Notas em torno da África Urbana de David Adjaye

Notas em torno da África Urbana de David Adjaye O que mais impressiona a quem sobrevoa o continente africano é a força e variedade da sua natureza, nas cinco “categorizações geográficas” claramente apresentadas por David Adjaye na sua exposição e aqui sublinhadas por Cristina Salvador - a floresta, o deserto, a savana, o prado, a montanha, bem como todas as situações híbridas, entre umas e outras. As cidades moldam-se a estas distintas paisagens, mais concentradas na linha do litoral africano, e esboçam, elas próprias, novas paisagens territoriais, também elas diversificadas e crescentes.

Cidade

02.06.2011 | por Isabel Raposo

O etnógrafo perante o colonialismo

O etnógrafo perante o colonialismo Este esboço reproduz – numa versão bastante reformulada, mas marcada, contudo, pelas suas circunstâncias de origem – uma exposição, seguida de discussão, realizada a 7 de Março de 1950 na Associação dos Trabalhadores Científicos (secção das ciências humanas) perante um auditório composto, sobretudo, de estudantes, investigadores e membros do corpo docente.

Mukanda

02.06.2011 | por Michel Leiris

A arte portuguesa ainda não descobriu o fim do Império

A arte portuguesa ainda não descobriu o fim do Império Como vão as relações da arte portuguesa com o passado colonial de Portugal e o pós-colonialismo? "Carlos Cardoso - directo ao assunto", a exposição de Ângela Ferreira na Galeria Filomena Soares , não oferece respostas, mas reaviva uma velha e por vezes esquecida discussão. Muito bem-vinda numa altura em que o país suspira de novo pela sua Europa.

Vou lá visitar

02.06.2011 | por José Marmeleira

Uma espécie de viagem. Desmedida, de Ruy Duarte de Carvalho

Uma espécie de viagem. Desmedida, de Ruy Duarte de Carvalho Detém-se no Brasil enquanto caso de estudo e de pasmo, exímio na “produção social do inédito”, onde tantos se pasmaram “diante do inédito, da anarquia e do escândalo da exuberância da flora brasileira” e de outras questões, tendo sido o deslumbramento a causa do enriquecimento (e provavelmente enviesamento) das investidas científicas (e românticas), dos exploradores e observadores do século XIX e demais.

Ruy Duarte de Carvalho

02.06.2011 | por Marta Lança

Urban Africa: Pan-African View

Urban Africa: Pan-African View Creio que tenho um discurso distinto sobre a noção de habitar e de espaço público, mesmo inconscientemente. Foi através da pesquisa que me tornei mais consciente das minhas próprias práticas. Tenho uma necessidade constante de tornar coisas públicas, uma noção aberta de espaço público, mesmo quando isso não está lá, e isso é uma característica da minha sensibilidade africana. Uma ideia de um espaço público aberto. Ver. Não esconder, ver! Isso está presente no meu trabalho. Outra coisa - não sei se é uma característica africana ou não - é um certo encanto com o potencial dos materiais. Há muitas maneiras de entender isto. Por exemplo, quando vejo certos bairros de lata, fico impressionado com o encanto da materialidade.

Cara a cara

01.06.2011 | por Rita Palma

Diário de um regresso ao país natal

Diário de um regresso ao país natal E estes vestígios da minha prodigiosa ascendência! / Aqueles que não inventaram nem a pólvora nem a bússola que nunca souberam domar o vapor ou a electricidade / que não exploraram os mares nem o céu / mas conhecem os mais ínfimos recantos da terra do sofrimento / que das viagens só conheceram as de desenraízamento / que foram amansados com humilhações / que foram domesticados e cristianizados / e contagiados de degeneração / tam-tam de mãos vazias

Mukanda

31.05.2011 | por Aimé Césaire

De Toussaint L’Ouverture a Fidel Castro

De Toussaint L’Ouverture a Fidel Castro O Haiti teve de encontrar um factor de união nacional. Procuraram-no no único local onde poderia ser encontrado, em casa, ou mais precisamente, no seu próprio quintal. Descobriram aquilo que hoje é conhecido como negritude. É a ideologia social predominante entre políticos e intelectuais de toda a África. É tema de acaloradas elucubrações e disputas, sempre que se discute a África e os africanos. Mas, no que respeita à sua origem e evolução, a negritude é caribenha e não poderia ter sido senão caribenha, resultado peculiar da sua história peculiar.

