Europa, periferia das ilhas crioulas

Europa, periferia das ilhas crioulas trata-se na verdade de uma peregrinação ao longo do rio Sado em demanda dos rastos de descendentes de escravos negros trazidos para esta zona, para o cultivo do arroz, no século XVIII, que se entrelaça com a vida de outros negros na Europa e da sua própria vida de mestiço, herdeiro de tantas cicatrizes, diásporas e cruzamentos, flagrados em histórias ocultas e silenciadas, em fragmentos dispersos, indícios, fantasmas.

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15.09.2018 | por Margarida Calafate Ribeiro

Passado e presente só se distinguem pelo desgaste da madeira

Passado e presente só se distinguem pelo desgaste da madeira Tomara que "O Canto do Ossobó" seja amplamente visto. Primeiro porque a história da escravatura praticada sob o império e colonialismo “à portuguesa” precisa de ser conhecida na sua complexidade, contrapondo a realidade dos factos ao persistente mito lusotropicalista dos brandos costumes. Depois, por ser a voz de um santomense que perscruta a dor de “homens e mulheres esgotados pelo peso do trabalho”.

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15.04.2018 | por Marta Lança

2017 em Portugal: o racismo, a escravatura e o renascimento negro

2017 em Portugal: o racismo, a escravatura e o renascimento negro Assiste-se à afirmação social, cultural, política e mediática do associativismo afrodescendente em Portugal, em matérias que afetam as suas vidas e as suas expectativas sociais e nas mais diversificadas formas de luta: desde a valorização das suas características fenotípicas e da sua herança cultural africana com iniciativas diversas nas diferentes expressões culturais, à organização de abaixo-assinados, conferências e manifestações de pressão política para alteração de leis que condicionam a sua cidadania, como a Lei da Nacionalidade, ao debate académico sobre o racismo, a cidadania, feminismo negro e a identidade social.

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31.12.2017 | por Joacine Katar Moreira

Só há um absoluto: não há absolutos

Só há um absoluto: não há absolutos É possível pensar o passado fora da História. Fazemo-lo todos os dias. Já Hayden White o tinha dito. História e passado são coisas distintas. O passado é uma coisa e está-se nas tintas para os historiadores; a História é outra e não é indiferente ao que ofende o nosso sentido moral.

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01.12.2017 | por Elísio Macamo

A escravatura nunca acabou

A escravatura nunca acabou Tudo isso junto é presente e futuro, é dignificação dos retirados da história, é tributo aos netos dos escravizados, é política aqui e agora, relevante para todos os que vivem juntos, de todas as cores e tons. Dará força a quem está vivo hoje, sobretudo aos que diariamente são alvo de indignidades, discriminação.

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19.11.2017 | por Alexandra Lucas Coelho

Culpa, responsabilidade e hipocrisia

Culpa, responsabilidade e hipocrisia O “eurocentrismo” entra na equação quando os europeus nas suas práticas e nas suas proclamações entram sistematicamente em contradição com estes valores por si próprios declarados. Ou por outra, “eurocentrismo” não é impôr um padrão europeu como medida de tudo, mas sim não ter vergonha de violar o que se declara como sendo sua própria cultura quando convém.

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05.05.2017 | por Elísio Macamo

‘Maafa’: o grande desastre

‘Maafa’: o grande desastre A desmemorização é um processo muito mais subtil do que o revisionismo histórico. Não adultera os factos, mas o quadro em que os interpretamos. Aqui, é como se a escravização massiva e multissecular fosse apenas um detalhe da história económica portuguesa: os escravos metidos no mesmo saco das especiarias e do ouro — nada que tivesse, portanto, a menor relevância para a memória colectiva dos portugueses e para a compreensão do que possa significar a lusofonia que tanto apregoamos e tentamos hoje em dia pôr a render como um capital simbólico que nos deixe bem nuns tantos cantos do mundo.

