partilhadas.
Entre as estreias absolutas, surgem também “Coral dos Corpos sem Norte”, de Kiluanji Kia Henda, uma criação de palco e uma instalação de grande escala sobre os fluxos migratórios e a persistência da memória; uma nova instalação performativa de Adriana Progranó, que ocupa o espaço público; “De Espiral em Espiral”, de Naufus Ramírez-Figueroa, performance que cruza história colonial e práticas de adivinhação familiar; e “O Julgamento de Pelicot”, de Milo Rau e Servane Dècle, uma vigília performativa construída a partir do caso real de violência sexual que chocou França e o mundo, onde a justiça é interrogada no espaço da arte.
A programação conta ainda com “Uma Ficção na Dobra do Mapa”, de Elena Córdoba e Francisco Camacho, projecto coreográfico que revisita o primeiro encontro criativo entre ambos; e com “Os Rapazes da Praia Adoro”, do dramaturgo e encenador espanhol Alberto Cortés com o pintor portugués João Gabriel, uma criação que parte do imaginário queer e da intimidade masculina para pensar a relação entre Portugal e Espanha a partir de um território fictício.

A BoCA 2025 distribui-se por equipamentos culturais de referência em ambas as cidades. Em Lisboa, marca presença no Centro Cultural de Belém, Fundação Calouste Gulbenkian, MAAT, Teatro Nacional D. Maria II, Culturgest, Teatro do Bairro Alto, Estufa Fria, Museu Nacional de Arte Contemporânea, Carpintarias de São Lázaro ou na Cinemateca Portuguesa. Em Madrid, colabora com instituições como o Museo del Prado, Museo Reina Sofía, TBA21 Thyssen-Bornemisza Art Contemporary, Teatro de La Abadía, Museo Nacional del Traje, Goethe Institut Madrid ou a Filmoteca Española.

Em 2025, a bienal BoCA, seguindo o “Camino Irreal”, afirma-se como uma proposta crítica e simbólica de desvio face aos caminhos instituídos. Mais do que uma metáfora, é uma linha curatorial que convida artistas e públicos a percorrer territórios alternativos, abrindo espaço para novas leituras do presente e para possibilidades de futuro fora dos mapas convencionais.

Entre 10 de Setembro e 26 de Outubro, em Lisboa e Madrid, a BoCA traça uma geografia ibérica da criação, com mais de vinte estreias mundiais e nacionais e uma programação transdisciplinar que atravessa fronteiras, práticas e identidades.

Mais programação a anunciar em breve.

Todas as informações em www.bocabienal.org

The Geometric Ballad of Fear (Sardegna), Kiluanji Kia HendaThe Geometric Ballad of Fear (Sardegna), Kiluanji Kia Henda

08.08.2025 | por martalanca | boca

Das lutas anticoloniais às lutas do quotidiano: lugares das mulheres nos 50 anos das independências

25 e 26 de setembro de 2025, Auditório do Colégio do Espírito Santo da Universidade de Évora, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e da Universidade de Évora.

Arquivos da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) Arquivos da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique)

Disponível aqui: Livros Ultramar - Guerra Colonial: Moçambique & FRELIMO - ‘A MULHER MOÇAMBICANA NA LUTA DE LIBERTAÇÃO NACIONAL’ - Maputo 2012 - MUITO RARO.

Esta Conferência pretende promover o conhecimento e a discussão pública sobre os contributos das mulheres, no contexto das lutas pelas independências - em Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e Portugal - e sobre os progressos e recuos ocorridos, nos últimos cinquenta anos, em matéria de participação política e direitos das mulheres, nestes mesmos contextos.

A mobilização e a participação das mulheres nas lutas de libertação contra o colonialismo português não chamaram particular atenção na academia até à última década. As raras investigações realizadas mostram que mesmo que algumas tenham chegado a postos de chefia e de decisão, os países independentes reproduziram rapidamente as relações desiguais de género. Nos mesmos estudos, enunciam-se sentimentos de desilusão e de traição a partir dos relatos dessas mulheres.

À medida que o percurso dos países independentes avançou, a situação da grande maioria das mulheres melhorou, mas não significativamente. As condições políticas e económicas de Estados recém-nascidos não favoreceram a emancipação das mulheres e a estrutura patriarcal do Estado manteve-se. Apesar de um reconhecimento formal dos direitos das mulheres, a sua valorização foi sendo remetida para o mérito individual, desligada de análises de fundo e ações políticas estruturais

Assistiu-se a um apagamento dos papeis das mulheres nas lutas de libertação na memória nacional oficial. O reconhecimento dado à participação feminina na luta de libertação nacional encontra-se limitado a celebrações oficiais e ao reconhecimento público de algumas, vistas como excepcionais, como Titina Silá, na Guiné-Bissau, ou Josina Machel em Moçambique. A invisibilização de muitas outras mulheres que participaram nas lutas de libertação revela como hoje continuam relevantes as lutas pelo seu reconhecimento.

Objetivos: 

1) aprofundar os conhecimentos sobre a participação das mulheres nas lutas de libertação e contribuir para um processo de reconhecimento e valorização do seu papel para a independência do seu país;

2) contribuir para uma análise crítica dos cinquenta anos das independências em matéria de avanços e recuos na participação política e na consagração de direitos das mulheres;

3) promover a investigação nesta área do conhecimento;

4) divulgar o tema junto de públicos não-especializados, fomentando um debate alargado nas sociedades em questão. 

A entrada é livre para as sessões da manhã e de cinema. No entanto, devido a limitação de espaço, é necessária inscrição nas Rodas de conversa.

Envie e-mail para mulheresindependencias@uevora.pt até 15 de setembro de 2025.

Participação limitada aos lugares existentes. 

PROGRAMA 

25 de setembro  

Auditório do Colégio do Espírito Santo, Universidade de Évora 

9h30 - 10h00 - Sessão de abertura 

Reitora da Universidade de Évora 

Sílvia Roque (UÉvora) - cocoordenadora da Conferência 

Celeste Fortes (Uni-CV/Cabo Verde) - cocoordenadora da conferência  

10h00 - 11h30 - Keynote: Das lutas anticoloniais às lutas do quotidiano 

Patricia McFadden  

Conversa com Teresa Cunha e Sara Araújo 

11h30 - 11h45 - Pausa -Café 

11h45 - 13h15 - A participação das mulheres nas lutas de libertação: uma perspetiva histórica 

Jonna Katto  

Ana Paula Tavares 

Odete da Costa Semedo  

Moderação: Catarina Caldeira Martins

Almoço  

Sala 124 - Colégio do Espírito Santo 

14h30 - 17h30 – Rodas de conversa

Roda de conversa dinamizada pelas organizadoras, com a participação das oradoras e de estudantes, investigadoras/es e ativistas. (máximo de 30 participantes). 

Roda de conversa 1- Onde estão as imagens das mulheres nas descolonizações?

Esta roda de conversa propõe uma reflexão sobre as lutas de libertação nas ex-colónias portuguesas a partir das experiências de quem as viveu – e, muitas vezes, de quem foi silenciada nos relatos oficiais. Embora as mulheres tenham desempenhado papeis fundamentais nesses processos, suas vozes e imagens foram frequentemente marginalizadas nas narrativas sobre as guerras anticoloniais.

A partir da análise da iconografia da mulher guerreira na resistência anticolonial, Catarina Laranjeiro discutirá como essas imagens foram construídas e mobilizadas historicamente. Maria do Carmo Piçarra abordará o modo como artistas, cineastas, investigadoras e curadoras têm interrogado e recriado visualmente essas memórias, desafiando arquivos públicos e privados e reimaginando os projetos de emancipação.

A conversa será também uma oportunidade para refletir sobre como práticas curatoriais, artísticas e de investigação têm resgatado e afirmado o papel das mulheres nas lutas anticoloniais, projetando-o nas resistências do presente e do futuro.

Facilitadoras: Catarina Laranjeiro e Maria do Carmo Piçarra

Roda de Conversa 2 -Guerras de libertação: as mulheres falam ou são faladas? 

As narrativas épicas nacionalistas que alimentaram as lutas de libertação e que, após as independências, vieram a consolidar-se como a ortodoxia da memória e da narrativa desse período histórico. São o discurso autorizado e repetidos à exaustão criando uma única imaginação possível do que foi a guerra de libertação, quem esteve na guerra, quem sofreu, quem combateu, quem liderou e quem abandonou a luta contra o colonialismo português. 

