Reviver a Guerra do Pai: o fim da violência?

Reviver a Guerra do Pai: o fim da violência? Nas obras literárias da pós-memória, a figura do pai ausente é recorrente quando se quer abordar a questão da persistência do trauma pós-colonial nas gerações seguintes. Em Portugal, o romance Estranha Guerra de Uso Comum, de Paulo Faria, constitui talvez o exemplo mais significativo deste diálogo post-mortem à volta de um inquérito sobre a transmissão da experiência da guerra do pai para o filho. Contudo, neste conjunto de obras, há alguns casos em que o filho decide, através da escrita, reviver o passado traumático do pai desde o interior, num enredo que descreve com pormenores o tempo dos combates do progenitor. Nestes casos, o narrador privilegia os cenários do passado bélico para contar a guerra do pai como se ele estivesse no seu lugar.

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19.02.2020 | por Felipe Cammaert

Nós, eles, porquê? (a propósito de Paulo Faria)

Nós, eles, porquê? (a propósito de Paulo Faria) “O rosto que falta” é um pungente texto sobre a guerra, mas sobretudo sobre a titularidade da experiência das situações traumáticas ligadas ao conflito armado, e nomeadamente ao fim do colonialismo português em África.

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12.11.2019 | por Felipe Cammaert

Heterobiografia e Artes Visuais: a estreia de Paulo Faria

Heterobiografia e Artes Visuais: a estreia de Paulo Faria Paulo Faria escolhe para tema autoral a revisitação da guerra colonial que, não tendo vivido, reconhece como um momento de radical mudança para um pai a quem fez poucas perguntas e com o qual se quer agora confrontar, juntamente com seus demónios entrincheirados. Com esta premissa se tece uma espécie de ficcionalização heterobiográfica: ficção porque, embora o autor e narrador tenham circunstâncias comuns, como serem tradutores e filhos de pais médicos que serviram como oficiais milicianos em Moçambique, a distância dos nomes e episódios reduz porventura os danos colaterais da autodescoberta, ajudando a manter o enredo livre de pressões; heterobiográfico porque não só o narrador se projeta na vida paterna como a reconstrução desta aparece afinal refratada pelas histórias de vários camaradas de campanha do pai, ocupando a voz de cada um deles um capítulo desta obra.

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28.11.2016 | por Margarida Vale de Gato