Nós, eles, porquê? (a propósito de Paulo Faria)

Nós, eles, porquê? (a propósito de Paulo Faria) “O rosto que falta” é um pungente texto sobre a guerra, mas sobretudo sobre a titularidade da experiência das situações traumáticas ligadas ao conflito armado, e nomeadamente ao fim do colonialismo português em África.

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12.11.2019 | por Felipe Cammaert

Centros de Gravidade

Centros de Gravidade Numa Europa que deixou de ser o centro de gravidade do mundo, mas que permanece infraestrutural na globalização de regimes de poder neoliberal, patriarcal e (neo)colonial, e que condiciona não só geopolíticas epistemológicas e ontológicas, como a própria sustentabilidade do planeta, convocamos outras forças de gravidade para um olhar crítico sobre algumas estruturas que perpetuam estes mesmos regimes.

Vou lá visitar

12.11.2019 | por Alexandra Balona

Privilégio Negro

Privilégio Negro Poderia ter-se referido ao bronze, que é o mais comum, aquele encostar de braços para comparação, enquanto se anuncia que se vai ficar “da tua cor” ou “mais preta que tu”. Sem contextualização imediata, porém, certas frases podem e irão gerar desconforto. Por vezes mesmo se contextualizadas. Ela poderia, por exemplo, ter referido que, quando alguém nos anuncia e define ora em prol da nossa naturalidade ora da nossa nacionalidade, conforme precisa, isso é privilégio negro.

Mukanda

12.11.2019 | por Gisela Casimiro

Para criar espaços de escuta

Para criar espaços de escuta Resgatar a memória, inscrever novas memórias na História comum, criar histórias cruzadas ou em arquipélago, não é somente clamar por uma aceitação numa História oficial e alargada ou abrir espaços políticos no presente imediato. É conservar e exigir a possibilidade de existência e de acção futura.

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10.11.2019 | por Liliana Coutinho

Solidariedade com Joacine Katar Moreira no combate contra o racismo e na defesa da democracia

Solidariedade com Joacine Katar Moreira no combate contra o racismo e na defesa da democracia Declaramos solidariedade com a deputada Joacine Katar Moreira e apelamos ao sentido de responsabilidade cidadã dos portugueses e das instituições públicas, para que não deixem impor-se a linguagem do ódio e da desconfiança onde deve apenas haver lugar para a vigilância crítica, o debate aberto e a vontade de ir mais longe na construção de um futuro melhor para todos.

Mukanda

09.11.2019 | por vários

Enfrentar-se

Enfrentar-se Assumir a contradição entre o nosso estilo de vida e as nossas opiniões sobre estilos de vida. Ouvir as estúpidas chantagens enquanto mãe, mas também ser capaz das saídas mais airosas e conversas de proximidade com o filho: «Eu não sou mamã o tempo todo!, – Não?, – Não, tu não gostas de não ser filho às vezes?, – Sim.»

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08.11.2019 | por Marta Lança

MARIA AMPÁ

MARIA AMPÁ Como reaver uma certa efectividade nos gestos dissidentes? Como construir um comum que se levanta? De que forma? O recuo do império é inseparável da potência do contra-poder. (...) Nos momentos de crise dos impérios, o senso comum tende a sofrer alterações muito rápidas e só aí a palavra emancipação ganha a possibilidade de estar em todas as cabeças. É preciso desejar a surpresa de recém-chegadas sensibilidades radicais para que a revolta não nos apanhe ciumentos, rancorosos e ultrapassados.

Mukanda

07.11.2019 | por Maria Ampá

Um mundo de ideias, conversa com o escritor Chinua Achebe

Um mundo de ideias, conversa com o escritor Chinua Achebe Não são demónios; não são anjos; são apenas pessoas. E escutem-nas. Nós próprios temos feito um imenso exercício de escuta. A ponto da pessoa mais forte até se esquecer que a pessoa mais fraca poderá ter algo a dizer, veja, porque está simplesmente ali; é um acessório, simplesmente fala com ele, compreende?

Cara a cara

06.11.2019 | por Chinua Achebe

Remember remember the 5th of November for I see no reason to forget treason

Remember remember the 5th of November for I see no reason to forget treason Saí de Portugal rumo a Londres em 1993, a Lisa Stansfield era a musa do momento e os Eurythmics ainda faziam boa música, daquela que nos movia a questionar e já nos apresentava boas pistas. “There must be an angel playing with my heart”. Éramos uma geração de europeístas verdinhos como manda a lei da vida, com vinte aninhos de vontade, tesão e muita alegria.

Jogos Sem Fronteiras

06.11.2019 | por Adin Manuel

Museus: zonas de contacto por excelência

Museus: zonas de contacto por excelência Os Museus são espaços democratizantes, inclusivos e polifónicos, orientados para o diálogo crítico sobre os passados e os futuros. Reconhecendo e lidando com os conflitos e desafios do presente, detêm, em nome da sociedade, a custódia de artefactos e espécimes, por ela preservam memórias diversas para as gerações futuras, garantindo a igualdade de direitos e de acesso ao património a todas as pessoas.

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04.11.2019 | por António Pinto Ribeiro

Exposição Meta-Arquivo: 1964-1985: Espaço de Escuta e Leitura de Histórias da Ditadura

Exposição Meta-Arquivo: 1964-1985: Espaço de Escuta e Leitura de Histórias da Ditadura Reflexão acerca da documentação pública arquivada pelo Estado Brasileiro: como ler esses arquivos? Como construir memória a partir deles? Como aprender coletivamente sobre a história do país e de seu povo, a partir de sua análise? Como preservar esses acervos e, como consequência, a memória dos processos civilizatórios que alicerçam a sociedade atual?