O conceito de combatente cristaliza, até hoje, esse estatuto de reconhecimento que veio com respeito, honrarias e privilégios. De fora ficaram tanto os privilégios quanto da imaginação e do discurso quase todas as mulheres. As que ficaram foram reduzidas, porque a elas nada se perguntou nem elas foram escutadas, a duas categorias principais com as quais se define o seu lugar, pretensamente inamovível, na memória social: algumas, muito poucas (muitas delas esposas dos chamados heróis), foram qualificadas de heroínas; a maioria delas foram definidas como vítimas. Das últimas pouco se fala e quase nada se sabe; as primeiras foram sendo ficcionadas até ao ponto de quase não conseguir distinguir o que é real e o que é da propaganda nacionalista. 

O nível de silenciamento a que as narrativas das mulheres que estiveram e combateram nas lutas de libertação nacional têm sido sujeitas é definitório do lugar subalterno que continuam a ter nas sociedades independentes. Parafraseando Lídia Jorge, a imaginação e a memória que se impôs das lutas da libertação pode ser uma ficção, mas as suas consequências são reais. Esta ficção, no entanto, tem efeitos tangíveis e duradouros, moldando não só as narrativas históricas, mas também as dinâmicas de poder contemporâneas. Elas continuam a ser faladas por quem se autoriza a falar por elas e quando elas falam, ou até mesmo gritam, são de novo remetidas para um julgamento de impertinência e de dispensabilidade quando não de subversão antinacionalista.

Nesta Roda de Conversa pretendemos pensar e refletir em conjunto duas coisas principais: 

A primeira é desvendar os mecanismos de silenciamento a que estas mulheres foram e continuam a ser sujeitas e que impactos tiveram e têm nas suas vidas e na vida do país. No fundo será refletir sobre feminismo e nacionalismo.

A segunda é procurar perceber que estratégias de resistência e de fala elas têm utilizado e desenvolvido; como essas falas se processam e como elas são discursos profundamente divergentes da ortodoxia instalada. As perguntas incómodas que permanecem são: como seriam as nossas nações e países se em vez de sermos faladas fossemos autoras plenamente reconhecidas dos nossos processos históricos? Que lutas vêm de longe e continuam a ser travadas no nosso quotidiano?

Facilitadora: Teresa Cunha

18h00 - Sessão de cinema 

Local: Auditório do Colégio do Espírito Santo, Universidade de Évora

Curadoria de Maria do Carmo Piçarra. 

Moderação: Catarina Laranjeiro

Filmes em exibição:

Fogo, L’île de Feu, Sarah Maldoror (Cabo Verde, 1979, 34’)

Um Dia Numa Aldeia Comunal, Moira Forjaz (Moçambique, 1981, 29’)

26 de setembro  

Auditório do Colégio do Espírito Santo, Universidade de Évora

9h00 - 11h30 - As lutas pela memória: passado, presente e futuro  

Terezinha da Silva  

Celeste Fortes e Rita Rainho  

Kamy Lara 

Moderação: Cláudia Leal 

11h30 - 11h45 - Pausa-Café 

11h45- 13h30: Mulheres, anticolonialismo e antirracismo

Ana Cristina Pereira  

Cristina Roldão 

Sónia Vaz Borges  

Maria-Benedita Basto

Moderação: Sílvia Rodriguez Maeso 

13h15-14h30 - Almoço  

Sala 124 - Colégio do Espírito Santo

14h30 - 17h30 - Rodas de conversa

Roda de conversa dinamizada pelas organizadoras, com a participação das oradoras e de estudantes, investigadoras/es e ativistas. (máximo de 30 participantes).

Roda de conversa 3 - Entre a academia, o ativismo e os media: como fazer avançar agendas feministas?

Num contexto em que os direitos das mulheres estão em risco um pouco por todo o mundo, e em que os discursos de ódio e a manipulação da informação parecem tornar-se uma norma social aceite, nesta roda de conversa, pretendemos refletir em conjunto em torno de questões fundamentais para avançar na divulgação, compreensão e adesão às agendas feministas. Algumas das questões que se colocam são: Como podemos tornar o discurso feminista mais acessível sem perder a sua complexidade? Que estratégias têm funcionado para criar pontes produtivas entre academia, ativismo e media? O que ganhamos (ou perdemos) com a visibilidade nas redes sociais? Quais os perigos da apropriação comercial ou superficial de discursos feministas nos media e por “celebridades”? Como lidar com o backlash (reação conservadora) no espaço público? 

A partir da reflexão e das experiências de cada participante, procuraremos mapear passos e estratégias que nos permitam avançar coletivamente na luta pelos direitos das mulheres, sem esquecer a diversidade das mesmas e o papel que o neocolonialismo, o racismo, a xenofobia, a homofobia, a transfobia, o capacitismo, entre outros, desempenham na criação de divisões entre movimentos feministas, diminuindo o alcance das transformações que desejamos ver num mundo mais feminista.

Facilitadora: Sílvia Roque 

Roda de conversa 4 - Caminho é pa frenti: como construir uma agenda feminista interseccional para o futuro?

As incertezas que os tempos atuais nos impõem e os desafios que se colocam às conquistas já alcançadas pelas diferentes agendas feministas e outras por construir e nos convocam para um djunta pensamentu, orientada para o futuro.

Convictas que não há futuro sem passado e que o caminhu é pa frenti sem esquecer o passado, nesta roda de conversa a pergunta que se impõe como bússola orientadora do debate resulta da urgência de pensarmos nesta relação umbilical entre passado e futuro.  

Como construir uma agenda feminista para o futuro?

Tomando como referência geopolítica as ex-colónias portuguesas, as múltiplas e distintas experiências de cada uma de nós, procuraremos, juntas, mapear possibilidades de construção de agendas feministas interseccionais para o futuro, que possam ser também guardiãs das conquistas alcançadas nesses espaços e, ao mesmo ritmo, reparadoras das histórias silenciadas no passado e no presente. 

Facilitadora: Celeste Fortes 

18h00 - Sessão de cinema 

Local: Auditório do Colégio do Espírito Santo, Universidade de Évora

Curadoria de Maria do Carmo Piçarra. 

Moderação: Catarina Laranjeiro

Filmes em exibição:

Hanami, Denise Fernandes (Portugal / Suíça / Cabo Verde, 2024, 96’)

Notas biográficas 

ORADORAS

Ana Cristina Pereira (AKA Kitty Furtado) é crítica cultural empenhada na diluição de fronteiras entre academia e esfera pública. Tem curado mostras de cinema (pós)colonial e promovido a discussão pública em torno da Memória, do Racismo e das Reparações, sendo co-criadora da Oficina de Reparações (mala voadora, Porto, 2023). É investigadora do CECS, onde desenvolve o projeto individual Black Gaze Cinema (2023.08077.CEECIND) e é professora convidada da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Fez parte da equipa curatorial da representação de Portugal na Bienal de Veneza 2024, no âmbito da qual foi curadora do programa Biomes. É membro ativo do GT de Cultura Visual da SOPCOM de que foi coordenadora entre 2019 e 2024 sendo, nessa qualidade, subdiretora da VISTA: revista de Cultura Visual. Entre outros textos e edições de números especiais publicou, com Rosa Cabecinhas, o livro “Abrir os gomos do tempo: conversas sobre cinema em Moçambique” (2022).

Ana Paula Tavares, poetisa e historiadora angolana, licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, aí fez o mestrado em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa. Entre 1983 e 1985, coordenou o Gabinete de Investigação do Centro Nacional de Documentação Histórica, em Luanda. Membro da União de Escritores Angolanos, fez parte do júri do Prémio Nacional de Literatura de Angola entre 1988 e 1990. Ao lado de outros investigadores, deu corpo ao levantamento e estudo de documentação relevante para a História de Angola, tombada nos arquivos portugueses. Integra também o projeto “A apropriação da escrita pelos Africanos” do Centro de Estudos de História e Cartografia Antiga (CEHCA). Além de Docente Universitária (leciona na Universidade Católica de Lisboa), desempenhou diversos cargos e funções na área da cultura, museologia, arqueologia e etnologia, património, animação cultural e ensino. Em 2004 recebeu o Prémio Mário António de Poesia atribuído pela Fundação Calouste Gulbenkian com o livro Dizes-me coisas amargas como os frutos, em 2007, o Prémio Nacional de Cultura e Artes de Angola (categoria literatura), pelo livro Manual para amantes desesperados e, em 2013, foi-lhe atribuído o Premio Internazionalle Ceppo/Pistoia, Firenze, em Itália.

