Algumas destas histórias também revelam que esses “regressos” a Angola por pessoas da geração de Nuno podem, na realidade, ser derivações críticas, quando, após o regresso a Portugal, originam atitudes críticas sobre a persistência colonial na sociedade portuguesa. No contexto europeu, poderia o caso português representar uma alternativa: algo que, através de viagens pós-coloniais, levasse a uma sociedade mais igualitária que aceite uma nova narrativa pública plural do passado?
A ler
29.07.2019 | por Irène dos Santos
Aqui, a visão da catástrofe está a olho nu. João Louro contrapõe imagens do teatro de guerra com tabelas periódicas dos elementos, expõe colagens e palavras não já impressas, mas sim bordadas. O artista recria, com grande clareza, a forma como os dadaístas se interessaram por outras culturas, sobretudo a africana.
Vou lá visitar
29.07.2019 | por Marta Rema
Desfrisos, chapinhas, mises, tranças, postiços, aplicações fio fio ou bainha… Perucas a x euros. Entrei. Recebo um sorriso caloroso. Tirava todos os “protocolos”, sentia-me em casa. Matava ali as saudades. Um cabeleireiro africano em qualquer outro continente é uma "embaixada de abraços e confraternizações". Um abraço periférico.
Cidade
29.07.2019 | por Indira Grandê
manifesta a contestação à imagem “extrovertida” que a política assimilacionista e colonialista nos legou da dita “Guiné Portuguesa”, isolada, exótica e inexistente como fato histórico, antes da presença dos europeus. Essa visão lusocêntrica estabeleceu fronteiras entre “civilizados” e “indígenas” e tentou ocultar as dinâmicas internas da sociedade guineense, anteriores a essa chegada.
A ler
27.07.2019 | por Ricardino Jacinto Dumas Teixeira
Sobre dois mais recentes filmes: "Eu Não Sou Pilatus" e "Intervenção Jah". A violência é um espinho, ela não escolhe a quem tocar mas também não é qualquer pessoa que se aproxima dela, tem que estar de alguma maneira convencida, se certo ou errado, isso não sei. Nos meus filmes, sobretudo de realidade social, tento não desvirtuar a violência daquilo que é a sua génese, a meu ver, o sentido de justiça.
Afroscreen
26.07.2019 | por Marta Lança
Há três anos, com Esse Cabelo, apresentaram-na como representante de uma literatura acerca de raça, género, identidade. Voltou agora com Luanda, Lisboa, Paraíso e diz que quer apenas participar na longa e antiga conversa sobre literatura. Enquanto procura escrever o seu livro ideal, totalmente inventado, uma mancha de texto sem capítulos que resista a discussões acerca do presente.
Cara a cara
25.07.2019 | por Isabel Lucas
Este artigo pretende demonstrar como essa trajetória se reflete na sua produção literária desenvolvida a partir do final da década de 1990 e compreender as bases sobre as quais se construiu o diálogo entre esses campos. A análise sobre como as diferentes expressões e linguagens se inserem no texto de Carvalho dá o arranque a uma reflexão sobre as relações entre antropologia e literatura, e os questionamentos acerca de autoria e narração, que sustentam o projeto literário desenvolvido na trilogia Os filhos de Próspero.
Ruy Duarte de Carvalho
25.07.2019 | por Christian Fischgold
Se a agressividade do pensamento reaccionário ocorre num país cujos cidadãos ainda há 50 anos eram vítimas de racismo por toda a Europa dita desenvolvida, se tudo isto ocorre num país cujo poder de governo é ocupado por forças de esquerda, é fácil imaginar o que será quando voltarmos (se voltarmos) a ser governados pela direita.
Mukanda
25.07.2019 | por Boaventura de Sousa Santos
Inserido no contexto atual em que vozes negras ou afrodescendentes reclamam um lugar de fala e o direito de autorrepresentar-se em Portugal, o filme O canto do Ossobó levanta uma série de questões de cunho político e social para a imagem. Tal reivindicação tem como lastro as lutas anti-coloniais, os escritos pós-coloniais no contexto anglo saxão, o “giro decolonial” na América Latina, e as novas formas de pensar e fazer cinema no Terceiro Mundo que emergiram em lugares tão distintos como Vietnã, Senegal e Brasil.
Afroscreen
24.07.2019 | por Michelle Sales
Somos todos o mesmo, afinal ser humano é um exercício de paciência com os outros e nada nos pode salvar deste exercício a não ser a ermitagem que começo a considerar seriamente. Temos regras de limpeza que me parecem mais exercícios militares do que a alegre manutenção de um espaço de surrogate home, mas quem sou eu para explicar seja o que for aos doutores do espaço? Os modos de controlo deixam os inmates meio malucos e os doutores também, mas como o mundo está assim também não destoa.
