"Não mates a minha mãe!"

"Não mates a minha mãe!" T-shirts e cartazes a pedir «Justiça para Cláudia Simões», frase que infelizmente teve e terá diversos nomes de vítimas. Recebo um papelinho com instruções para o caso de sermos agredidos ou presos. Descemos a Avenida com centenas de pessoas a gritar «Gentalha unida jamais será esquecida», ou seria «Gentalha esquecida sempre unida»?, «a nossa luta é todos os dias, contra o racismo e a xenofobia». Cláudia Simões, mais uma mulher negra espancada, cara desfeita num golpe mata-leão, em que o leão era o polícia da PSP Carlos Canha que a agrediu em frente à filha, desesperada, a assistir ao desespero da mãe.

Cidade

25.11.2023 | por Marta Lança

Brasileiros assinam carta em apoio a ativista negro condenado em Portugal

Brasileiros assinam carta em apoio a ativista negro condenado em Portugal A luta de Mamadou Ba não é individual, é coletiva, e é de todas as pessoas e organizações democráticas que resistem ao crescimento dos fascismos e recusam o regresso de regimes monstruosos associados à chamada extrema direita. Deste modo, requeremos revisão da sentença condenatória e da pena imposta. Que a justiça seja restaurada já! Mamadou já fez saber que usará os instrumentos que o Estado de Direito lhe garante para levar a justiça até às últimas instâncias, incluindo o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, se necessário. A luta antirracista continua!

Mukanda

20.11.2023 | por vários

Não serei eu uma criança? Racismo na Infância em Portugal

Não serei eu uma criança? Racismo na Infância em Portugal  Exigimos que o Estado português, designadamente, o sistema de justiça, reconheça a motivação racial desta agressão. Exigimos que, de uma vez por todas, abandone um entendimento legal “minimalista” sobre o que se entende por racismo. Exigimos que rompa com o padrão de negação do racismo que tanto prejudica a vida das nossas crianças e jovens e a vida democrática deste país.

Mukanda

04.10.2023 | por vários

Potential History: Unlearning Imperialism, de Ariella Aisha Azoulay (2019)

Potential History: Unlearning Imperialism, de Ariella Aisha Azoulay (2019) A violência institucionalizada molda quem as pessoas são – tanto as vítimas como os perpetradores – a ponto de apenas a recuperação da condição de pluralidade a poder desfazer. Isto remete para o direito mais básico imanente à condição humana, que o imperialismo compromete constantemente: o direito a não agir contra outros; ou na sua formulação positiva: o direito a agir lado a lado e uns com os outros. Aceitar este direito nas suas duas formas como fundamental é necessário para imaginar as reparações para que bênção de ser activo e reparar o que foi quebrado possa ser alcançada.

Mukanda

11.08.2022 | por Ariella Aisha Azoulay

Carta de apoio a Mamadou Ba e ao anti-racismo político em Portugal

Carta de apoio a Mamadou Ba e ao anti-racismo político em Portugal Nas últimas semanas, tem havido uma escalada das tensões políticas em Portugal, na sequência de manifestações públicas de organizações de extrema-direita que também ameaçaram ativistas. A 11 de agosto, Mamadou Ba e outras nove pessoas (ativistas anti-racistas, antifascistas e LGBT deputadas e líderes sindicais) receberam um email enviado por um movimento neonazi que os ameaçava, e às suas famílias, que, caso não abandonassem o país em 48 horas, haveria consequências.

Mukanda

17.02.2021 | por vários

A poesia não é um luxo, um inédito de Audre Lorde

A poesia não é um luxo, um inédito de Audre Lorde Mulher negra, lésbica, socialista, mãe e feminista, Audre Lorde escreveu a partir da sua própria posição de “outsider”; como alguém que com frequência se via fazendo parte de algum grupo no qual era definida como “difícil”, “inferior” ou “errada”. Com a compreensão de que as opressões se acumulam sobre as pessoas de forma não hierarquizada, ela confronta, nesses textos, a “inabilidade de reconhecer o conceito de diferença como uma força humana dinâmica, mais enriquecedora do que ameaçadora para a definição do indivíduo quando existem objetivos em comum”.