Catarina Caldeira Martins é Professora Associada com Agregação do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e Investigadora do Centro de Estudos Sociais. Foi leitora, durante vários anos, na Universidade Cheikh Anta Diop de Dakar. É Doutorada em Literatura Alemã pela Universidade de Coimbra (2008) e tem título de Agregada em Estudos Culturais e Literários, com foco em estudos feministas e decoloniais. Tem publicado sobre temas de estudos feministas e pós-coloniais, literatura comparada, literatura de expressão alemã e literaturas africanas, em particular de mulheres. De entre as suas atuais áreas de investigação destacam-se os estudos decoloniais e os estudos feministas, associados a temas e problemáticas das literaturas e culturas. É docente nos programas de Doutoramento em Estudos Feministas, Discursos: História, Cultura e Sociedade, e Estudos de Literatura e Cultura. É Diretora da Coleção CES.

Cristina Roldão é doutorada em Sociologia, investigadora do ISCTE-IUL e docente da Escola Superior de Educação de Setúbal (ESE/IPS). Tem participado ativamente no debate académico e público sobre o racismo e a História Negra na sociedade portuguesa. Foi membro da comissão organizadora da 7.ª Conferência Internacional Afroeuropeans (Lisboa, 2019) e, desde 2019, que co-coordena o «Roteiro para uma Educação Antirracista» da ESE/IPS. Foi cronista do Público e membro dos Grupos de Trabalho sobre o Plano Nacional de Combate ao Racismo e sobre a recolha de dados étnico-raciais nos Censos 2021. É co-autora do livro Tribuna Negra: Origens do movimento negro em Portugal, 1911-1933.

Jonna Katto é investigadora e trabalha sobre a intersecção de história oral, estudos de género e história cultural. Atualmente, é bolseira de investigação da Academia no Departamento de Línguas da Universidade de Helsínquia, onde lidera o projeto “Multiscalar gendered temporalities in southeastern African history: Vozes orais, passados vividos e herdados, e o testemunho profundo do tempo na linguagem” (GENTEMPO-Africa). É também editora-chefe (juntamente com Thera Crane) do Nordic Journal of African Studies.  

Kamy Lara nasceu em Luanda, em 1980. Aos 18 anos mudou-se para Lisboa para terminar os estudos. Em 2010 regressou a Angola e integrou a equipa do projeto “Angola - Nos Trilhos da Independência”, no qual gravou cerca de 700 entrevistas com pessoas que participaram na luta pela independência de Angola que compuseram o documentário “Independência” lançado em 2015. Kamy assina a Direção de Fotografia nos cinco filmes produzidos pelo projeto e é a realizadora de “Mulheres de Armas”. Em 2019 dirigiu a sua longa-metragem, o documentário “Além dos Meus Passos”. Kamy tem trabalhado em vários projetos cinematográficos com diferentes artistas angolanos como os realizadores Fradique, Ery Claver, Sérgio Afonso; os artistas plásticos Kiluanji-Kia-Henda, Pamina Sebastião, Helena Uambembe; o escritor Ondjanki, entre outros. Para além do cinema, Kamy tem trabalhado voluntariamente na Coordenação do Ondjango Feminista desde 2016 desenvolvendo em conjunto com outras mulheres angolanas várias atividades pelos direitos das mulheres. 

Maria-Benedita Basto é professora associada do Departamento de Estudos Ibéricos e Latino-Americanos da Universidade Sorbonne, investigadora do CRIMIC e investigadora associada do IMAF/EHESS e do IHC/Nova, em Lisboa. É responsável da licenciatura de Português e co-responsável da Cátedra Paul Teyssier do Instituto Camões na mesma universidade. Cruzando história, cinema e literatura do mundo lusófono, o seu trabalho aborda questões coloniais, anticoloniais e pós-coloniais relacionadas com (trans)memórias, memórias íntimas e os usos do arquivo, imaginários imperiais, epistemologias subalternas, lutas de libertação e internacionalismos. Foi responsável científica do programa de história La marche du Monde de Valérie Nivelon/RFI “Amílcar Cabral et Maria Helena, de l’intime au politique” (Julho de 2025) e co-tradutora das cartas de Cabral a Maria Helena publicadas na brochura editada pelo mesmo programa. Publicações: (coedição): Socialismes en Afrique, Paris, éditions MSH, 2021 ; Savoirs en circulation dans l’espace Atlantique. Europe, Amérique latine, Afrique. XVIIe-XIXe siècles, Reflexos, Revue pluridisciplinaire du monde lusophone, [on line], n. 005, 2020 ; Capítulos : « The Retornado as Archive of the Sensible in Contemporary Portuguese Artistic Practices : Between Transmemories, Nostalgias and Possible Futures » dans E. Peralta, The Retornados From the Portuguese Colonies in Africa. Memory, Narrative, and History, NY, Routledge, 2022; « ‘Somos Latino-Africanos’. Angola, entre estrategia geopolítica, propaganda interna e intimidad », dans Nancy Berthier y Camila Arêas (ed.), Noticiero ICAIC:Memoria del Mundo. 30 ans de periodismo cinematográfico en Cuba, Madrid, Édiciones Hurón Azul, 2023, p. 339-358; « Amílcar Cabral », in J-N. Ducange, R. Keucheyan, S. Roze, Histoire Globale des Socialismes, Paris, PUF, 2021)

Maria do Carmo Piçarra é investigadora contratada do ICNOVA-Instituto de Comunicação da Universidade Nova de Lisboa, professora auxiliar na UAL e programadora de cinema. Em 2023, foi galardoada com a Cátedra Hélio e Amélia Pedroso/Fundação Luso-Americana em Estudos Portugueses na Universidade de Massachusetts Dartmouth. Os seus actuais interesses académicos incluem as representações fílmicas (pós)coloniais, a propaganda cinematográfica e a censura em Portugal, as mulheres nos movimentos de descolonização e os usos militantes da imagem. Entre as suas publicações contam-se Catembe, esse Obscuro Desejo de Cinema (2024), Vento Leste: Luso-orientalismo(s) nos Filmes da Ditadura (2023), Olhar de Maldoror. Singularidade de um Cinema Político (2022), Projectar a Ordem. Cinema do Povo e Propaganda Salazarista 1935 – 1954 (2020) e Azuis ultramarinos. Propaganda e censura no cinema do Estado Novo (2015). Com Teresa Castro, foi editora do livro (Re)Imagining African Independence. Film, Visual Arts and the Fall of the Portuguese Empire (2017), e com Jorge António, da trilogia Angola, o Nascimento de uma Nação (O cinema da propaganda; O cinema da libertação; O cinema da independência). 

Odete da Costa Semedo (Bissau, 1959) Doutorada em Letras (Literaturas de LínguaPortuguesa), pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUCMINAS), é investigadora sénior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP), na Guiné-Bissau. Professora de Língua Portuguesa e Literaturas africanas de língua portuguesa, expert nacional nos domínios de ensino/formação, participação feminina. Facilitadora de ações de formação no domínio do Género e Desenvolvimento no Contexto Africano, Literaturas e culturas, tradição oral guineenses e literaturas em língua portuguesa. Desempenhou as funções de: Ministra da educação - maio de 2014 a maio de 2016; Reitora da Universidade Amílcar Cabral (2012 a 2014); Ministra da Educação Nacional - junho 1997 a fevereiro 1999; Ministra da Saúde - março de 2004 a novembro de 2005. Escritora com várias obras e artigos publicados na Guiné Bissau e no estrangeiro, entre elas, o diário da dirigente do PAIGC, Carmen Pereira: Os meus três amores: o diário de Carmen Maria de Araújo Pereira: uma visão de Odete Costa Semedo (2016). 

Patricia McFadden de eSswatini (nascida em 1952) é uma feminista radical africana, socióloga, escritora, educadora e editora de eSwatini, ativista e académica que trabalhou no movimento anti-apartheid durante mais de 20 anos. Como escritora, foi alvo de perseguição política e trabalhou como editora da Southern African Feminist Review e da African Feminist Perspectives. McFadden foi professora na Universidade de Cornell, no Spelman College, na Universidade de Syracuse e no Smith College, nos Estados Unidos. Atualmente,  live as an organic vegan on a farm where I grow most of my food.

Rita Rainho (Portugal/Cabo Verde. 1986) é a primeira investigadora de carreira (CEEC) do i2ADS - Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade da FBAUP - Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Atua enquanto artista e investigadora na Europa, África e América Latina dedicada às implicações da arte, política e ecologia. É Doutorada em Educação Artística (bolseira FCT), Mestre em Arte e Design para o Espaço Público, Licenciada Artes Plásticas, FBAUP. Em 2023, foi distinguida como ‘Best of’ das artes visuais africana e afrodiaspórica em Portugal pela Bantumen (2023), com a exposição & programa discursivo “Neve Insular, 0,0003% – Algodão e Resistência” desenvolvidos como co-autora do coletivo Neve Insular e investigadora. Co-coordenou o projeto de investigação e criação “Memórias para o futuro: projetar a independência no feminino” com foco na participação de mulheres combatentes na luta pela liberdade de Cabo Verde e Guiné Bissau.