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03.11.2019 | por vários

Mar Fronteira

Mar Fronteira E eis que agora, na praia, Teófilo aguarda para que o sibilar do vento erga as ondas. Vê-a agitar as asas com graciosidade. Os seus pulsos tocam-se na fluidez da respiração. As penas negras da cabeça confundem-se com o tutu negro e o ondular de todo o corpo flutua em círculos pelo mar. E, de repente, uma perna tem a liberdade de um braço. A cabeça basculante debate-se. Fátima voa, foge, tem medo, encolhe-se. Mergulha e emerge. É devorada pela água. Emerge. Vai para cima e para baixo, repetidamente. Entre o mar e o céu, o céu e o mar.

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30.10.2019 | por Yara Monteiro

Amazona

Amazona Se a espécie humana se autodestruísse e desaparecesse do planeta, o Rio de Janeiro seria uma das primeiras cidades a recuperar o seu biótopo natural. Em poucos meses, a humidade racharia o cimento, permitindo a infiltração da água, e o tempo faria essas fendas se alargarem, favorecendo a irrupção de ervas. Se os esgotos fossem destruídos, antigos cursos de água reapareceriam e novos surgiriam. Não tardaria para que praças e ciclovias fossem invadidas por gambás, gaviões, cobras, capivaras e corujas. Em pouco tempo, a floresta ocuparia toda a região.

Cidade

29.10.2019 | por Rita Brás

Mário Lúcio Sousa e o pão feito pelo diabo

Mário Lúcio Sousa e o pão feito pelo diabo O autor usou a voz de vários prisioneiros, todos com o mesmo nome – Pedro –, chegados em alturas diferentes de Portugal, da Guiné, de Angola e de Cabo Verde. Descreveu o terror de dentro com uma fluidez que em nada instrumentaliza acontecimentos para provar alguma coisa.

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28.10.2019 | por Ana Bárbara Pedrosa

O jardim

O jardim The Garden está a par das imagens domésticas de Deana Lawson. Adão e Eva estão ainda em casa, nesta aldeia do Congo. Mas, na casa de quem? Serão dois amantes deixados pernoitar em casa de amigos? Estarão na casa de todos, que é toda parte e lado nenhum? O que é uma casa, pergunta Eva. Deixa-te de perguntas, meu amor, responde Adão.

Mukanda

28.10.2019 | por Djaimilia Pereira de Almeida

Por que razão o racismo ainda é uma questão europeia?

Por que razão o racismo ainda é uma questão europeia? Entretanto, o verdadeiro combate está em trazer para o campo da discussão os problemas estruturais reais da sociedade: a pauperização da população, a precarização do trabalho, as discriminações racistas e sexistas, a mundialização do capitalismo e uma série de preconceitos que herdámos do passado colonial, como a islamofobia, a falta de políticas públicas para a integração dos imigrantes, a abundância de discursos civilizacionais, as teorias como o lusotropicalismo, o racismo contra os negros, entre outros.

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28.10.2019 | por Fernanda Vilar

A lua de Atenas

A lua de Atenas Que ferida é esta que me consome e me deixa com o vento de mil cascos de cavalos em fuga adiante pelo horizonte. A miragem? A ferida que espuma de perda e desarranjo, de memória, de remorso, de... é tarde demais, escrevo, para a cura. Fraco demais para tanta batalha, tanta purga. Vou falando aqui e ali sobre o que é ter disforia de gênero uma vida inteira e não saber como me curar. Só em Atenas e ainda assim com toda a noite de Atenas.

Cidade

27.10.2019 | por Adin Manuel

O rebentar sul-americano, encruzilhadas do neoliberalismo

O rebentar sul-americano, encruzilhadas do neoliberalismo Há algumas semanas que as direitas sul-americanas estão numa encruzilhada. As resistências no Chile, Equador e Argentina procuram, por diversas vias, confrontar o neoliberalismo pós-globalizado. As pessoas sentem que já nada têm a perder. Menara Guizardi diagnostica três respostas a um modelo voraz. São compostas pela reação imediata ao ajuste económico e pela experiência acumulada durante anos de protestos.

Jogos Sem Fronteiras

26.10.2019 | por Menara Guizardi

Chile: um modelo de maltrato e privilégio

Chile: um modelo de maltrato e privilégio Encontrei slogans contra a polícia e o governo, barricadas com fogo, muita gente batendo panela, saques em supermercados, esperança, indignação, medo e muita solidariedade. Senti-me parte de um coletivo e, vivendo um momento único, senti orgulho de ser chileno.

Cidade

24.10.2019 | por Pablo Mardones

“Agora sabemos que o colonialismo está vivo e esperneia”. A renovação do AfricaMuseum no filme de Matthias De Groof

“Agora sabemos que o colonialismo está vivo e esperneia”. A renovação do AfricaMuseum no filme de Matthias De Groof Um modo de vermos a colonialidade ressurgir é precisamente na missão que o museu se atribui. "África" ​​é um objeto de estudo, enquanto a ideia de representatividade e o desejo de ser uma janela num continente são os princípios epistemológicos básicos da lógica imperialista. A cenografia dá continuidade à "coisificação" e à “domesticação",

Afroscreen

23.10.2019 | por Marta Lança