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24.04.2017 | por André Barata

CARTA ABERTA Um regresso ao passado em Gorée. Não em nosso nome

CARTA ABERTA Um regresso ao passado em Gorée. Não em nosso nome Porque este não-reconhecimento tem constituído a pedra angular da política da memória preconizada pelo poder político em Portugal desde essas datas, a omissão presidencial nada trouxe de novo. No entanto, ela foi acompanhada de declarações que, marcadas por uma inquietante imprecisão histórica, fizeram ecoar uma narrativa de pioneirismo humanista português cujo paternalismo implícito foi liminarmente rejeitado por portugueses e africanos quando, em 1974-75, optaram por solidarizar-se na defesa do princípio da autodeterminação dos povos e no repúdio do colonialismo.

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19.04.2017 | por vários

A pele de Cavaco e os milagres de Marcelo

A pele de Cavaco e os milagres de Marcelo Grande não seria Portugal romper o ufanismo? De que adianta suturar, unir e rir, se por baixo a coisa continuar preta? Enquanto alguém quiser o pastiche de uma nau ou um museu para “celebrar os Descobrimentos” não teremos avançado. Portugal continuará a repetir os velhos mitos que o confortam e adiam, ora desconfiado, ora ufano, nunca mudando o ponto de vista. Não se trata de celebrar ou largar o passado, mas de o encarar a partir do que investigadores têm feito e, espera-se, continuarão a fazer (...). Incorporar esse refazer da história nas escolas, na política, na diplomacia, sem saudade e sem lamento, seria a coragem que ainda não houve.

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13.03.2016 | por Alexandra Lucas Coelho

Terra Prometida

Terra Prometida Conscientes ou não da sua condição de “escravos”, relacionavam-se entre si como membros da mesma comunidade. Fossem essas relações de entreajuda, dependência ou poder; fossem violentas ou pacíficas; fossem práticas voluntárias ou involuntárias, existiam e tinham lugar dentro de uma prisão colectiva. Dado que não se estava perante a terra prometida, a possibilidade desse mito ser alcançado só podia ter lugar fora dessa jaula; um pouco como o escravo de outrora só poderia alcançar a verdadeira terra de origem deslocando-se para fora da comunidade em que estava enjaulado.

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15.04.2015 | por Ana Rita Canhão

Um Marquês de Pombal mestiço

Um Marquês de Pombal mestiço Artista luso-angolano reencenou figura histórica portuguesa para falar de racismo. uma imagem de Lisboa que quase nunca vemos: a visão de uma cidade que nunca foi só branca e que foi sempre um lugar onde se reflectia quer a beleza quer o grotesco da vida das colónias.

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10.03.2015 | por Susana Moreira Marques

Carta aberta ao governador Rui Costa, da Bahia

Carta aberta ao governador Rui Costa, da Bahia História é um fio inquebrantável, governador, e por isso acho importante falar de rebeliões escravas. E repressão por parte das polícias. Outra rebelião importante a ser lembrada, e que também possui ligações com o Cabula, é a Rebelião Malê, cuja repressão foi uma das maiores já perpetradas pelo governo brasileiro, mas cuja repercussão, hoje sabemos, foi de suma importância para começar a se pensar sobre o fim da escravidão no Brasil. Imagine-se, governador, vivendo naquela época e sendo responsável pela segurança pública da capital baiana onde já vivia, talvez, o maior número de negros da América Latina.

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28.02.2015 | por Ana Maria Gonçalves

O Erro de Cam: o Tráfico de Seres Humanos da origem aos dias que correm

O Erro de Cam: o Tráfico de Seres Humanos da origem aos dias que correm A escravatura tem acompanhado a história da humanidade desde os primórdios, se aceitarmos como verdade testemunhos da Ilíada de Homero ou a própria Bíblia. A escravatura indígena é inegável. Basta lembrar os relatos do trabalho escravo colonial. A escravatura acompanha-nos há demasiado tempo, foi absorvida pelo nosso código genético imaginário e moral.