Sara Araújo é investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e foi professora auxiliar convidada, em tempo integral, na Faculdade de Economia da mesma universidade (2019-2023). É doutorada em sociologia do direito e foi cofundadora do Programa de Doutoramento em Sociologia do Estado, do Direito e da Justiça (UC). Iniciou a carreira, em 2000, no Observatório Permanente da Justiça Portuguesa, mas rapidamente internacionalizou o seu percurso ao integrar uma equipa binacional que desenvolveu uma investigação aprofundada sobre justiça em Moçambique, país onde residiu e trabalhou durante 7 anos. Posteriormente, no CES, participou como investigadora sénior em tempo integral em vários projetos, comprometida com a descolonização da universidade e a complementaridade entre o saber académico e o conhecimento que nasce nas lutas sociais. Em 2015, foi investigadora visitante na Faculdade de Direito da Universidade de Wisconsin-Madison. Foi coeditora dos livros Dinâmicas do Pluralismo Jurídico em Moçambique (Kapicua) e Decolonizing Constitutionalism. Beyond False or Impossible Promises (Routledge), tendo ainda publicado artigos, capítulos e relatórios científicos sobre acesso à justiça; pluralismo jurídico, direitos humanos e descolonização do Estado e do direito; justiça social e epistémica; austeridade, neoliberalismo e justiça laboral. Desde 2023, integra o coletivo Academia sem Assédio, que reúne vítimas de assédio sexual e moral em contexto académico.

Sónia Vaz Borges é uma historiadora interdisciplinar militante e organizadora político-social. Doutorou-se em História da Educação na Humboldt-Universität zu Berlin (HU). É autora dos livros Militant Education, Liberation Struggle, Consciousness: The PAIGC education in Guinea Bissau 1963–1978  (2019) e Ragás Because the sea has no place to grab. A memoir of home, migration, and African liberation (2024).  Como resultado da sua investigação, Vaz Borges é coautora das curtas-metragens, Navigating the Pilot School (2016); Mangrove School (2022)  e  Weaving Stories while Walking (2024). Em 2024, foi co-curadora do pavilhão português na La Biennale di Venezia com o projeto Greenhouse.  Juntamente com Mónica de Miranda, foi curadora do catálogo da exposição com o título Greenhouse- Art, Ecology & Resistance (2024). Atualmente  Vaz Borges é Professora Assistente de História e Africana Studies na Drexel University em Filadélfia (EUA).

Terezinha da Silva é ativista feminista e pesquisadora do Instituto de Estudos Sociais e Económicos de Moçambique. Foi coordenadora Nacional durante 13 anos do think tank feminista Women and Law in Southern Africa - Moçambique. Tem uma longa experiência de trabalho sobre saúde, género, direitos humanos das mulheres e ação social em Moçambique; é membro do National Reference Group at the Civil Society do programa SPOTLIGHT INITIATIVE. Realizou mestrado em Social Policy and Planning in Developing Countries pela London School of Economics and Political Science (LSE), University of London, Reino Unido. Realizou trabalho no Carr Centre for Human Rights Policy, Universidade de Harvard, EUA, durante o ano de 2000, sobre a área de gerontologia.

Silvia Rodríguez Maeso é doutorada em Sociologia Política (Universidade do País Basco), Silvia é investigadora principal do CES e vice-coordenadora da Linha Temática “Democracia, justiça e direitos humanos”. Silvia é co-coordenadora do Programa de Doutoramento “Human Rights in Contemporary Societies”(CES/IIIUC) e leciona no Programa “Sociology of the State, Law and Justice” (CES/FEUC). Foi coordenadora do projeto POLITICS - “A política do (anti)racismo na Europa e na América Latina: produção de conhecimento, decisão política e lutas coletivas” (ERC-Consolidator Grant, 2017-2022). O seu trabalho de investigação e ensino em programas de pós-graduação debruça-se nos âmbitos dos estudos críticos da raça e o (anti-)racismo e o pensamento descolonial, com ênfase na análise da relação entre poder e produção de conhecimento, políticas públicas e discurso sociolegal.

COMISSÃO ORGANIZADORA  E DINAMIZAÇÃO DAS OFICINAS

Sílvia Roque (Coimbra, 1980) é Professora Auxiliar de Relações Internacionais na Universidade de Évora. Doutorada em Relações Internacionais, é, desde Janeiro de 2025, investigadora do Centro de Investigação em Ciência Política (CICP). Entre 2008 e 2024, foi investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, onde foi também investigadora júnior entre 2005 e 2007. Neste centro, foi cocoordenadora do Núcleo de Humanidades, Migrações e Estudos para a Paz entre 2016 e 2019. Foi Professora Auxiliar Convidada no Mestrado em Estudos Africanos, no ISCTE-IUL (2017-2019). 

Desde 2005 tem trabalhado em projetos de investigação no domínio das Relações Internacionais, em particular na área de Estudos para a Paz e dos Estudos Feministas. Para além da Guiné-Bissau e de El Salvador, países onde concentrou a maior parte da sua investigação, colaborou ainda em projetos de investigação em Portugal e em Moçambique. Além disso, tem colaborado com organizações da sociedade civil e organizações internacionais na realização de estudos, formação e cooperação que visem a compreensão e a diminuição de várias expressões de violência. Das suas publicações destacam-se: Pós-guerra? Percursos de violência nas margens das Relações Internacionais. Coimbra: Almedina, 2016; e “Mulheres, nação e lutas no cinema anti/pós-colonial da Guiné-Bissau”, Revista De Comunicação E Linguagens, 54, 276-295, 2021.  

Celeste Fortes é cabo-verdiana, safra de 1981. Doutorada em Antropologia Social e Cultural, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Feminista e ativista social e cultural. Docente e investigadora na Universidade de Cabo Verde. Lutadora, em várias frentes, pela democratização e polifonia das vozes femininas. Criadora de projetos que promovem diálogos entre a academia e a intervenção artística, de forma a produzir agendas endógenas de investigação e ativismo. Co-coordenou o projeto Memórias para o futuro: projetar a independência no feminino. É corealizadora do documentário Bidon: nação ilhéu (2019), financiado pelo programa CPLP Audiovisual - DOCTV III. 

Teresa Cunha é doutorada em Sociologia pela Universidade de Coimbra em pós-colonialismos e cidadania global com uma tese com o título ‘Para além de um Índico de revoltas. Uma análise feminista e pós-colonial das estratégias de autoridade e poder das mulheres de Moçambique e Timor-Leste’. Realizou uma investigação pós-doutoral em Economias Feministas em Moçambique, África do Sul e Brasil (2011 a 2018). É professora desde 1980, professora-coordenadora da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Coimbra desde 2020 Os seus interesses de investigação e formação são feminismos e pós-colonialismos; outras economias e economias feministas mulheres; transição pós-bélica, paz e memórias; direitos humanos das mulheres. Tem publicados vários livros e artigos científicos em diversos países e línguas. Destacam-se os seguintes livros: Economic Diversity in Contemporary Timor-Leste; Mulheres; Territórios e Identidades vol 1, 2 e 3; Women InPower Women. Outras Economias criadas e lideradas por mulheres do sul não-imperial; Never Trust Sindarela. Feminismos, Pós-colonialismos, Moçambique e Timor-Leste; Ensaios pela Democracia. Justiça, dignidade e bem-viver; Elas no Sul e no Norte; Vozes das Mulheres de Timor; Timor-Leste: Crónica da Observação da Coragem; Feto Timor Nain Hitu - Sete Mulheres de Timor»; Andar Por Outros Caminhos e Raízes da ParticipAcção. Formadora do Conselho da Europa desde 1993 na área dos Direitos Humanos, Educação não-formal, Juventude e Género. Realizou ao longo da sua vida muitos projetos de educação-não formal feminista e pós-colonial nomeadamente em Moçambique, Colômbia, Brasil, Espanha e Timor-Leste. É fundadora da coletiva internacional ‘Economias Feministas Camponesas’ que junta ativistas e académicas de Espanha, Portugal, Colômbia, Brasil e Moçambique. Desde 2019, no âmbito do trabalho desta coletiva co-coordenou várias escolas avançadas e projetos feministas decoloniais em Coimbra, Bogotá, Medellín e Maputo. Foi presidente durante 7 anos da ONG internacional Youth Action for Peace (1990 a 1997) e ativista feminista em várias organizações nacionais e internacionais como a Marcha Mundial das Mulheres. Em 2017, foi agraciada com a Ordem de Timor-Leste pelo Presidente da República Democrática de Timor-Leste pelos seus contributos para a paz e a independência do país. 

