Thó Simões, artista plástico angolano, acabou de apresentar em Luanda a sua mais recente exposição intitulada “Entre Homens e Monstros”. As imagens criadas pretendem alargar o debate sobre as microviolências de uma cidade em constante mutação. O artista foi um dos percursores da arte urbana em Angola com uma trajetória com passagem por Linda-a-Velha, Oeiras, Malanje e Luanda. A prática profissional em agências de publicidade e depois a rua trouxeram-lhe a vontade de intervir politicamente através do mural e da arte urbana. Nesta conversa questiona a forma como a arte pode mudar as vivências de uma cidade e um país em crise económica e social e ainda com os estilhaços da guerra civil e a ocupação colonial.
Cara a cara
19.04.2021 | por André Soares
Fui testemunha de actos de solidariedade de mulheres da elite com as ex-combatentes que vivem em situações de grande aflição, sobretudo as da Frente Leste e as do Campo de Concentração de São Nicolau. Se hoje podemos ouvir estas mulheres no meu livro é porque as veteranas que são dirigentes me abriram as portas. Joana Mucolo Tchimbinde Fronteira, uma das entrevistadas da Frente Leste, foi muito frontal ao dizer: “Nós não abandonámos o MPLA mas o MPLA é que abandonou o povo”. Mas tem havido uma luta comum pelo reconhecimento no âmbito da organização das mulheres.
Cara a cara
24.02.2016 | por Marta Lança
Cheirava mal em toda a parte, um fedor ácido, e uma humidade pegajosa e abafada espalhava‐se pelo edifício. As pessoas transpiravam de calor e de medo. Havia um ambiente apocalíptico, uma expectativa de destruição. Alguém chegou com o boato de que se preparavam para bombardear a cidade durante a noite. Uma outra pessoa ouvira dizer que, nos bairros dos negros, se afiavam facas para cortar a garganta aos portugueses. A insurreição explodiria a qualquer momento. «Que insurreição?», perguntei, para poder informar Varsóvia. Ninguém sabia exactamente. Apenas uma insurreição, e descobriremos de que natureza é quando nos atingir.
Mukanda
27.09.2013 | por Richard Kapuschinski
Entre 1997 e 1998 desapareceram nos céus de Angola cinco aviões, com um total de 23 tripulantes, originários da Bielorrússia, Rússia, Moldávia e Ucrânia. A 25 de Maio de 2003, um Boeing 727, propriedade da American Airlines, desencaminhou-se do aeroporto de Luanda, e nunca mais foi visto. O aparelho estava há 14 meses sem voar.
Daniel Benchimol colecciona histórias de desaparecimentos em Angola. Todo o tipo de desaparecimentos, embora prefira os aéreos. É sempre mais interessante ser arrebatado pelos céus, como Jesus Cristo ou a sua mãe, do que engolido pela terra. Isto, claro, se não nos estivermos a servir de uma linguagem metafórica. Pessoas ou objectos literalmente engolidos pela terra, como parece ter acontecido com o escritor francês Simon-Pierre Mulamba, são, contudo, casos muitos raros.
Mukanda
08.05.2012 | por José Eduardo Agualusa
pretende-se fazer um balanço dos discursos feitos por Agostinho Neto, primeiro presidente de Angola e do MPLA e, posteriormente, por seu sucessor José Eduardo dos Santos, naquilo que tange as relações internacionais de Angola, e o conflito com a UNITA – desde o momento da proclamação da independência, em 1975, até a assinatura dos Acordos de Nova Iorque, em 1988.
A ler
23.08.2010 | por Kelly Araújo