Mukanda

31.05.2011 | por C.L.R. James

A presença africana

A presença africana Um negro das Caraíbas que empreenda uma viagem semelhante a África está menos seguro. A sua relação com esse continente é mais pessoal e mais problemática. Mais pessoal, porque as suas actuais condições de vida e o seu estatuto como homem indicam claramente as razões que levaram os seus antepassados a abandonar aquele continente. Essa emigração não foi um acto voluntário, foi uma deportação comercial cujas consequências deixaram marcas profundas em todos os aspectos da vida das Caraíbas. Estas consequências sentem-se de um modo mais profundo na sua vida pessoal e na sua relação com o ambiente que o rodeia: as políticas raciais e coloniais que constituíram o fundamento e o marco da sua passagem da infância à adolescência. A sua relação com África é mais problemática, porque ao contrário do Americano, ninguém lhe deu a conhecer a história desse continente.

Mukanda

31.05.2011 | por George Lamming

Urban Africa – reflexões sobre cidades africanas

Urban Africa – reflexões sobre cidades africanas Estas novas leituras da urbanidade em África obrigam-nos a reequacionar novos paradigmas, novos modelos de urbanismo como propõe Adjaye, e novas formas de intervenção nas áreas urbanas, que levem em conta a multiplicidade e complexidade que ocorre em cada cidade e que só poderão ser encontradas e geridas localmente. Isto é válido tanto para o que ocorre nos antigos centros das cidades, os seus “corações” que nalguns casos ainda batem, como para as suas réplicas que nasceram posteriormente.

Cidade

30.05.2011 | por Cristina Salvador

O novo Negro

O novo Negro O Novo Negro não passa despercebido ao sociólogo, ao filantropo, ao líder racial, incapazes de o explicar através das suas fórmulas limitadas. Pois a geração mais jovem vibra com uma nova psicologia, um novo espírito anima as massas e está a transformar, sem que os observadores profissionais disso se dêem conta, aquilo que tem sido um problema constante nas diferentes fases da vida negra contemporânea.

Mukanda

30.05.2011 | por Alain Locke

O contributo do homem negro

O contributo do homem negro Que o Negro já esteja presente na elaboração do novo mundo não o demonstra o envolvimento de tropas africanas na Europa; elas provam apenas que ele participa na demolição da antiga ordem, da velha ordem. O Negro revela a sua presença efectiva em algumas obras singulares de escritores e artistas contemporâneos; e também noutras, menos perfeitas, porventura, mas não menos emocionantes, oriundas de homens negros.

Mukanda

30.05.2011 | por Léopold Sédar Senghor

Viagens da teoria antes do pós-colonial

Viagens da teoria antes do pós-colonial Os textos aqui publicados apontam para um modo alternativo de utilizar a diferença, na medida em que sublinham outros momentos distintivos, anti-coloniais, face a discursos legitimadores – na pós-colonialidade – de processos de interdependência inevitável, embora geradores de desigualdades económicas, sociais, políticas e raciais. Nesse sentido, os actuais debates em torno do multiculturalismo, da interculturalidade ou da hibridização/mestiçagem não transcendem, em parte, as premissas que enformaram os discursos coloniais e as reacções – anti-coloniais – a estes.

A ler

29.05.2011 | por Manuela Ribeiro Sanches

A luta dos moradores do Bairro da Torre. A cultura democrática e a lusofonia

A luta dos moradores do Bairro da Torre. A cultura democrática e a lusofonia Contribuirá a lusofonia para o aprofundamento da democracia nesse espaço que se quer supranacional? A cidadania destes moradores é global, é multicultural, várias nacionalidades cruzam-se numa resposta a um problema que atravessa o globo e que afecta determinadas classes em qualquer parte do mundo, em qualquer tipo de regime político em qualquer tipo de cultura.

Cidade

28.05.2011 | por Rui Estrela

Secção Ruy Duarte de Carvalho

Secção Ruy Duarte de Carvalho Pretendemos divulgar aspectos mais dispersos da obra de Ruy Duarte de Carvalho através deste arquivo digital que disponibiliza alguns textos do autor e sobre autor, fotografias e audiovisuais, facilitando a acessibilidade a conteúdos diversificados que intersectam a sua obra. Uma obra que permanece intensa, por ler e descobrir, pensar e relacionar.

Ruy Duarte de Carvalho

24.05.2011 | por Buala

1º aniversário BUALA - feedback

1º aniversário BUALA - feedback O BUALA iniciou actividade a 25 de Maio de 2010, dia de África, e faz agora um ano de existência. Os comentários positivos e a vasta adesão dos leitores e colaboradores, de todos os países de língua portuguesa e de muitos outros lugares do mundo, tem sido um sinal de que esta é uma plataforma necessária e desejada, afirmando-se como um canal de reflexão e divulgação importante no âmbito da cultura africana contemporânea.

