Regressar a África ou ficar na metrópole: agência negra e constrangimentos coloniais (1.ª metade do século XX)

Regressar a África ou ficar na metrópole: agência negra e constrangimentos coloniais (1.ª metade do século XX) Não havendo um levantamento das fontes relevantes para a história da presença negra em Portugal – tarefa que urge iniciar – partilho aqui o meu encontro fortuito com uma série documental produzida pelo Ministério das Colónias, à guarda do Arquivo Histórico Ultramarino (Lisboa, Portugal), que ilumina aquela presença, paradoxalmente invisível.

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05.01.2022 | por Cláudia Castelo

Em tempo de balanço

Em tempo de balanço Mais de três anos volvidos, as questões referidas mantêm toda a sua virulência e continuam a alimentar ciclicamente um debate público em que aquilo a que vários têm chamado o inconsciente colonial das sociedades europeias continua muito presente, traduzido numa atitude de recusa dos problemas de uma sociedade multicultural inevitavelmente marcada pela herança pesada do passado colonial.

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27.12.2021 | por António Sousa Ribeiro

Como está-tua ex-celência?

Como está-tua ex-celência? A História é tanto a erecção das estátuas e dos monumentos como as suas demolições. Presumindo e contundindo, pedir a substituição, a recolocação ou o afundamento duma estátua faz parte do processo histórico.

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14.12.2021 | por Mário Lúcio Sousa

Caros amigos brasileiros

Caros amigos brasileiros Repito, amigo, A NOSSA EXISTÊNCIA NÃO É MERA RESISTÊNCIA, NÃO É MERA SOBREVIVÊNCIA. É vida e alegria e confusão e harmonia e choros e risos e festas e amigos e bestas e esgares e pesares e desaires. Portanto, pelamordideus, amigo, para de fazer os teus artigos… científicos… a chamar de resistência à nossa forma de existência

Mukanda

05.11.2021 | por Marinho de Pina

A memória na moldura

A memória na moldura Os álbuns que, apesar de nem sempre terem uma curadoria pensada, acabam também por refletir a natureza do colonialismo que coloca um forte investimento no nível afetivo. Naqueles álbuns, o racismo acaba por ser exposto com afeto, carinho, amor até. E parece ser tratado como um membro da família que não se quer esquecer, tal como uma “mulher da Guiné” na moldura.

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02.11.2021 | por Carla Fernandes

Perdão? Que perdão?

Perdão? Que perdão? Em 2019, uma carta oficial do México a exigir perdão a Espanha pelos crimes cometidos durante a Conquista pôs as relações entre os dois países às avessas. Dois anos depois, a discussão ganha proporções inimagináveis, metendo ao barulho governantes, ex-presidentes, a extrema direita espanhola, independentistas catalães e até Joe Biden e o Papa Francisco. Nos seus territórios, os povos indígenas assistem ao espetáculo em silêncio. Sabem melhor que ninguém que 500 anos é pouco para lidar com a memória e o sangue.

Jogos Sem Fronteiras

01.11.2021 | por Pedro Cardoso

As Pinturas Murais do Salão Nobre da Assembleia da República: Documento do colonialismo ou o colonialismo (ainda hoje) em acção?

As Pinturas Murais do Salão Nobre da Assembleia da República: Documento do colonialismo ou o colonialismo (ainda hoje) em acção? As imagens não ilustram argumentos, elas são o argumento colonial; não são um documento do colonialismo, mas o colonialismo (ainda hoje) em acção.

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31.10.2021 | por Inês Beleza Barreiros

Europa, je t'aime moi non plus

Europa, je t'aime moi non plus Passou para as gerações seguintes através das figuras do ex-colonizador e do ex-colonizado. Estas “personagens” reencenam uma complexa fantasmagoria profundamente relacionada com o espectro mais íntimo do subconsciente europeu: o seu fantasma colonial que se manifesta inter alia sob a forma de "transferências de memória" colonial — como racismo, segregação, exclusão, subalternidade – ou sob a forma de "erupções de memória", e assim questiona a essência das sociedades multiculturais europeias, desenhadas pelas heranças coloniais e alimentadas por vagas migratórias.