Catarina Laranjeiro é investigadora do Instituto de História Contemporânea da NOVA FCSH, onde desenvolve uma investigação sobre cinema vernacular em Cabo-Verde e Guiné-Bissau e respectivas diásporas em Portugal e França. É doutora em Pós-Colonialismos e Cidadania Global pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, e mestre em Antropologia Visual e dos Media pela Freie Universitaet Berlin. Participa, regularmente, em diversos projetos e coletivos que cruzam a antropologia, a fotografia e o cinema. Das suas publicações destacam-se: Dos sonhos e das imagens. A guerra de libertação na Guiné-Bissau. Lisboa: Outro Modo, 2021; e “Gender Struggle in Guinea-Bissau: Women’s Participation On and Off the Liberation Record,” in Resistance and Colonialism: Insurgent Peoples in World History, editado por Nuno Domingos, Miguel Bandeira Jerónimo e Ricardo Roque, 85-122. London: Palgrave Macmillan, 2019, com Inês Galvão.

Cláudia Constance Leal é moçambicana. Licenciada em Linguística e Literatura pela UEM (Moçambique), pós-graduada em Mass Communications pela Universidade de Leicester (UK), Mestre e doutoranda em Estudos africanos pelo ISCTE (Portugal). É investigadora do CEI – Centro de Estudos Internacionais do ISCTE e trabalha sobre o tema “Mulheres e Poder”, focando-se, em particular, na investigação sobre mulheres moçambicanas combatentes e a sua invisibilização. Para além de estudante de doutoramento, é jornalista da Televisão de Moçambique, correspondente para a Europa. Já trabalhou em Angola com a Rádio OCHA/IRIN das Nações Unidas em programas de desminagem, desmobilização e reassentamento da população, na TV ZIMBO como Pivô e em Portugal na apresentação do programa Bem-vindos da RTP África. É mãe de 4 filhos.

Laura Monteiro é licenciada em Relações Humanas e Comunicação Organizacional e estudante finalista de Relações Internacionais na Universidade de Évora, com especial interesse em Estudos Africanos e Direito Marítimo.

04.08.2025 | por martalanca | independências, mulheres

RENDA ACESSÍVEL

On Saturday, 26 July, an unorthodox protest unfolded on Lisbon’s Largo do Intendente. Marchers arrived bearing a coffin inscribed “AFFORDABLE RENT.” Dressed head‑to‑toe in black, with bouquets in their arms and skull masks on their faces, they set a funereal tone that felt equal parts carnival and wake. In their hands glimmered placards whose manifestos, written in Portuguese, formed an elegy for the right to housing:

menos casas acessíveis = mais caixões
fewer affordable homes = more coffins

em Lisboa só chega para alugar um caixão
in Lisbon you can only afford to rent a coffin

o preço da renda mata
the rent price kills

viver é caro, mas não por muito tempo
living is expensive—but not for long

investimentos para os ricos, morte para todos
investments for the rich, death for all

a renda é ao dia, a morte é para sempre
rent is by the day, death is forever

rendimento básico para os vivos
basic income for the living

o galo assado grita de tanto capitalismo
the roast rooster screams from so much capitalism

The action was staged by the Portuguese cell of The Party of the Dead—an art‑activist formation founded in 2017 by members of the St Petersburg collective {Rodina}. What began in Russia has metastasised across borders; when the Russian army’s full‑scale invasion of Ukraine began, many of the Party’s members fled the country yet carried their necropolitical theatre into new geographies.

In an era of ideological decomposition and accelerated neuro‑dopaminergic attractions, the dead return to reconstruct a political body. Lurching out of alleyways like Hollywood zombies, these living corpses bear the stigma of the ever‑excluded: foreigners who do not speak the imperial tongue, who move awkwardly through space, their fractured bodies refusing smooth choreography. Does the pop‑culture wave of zombie films not mirror Europe’s panic over migrant “flows”? The undead possess no home, yet they can temporarily occupy public squares.

Meanwhile Lisbon’s rents soar; investors smell growth and buy still more property, prolonging their own lives through costly pharmaceuticals and medical hardware, while the most vulnerable classes are priced out of shelter. At this vertiginous peak of capital accumulation, the dead assemble as a political bloc to expose the state‑corporate attachment to cadaverous mythologies. The grotesque carnival and black humour of the Party of the Dead extend the lineage of Russian actionist art and its bleak existential literature. Museums feed on the aura of direct political risk, but their vitrines entomb mummies—objects whose function is long lost. If every museum is a necropolis and any artwork dies the moment it enters that mausoleum, the Party of the Dead works pre‑emptively, choosing to die before ever crossing the threshold.

— Ricardo de Kores

 ** 

No sábado, 26 de julho, consumou‑se uma ação insólita no Largo do Intendente, em Lisboa. Os participantes trouxeram um caixão com a inscrição «RENDA ACESSÍVEL». Vestidos de negro integral, com flores nas mãos e máscaras de caveira a tapar o rosto, instauraram uma atmosfera fúnebre de cortejo e crítica. Nas tábuas que erguiam lia‑se:

menos casas acessíveis = mais caixões

em Lisboa só chega para alugar um caixão

o preço da renda mata

viver é caro, mas não por muito tempo

investimentos para os ricos, morte para todos

a renda é ao dia, a morte é para sempre

rendimento básico para os vivos

o galo assado grita de tanto capitalismo

A performance foi orquestrada pela célula portuguesa da Partida dos Mortos, coletivo artístico‑ativista criado em 2017 por membros do grupo pietrogradense {rodina}. Depois de irromper em várias cidades russas, o movimento espalhou‑se pelo exterior quando, com a invasão russa da Ucrânia, muitos dos seus integrantes se exilaram, levando consigo o seu teatro necropolítico.

Na era da decomposição ideológica e dos atrativos neuro‑dopaminérgicos acelerados, os mortos regressam para reconstruir o corpo político. Surgem dos becos como zombies de série B, trazendo consigo o pavor que desperta o grupo excluído: uma massa que não fala a língua da metrópole, suja, tensa, corpo quebrado fora de controlo. Não encarna esta vaga zombie, na cultura de massas, o medo perante o fluxo de migrantes? Os mortos‑vivos não têm casa, mas podem ocupar provisoriamente o espaço público.

Enquanto isso, o preço das casas em Lisboa continua a disparar; os investidores farejam crescimento, compram mais imóveis, alongam as suas próprias existências com fármacos e tecnologia médica dispendiosa, e os estratos mais vulneráveis deixam de poder pagar a renda. Neste instante de velocidade máxima do capital, os mortos unem‑se num bloco político para denunciar a afeição de Estados e corporações a mitologias cadavéricas. O carnaval grotesco e o humor negro da Partida dos Mortos prolongam a tradição do acionismo russo e da literatura existencial sombria. Os museus alimentam‑se da aura de risco político direto, mas nos seus expositores conservam‑se múmias — artefactos despojados de função. Se os museus são necrópoles e qualquer arte morre ao entrar nelas, a Partida dos Mortos joga em antecipação: decide morrer ainda antes de franquear o pórtico do mausoléu.

— Ricardo de Kores

29.07.2025 | por martalanca | crise, especulação, habitação, lisboa

Tira-gosto “Delírio Tropical: o Brasil pelo olhar da arte”

29/07 de 19:00 até 22:00


O Tira-gosto é um espaço de conversa criado pela Casa Oxente para acolher vozes em trânsito — artistas, escritores e agentes culturais que pensam o pertencimento a partir de deslocamentos, memórias e gestos de criação.

A nova edição do projeto Tira-gosto convida o público para uma conversa sobre a exposição Delírio Tropical, realizada na Pinacoteca do Ceará. A mostra foi reconhecida como a melhor exposição coletiva de 2024 pela Revista Select e indicada ao prêmio de melhor exposição do ano pela Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA).

Para esse encontro, contaremos com a presença de dois nomes importantes do cenário das artes visuais: Orlando Maneschy, artista, professor e curador da exposição e Bruno Marques, historiador da arte, professor e curador.

Sobre a exposição

Com curadoria de Orlando Maneschy e curadoria adjunta de Keyla Sobral, Delírio Tropical apresenta uma ampla cartografia da produção visual contemporânea brasileira. A mostra reúne 133 artistas de diferentes gerações e regiões do país, em obras que transitam entre o político, o poético e o inesperado. Realizada em parceria com a terceira edição do Fotofestival Solar, a exposição destaca vozes e visões que emergem de um Brasil multicultural, diverso e vibrante.

