Ruy Guerra
Artigos com a etiqueta Ruy Guerra
Arquivo de Etiquetas
- #NovaOndaCaboVerde
- (Carlos) Yuri Ceuninck
- actualidade
- Adriano Mixinge
- Adroana
- Afrobarometer
- Alântico Sul. colonialidade
- angolanos
- antiaborto
- anticolonialismo
- ariella aisha azoulay
- auto-biografia
- autogestão
- bairro alto
- banda desenhada
- Burkina Fasso
- Caldo do Poeira
- Casa Azul
- Casablanca
- Catarina Botelho
- CIAJG
- colecção
- Companhia de Dança Contemporânea Angolana
- Comunidade Obra de Maria
- corrupção
- crítica social
- cuba
- cultura colonialista
- deverbatives
- digital
- distopia
- djam neguin
- ecofeminismo
- Eduardo Galeano
- empoderamento da mulher
- Espanha
- estrutura cultural
- EUA
- formação
- fotografias
- Franck Lundangi
- Franz Fanon
- gungu
- Hernani Almeida
- Herzog & de Meuron
- Hotel Império
- ilha do Fogo
- investigação
- irão
- Janilda Bartolomeu
- João Carlos Silva
- l'internationale
- liberdade de expressão
- Liceu Vieira Dias
- língua
- literaturas africanas de língua portuguesa
- Livros Maldoror
- lobby gay
- Louvre
- Luís Bernardo Honwana
- lutas de libertação
- Lynn Margulis
- Mahla Filmes
- Maison de Retraite
- MAM
- Manuel Videira
- Mário de Andrade
- medicina
- Mestre Tamoda
- mon ami blanc
- monumentalidade
- O Império às Costas. Retornados
- o que é que temos a ver com isto?
- origens indígenas
- pacifismo
- pan-africanista
- Philippe-Alain Michaud
- pintura
- Plaza de Mayo
- postais
- práticas terapêuticas
- prémio Camões
- questão indígena
- quilombos
- reconstruir
- registos fotográficos
- Sara Serpa
- sedrick de carvalho
- seminários
- sexo
- Síria
- Tejo
- Teresa Braula Reis
- Terratreme
- urbanismo negro
- Ursula K. Le Guin
- Venezuela
- ver como um lobo
- visual art
- Zanele Muholi
 Mueda, Memória e Massacre debruça-se sobre a memória sensível do colonialismo, uma contra-memória. Guerra interessa-se pela forma como o sistema colonial agiu sobre os corpos colonizados, deixando neles marcas (vestígios, restos). Nesse sentido, procede a uma reconstituição sensível das condições perceptivas e cognitivas do colonizado no sistema colonial. Os corpos e o olhar - o seu movimento - são aqui memória. O filme apresenta uma estética do sensível e da memória, enveredando ainda por uma pesquisa de contornos antropológicos dos sujeitos coloniais.
				Mueda, Memória e Massacre debruça-se sobre a memória sensível do colonialismo, uma contra-memória. Guerra interessa-se pela forma como o sistema colonial agiu sobre os corpos colonizados, deixando neles marcas (vestígios, restos). Nesse sentido, procede a uma reconstituição sensível das condições perceptivas e cognitivas do colonizado no sistema colonial. Os corpos e o olhar - o seu movimento - são aqui memória. O filme apresenta uma estética do sensível e da memória, enveredando ainda por uma pesquisa de contornos antropológicos dos sujeitos coloniais.		 O filme "Mueda, Memória e Massacre" (1979), de Ruy Guerra, definido oficialmente como a primeira longa-metragem de ficção moçambicana, poderia ser considerado, numa primeira leitura, como uma reconstituição cinematográfica.No dia 16 de Junho de 1960, a administração portuguesa de Mueda reprimiu violentamente uma manifestação pacífica em prol da melhoria das condições de vida e de trabalho. As circunstâncias do Massacre permanecem ainda hoje ambíguas, particularmente no que respeita ao número de vítimas - 14, segundo o relatório oficial português; mais de 600, de acordo com a Frelimo.
				O filme "Mueda, Memória e Massacre" (1979), de Ruy Guerra, definido oficialmente como a primeira longa-metragem de ficção moçambicana, poderia ser considerado, numa primeira leitura, como uma reconstituição cinematográfica.No dia 16 de Junho de 1960, a administração portuguesa de Mueda reprimiu violentamente uma manifestação pacífica em prol da melhoria das condições de vida e de trabalho. As circunstâncias do Massacre permanecem ainda hoje ambíguas, particularmente no que respeita ao número de vítimas - 14, segundo o relatório oficial português; mais de 600, de acordo com a Frelimo. 		 Foi assim parte de uma geração que, nos anos 60, queria mudar o mundo, por sua ideologia mas também – alguns deles e Ruy entre esses – por sua prática de vida. Para ele a estética é sempre política, pois traz necessariamente embutida uma visão de mundo, ancorando-se em valores que apresenta, defende ou condena. Se apresentado como cineasta político, orgulha-se de ser esta sua marca maior. Nunca foi ligado a partido, mas acredita que ser político é estar envolvido com as problemáticas de sua época: “Tenho um olhar político sobre a realidade, de um ponto de vista cultural”.
				Foi assim parte de uma geração que, nos anos 60, queria mudar o mundo, por sua ideologia mas também – alguns deles e Ruy entre esses – por sua prática de vida. Para ele a estética é sempre política, pois traz necessariamente embutida uma visão de mundo, ancorando-se em valores que apresenta, defende ou condena. Se apresentado como cineasta político, orgulha-se de ser esta sua marca maior. Nunca foi ligado a partido, mas acredita que ser político é estar envolvido com as problemáticas de sua época: “Tenho um olhar político sobre a realidade, de um ponto de vista cultural”.		 Da crónica e sua melancolia nos fala este "20 Navios", abrindo logo com “Esta Janela” (indiscreta?) onde  interroga suas identitárias pertenças – o tal triângulo: “Daqui desta janela, quando a noite chega e Lisboa se pulveriza nas suas luzes anónimas de cidade grande ainda que possa me imaginar em Maputo, Havana, Rio, ou qualquer outro ventre, sei agora que não posso mais me enganar porque estou inexoravelmente só com a minha esquizofrénica latino-africanidade.
				Da crónica e sua melancolia nos fala este "20 Navios", abrindo logo com “Esta Janela” (indiscreta?) onde  interroga suas identitárias pertenças – o tal triângulo: “Daqui desta janela, quando a noite chega e Lisboa se pulveriza nas suas luzes anónimas de cidade grande ainda que possa me imaginar em Maputo, Havana, Rio, ou qualquer outro ventre, sei agora que não posso mais me enganar porque estou inexoravelmente só com a minha esquizofrénica latino-africanidade. 		



