Ruy Guerra
Artigos com a etiqueta Ruy Guerra
Arquivo de Etiquetas
- Admas Habteslasie
- african art
- African nationalism
- Aissato
- Ambundulando
- Ana andrade
- Andresa Soares
- anti-racismo
- Anton Kannemeyer
- Assembleia Municipal de Lisboa
- b fox kamin
- Bab Sebta
- beleza
- Black Panther
- Caminhos do Peabiru
- carmo gê pereira
- cidade em África
- ciência colonial
- clero
- Comunidade Obra de Maria
- danças
- democracia racial
- dictatorship
- Dina
- diversidade cultural
- Dzukuta-Pandza
- estátua
- estudos performativos
- evangelização
- exílio
- extrema-direita
- feminismos
- filmografia
- Fórum do Futuro
- gestures
- Gloria Anzaldúa
- Gorongosa
- greve
- gustavo díaz ordaz
- história portuguesa
- Humberto Maturana
- Ics
- identité
- impeachment
- império português
- Internacional Comunista
- ironia
- João de Deus Lopes da Silva
- Joaquim Pinto de Andrade
- Jonah Sack
- Juan Tomás Ávila Laurel
- Kalaf Angelo
- Kuito
- la place du noir
- Laura Rozas Letelier
- laverne Cox
- literatura angolana
- literatura negra
- lobby gay
- Luciana Fina
- Luiz Bolognesi
- magrebe
- milenarismo
- Mito Elias
- movimento negro
- Munique
- narrativa indígena
- Nicholas Mirzoeff
- Nova Orleans
- o corpo na cidade
- o jardim imperial
- o Riso e a Faca
- o salgueiro da ester
- Orquesta Latinidade
- passaporte
- Portuguese
- preso político
- produção
- proibição
- racismo institucional
- Red Eyes Gang
- Resgate
- ressentimento
- Restitutions Art Lab
- revista rosa
- sacerdotisa
- sala de cinema
- Sérgio Dundão
- sex discrimination
- sexualização
- sociolinguistic milieu
- Soviet Africa
- syria
- Timbuktu
- tugas
- uzodinma iweala
- Vasco da Gama
- verdade
- web3
- zungueiras
 Mueda, Memória e Massacre debruça-se sobre a memória sensível do colonialismo, uma contra-memória. Guerra interessa-se pela forma como o sistema colonial agiu sobre os corpos colonizados, deixando neles marcas (vestígios, restos). Nesse sentido, procede a uma reconstituição sensível das condições perceptivas e cognitivas do colonizado no sistema colonial. Os corpos e o olhar - o seu movimento - são aqui memória. O filme apresenta uma estética do sensível e da memória, enveredando ainda por uma pesquisa de contornos antropológicos dos sujeitos coloniais.
				Mueda, Memória e Massacre debruça-se sobre a memória sensível do colonialismo, uma contra-memória. Guerra interessa-se pela forma como o sistema colonial agiu sobre os corpos colonizados, deixando neles marcas (vestígios, restos). Nesse sentido, procede a uma reconstituição sensível das condições perceptivas e cognitivas do colonizado no sistema colonial. Os corpos e o olhar - o seu movimento - são aqui memória. O filme apresenta uma estética do sensível e da memória, enveredando ainda por uma pesquisa de contornos antropológicos dos sujeitos coloniais.		 O filme "Mueda, Memória e Massacre" (1979), de Ruy Guerra, definido oficialmente como a primeira longa-metragem de ficção moçambicana, poderia ser considerado, numa primeira leitura, como uma reconstituição cinematográfica.No dia 16 de Junho de 1960, a administração portuguesa de Mueda reprimiu violentamente uma manifestação pacífica em prol da melhoria das condições de vida e de trabalho. As circunstâncias do Massacre permanecem ainda hoje ambíguas, particularmente no que respeita ao número de vítimas - 14, segundo o relatório oficial português; mais de 600, de acordo com a Frelimo.
				O filme "Mueda, Memória e Massacre" (1979), de Ruy Guerra, definido oficialmente como a primeira longa-metragem de ficção moçambicana, poderia ser considerado, numa primeira leitura, como uma reconstituição cinematográfica.No dia 16 de Junho de 1960, a administração portuguesa de Mueda reprimiu violentamente uma manifestação pacífica em prol da melhoria das condições de vida e de trabalho. As circunstâncias do Massacre permanecem ainda hoje ambíguas, particularmente no que respeita ao número de vítimas - 14, segundo o relatório oficial português; mais de 600, de acordo com a Frelimo. 		 Foi assim parte de uma geração que, nos anos 60, queria mudar o mundo, por sua ideologia mas também – alguns deles e Ruy entre esses – por sua prática de vida. Para ele a estética é sempre política, pois traz necessariamente embutida uma visão de mundo, ancorando-se em valores que apresenta, defende ou condena. Se apresentado como cineasta político, orgulha-se de ser esta sua marca maior. Nunca foi ligado a partido, mas acredita que ser político é estar envolvido com as problemáticas de sua época: “Tenho um olhar político sobre a realidade, de um ponto de vista cultural”.
				Foi assim parte de uma geração que, nos anos 60, queria mudar o mundo, por sua ideologia mas também – alguns deles e Ruy entre esses – por sua prática de vida. Para ele a estética é sempre política, pois traz necessariamente embutida uma visão de mundo, ancorando-se em valores que apresenta, defende ou condena. Se apresentado como cineasta político, orgulha-se de ser esta sua marca maior. Nunca foi ligado a partido, mas acredita que ser político é estar envolvido com as problemáticas de sua época: “Tenho um olhar político sobre a realidade, de um ponto de vista cultural”.		 Da crónica e sua melancolia nos fala este "20 Navios", abrindo logo com “Esta Janela” (indiscreta?) onde  interroga suas identitárias pertenças – o tal triângulo: “Daqui desta janela, quando a noite chega e Lisboa se pulveriza nas suas luzes anónimas de cidade grande ainda que possa me imaginar em Maputo, Havana, Rio, ou qualquer outro ventre, sei agora que não posso mais me enganar porque estou inexoravelmente só com a minha esquizofrénica latino-africanidade.
				Da crónica e sua melancolia nos fala este "20 Navios", abrindo logo com “Esta Janela” (indiscreta?) onde  interroga suas identitárias pertenças – o tal triângulo: “Daqui desta janela, quando a noite chega e Lisboa se pulveriza nas suas luzes anónimas de cidade grande ainda que possa me imaginar em Maputo, Havana, Rio, ou qualquer outro ventre, sei agora que não posso mais me enganar porque estou inexoravelmente só com a minha esquizofrénica latino-africanidade. 		



