Coleções “Jardim da Vitória”

Coleções “Jardim da Vitória” Ao longo de 10 anos uma equipa constituída por artistas visuais, antropólogos, arquitetos, designers, engenheira agrónoma, participaram e realizaram um conjunto de projetos artísticos, documentais e cinematográficos no bairro da Quinta da Vitoria, com o pressuposto de contribuir para uma representação mais inclusiva destas comunidades. Ao mesmo tempo que o bairro foi sendo construído pelos próprios moradores, foi crescendo uma barreira invisível que o delimita da cidade. Esta divisão crescente, preconceitos e representações abstratas, contribuíram para a exclusão social e cultural destas comunidades.

Cidade

10.08.2022 | por Sofia Borges

Em Kassel

Em Kassel Como propaganda, a Justiça Popular não é complexa. À direita estão os simples cidadãos, aldeões e trabalhadores: vítimas do regime. À esquerda estão os autores dos crimes e os seus cúmplices internacionais. Os representantes dos serviços de inteligência estrangeiros - a ASIO australiana, MI5, a CIA - são representados como cães, porcos, esqueletos e ratos. Existe mesmo uma figura com o rótulo "007". Uma coluna armada marcha sobre uma pilha de crânios, uma vala comum. Entre os perpetradores encontra-se um soldado com cara de porco, usando uma Estrela de David e um capacete com "Mossad" escrito. Ao fundo, um homem com cachos laterais, nariz torto, olhos ensanguentados e dentes de vampiro. Veste um fato, fuma charuto e o chapéu tem as iniciais "SS": um judeu ortodoxo, representado como um banqueiro rico, em julgamento por crimes de guerra - na Alemanha, em 2022.

A ler

10.08.2022 | por Eyal Weizman

Temos de Falar, à conversa com Gisela Casimiro (8)

Temos de Falar, à conversa com Gisela Casimiro (8) Paula Cardoso e Manuel Arriaga trazem-nos ferramentas para a liberdade e a garantia de memória futura, pela acção e empoderamento cívico.

Palcos

09.08.2022 | por vários

Temos de Falar, à conversa com Gisela Casimiro (7)

Temos de Falar, à conversa com Gisela Casimiro (7) Maria Giulia Pinheiro é escritora, poeta, performer e pesquisadora feminista. Irmà Estopiña é poeta e arte-terapeuta/psicoterapeuta. Juntas organizam há alguns anos a "Ginginha Poética", um exercício de poesia comunitária e celebratória que emprestam ao Temos de Falar.

Palcos

09.08.2022 | por vários

Imigrantes versus refugiados: dividir para reinar

Imigrantes versus refugiados: dividir para reinar A conceção liberal de refugiado tem um efeito prático inegável: segrega. Deixa poucos direitos aos refugiados e nenhuns aos migrantes económicos. A criação destas categorias, baseadas, muitas vezes, em artificialismos, permitem, à partida, escolher as pessoas, aquelas que merecem, ou não, o nosso apoio. Que merecem, ou não, ser salvas. E, ao catalogá-las permanentemente, estamos a desprovê-las de capacidade reivindicativa, a inibir qualquer mobilização coletiva. A despojá-las do direito a ter direitos.

Jogos Sem Fronteiras

09.08.2022 | por Mariana Carneiro

Por um mundo sem fronteiras

Por um mundo sem fronteiras O imaginário da invasão tem alimentado uma espécie de “psicose coletiva”, baseada no medo do outro, do desconhecido, na propalada ameaça permanente do terrorismo. E este espectro da invasão serve como justificação para a construção de muros e vedações que aumentam a brecha entre nós e os outros, que alimentam os nacionalismos excludentes e os discursos e práticas xenófobos e racistas tão acarinhados pelos movimentos de extrema-direita.

Jogos Sem Fronteiras

09.08.2022 | por Mariana Carneiro

Eu, Tituba, Bruxa… Negra de Salem

Eu, Tituba, Bruxa… Negra de Salem A constante desumanização das pessoas escravizadas é aqui desconstruída à medida que pela voz de Tituba (Eu, Tituba, Bruxa ….Negra de Salém) a história do mundo e das zonas de contacto (Mary Louise Pratt) no século XVII se tornam percetíveis. Há neste livro de Maryse Condé a instalação de um processo de rutura que subverte a tradição literária dominante e instaura uma nova identidade e uma capacidade de negociação entre margens e centros. Tituba, mulher de múltiplas iniciações, acrescenta à história a voz dos que não costumam falar, dos que não constam da história a não ser como estatísticas. Tributária do sistema de pensamento e cura Obeah (Obi) usa os seus poderes para curar, proteger e amar. Confessa-se Bruxa e servidora porque não há outra maneira de ser entendida pelos juízes que a julgam. Sabe que o espaço do meio que conhece não pode ser percebido pela cultura dominante e pela histeria coletiva que dominou a terra onde vivia.

