A pandemia e esta loucura universal microscópica. Milhares de migrantes mexicanos e centro-americanos estão a morrer nos Estados Unidos. Os corpos perdem-se na burocracia, nas valas comuns e nas estatísticas. Não voltam mais a casa. No México, há quem faça enterros com caixões vazios.
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20.07.2020 | por Pedro Cardoso
Proponho uma análise fanoniana das relações dialéticas entre capitalismo, colonialismo e racismo, subjacentes à conjuntura política e sanitária brasileira. Em um primeiro momento, tomo a noção de violência colonial presente em 'Os Condenados da Terra', como referência para problematizar as respostas brasileiras à pandemia de Covid-19.
Cidade
10.07.2020 | por Deivison M. Faustino
Seria bom que houvesse uma sensibilização política nacional, pilotada pelo Governo ao mais alto nível, para que todas as instituições públicas se envolvam. É ideal que haja uma recomendação expressa para que todos se engajem na execução dos seus programas culturais. Essa nova postura não precisa de incentivos fiscais ou ajuda financeira pública extra. Basta que aconteça com os meios que já estavam e estão previstos, e que estejam disponíveis, mas com a concepção de que, em vez do público ir aos eventos, agora os eventos vão ao público
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25.06.2020 | por Mário Lúcio Sousa
O coronavírus age sobre e através corpos individuais e sociais. Tem material genético, tem personalidade viral, perturba certos biótipos mais do que outros. É um vírus que mata pela reação dos organismos nos quais se instala. O descontrolo dos anticorpos criados pelo ser humano contra o vírus acaba por ser a causa do maior número de óbitos. Mas a agência deste vírus não se fica pelo corpo humano, interfere no “pulmão do corpo social”. Propaga-se em sociedades, cada uma com a sua forma de “respirar”, ritmada por uma cultura, por um ethos.
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12.05.2020 | por Alix Didier Sarrouy
O que os mortos pelo vírus nos diriam caso tivessem a oportunidade? Ficam assim mais perguntas no ar. O cinema proporciona esse momento de introspecção, como se estivéssemos, assim como Narciso, vendo nossa imagem refletida na água, como na decepção por não conseguir ver a própria imagem nas águas escuras da noite. O cinema é uma janela que nos permite sonhar, criar, efabular outros mundos, outros horizontes.
Afroscreen
12.05.2020 | por Marco Aurélio Correa
O processo foi mil vezes intentado. Podemos recitar de olhos fechados as principais acusações. Seja a destruição da biosfera, o resgate das mentes pela tecnociência, a desintegração das resistências, os reiterados ataques contra a razão, a crescente cretinice das mentalidades, ou a ascensão dos determinismos (genéticos, neural, biológico, ambiental), as ameaças à humanidade são cada vez mais existenciais.
Mukanda
09.04.2020 | por Achille Mbembe
É uma abertura instrutiva na qual podemos rever questões substanciais sobre como a produção capitalista se relaciona com o mundo não-humano num nível mais fundamental — como, em suma, o mundo natural, incluindo o substrato microbiológico, não pode ser compreendido sem referência a como a sociedade organiza a produção (porque os dois não estão, de fato, separados). Ao mesmo tempo, é um lembrete de que o único comunismo que vale o nome é aquele que inclui o potencial de um naturalismo totalmente politizado.
Jogos Sem Fronteiras
29.03.2020 | por COLETIVO CHUǍNG
Como todos, estou numa espécie de filme de ficção científica onde temos alguma comida extra e vamos acreditando no que nos dizem na TV. Só saí de casa antes de ontem à tarde para ir buscar cigarrilhas e fiquei numa "bicha" de zombies na estação da BP. Muitos com máscara e eu sem mascara porque pus no meu Buda. Tenho medo que apanhe qualquer coisa e me passe a crença budista - isto nunca se sabe. Estou meio sensibilizado com tudo o que vou vendo, mas o que mais me chocou foi o Donald Trump a ofender os chineses dizendo que o vírus veio da China.
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21.03.2020 | por Adin Manuel
Proponho olhar para a pandemia enfatizando os espaços que se abrem para movimentos, lutas sociais em curso e para a própria esquerda. Não subestimo a questão do controlo, a expansão dos poderes do Estado e a posterior promoção de uma política do medo. Isto está claramente presente no cenário atual. Mas como invertê-lo? Comecemos pela “cura” do comum, para reverter o atual rumo do “laboratório italiano”, e colhamos, na situação atual, as oportunidades para generalizar uma política de lutas em tempo de pandemia.
Jogos Sem Fronteiras
16.03.2020 | por Sandro Mezzadra