Apresentação do livro “Olhar de Maldoror: singularidades de um cinema político.”

No próximo dia 23, às 18h, no Museu do Aljube, será lançado um pequeno livro-ensaio, da autoria de Maria do Carmo Piçarra, sobre a realizadora Sarah Maldoror, editado pela Húmus. A propósito, a autora estará à conversa com a realizadora angolana Pocas Pascoal - que está a desenvolver um projecto de filme sobre o Des fusils pour Banta, filme perdido da Sarah Maldoror.

Sinopse

Neste livro, editado pela Húmus, através da análise dos filmes que realizou sobre as lutas de libertação e independências nos países africanos de língua oficial portuguesa, Maria do Carmo Piçarra evidencia as especificidades do olhar da realizadora Sarah Maldoror. Entre os cineastas engajados politicamente, distinguiu-se pela singularidade de usar a ficção para retratar as guerras de libertação nas ex-colónias portuguesas. Simultaneamente, e noutro registo cinematográfico, o do documentário, procurou documentar o processo de consciencialização política e luta armada na Guiné-Bissau através da fixação da importância das mulheres no maquis.

Após as independências africanas, os filmes que fez em Cabo Verde e na Guiné-Bissau mostram o envolvimento das pessoas nos processos de descolonização, sem deixar de relevar, desassombradamente, a hibridez cultural gerada no âmbito do colonialismo. A invisibilidade da sua obra para compor uma filmografia de sobrevivência, em que recorre formalmente à poesia, à música jazz e à pintura, apoiando-se frequentemente numa estética surrealista, deve-se tanto à sua condição de mulher como a nunca se ter sujeitado às pressões exercidas durante o processo de realização dos seus filmes.

Mais informações.

20.05.2022 | por Alícia Gaspar | cinema político, maria do carmo piçarra, museu do aljube, Sarah Maldoror