Informações importantes sobre o evento

  • O Tira-gosto acontece em Lisboa. O endereço completo será enviado por e-mail após a inscrição — por isso, é fundamental preencher seus dados corretamente.
  • O evento é gratuito, mas a inscrição é obrigatória, pois as vagas são limitadas.
  • As inscrições estarão abertas até o preenchimento total das vagas ou até o dia do evento.

Entrada gratuita, mediante inscrição prévia. Vagas limitadas.

Inscrições através deste link

22.07.2025 | por martalanca | arte, Brasil

Exalações

APRESENTAÇÃO PÚBLICA DO LIVRO EXALAÇÕES DE JOSÉ LUIS HOPFFER ALMADA

22.07.2025 | por martalanca | José Luís Hopffer Almada

“Sair da grande noite”: Uma conversa sobre a obra de Frantz Fanon

Uma conversa sobre a obra de Frantz Fanon por ocasião do 100º aniversário do seu nascimento, com a presença de Flávio Almada, Francisco Vidal, Vânia Sanhá e moderação de Manuela Ribeiro Sanches.
Frantz Fanon é hoje uma referência incontornável em vários contextos políticos e sociais um pouco por todo o mundo, sendo a sua presença uma constante nos movimentos antirracistas e nos debates sobre os legados do colonialismo, nomeadamente no que diz respeito à distribuição de poder a nível global. Mais recentemente, a atividade de Fanon enquanto psiquiatra tem conhecido maior divulgação e o elemento terapêutico no seu pensamento ganhou relevo. Em Portugal, este interesse tem sido acompanhado por novas edições da sua obra.
A leitura de Fanon revela-se fundamental não só para a compreensão do contexto histórico em que surgiu, com as suas ramificações entre os movimentos de libertação e as causas do chamado Terceiro Mundo nas décadas de 1960 e 1970, mas também e, agora, sobretudo na luta pelos direitos de grupos racializados. Com efeito, todas estas questões voltam a ecoar no século XXI, quer em movimentos sociais que reivindicam uma cidadania efetivamente igualitária, quer na discussão sobre a urgência da descolonização de saberes e instituições.
Como ler Fanon, hoje, a partir de Portugal? Qual o papel das instituições e dos diferentes movimentos na sua receção? Qual a relevância da sua obra para a nossa contemporaneidade, tendo em conta a complexidade das suas diferentes vertentes – anticolonial, antirracista, terapêutica – e a reivindicação para se “sair da grande noite” do colonialismo?
É em torno destes temas que se propõe uma conversa que dá o mote à iniciativa associada ao centésimo aniversário do nascimento de Fanon, a decorrer entre janeiro e fevereiro de 2026, através de um ciclo sobre as relações entre a sua obra e o cinema.

20.07.2025 | por martalanca | Frantz Fanon

Conferência: Os escravizados Africanos do Vale da Gafaria-Lagos: QUEM são? de ONDE vieram? para onde DEVEM ir?

A investigadora Vicky M. Oelze, da Universidade da Califórnia-Santa Cruz (EUA) em parceria com a Djass, vem apresentar os resultados de um projeto em que foi possível identificar as origens africanas das pessoas escravizadas encontradas no Vale da Gafaria, em Lagos.
No próximo dia 21 de Julho, às 18h, no Centro de Informação Urbana de Lisboa, vamos debater o passado, o presente e propostas para o futuro.

19.07.2025 | por martalanca | Djass, escravatura, Lagos, Vicky M. Oelze

ESENJE LI TCHOSI! Tradição. Sabedoria. Herança

Estás pronta para imaginar e criar futuros mais justos? Estão oficialmente abertas as candidaturas para edição de 2025 da nossa Expo Colectiva, um espaço de afirmação artística, feminista e transformadora!Procuramos artistas mulheres que vivam em Angola, que se identifiquem com os valores feministas e que queiram partilhar, através da arte, visões críticas sobre o mundo em que vivemos.Este ano vamos priorizar novas artistas, que participarão a uma formação gratuita sobre artivismos feministas decoloniais, que será fundamental para o processo criativo.As artistas seleccionadas receberão também um acompanhamento curatorial e irão expor as suas obras em Novembro, numa mostra poderosa que celebra a arte como forma de luta.
CANDIDATURAS ABERTAS ATÉ 23 DE JULHO!Link para os critérios de elegibilidade e também para o formulário para a candidatura:https://www.ondjangofeminista.com/ondjango/2025/7/17/esenje-li-tchosi-tr...

Partilha esta chamada com artistas incríveis que conheces — o futuro da arte feminista está a ser tecido agora!
Segue a trilha!
#ExpoColectiva #EsenjeLiTchosi #OndFeminista #RompeLuanda #Otratierra

18.07.2025 | por martalanca | ondjango feminista

Galo de Luta Oficial em Lisboa

Galo de Luta Oficial vem a Lisboa para Evento Beneficente no Favela LX em apoio a documentário sobre trabalhadores precários em LISBOA. 

O ativista e figura proeminente Galo de Luta Oficial, conhecido por sua incansável defesa dos direitos dos trabalhadores, está a caminho de Lisboa para uma série de eventos beneficentes. O ponto alto será uma rifa de obras de arte e um jantar de convívio no renomado espaço cultural Favela LX, com o objetivo de arrecadar fundos para a produção de um documentário vital sobre a realidade dos trabalhadores precários. Este evento representa um marco na luta por visibilidade e justiça social, unindo arte, cultura e ativismo em prol de uma causa urgente. A iniciativa visa não apenas angariar recursos financeiros, mas também sensibilizar a sociedade para as condições enfrentadas por milhões de trabalhadores em situação de vulnerabilidade. 

Detalhes do evento e oportunidade de entrevista 

•Data: 18 de Julho de 2025 •Hora: 14h00 

•Local: Favela LX •Endereço: Rua da Bica do Sapato 50C 

Representantes da imprensa estão cordialmente convidados a participar da sessão de entrevistas exclusiva com Galo de Luta Oficial e os organizadores do evento. Esta será uma oportunidade única para aprofundar o entendimento sobre a importância do documentário e a causa dos trabalhadores precários. A atividade terá apoio parceria de mídia do BUALA que é um dos maiores portais de livre expressão e independente de Portugal. 

Sobre o documentário

O documentário em produção tem como objetivo lançar luz sobre as condições de trabalho precárias, as lutas diárias e a resiliência dos trabalhadores que muitas vezes são invisibilizados pela sociedade. Através de testemunhos e análises aprofundadas, o filme busca promover um debate construtivo e inspirar ações que levem a mudanças significativas. 

Sobre Galo de Luta Oficial

Paulo Roberto da Silva Lima, conhecido como Paulo Lima Galo ou Galo de Luta, é um motofretista e ativista social brasileiro. Ele ganhou destaque por sua atuação na defesa dos direitos dos trabalhadores de aplicativos e por sua voz ativa em questões sociais e políticas. Sua presença em Lisboa reforça a importância da solidariedade internacional na luta por justiça social. 

Sobre o Favela LX

O Favela LX é um hub dinâmico criativo e cultura, diversidade e inclusão impulsionando a inovação social e o crescimento sustentável. O espaço tem sido um ponto de encontro para artistas, ativistas e a comunidade local, tornando-se o cenário ideal para este evento beneficente. 

***

Galo de Luta, como é amplamente conhecido no Brasil por sua militância pelos direitos dos trabalhadores de aplicativos, está chegando a Lisboa. Morador da periferia de São Paulo, estafeta, entende a transversalidade da luta dos imigrantes e vem procurar saber como imigrantes se organizam em Portugal em busca de uma vida justa.

Convidamos a todas as pessoas que se simpatizem com a causa, a participarem conosco deste grande evento colaborativo, que visa angariar fundos para o documentário e estadia do Galo e equipe em Portugal.

Numa parceria entre vários coletivos, participantes das muitas lutas feitas pelas mãos de imigrantes e portugueses, trabalhadores neste país e residentes na região metropolitana de Lisboa, celebramos este encontro. Artistas dos mais variados campos, que compreendem a importância de tomar posição em tempos exigentes.

Esperamos por você!

Dia 19/07 - próximo sábado
No FavelaLX - Rua Bica do Sapato, 50C
A partir das 14h00

*se não puder aparecer, mas quiser colaborar, chama no privado.