A ler

22.12.2020 | por Audre Lorde

“Concerning Violence” e os desafios da obra e pensamento de Frantz Fanon

“Concerning Violence” e os desafios da obra e pensamento de Frantz Fanon O colonialismo não é uma máquina pensante. Nem um corpo dotado de aptidões racionais. É a violência no seu estado natural e só sucumbirá quando for confrontada com uma violência maior. As palavras são de Frantz Fanon, constam do seu livro “Os Condenados da Terra”. Em Concerning Violence, ganham sonoridade pela voz da cantora, compositora e ativista Lauryn Hill. O realizador Göran Olsson conduz-nos por nove cenas de autodefesa anti-imperialista. Muitas delas são-nos familiares. Viajamos pelos palcos da Guerra Colonial em Angola ou Moçambique. Encontramos, inclusive, soldados portugueses, na Guiné, reunidos à volta do corpo dilacerado de um conterrâneo. A acompanhá-los, a canção de Luís Cília O canto do desertor: Vai dizer à minha mãe que eu não vou p’rá guerra

A ler

20.12.2020 | por Mariana Carneiro

Compreender a mecânica do racismo. Entrevista com Pierre Tevanian

Compreender a mecânica do racismo. Entrevista com Pierre Tevanian Porquê "mecânica racista"? A palavra "mecânica" refere-se em primeiro lugar ao carácter artificial do racismo, em oposição a uma ideia preconcebida que tomo o tempo necessário para desafiar no livro: a ideia de que o racismo se baseia basicamente no medo do outro ou do desconhecido, inerente à natureza humana. Mostro que esta ideia é absolutamente falsa, por um lado, e eticamente errada, por outro, na medida em que conduz à complacência com a violência racista: se deriva de uma inclinação natural, pode ser controlada, mas não pode ser erradicada, e não se deve ter pressa em exigir igualdade de tratamento. Em contraste com esta abordagem "naturalista", salientaria a dimensão cultural do racismo, a sua dimensão histórica, social e política...

Cara a cara

23.11.2020 | por Pierre Tevanian

Dentro do Poderoso Arquivo Visual Político de Zanele Muholi

Dentro do Poderoso Arquivo Visual Político de Zanele Muholi "Tenho visto que racismo, homofobia, queerfobia e transfobia são coisas interligadas que existem em todas as sociedades, ao longo do tempo. Como sou tratada quando me desloco entre países, a linguagem desumanizante utilizada nas fronteiras e nos costumes, diz muito sobre a raça. No mundo em geral, só agora conhecemos o alcance da violência racial que tem vindo a acontecer, bem como as suas raízes e efeitos sistémicos. Só recentemente, enquanto sociedade mais alargada, nos foram fornecidos os instrumentos e a linguagem para apontar e abordar o racismo. Como disse anteriormente, a violência é mais antiga do que todos nós".

Cara a cara

19.11.2020 | por Osei Bonsu e Zanele Muholi

O que é este momento político?

O que é este momento político? Esta campanha, em articulação estreita com organizações comunitárias locais, tem como principal objetivo contribuir para ampliar as redes de solidariedade que visam colmatar a quase ausência de apoio estatal a famílias negras, ciganas, migrantes e em situação de maior vulnerabilidade, particularmente fustigadas pela crise atual.

Cidade

29.07.2020 | por Ana Bigotte Vieira

A Eterna Leveza do Anacronismo: os guardiães do consenso e o regime da cordialidade

A Eterna Leveza do Anacronismo: os guardiães do consenso e o regime da cordialidade A emergência de novos atores sociais, com destaque para os sujeitos racializados, cujas intervenções na sociedade portuguesa sempre existiram mas nunca foram reconhecidas pelas instâncias legitimadoras das narrativas culturais e historiográficas, constitui um fator decisivo na quebra da hegemonia lusotropical. Outro contributo narrativo e representacional é dado pela internacionalização da universidade, o incremento da mobilidade dos académicos portugueses e o crescente interesse de estrangeiros nos arquivos coloniais portugueses.