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31.10.2021 | por Margarida Calafate Ribeiro

Que lugar para África na cena artística portuguesa? (2015)

Que lugar para África na cena artística portuguesa? (2015) Para começar não me parece que haja propriamente uma cena artística africana em Portugal. Há algumas intervenções, promovidas sobretudo por agentes culturais portugueses (e alguns africanos, sobretudo angolanos), na música, cinema, artes plástica, teatro, mas não consistiu nenhuma « cena artística ». Mas é uma aparição bastante recente e com um grande atraso em relação a outros países. Na década de 80 houve uma grande amnésia, não se falava muito sobre África, ainda na ressaca de descolonização.

Cara a cara

25.10.2021 | por Maud de la Chapelle e Marta Lança

Uma noite do tamanho de um país

Uma noite do tamanho de um país Trabalhar sobre este momento traumático para história da cidade implica focar vítimas e agressores, mas implica também falar da estrutura social. Num breve retrato: um país com o mais longo império colonial, saído há duas décadas de uma guerra de grandes proporções pela manutenção das suas colónias e com acentuados fluxos migratórios vindos dessas ex-colónias, num momento marcado pela assinatura dos acordos de Schengen e por uma série de políticas nacionais de criminalização das migrações, vê, num dia de revisitação solar do seu passado colonial, um linchamento racial de largas proporções ser motivado pelas comemorações da efeméride.

Cara a cara

11.10.2021 | por Filipe Nunes

Reconstruir, verbo não só transitivo

Reconstruir, verbo não só transitivo Vivemos um tempo em que reconstruir parece ter-se tornado a preocupação central de todos, como acontece de modo geral num pós-guerra. A pandemia faz proliferar planos e ideias de reconstrução, recovery plans, programas de retoma, de reconstrução, de recomeço, de recuperação. É uma reação típica a determinados tempos do fim, quando se viveu uma espécie de fim dos tempos, uma experiência catastrófica ou final que profunda e destrutivamente se abateu sobre um determinado tempo, deixando a posteriori uma intenção - antes de um gesto - de superação do fim ou de reinício, o virar da página.

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18.09.2021 | por Roberto Vecchi

Justiça racial e colonialismo em Portugal: da negação à reparação

Justiça racial e colonialismo em Portugal: da negação à reparação Nos anos 30, com o slogan “Portugal não é um país pequeno”, o Estado Novo procurou cultivar um orgulho nacional derivado da dimensão do império colonial português. Contudo, nos anos 50, numa altura em que os impérios coloniais se encontravam em colapso pelo mundo inteiro, o regime viu-se obrigado a justificar a sua presença colonial em África. Nesse sentido, amplificou a narrativa do lusotropicalismo – um imaginário de Portugal como uma nação multirracial e pluricontinental, com uma capacidade inata para um tipo de colonização amigável e não-violenta, e uma atitude liberal relativamente a relações sexuais e casamentos interraciais. Silenciando a realidade do racismo e do colonialismo, a propaganda solidificou-se em livros de história, estátuas e monumentos, cimentando uma narrativa histórica profundamente alienada.

Mukanda

12.07.2021 | por Rui Braga

Memoirs na Brotéria

Memoirs na Brotéria Entre os dias 5 e 10 de Julho, o projeto Memoirs promove – em parceria com a Brotéria – um curso que quer criar ferramentas para que quem participa nele possa analisar e pensar criticamente a questão pós-colonial em Portugal, na Europa e no mundo. Para isso, partir-se-á de um conjunto de tópicos que tem vindo a preencher e questionar a atualidade do século XXI e as suas relações com o social, o político, o tempo e o espaço.

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06.07.2021 | por Francisco Martins SJ

Conversas sobre racismo e pós-colonialismo - "Pele escura - da periferia para o centro", de Graça Castanheira

Conversas sobre racismo e pós-colonialismo - "Pele escura - da periferia para o centro", de Graça Castanheira Pele escura - da periferia para o centro", de Graça Castanheira, parte de uma ideia original de Kalaf Epalanga. Representa a viagem da periferia ao centro de seis amigos afrodescendentes, inscrevendo-se na paisagem branca e nas suas marcas exteriores de prosperidade.