Estamos juntos. Estamos fortes

16.07.2025 | por martalanca | Favela Lx, Galo de Luta

Trópicos Mecânicos (Mueda), de Felipe M. Bragança

em colaboração com o Teatro GRIOT e Catarina Wallenstein
ESTREIA no Brasil
MAM Rio - Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Sala da Cinemateca
18 e 19 de julho, 19H00

O MAM Rio acolhe, nos dias 18 e 19 de Julho de 2025, a estreia no Brasil de TRÓPICOS MECÂNICOS (MUEDA), performance visual e teatral de Felipe M. Bragança, em colaboração com o Teatro GRIOT — companhia de teatro sediada em Lisboa, constituída por artistas negros, que delineia a sua programação a partir da condição e das experiências de se ser negro, refugiado e imigrante em Portugal e na Europa —, e a reconhecida actriz e cantora portuguesa Catarina Wallenstein.
Esta performance afro-futurista marca a estreia de Felipe M. Bragança — realizador do aclamado filme “Um Animal Amarelo” — enquanto encenador, numa criação que convoca memórias e imaginários em torno do Massacre de Mueda, ocorrido em Moçambique, em 1960. A performance inspira-se na obra “Mueda, Memória e Massacre” (1979), do cineasta moçambicano-brasileiro Ruy Guerra, que documenta a forma como os habitantes da cidade de Mueda encenavam anualmente o massacre, como ritual de memória e expurgação colectiva.
Com apresentações anteriores em Berlim e Lisboa, a performance chega agora ao Brasil no ano em que se assinalam os 50 anos da Independência de Moçambique, propondo uma reflexão crítica sobre o legado colonial e os imaginários pós-coloniais. Entre ficção científica, fábula e documentário, o espectáculo combina teatro, vídeo, som e arquivo para revisitar o passado e projectar futuros outros, possíveis e reimaginados.

 ©Susana Chicó ©Susana Chicó
Criação: Felipe M. Bragança, Teatro Griot e Catarina Wallenstein
Direção e Texto: Felipe M. Bragança
Com: Zia Soares, Catarina Wallenstein, Gio Lourenço, Daniel Martinho e Matamba Joaquim.
Músicas originais: Selma Uamusse, Milton Gulli e 40D
Figurinos e Adereços: Ana Carolina Lopes e Victor Gonçalves.
Vídeos: Felipe M. Bragança
Imagens Videográficas: Luang Dacach/ Senegambia
Assistente de Direção: Felipe Dutra
Acessórios, Adereços e Cenografia Adicional (Brasil): Tainá Medina Projeto Financiado por República Portuguesa - DGARTES
Co-produção: DUAS MARIOLA FILMES
Apoio: CINEMATECA DO MAM RIO e MUSEU AFRODIGITALApoio ao Teatro GRIOT: Câmara Municipal de Lisboa, Polo Cultural Gaivotas Boavista 
APRESENTAÇÕES
Datas: 18 e 19 de Julho de 2025
Local: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio)
Horário: 19h00
Duração: 60 minutos
Classificação etária: M/14
Entrada: gratuita (sujeita à lotação da sala)
EVENTOS PARALELOS na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Em antecipação à estreia no MAM Rio, o Centro de Tecnologia Educacional da UERJ (CTE/Uerj) promove dois encontros públicos no âmbito do Projecto Tempo Livre – Ciclo de Conversas:
8 de Julho, 18h30 (horário de Brasília)
 Conversa com Zia SoaresA directora artística do Teatro GRIOT, actriz e encenadora Zia Soares participa numa sessão online sobre a estética e a política do corpo negro em cena.

 ©Susana Chicó ©Susana Chicó ©Susana Chicó ©Susana Chicó
Transmissão ao vivo
10 de Julho, 18h30 (horário de Brasília)
 Ciclo de Conversas com Teatro GRIOT, Catarina Wallenstein e Felipe M. Bragança
Uma conversa sobre o processo criativo da performance TRÓPICOS MECÂNICOS (MUEDA) e os desafios da criação teatral no cruzamento entre linguagens e geografias.
 Mais informações

15.07.2025 | por martalanca | teatro griot

Matxikadu com Lukanu

Performance, concerto de música e dança que combina música eletrónica, hip hop, kuduro e música tradicional angolana.*É um espetáculo que explora a ideia de futuro. Não apenas através do som, mas também na maneira como imagina que o homem negro pode superar os traumas longe do estereótipo, conquistando a liberdade de ser o que é: ou seja, criando o seu próprio futuro.*No jardim da Quinta AlegreEntrada livre*Mais info: https://www.agendalx.pt/events/event/lukano/

 

07.07.2025 | por martalanca | lukanu

Balumuka! - Narrativa poética da liberação... ou ainda, Rebelião Poética Kaluanda

12 de Julho a 18 de Outubro de 2025

Artistas: Cassiano Bamba | Pedro Coquenão + Luaty Beirão | Zezé Gamboa | Kiluanje Liberdade e Inês Gonçalves | Kiluanji Kia Henda | Kamy Lara | Wyssolela Moreira | António Ole | Gegé M’bakudi + Resem Verkron
Curadoria: Kiluanji Kia Henda & André Cunha

Centro de Artes de Sines. Seg-sex, 14h00-20h00. Sáb, 12h00-18h00. Prod. Kizenji, Pesquisa e Intervenção

Traçando um período cronológico de 1960 a 2025, em Angola, a exposição coletiva “Balumuka!” apresenta uma produção artística multidisciplinar que se centra no som (e por consequência na imagem e no movimento) – a prática comunal[i] à sua volta capaz de sustentar resistência e as relações sociais que este produz. Os ritmos e movimentos intensos, por vezes turbulentos, que se recusam a ser capturados no enquadramento vil de realidades opressivas e preconceituosas, transportando na sua expressão artística a possibilidade de transformação radical.

Apresentam-se cinco filmes documentários, que cobrem o período de 1978 a 2018, desde as expressões artísticas populares ao olhar da criação contemporânea: “Carnaval da Vitória” (António Ole), “Mopiópio” (Zézé Gamboa), “É Dreda Ser Angolano” (Pedro Coquenão + Luaty Beirão), “Luanda – A Fabrica da Música” (Kiluanje Liberdade e Inês Gonçalves) e “Para Lá dos Meus Passos” (Kamy Lara).

Juntam-se a esta exposição a série de fotografias “Luandar” de Cassiano Bamba, imagens inéditas da movida juvenil kaluanda. Kiluanji Kia Henda apresenta duas séries (“Versus Carnaval” e “O Som é o Monumento”). A exposição inclui também duas obras comissariadas de Wyssolela Moreira e  Resem Verkron & Gegé M’bakudi.

Estas obras serão apresentadas em diálogo com o arquivo gentilmente cedido pela Valentim de Carvalho.

[i] Fred Moten, In the Break: The Aesthetics of the Black Radical Tradition, Univ. of Minnesota Press, 2003.

Luandar, Cassiano BambaLuandar, Cassiano Bamba

02.07.2025 | por martalanca | Balumuka!, exposição, Sines

In the Company of Men (1969)

Doclisboa e a Cinemateca Portuguesa organizam a habitual Sessão de Antecipação da Retrospectiva na Esplanada da Cinemateca, este ano dedicada ao  realizador norte-americano William Greaves. O exercício psicodramático com trabalhadores negros e gestores brancos no Sul dos EUA, In the Company of Men (1969), será exibido no dia 4 de Julho, às 21h45. Os bilhetes já estão à venda!
Na sessão, será feita a apresentação do programa da retrospectiva que terá lugar durante a 23ª edição do Doclisboa, de 16 a 26 de Outubro, e que é possível graças ao trabalho conjunto das equipas das programação do Doclisboa e da Cinemateca, e de Scott MacDonald, curador da retrospectiva e especialista na obra de Greaves.
William Greaves é uma figura incontornável do cinema documental e experimental afro-americano, cuja obra reflecte um compromisso profundo com a justiça social, a memória histórica e a liberdade.

02.07.2025 | por martalanca | William Greaves.