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20.01.2015 | por Filipa Alvim

Reparar uma narrativa de séculos sobre a escravatura

Reparar uma narrativa de séculos sobre a escravatura A escravatura é – e talvez venha a ser sempre – um problema contemporâneo. Não se trata apenas de observar que continuam a existir no mundo modelos de exploração semelhantes ao da escravatura e que continua a haver tráfico de seres humanos. (...) “Uma boa divulgação da história da escravatura – e da sua violência e crueldade – poderá despertar a atenção de determinados sectores da sociedade para fenómenos contemporâneos de racismo e de xenofobia, de forma a promover a coesão social e as relações inter-raciais”, resume Vladmiro Fortuna

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07.01.2015 | por Susana Moreira Marques

Portugal deve pagar indemnizações pela escravatura?

Portugal deve pagar indemnizações pela escravatura? Os países que escravizaram devem compensar os escravizados? Há quem diga que sim e até aponte um valor para uma indemnização: 30 triliões de dólares vezes 10 mil. Há quem diga que não, porque isso seria voltar à menorização dos colonizados. Antes disso, Portugal deve debater o seu passado esclavagista, dizem historiadores.

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12.11.2014 | por Joana Gorjão Henriques

Luta, Sangue e Liberdade

Luta, Sangue e Liberdade No século XVII um escravo de Angola ajudou a criar o primeiro território livre das Américas. Esta é a história de Matoza e do seu chefe político, Yanga.

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24.02.2014 | por Pedro Cardoso

Da injustiça da escravidão dos negros, considerada em relação aos seus senhores - PRÉ-PUBLICAÇÃO

Da injustiça da escravidão dos negros, considerada em relação aos seus senhores - PRÉ-PUBLICAÇÃO Em 1781, o iluminista Condorcet escrevia um violento libelo contra a escravatura, que se converteria numa obra clássica de denúncia. Ensaio intemporal, famoso pela posição veemente do autor e publicado sob pseudónimo, «Reflexões sobre a Escravidão dos Negros» é, em última instância, uma condenação das injustiças e um apelo ao fim da indiferença social, para que cessem os ultrajes aos princípios que norteiam a Humanidade. A presente edição inclui ainda os textos «Ao Corpo Eleitoral, contra a Escravidão dos Negros», destinado a apaziguar os receios económicos dos colonos da época, e «Sobre a Admissão de Deputados dos Plantadores de São Domingos à Assembleia Nacional», que põe em causa o direito dos esclavagistas à representação parlamentar.

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21.01.2014 | por Condorcet

O angolano que começou a escravatura nos Estados Unidos

O angolano que começou a escravatura nos Estados Unidos Uma história que começa no início do século XV11 de um angolano capturado por traficantes de escravos que o terão vendido na cidade São Paulo de Luanda. Depois de liberto, António de seu nome, tornou-se um grande proprietário de terras de cultivo trabalhadas pelos escravos que foi comprando.

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13.03.2013 | por Joaquim Arena

Será Django Libertado o filme mais negro de sempre?

Será Django Libertado o filme mais negro de sempre?  Estará a América realmente pronta para confrontar-se com a sua história da escravatura? Por cada Rambo, um Django? Desta vez Tarantino foi mais longe e pôs meio-mundo a discutir raça, racismo e escravatura, o legado da guerra civil e a violência que está na génese da formação dos Estados Unidos.

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15.01.2013 | por Raquel Ribeiro

Ser Escravo. Quadros de um quotidiano: dos trabalhos e dos dias

Ser Escravo. Quadros de um quotidiano: dos trabalhos e dos dias Os escravos não eram contudo apenas elementos de ostentação ou serviçais da casa do senhor. A maior parte das vezes, constituíam ainda uma fonte de rendimento ao desempenharem tarefas remuneradas; eram os chamados «escravos de ganho». Havia proprietários que, propositadamente, lhes faziam aprender um ofício para alugarem os seus serviços. Neste caso, o escravo recebia um salário como o trabalhador livre, com a diferença de que revertia na íntegra ou na maior parte para o senhor. Podiam encontrar‑se nos trabalhos domésticos, mas era, sobretudo, nas oficinas artesanais, nas embarcações ou nos serviços públicos que se utilizavam.

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23.03.2012 | por Maria do Rosário Pimentel