o apocalipse segundo jair messias

o apocalipse segundo jair messias   Uma guerra colonial, de ocupação, em seu continuum de massacres contra os pobres, pretas, indígenas e outras. A pandemia aguça uma “agenda da morte”, que constitui o elo (explícito) entre as distintas ações e iniciativas do governo, como corte das políticas de solidariedade, liberalização total de agrotóxicos, desmonte das políticas ambientais, oposição à demarcação de terras indígenas, destruição das históricas e premiadas políticas de DST-AIDS, ampliação da posse e porte de armas, intenções punitivistas num país que já embarcou no encarceramento em massa, política externa de intervenção nos vizinhos. Genocídio.

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24.07.2020 | por Jean Tible

Um mundo mais parecido com uma biblioteca

Um mundo mais parecido com uma biblioteca será que o leitor se referia ao seu aspecto físico ou à totalidade da sua percepção da realidade? Ao bairro onde Fidel vivia, ao seu quotidiano e indumentária, condição social, cor de pele, ou a outra condição limitadora? A Primavera não chegou para explicar a mim mesma por que razão as dores de Fidel, os seus medos, os amores de Fidel, os seus anseios, são dores, amores, anseios de segunda — anseios, medos, dores e amores com um grau inferior de generalidade ao da gente que costumamos encontrar dentro dos livros a que chamamos romances.

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24.07.2020 | por Djaimilia Pereira de Almeida

Se morro longe de ti

Se morro longe de ti A pandemia e esta loucura universal microscópica. Milhares de migrantes mexicanos e centro-americanos estão a morrer nos Estados Unidos. Os corpos perdem-se na burocracia, nas valas comuns e nas estatísticas. Não voltam mais a casa. No México, há quem faça enterros com caixões vazios.

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20.07.2020 | por Pedro Cardoso

Heranças africanas em língua portuguesa: «sempre habitámos um espaço maior que nós»

Heranças africanas em língua portuguesa: «sempre habitámos um espaço maior que nós» os textos que compõem o quarto volume da coleção MEMOIRS respondem à necessidade de fazer com que o conceito de “África lusófona” que os reúne seja lido através da “multiplicidade flexível” (p.15) que caracteriza a produção artística dos países africanos de língua portuguesa na actualidade. O projecto MEMOIRS, dedicado nomeadamente às representações da pós-memória do colonialismo europeu na Europa, não podia deixar de considerar esse outro espaço, o africano, que de alguma maneira é a origem real e metafórica das transferências de uma grande parte das memórias entre as gerações pós-imperiais da sociedade europeia actual.

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18.07.2020 | por Felipe Cammaert

Ossos humanos e histórias coloniais

Ossos humanos e histórias coloniais Uma investigação de arquivo revela o passado oculto de uma coleção de crânios de Timor em Portugal. Estas viagens dos ossos para museus foram consequência das relações de poder e conquista dos impérios coloniais europeus, animados por nacionalismos bélicos e inflamados. Não surpreende por isso que o seu percurso tenha deixado rasto de abusos vários, tão complexos nos seus motivos e circunstâncias quanto atrozes nos seus efeitos.

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17.07.2020 | por Ricardo Roque

Em 2015, celebrava-se os 80 anos de Luandino Vieira

Em 2015, celebrava-se os 80 anos de Luandino Vieira E agora, José? A pergunta não é para Luandino Vieira, angolano, Prémio Camões 2006, declinado pelo autor de A Cidade e a Infância. A pergunta é para os seus leitores. Ele faz oitenta anos. É biográfico, a insistência e a teimosia de durar. Não é coisa pouca pôr uma cidade no nome, agora ortónimo, dele e dela. A ficção, a obra de Luandino, é o futuro, como compete a um clássico. Da infância no Braga, Makulusu, Kinaxixe – bairros de Luanda -, da Porta Treze, Associação de Poesia, em Vila Nova de Cerveira, da colecção de Poesia que vem editando, a Nossomos. Das estórias infantis, dos desenhos. E o rio Kwanza, sempre, mesmo quando atravessa o Minho para ir à Galiza.

