O racismo começa onde acaba a cultura?

O racismo começa onde acaba a cultura? A premissa luso-tropicalista, assente numa falácia histórica, minada por um misto de hipocrisia e cinismo políticos, vai ganhando sedimentação ideológica e dificultando um debate sério e frontal sobre o racismo. Em Portugal, o racismo e a sua negação são estruturais no confronto ideológico sobre o lugar da diferença numa sociedade potencial e estruturalmente racista, porque estrutural e historicamente coloniais.

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20.11.2014 | por Mamadou Ba

O Andanças fala sempre muitas línguas

O Andanças fala sempre muitas línguas Culturas não coincidem com linhas de nações e continentes. Culturas são formas vivas, mutáveis e transcedem fronteiras fazendo encontros. No Andanças sente-se África entre a Europa, a América, a Oceânia, a Ásia. A integração de ritmos, danças e instrumentos de origem africana é feita por pessoas que se ligam a África, não se centrando exclusivamente em identidades de cores da pele e heranças familiares, mas também nas vivências pessoais, nas dedicações ao estudo e à pesquisa, por vontade de mergulhar numa cultura, de descobrir e encontrar o outro.

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16.09.2014 | por Maria Prata

Qual cultura e de quem?

Qual cultura e de quem? Viviam nos subúrbios brancos ou em bairros resguardados pelas áreas industriais e comerciais. Um par de ruas principais ligavam o bairro ao resto do mundo e essas ruas podiam ficar vedadas pela polícia quando os pais do meninos começavam a fazer barulho a propósito dos direitos humanos e das condições de vida na zona. A julgar pela forma como a polícia se comportava, os episódios esporádicos em que perseguiam os pretos com cães, motocicletas e veículos anti-motim, por vezes, para as crianças, parecia ser uma brincadeira de crescidos. Fazia tudo parte da paisagem cultural urbana. Uma pequena comunidade branca de origem europeia tinha governado o Zimbabwe desde 1896 e ‘construído’ uma nova ‘nação’, chamada Rodésia, cultura incluída.Qual cultura e de quem?

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07.10.2013 | por Farai Mpfunya

“A voz underground”, por Reem Kassem (Egipto)

“A voz underground”, por Reem Kassem (Egipto) Reem Kassem é uma jovem mulher muito determinada. Aproximadamente um mês após a revolução do ano passado no Egipto, quando as principais preocupações das autoridades eram paz e ordem nas ruas, Reem convenceu os militares em Alexandria a autorizar um festival de música ao ar livre, que juntou dezenas e dezenas de voluntários, desde as pessoas que pintaram o palco num dos parques abandonados da cidade aos músicas que actuaram. Poderia ouvi-la contar a história das suas negociações com os militares vezes sem conta. Desde então não tem parado e tenho a certeza que o seu papel será determinante para o futuro do sector cultural no Egipto.

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20.06.2012 | por Maria Vlachou

As histórias que contamos a nós próprios

As histórias que contamos a nós próprios Museus que lidam com histórias de vida, com acontecimentos políticos, com traumas, com conflitos, com ódios, com o ‘nós’ e ‘os outros’, com pessoas. Visito-os sempre com a enorme curiosidade de ver se aceitaram o desafio e de que forma lidaram com ele.

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18.04.2012 | por Maria Vlachou

A globalização do hip-hop: homogeneização e diferenciação cultural

A globalização do hip-hop: homogeneização e diferenciação cultural Pode ouvir-se uma música ecoar de forma ubíqua em vários pontos do planeta, consumir-se alimentos idênticos, ver-se exactamente os mesmos filmes, assistir-se diariamente aos mesmos programas de televisão, acompanhar-se as mesmas notícias, entre muitos outros exemplos que poderíamos aqui evocar, mas tudo isto não significa que se tenha anulado a diversidade cultural e que se viva hoje num mundo necessariamente homogéneo.

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28.12.2011 | por José Alberto Simões

“Uma geração – Várias Linguagens"

“Uma geração – Várias Linguagens" A exposição “Uma geração – Várias Linguagens” induz-nos à necessidade de novos referenciais para se pensar o país e o mundo contemporâneo, cada vez mais interdependente devido às transformações produtivas, financeiras, demográficas e tecnológicas que caracterizam a globalização.