Mukanda

03.08.2022 | por Ana Paula Tavares

Planta baixa do corpo alto

Planta baixa do corpo alto Em mil quatrocentos e qualquer coisa, ao desembarcarem de seus barcos usando suas pernas em território americano, humanos usaram seus braços para carregar até os barcos coisas que não eram suas, depois usaram seus barcos para levá-las embora. Fizeram este movimento de braços e barcos por séculos Acredita-se que os braços humanos podem ter processado um esticamento por excesso de uso. Usa-se braços para fazer o sinal da cruz.

Corpo

02.08.2022 | por Manuella Bezerra de Melo

Pré-publicação | Afrotopia

Pré-publicação | Afrotopia O Afrotopos é aquele lugar outro de África cuja vinda há que apressar porque realiza as suas potencialidades felizes. Fundar uma utopia não é de todo deixar‑se levar por um doce sonho, antes pensar espaços de realidade produzidos pelo pensamento e pela acção; é localizar os seus signos e as suas origens no tempo presente, com o intuito de os nutrir. A Afrotopia é uma utopia activa que se propõe encontrar na realidade africana os vastos espaços do possível e fecundá‑los.

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28.07.2022 | por Felwine Sarr

Ñucanchick allpa: Mamã Dulu, terra e educação

Ñucanchick allpa: Mamã Dulu, terra e educação Os indígenas do Equador voltaram a tomar as ruas de Quito. Foi em finais de junho. Nesta nova onda de protestos, reiteraram uma herança de décadas que faz deles um grupo decisivo na política equatoriana. Na génese desta força, uma mão cheia de líderes indígenas que, no início do século XX, enfrentaram o poder por terra e educação. Dolores Cacuango, um desses furacões rebeldes, ainda hoje é timão orientador.

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28.07.2022 | por Pedro Cardoso

Diário de um etnólogo guineense na Europa (dia 9)

Diário de um etnólogo guineense na Europa (dia 9) Minha mãe de mim que me pariu, agora que vejo toda essa história dos cabelos da Rita e de “Jejum Impertinente”, estou com receio que alguns comecem a dizer que essa coisa de passar fome é também apropriação cultural, uma vez que há muita comida na Europa, e há muitos anos que a Europa aplica a sua engenharia de escassez na África, criando famélicos. Pois é, estou mesmo preocupado, se nos tirarem até a fome, o que nos vai sobrar? Porque duvido mesmo que nos mandem fartura.

Mukanda

27.07.2022 | por Marinho de Pina

Arte digital e circuitos online

Arte digital e circuitos online Criar, colecionar e divulgar arte no espaço online é cada vez mais comum e reflete a atual era tecnológica, na qual o digital se afirma enquanto principal meio de percepção e de interação com o mundo. A esfera da internet e das redes tem vindo a tornar-se numa forte alternativa aos tradicionais circuitos da arte, consistindo numa plataforma eficaz tanto na apresentação e na disseminação, quanto na validação das obras, algo que outrora se encontrava circunscrito às instituições culturais e ao mercado da arte. O digital é, pois, um lugar paralelo, desterritorializado, transversal e, de certo modo, autónomo, na medida em que permite maior liberdade não só ao nível da criação, como da circulação e da recepção dos objetos artísticos.

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25.07.2022 | por Constança Babo

Bye, Bye Tristes Trópicos: Do “Pessimismo Sentimental” ao Decolonial, Escola Sem Sítio – 2o. Semestre de 2022

Bye, Bye Tristes Trópicos: Do “Pessimismo Sentimental” ao Decolonial, Escola Sem Sítio – 2o. Semestre de 2022 No esteio desse “admirável mundo novo”, a artilharia retórica pós-moderna e pós-colonial traria novas feridas narcísicas ao pensamento ocidental que hoje ainda ecoam em políticas e poéticas decoloniais com a entrada de agentes indígenas, afro-descendentes e queer na arena artística e intelectual de modo a desafiar os antigos prognósticos da velha antropologia. Esse curso pretende acompanhar a trilha dessas transformações epistemológicas e políticas a partir de alguns capítulos de sua história. Pretende ainda problematizar, a partir dos campos das artes visuais e das ciências sociais, os limites das retóricas pós-coloniais e decoloniais diante dos fascismos contemporâneos e da complexidade paradoxal do real das instituições a partir das polêmicas atuais.

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13.07.2022 | por Leonardo Bertolossi

“A amnésia histórica é um dos mais sérios problemas de São Tomé e Princípe” – conversa com Conceição Lima.

“A amnésia histórica é um dos mais sérios problemas de São Tomé e Princípe” – conversa com Conceição Lima. São Tomé e Príncipe, diz Conceição Lima, vive numa tensão entre a impaciência e a paciência. Por um lado, há uma forte insatisfação com o estado de coisas: “temos uma curta esperança de vida e queremos assistir a mudança!” Por outro, quarenta e sete anos é “um lapso de história muito curto, quase insignificante no grande plano.” A solução passa por um equilíbrio entre os dois: “é preciso cultivar a paciência para remendar e semear, mas nunca permitindo que se esvaia a tão importante impaciência.” Parece que estamos perante uma identidade formada a partir e contra um trauma histórico, que teima em resistir, contra todas as probabilidades. A poetisa responde com um poema: Um pássaro ferido./ Um pássaro ainda ferido / e teimoso.