50.º aniversário da Independência de São Tomé e Príncipe: Ato de Homenagem à família Graça do Espírito Santo,

No âmbito das comemorações do 50.º aniversário da Independência Nacional de São Tomé e Príncipe, em Lisboa, em 10 de julho, às 11h00, o embaixador santomense Esterline Gonçalves Género vai inaugurar uma placa comemorativa na entrada do edifício Rua Actor Vale 37, Alameda, em Lisboa, 10 de julho, às 11h00
No 1.º andar esquerda deste prédio ficava a residência lisboeta da família santomense Graça Espírito Santo, dirigida por Andreza Graça do Espírito Santo (1906-89), conhecida por “tia Andreza”. Os seus irmãos Januário Graça do Espírito Santo (1896-1967) e Salustino Graça do Espírito Santo (1892-1965) tinham alugado esta casa para os filhos que vinham estudar em Portugal. 
No período de 1951 a 1954, realizaram-se nesta residência os encontros do famoso Centro de Estudos Africanos (CEA), uma tertúlia de africanos nacionalistas da Casa dos Estudantes do Império (CEI), considerado um precursor dos movimentos de libertação das antigas colónias portuguesas em África. O CEA foi criado por Mário Pinto de Andrade (Angola, 1928-90), Agostinho Neto (Angola, 1922-79), Amílcar Cabral (Cabo Verde-Guiné, 1924-73) e Francisco José Tenreiro (STP-Portugal, 1921-63) e frequentado por Alda Graça Espírito Santo (STP, 1926-2010), Guilherme Espírito Santo (STP, 1928-60), António Tomás Medeiros (STP, 1931-2019), Noémia de Sousa (Moçambique, 1926-2002) e muitos outros. The Wealth of History of the Small African Twin-Island State São Tomé and Príncipe - Cambridge Scholars Publishing

02.07.2025 | por martalanca | Casa dos Estudantes do Império

CICATRIZ - Escola Terra Batida 13-19 Set



CICATRIZ, primeira edição da Escola Terra Batida, com Olivier Marboeuf, LANDRA, Karen Shiratori, Margarida Mendes, Joana Levi, Amador Alina Folini, PROTESTO EXISTENCIAL, Ritó Natálio e AFRONTOSAS

13.09—19.09   Espaço Parasita, Lisboa
+ INFO e INSCRIÇÕES até 01.07 no formulário

Um espaço de estudo eco-desorientado. Uma escola para aprender com fantasmas e feridas. Olhar casulos e ler vegetais. Escrever com a boca. Protestar e levitar.

CICATRIZ — Escola Terra Batida é um espaço de estudo coletivo e de encontro, atento às cicatrizes que resultam de feridas históricas estruturais e/ou documentam cooperações interespécies. Agregando a confluência de saberes multi-disciplinares que a plataforma Terra Batida tem vindo a praticar ao longo dos últimos anos, CICATRIZ — Escola Terra Batida conjuga práticas e poéticas para inspirar formas coletivas de resistência e concílio com um mundo em transformação. 

O grupo de participantes é convidado a tomar parte em atividades de reflexão, prática e fruição que tecem novos gestos e sensorialidades para interagir com o que nos rodeia. Cruzando os saberes do corpo com as perspetivas abordadas pela interseccionalidade das humanidades ambientais, CICATRIZ — Escola Terra Batida propõe novos modos de coabitação crítica, inspirados na colaboração solidária entre diferentes modos viventes.

PROGRAMA
13.09 (sáb), 18h—20h30, com Olivier Marboeuf (sessão aberta ao público geral, conduzida em inglês)
14.09 (dom), 18h—20h30, com coletivo LANDRA + Karen Shiratori (sessão aberta ao público geral)
16.09 (ter), 18h—21h, com Margarida Mendes + Joana Levi
17.09 (qua), 18h—21h, com PROTESTO EXISTENCIAL (Silvio Lang, Quillen Mut, Ritó Natálio, Amador Alina Folini)
18.09 (qui), 18h—21h, com Amador Alina Folini
19.09 (sex), 18h—21h, encerramento com Ritó Natálio + AFRONTOSAS

Um programa Terra Batida | Curadoria Ritó Natálio e Margarida Mendes | Assistência curatorial e mediação Laila Algaves Nuñez | Produção executiva e administração Associação Parasita | Design gráfico Cláudia Lancaster, sobre desenho de Pablo Quiroga Devia | Documentação em desenho Pablo Quiroga Devia | Coprodução da sessão inaugural com Olivier Marboeuf Choreolinguistic Salon (Centro de Estudos de Teatro - FLUL) | Apoio Governo de Portugal – Ministério da Cultura/Direção-Geral das Artes

30.06.2025 | por martalanca | Terra batida

CONTOS DO ESQUECIMENTO, de Dulce Fernandes

A MADAME Filmes têm o prazer de o/a convidar para as sessões especiais do filme CONTOS DO ESQUECIMENTO, de Dulce Fernandes, antecedido da curta-metragem TIME TO CHANGE, de Pocas Pascoal:
- 3 de julho, 19H, CINEMA CITY ALVALADE: sessão de estreia apresentada pelas realizadoras 
- 4 de julho, 21H, CINEMA FERNANDO LOPES: sessão seguida de conversa com a realizadora Dulce Fernandes, Zia Soares (atriz e encenadora) e Ana Naomi de Sousa (cineasta e jornalista)
- 9 de julho, 21H, CINEMA CITY ALVALADE: sessão seguida de conversa com as realizadoras e Cristina Roldão (socióloga).

CONTOS DO ESQUECIMENTO de DULCE FERNANDES

Portugal 2023, 63’ Achados arqueológicos recentes em Lagos, no sul de Portugal, revelaram o passado esquecido do papel de Portugal no tráfico transatlântico de africanos escravizados. Invocando a distância entre o que queremos esquecer e a urgência da memória, Contos do Esquecimento é um território de revelação do passado no presente Contos do Esquecimento instala-nos num processo de revisitação de factos de uma memória histórica, trazidos à tona por escavações arqueológicas recentes, realizadas em Lagos, Portugal. O que se descobre pertence ao passado da escravatura que revela o papel de Portugal no tráfico transatlântico de africanos. Uma lixeira do séc. XV, e todos os detalhes que se apresentam, na enumeração da recolha dos despojos, vai-nos informando e dizendo mais, cada vez mais. O tempo da imagem, a envolvência sonora e a narração marcam um ritmo que conduz o nosso olhar e percepção numa descoberta sensível que mergulha em vários suportes, textos, ilustrações, materiais dispersos e descrições cuidadas.  Entre presente e passado é estabelecido um jogo temporal cruzado, onde somos colocados no centro desta memória relembrada e projectada. Pretexto, ainda, para uma reflexão sobre o tempo, a marca da morte e o inexorável desaparecimento. É preciso lembrar, é preciso não esquecer. – Carlota Gonçalves

29.06.2025 | por martalanca | escravatura, Lagos, memória

1 de 23 510 Intempérie ep. 2 | Fascismos, micro-fascismos, poéticas da diversidade

 

 

https://soundcloud.com/iintemperie/podcast-intempe-rie-junho-2025

Neste episódio rondamos os temas do crescimento da extrema-direita num mundo em que as cenouras, cada vez mais escassas, parecem estar a deixar de substituir os chicotes. Falamos de micro e macro-fascismo, de extrema-direita, extremo-centrão e extrema-esquerda, como faces da hiperrealidade política que dissimula a política real: controle digital cada vez mais apertado, miséria quotidiana, novas formas de contornar a liberdade de expressão, consensualidade compulsiva, interiorização da culpa, feudalismo digital e a impostura da arte contemporânea. E propomos alguma bibliografia para delinear estes temas: Sigmund Freud – Psicologia de Grupo e a Análise do Ego; Wilhelm Reich – Psicologia de Massas do Fascismo; Jean Baudrillard – Simulacros e Simulação; Félix Guattari – «Todos querem ser fascistas»; Édouard Glissant – Introdução a uma Poética da Diversidade.

Conversas anartísticas e profundamente comprometidas com os estados dos espíritos

ou Um espaço de crítica livre sobre os infortúnios da história cultural e das artes com Elagabal Aurelius Keiser e Soraia Simões de Andrade com indicativo sonoro de Xana (Imagem do podcast sob Agathos Daimon, pintura de Elagabal Aurelius Keiser).

Para quem nos quiser enviar eventuais perguntas, comentários ou sugestões: podcastintemperie@gmail.com

27.06.2025 | por martalanca | mural sonoro, podcast

Criminalizar é reparar

“Um debate sobre a criminalização do racismo como forma de reparação será realizado na próxima semana, em Lisboa. O evento “Criminalizar é reparar” vai ocorrer na quarta-feira, 25 de junho, às 19:00, na sede da associação.
O principal tópico da discussão será a Iniciativa Legislativa Cidadã para criminalizar “todas as práticas discriminatórias”, como racismo e xenofobia. A proposta foi entregue à Assembleia da República em dezembro do ano passado.” - Amanda Lima
A entrada é livre, na Casa do Brasil de Lisboa.
A curadoria e organização desta atividade é de Anizabela Amaral
Assina a petição e exige uma mudança na lei.

24.06.2025 | por martalanca | reparação