Corpo
24.07.2019 | por Adin Manuel
Do Haiti mobilizado esse semestre todo pela destituição do seu presidente às jovens do Extinction Rebellion interpelando a Europa rica. E nas lutas pela vida de corpos coletivos no Brasil, que sobrevivem à guerra colonial em curso (Canudos é reencenada desde sempre, clama Zé Celso no barco pirata em Paraty), lutando e criando, resistindo e construindo, em territórios livre e libertos, permanentes e fugazes.
Mukanda
23.07.2019 | por Jean Tible
enquanto que muitos dos nossos antepassados continuarão silenciados e anónimos para sempre, des-lembrados nos livros de História escritos pelo mesmo tipo de homens que era o seu ‘dono’, tenho sorte agora, como sua descendente, de ser capaz de ajudar a contar o futuro da sua história”. São histórias como estas que nos dão esperança de que outros ventos possam em breve soprar para varrer esses resquícios de Império para o caixote de lixo da História onde pertencem, ou para o monte de destroços que Benjamin imaginou para nós.
A ler
20.07.2019 | por Paulo de Medeiros
Ao distanciar-se de qualquer apego a um possível messianismo, não raro presente em concepções literárias que emergem nas periferias, o sentido da escrita que o movia levou-o sempre a encarar impasses que mais interferem na formulação de perguntas do que no oferecimento de respostas. O gosto pela interrogação, não como estilo, mas como método de reflexão dominou o seu itinerário, condicionou a ruptura das formas cristalizadas e a prática do diálogo com os contextos em que se vê inserido como duas das marcas centrais da obra de Ruy Duarte de Carvalho nas quais se enraíza a força da sua complexidade. Desse modo, situando-se no terreno da radicalidade, o seu projeto intelectual pautava-se pela eleição de parâmetros fundamentais para propor a transformação que entendia necessária.
Ruy Duarte de Carvalho
17.07.2019 | por Rita Chaves
O entrelaçar de mensagem lírica (“mudaram os tempos, mudaram as leis, de certa forma ainda estou nessa roça”) e frases imagéticas como “black lives matter”, sintonizam indivíduos no anseio da libertação. Em Waters é possível identificar referências do movimento, do teatro imagem e físico, de alto contraste. Tudo isso num jogo de imagens entre presente e passado.
Palcos
17.07.2019 | por vários
Para cumprir com a sua missão assume primeiramente a sua condição de mulher indígena, branca, detentora de certos privilégios. Ao reconhecer esta cumplicidade afirma “sou uma criminosa que subcontrata o seu crime”. Através de uma série de exemplos nomeia os privilégios, da macro à microestrutura, que fazem dos corpos que habitam a “colónia interna da metrópole” meros objetos ao dispor da “boa consciência branca”.
A ler
16.07.2019 | por Apolo de Carvalho
Em Coimbra, era opinião corrente que apenas em último caso, quando os quartos bolorentos ficavam em prédios em ruínas e demoravam a arrendar, então as senhorias e os senhorios abriam uma excepção a estudantes africanos (gente de cor, como diziam), alegando que tardavam ou se esqueciam de pagar a renda, que gastavam muita água por causa do banho e muita luz devido à música, que faziam rebuliço até altas horas da noite e que davam muitas festas
Cidade
16.07.2019 | por Eurídice Monteiro
A reflexão sobre a glotofobia também permite questionar os imaginários linguísticos e culturais numa perspetiva pós-colonial ou descolonial. Devem ser novamente pensados os discursos apoiados numa territorialização política ou ideológica e sustentados por referências à pureza da origem, da língua, da religião ou do dogma ideológico
A ler
13.07.2019 | por Graça dos Santos
No presente, porém, essa população miscigenada de forma forçada e violenta não encontra respaldo, nem reconhecimento por parte da elite política e econômica do país, que ainda reproduz comportamentos enraizados de discriminação dos afro- descendentes, sem esquecer que o primeiro grande contingente de escravos trazido a Portugal
A ler
11.07.2019 | por Miguel de Barros
Embora desapossada do olhar colossal que a navegação espacial lhe trouxe nos anos 70, a ideia de humanidade enquanto espécie converte-se progressivamente em colosso geológico imanente capaz de influenciar ritmos cardinais do mundo, ou pelo menos assim é descrito o seu alcance. Antropoceno é a época geológica da espécie humana, dizem, e a prova são os depósitos sedimentares que se originaram a partir dos anos 50 com os primeiros experimentos nucleares. Ignora-se claro que essa “espécie” foi inseminada artificialmente pelo casamento normativo e cisgénero da modernidade e da colonialismo, e que a visão colossal ainda se crê parada de fora e em frente ao globo, mesmo que, a bom ver, muitxs chafurdem na lama, em especial xs que não foram inclusos dentro dessa ideia unificadora de humanidade.
Mukanda
10.07.2019 | por Ritó aka Rita Natálio
Os autores confrontaram-se com a ausência de informação sobre a representação de homens e mulheres negros na pintura europeia, o que os levou a interrogações muito objetivas: quem eram as pessoas representadas, o que motivou a sua representação, e porque é que na pintura raramente tinham uma identidade individualizada.
A ler
10.07.2019 | por Ana Paula Rebelo Correia