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18.10.2011 | por Benjamim Sabby

Discurso etnográfico e representação na ficção africana de língua portuguesa: notas sobre a recepção crítica de Mia Couto e o projeto literário de Ruy Duarte de Carvalho

Discurso etnográfico e representação na ficção africana de língua portuguesa: notas sobre a recepção crítica de Mia Couto e o projeto literário de Ruy Duarte de Carvalho investiga as noções de representação implicadas no uso de materiais etnográficos para estudo das literaturas africanas de língua portuguesa. Discute, inicialmente, como essas literaturas têm, desde suas primeiras manifestações, se aproximado da antropologia, propondo-se como retrato de sociedades não-ocidentais. Analisa, em seguida, como esta expectativa de retrato se insinua na recepção crítica de um romance contemporâneo, Terra Sonâmbula (1992), do moçambicano Mia Couto. Propõe, então, por meio da análise do romance Os papéis do inglês (2000), que o projeto literário do escritor angolano Ruy Duarte de Carvalho resiste a este tipo de expectativa, problematizando-a.

Ruy Duarte de Carvalho

10.10.2011 | por Anita Martins de Moraes

A economia moral da feitiçaria: um ensaio em história comparativa - II

A economia moral da feitiçaria: um ensaio em história comparativa - II A figura retórica central das várias tentativas de definição de economia moral tem sido a oposição entre, por um lado, o indivíduo maximizador e o mercado da economia política clássica em constante expansão e, por outro, uma comunidade regida por normas de sobrevivência coletiva e acreditando num universo de soma zero: i.e. um mundo onde todo o lucro é ganho à custa do prejuízo de alguém. A soma comunal-zero desta equação é, de modo geral, consistente com crenças africanas que identificam capitalismo e feitiçaria como a perigosa apropriação de limitados recursos reprodutivos por indivíduos egoístas.

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21.06.2011 | por Ralph A. Austen

Políticas, Arte, Brasilidade - entrevista a Afonso Luz

Políticas, Arte, Brasilidade - entrevista a Afonso Luz Segundo Paulo Emílio Salles, ao inventarmos o Brasil desenvolvemos a consciência aguda, de não sermos um povo com identidade positiva. A negatividade começa já na palavra que nos nomeia e guarda sentido depreciativo, bem observado, na atribuição da língua portuguesa ao povo de eiros' (como sapateiros, açougueiros, brasileiros). A rarefação talvez esteja na configuração de um ambiente problematicamente internacional entre nós.

Cara a cara

15.06.2011 | por Afonso Luz

Racismo e cultura

Racismo e cultura Não é, pois, na sequência de uma evolução dos espíritos que o racismo perde a sua virulência. Nenhuma revolução interior explica esta obrigação de o racismo se matizar, de evoluir. Por toda a parte há homens que se libertam, abalando a letargia a que a opressão e o racismo os tinham condenado.

Mukanda

07.06.2011 | por Frantz Fanon

Cultura e colonização

Cultura e colonização Do mesmo modo pode falar-se de uma grande família de culturas africanas que merece a designação de civilização negro-africana e que cobre as diferentes culturas próprias a cada um dos países da África. E sabe-se que as transformações históricas fizeram com que o campo dessa civilização, a área dessa civilização, exceda em muito a África; e é nesse sentido que se pode dizer que há no Brasil ou nas Antilhas, tal como no Haiti e nas Antilhas Francesas ou mesmo nos Estados Unidos, se não focos, pelo menos franjas, dessa civilização negro-americana.

Mukanda

04.06.2011 | por Aimé Césaire

Luta identitária- mais que uma preservação cultural, a sobrevivência de um povo: o caso de Cabília (Argélia)

Luta identitária- mais que uma preservação cultural, a sobrevivência de um povo: o caso de Cabília (Argélia) Os berberes ou "imazighen" (que quer dizer homens livres na língua berbere: o Tamazight) têm vindo a empreender várias formas de luta no sentido de se afirmarem anti-arabização. O propósito fundamental das suas lutas nada tem a ver com religião ou política, trata-se antes de mais da preservação de uma identidade cultural, sobretudo linguística. E da sobrevivência de um povo.

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17.02.2011 | por Rita Damásio

Pequena viagem através de África

Pequena viagem através de África Há mais de quarenta anos que ando pelos trópicos e há mais de vinte e cinco anos que me fixei na Guiné. Percorri toda a África desde a Argélia à África do Sul, desde o Egipto a Marrocos, utilizando aviões, comboios, vapores, carros e canoas. Dormi nesses maravilhosos hotéis que o engenho humano criou e dormi também nas mais modestas palhotas das mais modestas tabancas africanas. Bebi aquela água barrenta, de aspecto leitoso, que se colhe nos poços das povoações perdidos no mato; atravessei rios e pântanos sob um calor escaldante; torneei florestas densas e subi montanhas abruptas; percorri as areias imensas dos desertos africanos; tiritei de frio e abrasei-me e longamente conversei com Tcherno Bokar, a quem Teodoro Monod, com aquele sentido de penetração das coisas africanas que só ele possui, chamou «um homem de Deus».

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03.01.2011 | por Artur Augusto Silva