Membranas do futuro

Membranas do futuro É preciso voltar a olhar para o que está presente e ver os futuros que brotam, a abundância da qual pode provir o futuro. Para deixar em aberto as suas possibilidades, instalemo-nos no presente quotidiano, naquilo que está mais à mão de semear. Sejamos permeáveis ao que vive, quer viver e contraria a ausência de futuro. O que pode romper com o “realismo”, essa espessa cortina que oculta as possibilidades de futuro.

A ler

14.09.2024 | por Liliana Coutinho

Universidades sem algemas

Universidades sem algemas Num momento em que, no país e no mundo, ideias e políticas anti-democráticas e autoritárias crescem e ameaçam direitos e liberdades que há muito temos como garantidos, a repressão feita às estudantes e o silenciamento forçado da comunidade universitária dá passos num sentido particularmente perigoso. À beira do ano em que nos preparamos para celebrar meio século do 25 de Abril, tudo isto é revoltante.

Mukanda

20.11.2023 | por vários

O dia em que deixamos de construir as cidades para os outros

O dia em que deixamos de construir as cidades para os outros Em 2010, combinei encontro com a Margarida Vale de Gato, sua filha Alice e o poeta Rui Costa, na base do Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC). Dali se mirava a cidade-montanha Rio de Janeiro como o «outro lado». Escrevi no meu bloco de notas da altura: «Niterói tem uma nave de Niemeyer que aterrou na Baía de Guanabara com um museu que espelha o futuro.» A obra, inaugurada em 1996, era de facto a imagem do futuro: fachada futurista, envidraçados de onde se abarcava um pedaço de mundo a 360 graus. Pairando na água, reconhecíamos o modernismo, a arquitetura botava fé no futuro expresso nas formas redondas de «concreto». A sua escala gigante fazia-nos seres minúsculos na fotografia debaixo da nave, fincados no tapete vermelho serpenteante, também ele cimentado. Ao entrarmos no MAC, recordo vagamente uma exposição (creio que do acervo da Coleção João Sattamini, com obras desde a década de 50) de artistas brasileiros que, durante a ditadura militar e civil, tinham sido perseguidos e torturados. Cada obra à sua maneira, transmitia o desejo coletivo de liberdade. Na altura pensei que era assim mesmo, o desejo de futuro não podia prescindir da evocação das trevas, tinha de levar consigo as dores do passado, a ditadura, a «democracia racial», a escravidão, as gritantes desigualdades, os colonialismos todos, e um sem-fim de dores do Brasil.

A ler

25.01.2023 | por Marta Lança

Em cada mulher há uma rebelde. O futuro será o que ela quiser.

Em cada mulher há uma rebelde. O futuro será o que ela quiser. Estamos uns anos à frente, os fascistas regressam ao poder, apenas meio século após uma revolução ter derrubado a ditadura. Após os movimentos independentistas terem pegado em armas contra o colonialismo e terem derrubado a ditadura. Após acharmos que as liberdades, as conquistas sociais e laborais estavam mais ou menos garantidas. Texto escrito volvidos 67 anos do assassinato de Catarina Eufémia.

Palcos

20.05.2021 | por Marta Lança e Sara Goulart Medeiros

"A terra é nossa, até morrer!": resistências contra a corrida do lítio em Portugal

"A terra é nossa, até morrer!": resistências contra a corrida do lítio em Portugal No seguimento da publicação da Estratégia Nacional para o Lítio, residentes nas zonas identificadas para concessão, e organizações em todo o país questionam os impactos desse plano de mineração em larga escala e quem realmente beneficiará dele, por oposição a um investimento na conservação e protecção de ecossistemas florestais e rurais. Face ao exaurimento de recursos naturais cada vez mais escassos, a exploração de minerais raros para a construção de baterias constitui um campo sensível para o equilíbrio dos ecossistemas e para o respeito dos Direitos Humanos.

Jogos Sem Fronteiras

14.11.2020 | por Oficina de Ecologia e Sociedade

Veio o tempo em que por todos os lados as luzes desta época foram acendidas

Veio o tempo em que por todos os lados as luzes desta época foram acendidas A luz negra, que havia encarnado em tudo com toda intensidade, foi aos poucos escorregando por entre os cantos do labirinto, banhando nosso corpo e se cravando outra vez no profundo. Estivemos ali por muito tempo, cozinhando junto com a terra. Pouco a pouco, à medida que nossos corpos foram recuperando o acesso às pernas, decidimos nos separar e mover pelo labirinto de túneis, a tentar captar as repercussões do nosso ataque, e estudar as implicações do que havíamos feito.

Corpo

26.11.2018 | por Jota Mombaça

O olhar de milhões

O olhar de milhões Fomos crescendo cada vez com mais dilemas, com a falsa ideia de que podemos escolher e ser livres, mas estamos presos ao dinheiro, à precariedade, a uma sociedade que nos molda para sermos os melhores em tudo o que fazemos. Será que somos mais felizes do que os que vieram antes de nós? E os que vierem a seguir? Serão eles mais felizes do que nós fomos? Poderemos pelo menos dizer que fomos felizes a tentar?

Palcos

22.10.2017 | por vários

Votar no ilegível?

Votar no ilegível? A casa já não é um abrigo: é um refúgio. Lá fora, prevalece um ambiente dominado por monstros e ameaças. Não há voto, não há eleição que altere este clima. O cerco é total e os muros que foram erguidos roubam-nos a visão de qualquer alternativa. Não vivemos apenas num mundo com mais velhos. O nosso mundo envelheceu, tem vergonha e medo de mostrar a sua idade. O nosso mundo já não tem que mudar. Tem apenas que sobreviver.

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06.01.2012 | por Mia Couto

Inês não é morta

Inês não é morta É sempre escuro no país do futuro porque falta fazê-lo, e ninguém o fará senão nós. Portanto, quanto a Atlânticos e Índicos em todas as suas margens falantes de português, acredito que Inês não é morta. Depende de haver quem fale e quem escute, como podemos escutar Lula Pena e ela ser fado, morna ou Caetano Veloso, sendo única: ela própria.

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01.04.2011 | por Alexandra Lucas Coelho