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24.06.2021 | por vários

Memorializar e descolonizar a cidade (pós)colonial

Memorializar e descolonizar a cidade (pós)colonial Por ocasião do lançamento da página web do projeto ReMapping Memories Lisboa e Hamburgo, Lugares de Memória (Pós)Coloniais, levado a cabo pelo Goethe-Institut, têm lugar uma série de discussões abertas sobre a cidade. Iremos debater temas como as marcas coloniais visíveis na cidade e nos corpos de quem a habita; a luta anti-colonial e a inscrição africana e afrodescendente no espaço metropolitano; ou, de um modo mais global, políticas, abordagens e desafios do processo de “descolonização” nas cidades europeias. Os debates contarão com estudiosos, ativistas e jornalistas.

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23.04.2021 | por vários

Portugal, raça e memória: uma conversa, um reconhecimento

Portugal, raça e memória: uma conversa, um reconhecimento Hoje, encontramo-nos ainda em pleno processo de aprendizagem. A invisibilidade pode omitir e silenciar, mas não pode extinguir. E sim, podemos “desaprender” o colonialismo; mas primeiro, para que assim seja, as suas marcas e efeitos terão de ser confrontados. A desmemória do colonialismo é uma doença política - uma doença para a qual ainda não foi encontrada a cura. Ao contrário das palavras proferidas pelo assassino de Bruno Candé, não existem mais senzalas às quais se possa regressar. Mas, alinhado com o tema que hoje nos trouxe aqui, “reckoning”, ou reconhecimento, para se desaprender o colonialismo, e para que nos descolonizemos a nós próprios, assim como ao mundo à nossa volta, o passado tem de ser confrontado.

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05.04.2021 | por Patrícia Martins Marcos

Cabo Verde, movimentos sociais e pan-africanismo

Cabo Verde, movimentos sociais e pan-africanismo A historiografia cabo-verdiana mostra que a história arquipelágica se confunde com a história de resistência cultural e política e de revoltas. Assim, pensar as vagas dos movimentos sociais em Cabo Verde na esteira dos trabalhos de Aidi e Mueller obriga-nos a buscar os antecedentes históricos num arquipélago marcado pela luta de integração étnico-racial e de intermediação (neo)colonialista.

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16.03.2021 | por Redy Wilson Lima e Stephanie Brito Duarte Barbosa Vicente

Não dá para ficar parado: Vítor Belanciano assina livro sobre a “música afro-portuguesa”

Não dá para ficar parado: Vítor Belanciano assina livro sobre a “música afro-portuguesa” Esta “música afro-portuguesa” que gira à volta de “celebração, conflito e esperança” é uma ideia em constante construção: “Há imensos agentes relevantes. Acaba por estar tudo ligado. O impacto dos Buraka Som Sistema foi central, mas ele só existiu porque antes o hip hop em Portugal se afirmou e depois houve Cool Hipnoise ou Spaceboys e tantas outras coisas. Da mesma forma que o percurso internacional de Batida ou da Príncipe Discos beneficiou desse efeito Buraka. A redescoberta do Bonga, por exemplo, está também conectada com esta dinâmica, porque existe um recontar da história, um trabalho de memória que importa fazer. E depois, hoje, tens imensos vectores, desde a crioulização do Dino D’Santiago, à atitude combativa de Scúru Fitchádu, ou novas gerações que tanto se inspiram em motivos da cultura global como local, como o Tristany.

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08.12.2020 | por Alexandre Ribeiro

Pós-colonialismo e pós-holocausto: o “caso” Mbembe

Pós-colonialismo e pós-holocausto: o “caso” Mbembe Do ponto de vista de uma condenação intransigente do colonialismo, a denúncia das actuais práticas do Estado de Israel relativamente ao povo palestiniano é uma consequência lógica. E condenar todas as formas de colonialismo não corresponde ao assumir de uma posição ideológica, é, pura e simplesmente, um imperativo moral.

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04.07.2020 | por António Sousa Ribeiro

Libertação

Libertação Este trabalho contribui para uma re-escrita da nossa história colonial e ajudar à discussão de problemas actuais que advêm de questões coloniais não debatidas. Faz parte de um movimento atravessa a sociedade portuguesa pelas universidades, as artes, os jornais, associações e que olha para o passado porque quer alterar o presente e a forma como se conta esse passado.

Palcos

26.10.2017 | por André Amálio