Cara a cara

24.05.2011 | por Buala

Nos Campos da Rebeldia

Nos Campos da Rebeldia "Disidentes, rebeldes insurgentes. Resistência indígena y negra em América Latina. Ensayos de historia testimonial" é sobre a rebelião contra o sistema instaurado por Espanha e Portugal no continente americano, firmado na servidão das populações autóctones – transformadas em índios – e na escravidão dos negros importados da África. O conceito central é a rebeldia; a dissidência remete a um antes da rebeldia aberta ou a uma rebeldia em estado latente; enquanto a insurgência, o estado supremo da rebeldia, remete para as suas manifestações mais radicais.

A ler

20.05.2011 | por Jeferson Bacelar

O velho e a lareira tardia

O velho e a lareira tardia o fogo ganhou labaredas de ser visto em seus amarelos dançantes, bailarinas línguas fogachadas a interromper o corpo da noite, as pontas saltitantes a brilharem no seu rosto de carreiros incontáveis, os pés menos ressequidos absorvendo os óleos pelos dedos da menina, os olhos circundantes na estranha espera do fechar dos seus olhos, o velho respirando devagar para saber dos odores do fogo, os olhos semi-fechados em abertura de fazer espreitamento do fogo, “ai, meu deus, esta é a minha maior alegria, uma lareira de verdade, assim nós a vermos um fogo sem ser de armas nem bombas, o descanso só... obrigado, meus filhos... obrigado mesmo”

Mukanda

19.05.2011 | por Ondjaki

Julgamentos de feitiçaria, hegemonias locais e relativismos

Julgamentos de feitiçaria, hegemonias locais e relativismos Dizer que existe prática de feitiçaria em Moçambique é a mera constatação de um facto evidente e recorrente, quer o recurso a ela tenha em vista provocar efeitos activos ou proteger-se deles, seja para fins considerados legítimos ou ilegítimos, benéficos ou malévolos. A questão da eventual eficácia dessa prática já tenderá a dividir os leitores, entre um cepticismo assumido, atitudes de dúvida plausível, elaborados discursos acerca de eficácia simbólica e um receio ou concordância mais ou menos envergonhados.

A ler

18.05.2011 | por Paulo Granjo

Urban Africa: Office/MA, Urbanismo Negro

Urban Africa: Office/MA, Urbanismo Negro Mesmo correndo o risco desta acomodação, continuo a achar que é importante debater a questão levantada pelo urbanismo negro. Mesmo o nome – as pessoas me dizem, “Por que você usa o nome urbanismo negro? Por que não chama simplesmente de “urbanismo diferenciado”, ou “urbanismo diverso”, ou “urbanismo cultural”?”. Outra vez, acho isso uma questão legítima, já que urbanismo negro pode gerar muitos mal-entendidos. Mas eu acho que abre espaço para o debate. É deliberadamente um pouco provocativo. “Negro” e “urbanismo”? O que os dois termos têm a ver um com o outro? É exatamente neste ponto que eu quero chegar. Porque quando leio as revistas de arquitetura, não vejo muito de negritude. Vejo branquidão, literalmente. Não vejo muito que seja representativo do que estamos falando – e não estou falando apenas de David Adjaye.

Cidade

17.05.2011 | por Paul Goodwin

As Milongas da Rainha Njinga

As Milongas da Rainha Njinga O «diálogo» entre portugueses e africanos nas guerras do Congo e de Angola (séculos XVI-XVII). A motivação principal para os portugueses iniciarem seus contactos com as populações da África central foi, oficialmente, a conversão dos reis autóctones ao cristianismo. De facto, a evangelização das populações autóctones fazia parte das condições impostas pelo Papa às potências ibéricas quando repartiu o «mundo» entre eles (Tratado de Tordesilhas: 1494). Ora, uma leitura mesmo superficial dos relatórios portugueses da conquista da Área Congo-Angola demonstra que as preocupações que ocupavam realmente a atenção dos conquistadores eram bem diferentes. Nos matos e nas savanas de Angola desenvolveu-se uma guerra permanente entre os portugueses, ávidos de conseguir o maior número possível de peças para a exportação, e os «reis» ou senhores autóctones, que procuravam, embora de maneira amiúde contraditória, defender a sua soberania e também, às vezes, a sua própria posição no comércio escravista.

A ler

16.05.2011 | por Martín Lienhard