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15.07.2020 | por Marta Lança

Águas Negras de Junho

Águas Negras de Junho Ao cortar a cabeça de pedra de um colonizador, ao retirá-lo de pedestais e lançá-lo aos rios, pretende-se questionar a maneira com a sociedade é regida desde as suas estruturas fixas mais violentas. Pretende-se colocar em xeque todas as brutalidades e opressões advindas da colonização e denunciar as continuidades históricas que continuam a segregar, violentar e matar pessoas racializadas de forma sistemática.

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14.07.2020 | por Núcleo Antirracista de Coimbra (NAC)

Visualidade das políticas públicas de memória: caso de Padre António Vieira

Visualidade das políticas públicas de memória: caso de Padre António Vieira A contradição das ações e representações históricas e memorialísticas no espaço público marcam a visualidade empreendida num discurso público e institucional que abarca um complexo de memórias referente ao colonialismo até à atualidade. Tento expor a situação alusiva aos lugares de memória que reclamam memórias invisibilizadas pela história, recorrendo ao exemplo da estátua do Padre António Vieira.

Cidade

12.07.2020 | por Carolina Ferreira Mourão

A contaminação do Rio Doce e o lugar da resistência na ancestralidade alimentar

A contaminação do Rio Doce e o lugar da resistência na ancestralidade alimentar Atualizar as novas formas de viver trará outros reflexos para as comunidades ancestrais, com a participação de jovens e crianças na construção de uma nova forma de viver os aspectos da ancestralidade, sejam eles no entorno das comunidades, ou em distâncias mais longas.

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11.07.2020 | por Patrícia Brito

Os condenados pela Covid-19: uma análise fanoniana das expressões coloniais do genocídio negro no Brasil contemporâneo

Os condenados pela Covid-19: uma análise fanoniana das expressões coloniais do genocídio negro no Brasil contemporâneo Proponho uma análise fanoniana das relações dialéticas entre capitalismo, colonialismo e racismo, subjacentes à conjuntura política e sanitária brasileira. Em um primeiro momento, tomo a noção de violência colonial presente em 'Os Condenados da Terra', como referência para problematizar as respostas brasileiras à pandemia de Covid-19.

Cidade

10.07.2020 | por Deivison M. Faustino

Chamada para Dossiê Temático, "Negritude e Pensamento Acadêmico"

Chamada para Dossiê Temático, "Negritude e Pensamento Acadêmico" Transitar pelo contexto sócio-histórico e pelo interior do pensamento social e filosófico, com particular atenção à filosofia africana, tendo como principal meta ressignificar e permitir que os novos sujeitos sociais releiam e reinterpretem a sua própria história; reconhecer a desterritorialização da epistemologia cravada a partir dos gregos e da filosofia europeia; e, por fim e talvez o mais importante; buscar uma ruptura da continuidade epistemológica, de modo a reconhecer, na anterioridade histórica dos africanos e dos negros da diáspora, os seus valores e a contribuição histórica que eles proporcionaram à humanidade.

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09.07.2020 | por vários

«NON.OUI», documentário de Mahmoud Jemni

«NON.OUI», documentário de Mahmoud Jemni Quando uma criança é chamada oussif (uma palavra considerada ofensiva para designar servo ou escravo), isso pode deixá-la magoada ao longo da vida: é claramente violência verbal, ou seja, toda uma linguagem edificada em torno de uma ideia de superioridade de uns sobre outros, e que constitui uma forma de bullying. Mesmo que essa criança seja o melhor aluno da turma e que venha a ser um adulto "bem-sucedido".

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09.07.2020 | por Luísa Fresta

Cor de pele, estatuto social e tomada de decisão

Cor de pele, estatuto social e tomada de decisão Será que polícias, juízes e médicos discriminam quando tomam decisões em contextos críticos de vida ou de morte? A investigação conduzida dentro e fora de Portugal fornece pistas sobre a existência de discriminação em que negros e grupos de baixo estatuto são alvo de decisões mais desfavoráveis.

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06.07.2020 | por Rui Costa Lopes

Pós-colonialismo e pós-holocausto: o “caso” Mbembe

Pós-colonialismo e pós-holocausto: o “caso” Mbembe Do ponto de vista de uma condenação intransigente do colonialismo, a denúncia das actuais práticas do Estado de Israel relativamente ao povo palestiniano é uma consequência lógica. E condenar todas as formas de colonialismo não corresponde ao assumir de uma posição ideológica, é, pura e simplesmente, um imperativo moral.