Cara a cara

12.07.2022 | por João Moreira da Silva

O transe amazónico em diferentes tempos e lugares na cinematografia de Jorge Bodanzky

O transe amazónico em diferentes tempos e lugares na cinematografia de Jorge Bodanzky No início da década de 1970, quando Jorge Bodanzky começou a filmar o real nos territórios amazónicos, o Regime Militar brasileiro (1964-1985) promovia um imaginário irreal sobre Amazónia, com o fim de desmatar a floresta, explorar as suas terras, integrá-las num projeto colonizador megalómano. Para chamar os colonos de todo o Brasil, as campanhas da ditadura vendiam a Amazónia como uma “terra sem homens para homens sem terra” ou como “um deserto verde”. Oficialmente, a “Revolução chegava à selva” mas, de facto, o que se implementava era uma sanha destruidora que não se deteve até aos dias de hoje. Enquanto militares e empresários ampliavam fronteiras colonialistas, Bodanzky abria fronteiras através do cinema, com o registo da degradação social e ambiental em curso.

Afroscreen

12.07.2022 | por Anabela Roque

Conferência Internacional Counter-Image 2022

Conferência Internacional Counter-Image 2022 A Conferência Internacional Counter-Image (CIIC22) prossegue o trabalho de desvelar as formas como as imagens operam nas estruturas de poder e saber e nos sistemas de verdade que tendem a constituir narrativas históricas hegemónicas e marginalizar ou apagar aquelas que são conflitantes ou minoritárias. Desta forma, originam-se não só “centros” e “margens”, mas também tende-se a silenciar vozes e a invisibilizar pessoas, tornando determinadas ideias impronunciáveis. Sendo um processo histórico, exige-se um criticismo contínuo em linha com os estudiosos/as e artistas que atuam nas tradições da Cultura Visual, dos Estudos de Género e dos Estudos Culturais nas diversas disciplinas. Estabelecer contra-narrativas, contra-arquivos e contra-imagens manifesta-se, então, como um desafio aos sistemas sociais, culturais e políticos hegemónicos e uma contribuição para um diálogo muito necessário em torno de temáticas difíceis e complexas, tendo em vista uma sociedade pluralista, diversa e equilibrada.

Vou lá visitar

12.07.2022 | por vários

A Caixa

A Caixa A poesia, a performance e a música conversam sobre segredos clandestinos, verdades proféticas e viagens ancestrais, e tentam responder à pergunta: O que fazer depois da redescoberta de nós próprios(as)? A Caixa é sobre a libertação anterior e interior à revolução, a libertação da mente dos paradigmas coloniais encaixotados, é sobre pensar fora da caixa mesmo estando dentro dela, e sobre reconhecer as várias caixas destruídas ao longo da história.

Mukanda

09.07.2022 | por Ilha dos Poetas Vivos

Educar como Forma de Libertar e Desacorrentar a Mente

Educar como Forma de Libertar e Desacorrentar a Mente Devemos exaltar os grandes feitos dos homens do nosso continente não na perspetiva de sermos melhores que os outros, mas para incutir nas novas gerações que somos tão capazes como os outros. Só assim conseguiremos guiar os africanos e os afrodescendentes para o êxito e acabar, de uma vez por todas, com esta falta de confiança e de autoestima que paira sobre o nosso continente; só assim, no que deve constituir uma missão prioritária dos sistemas de ensino dos países deste continente, libertaremos, definitivamente, todos os africanos das amarras do colonialismo.

Mukanda

08.07.2022 | por Ednilson Leandro Pina Fernandes

Documentário "Suzanne Daveau" de Luisa Homem estreia no dia 21 de julho nas salas de cinema portuguesas

Documentário "Suzanne Daveau" de Luisa Homem estreia no dia 21 de julho nas salas de cinema portuguesas Suzanne Daveau traça o esboço de uma mulher aventureira que atravessa o século xx, até aos dias de hoje, guiada pela paixão da investigação geográfica. O filme circula entre os inúmeros espaços-mundo percorridos pela geógrafa e os reservados espaços-casa que acolheram a sua vida privada. “Não há ciência, nem progresso no conhecimento, sem amor, sem paixão, sem identificação, mesmo quando se trata de um tema aparentemente desprovido de vida, como a evolução de uma vertente ou a génese de um aguaceiro. Pode-se, talvez, aplicar rotineiramente uma técnica com pura objectividade, não se pode com certeza, descobrir algo de novo sem que o investigador se implique por completo no tema que tenta elucidar”.

Afroscreen

01.07.2022 | por vários

Cenas do Gueto I Studio Bros

Cenas do Gueto I Studio Bros Conhecida como música do gueto, um novo ritmo chamado "batida" (ou afro-house) tem marcado as pistas de dança em Portugal e no mundo. Os Djs da Quinta do Mocho foram precursores nessa nova estética cosmopolita, beneficiando-se do fenómeno da digitalização da música para reinterpretar estilos e fazerem-se visíveis. Este é o caso do Studio Bros, cuja sonoridade afrodiaspórica é capaz de pôr a dançar todos aqueles que vivem nas "margens" do planeta.

Afroscreen

01.07.2022 | por Otávio Raposo