Mukanda

09.02.2020 | por Patrícia Martins Marcos, Inês Beleza Barreiros, Pedro Schacht Pereira e Rui Gomes Coelho

Enquanto houver racismo. Carta às esquerdas, por alguns dos seus

Enquanto houver racismo. Carta às esquerdas, por alguns dos seus Que todos estes acontecimentos do ano de 2019 confiram um novo impulso ao combate contra o racismo, eis o que desejamos e aquilo a que este texto vem, apelando-se nestas linhas ao empenhamento anti-racista de quem se filia na mesma tradição política que nós, a das esquerdas.

Mukanda

26.12.2019 | por vários

Solidariedade com Joacine Katar Moreira no combate contra o racismo e na defesa da democracia

Solidariedade com Joacine Katar Moreira no combate contra o racismo e na defesa da democracia Declaramos solidariedade com a deputada Joacine Katar Moreira e apelamos ao sentido de responsabilidade cidadã dos portugueses e das instituições públicas, para que não deixem impor-se a linguagem do ódio e da desconfiança onde deve apenas haver lugar para a vigilância crítica, o debate aberto e a vontade de ir mais longe na construção de um futuro melhor para todos.

Mukanda

09.11.2019 | por vários

Tecendo Redes Antirracistas: África(s), Brasis e Portugal

Tecendo Redes Antirracistas: África(s), Brasis e Portugal Uma série de textos que buscam produzir reflexões sobre o racismo vivenciado em países de língua oficial portuguesa nos três continentes; debate necessário para o posicionamento e confronto ao fenómeno persistente - o racismo - que se tem intensificado nos últimos anos, mostrando que não se trata somente de um facto do passado colonial.

A ler

18.05.2019 | por Renísia Cristina Garcia Filic

A Descida do Triunfo

A Descida do Triunfo Sem o envolvimento de nenhum partido político, movimento partidário ou social. As pessoas, maioritariamente jovens, mobilizaram-se pela luta contra os atos de violência da polícia e em solidariedade pela Família Negra do Bairro da Jamaica.

Mukanda

30.01.2019 | por Son Ibr Jiobardjan

A esquerda portuguesa e a luta contra o racismo – a propósito de um artigo de José Pacheco Pereira

A esquerda portuguesa e a luta contra o racismo – a propósito de um artigo de José Pacheco Pereira ontem como hoje, não é difícil encontrar exemplos que mostram que a esquerda e o marxismo foram tanto mais transformadores quando articularam uma crítica de classe e uma crítica antirracista do mundo em que vivemos. Se o PCP ainda hoje insiste na necessidade de ler Marx com Lenine, é também porque a memória positiva do encontro entre movimento operário e movimento anticolonial subjaz tanto à história da disseminação mundial do comunismo como à Revolução de Abril de 1974.

A ler

27.01.2019 | por José Neves

O excremento do fascismo

O excremento do fascismo Dizer que o racismo se manifesta de forma sistémica, e que a polícia é parte desse problema, não é a mesma coisa do que dizer que todos os polícias são racistas ou que todos os portugueses são racistas. É isso o que as associações anti-racistas vêm dizendo há muito tempo, num esforço pedagógico admirável mas que muitos preferem ignorar, e que até agora não tem tido grande efeito junto das instituições do Estado que deveriam garantir que episódios como o de domingo no Jamaica, de segunda-feira no centro de Lisboa, ou de há duas semanas, no Cacém, não voltem a repetir-se.

A ler

25.01.2019 | por Pedro Schacht Pereira

Exposição ao condicionamento da mente

Exposição ao condicionamento da mente Os Guilherme Valente deste mundo pensam que a sua indiferença em relação aos problemas dos outros bem como a sua falta de respeito pelo outro são valores centrais à cultura “ocidental”. Não percebem que essa cultura se renova constantemente através do sentido crítico e do compromisso com a realização do seu potencial ético. A popularidade da direita nacionalista hoje traz ao de cima a vulnerabilidade da Europa à esclerose normativa.

A ler

21.11.2017 | por Elísio Macamo