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04.07.2020 | por António Sousa Ribeiro

Fidjus dibideras rumo à kambansa: reflexões sobre luta, literatura e cultura

Fidjus dibideras rumo à kambansa: reflexões sobre luta, literatura e cultura A presença dos fidjus dibideras (filhos de mães vendedeiras), urbanos e rurais, assume um papel importante, uma vez que podemos encarar o seu contexto como uma forma inovadora fundamental, que suscita um novo olhar analítico, produzindo um conhecimento crítico à sociedade guineense, no qual as diferentes diásporas também se encontram.

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27.06.2020 | por Ricardino Jacinto Dumas Teixeira

Papéis velhos

Papéis velhos Os “papéis velhos” representam para mim a herança arqueológica de trajetos de vida, memórias e eventos nacionais. Por circunstâncias várias, sou eu a guardiã destas memórias materiais que invadem o meu escritório com o seu perfume do antigamente. Existem silêncios, lacunas e incógnitas. Amiúde, interrogo-me: o que terá decidido não arquivar e deixar de fora? Que narração decidiu guardar para que não fosse condenada ao esquecimento? Não entendo o arquivo como um fim em si mesmo, é antes uma porta que se abre para a exploração do testemunho que o avô desejou deixarmos.

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27.06.2020 | por Yara Monteiro

Algumas ideias sobre a Economia da Cultura e a Pandemia

Algumas ideias sobre a Economia da Cultura e a Pandemia Seria bom que houvesse uma sensibilização política nacional, pilotada pelo Governo ao mais alto nível, para que todas as instituições públicas se envolvam. É ideal que haja uma recomendação expressa para que todos se engajem na execução dos seus programas culturais. Essa nova postura não precisa de incentivos fiscais ou ajuda financeira pública extra. Basta que aconteça com os meios que já estavam e estão previstos, e que estejam disponíveis, mas com a concepção de que, em vez do público ir aos eventos, agora os eventos vão ao público

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25.06.2020 | por Mário Lúcio Sousa

As Telefones: resquícios do império na experiência dos sujeitos da diáspora

As Telefones: resquícios do império na experiência dos sujeitos da diáspora Corpos irreconhecíveis, à medida que o tempo passa, para ambas. Corpos que procuravam ressignificar no distanciamento uma nova forma de filiação, nas vagarosas lembranças das férias juntas, nas memórias fragmentadas dos monólogos maternais ao silêncio constrangedor que as duas foram capazes de sobreviver em linha.

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23.06.2020 | por Liz Almeida

Vendavais (3)

Vendavais (3) Sobre o conhecimento da violência do imperialismo, do colonialismo, e do racismo – que se mantém como um dos elementos estruturantes mais persistentes e insidioso das nossas sociedades –, podemos afirmar que, na realidade, esse conhecimento é partilhado por todos. O que varia é apenas o grau de pormenor que cada um de nós decidiu aprender, ou foi obrigado a aprender, assim como o modo como cada um se posiciona a si próprio ou é forçado a tomar uma posição relativamente a esse conhecimento.

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19.06.2020 | por Paulo de Medeiros

Rap Crioulo como narrador da experiência afrodescendente em Portugal

Rap Crioulo como narrador da experiência afrodescendente em Portugal A morte de George Floyd inspirou-me a escrever este texto, mas aqui também se morre às mãos da polícia. Em quinze anos, mais de dez jovens negros foram mortos pelas forças de segurança pública. Elson “Kuku” Sanches, 14 anos, foi executado pela PSP em 2009. A análise forense confirmou que o disparo foi feito a menos de vinte centímetros. Nuno Manaças, “Snake”, foi morto pela polícia depois duma perseguição, sendo que nenhum dos três disparos feitos pela polícia foi direcionada para os pneus do carro. Também ele era rapper e de Chelas, amigo do falecido Beto Di Ghetto.

Palcos

18.06.2020 | por Airton Cesar Monteiro