A afirmação da favela carioca

A afirmação da favela carioca A representação da favela sustenta-se em torno da equação pobreza-violência-favela e produz uma interpretação caricatural desses territórios: ocupações ilegais em morros, inexistência de lei e ordem, espaços subequipados e locais de concentração de pobres, analfabetos e criminosos. Local de habitações degradadas e precárias, ilegalmente construídas e destituídas de serviços urbanos – água, electricidade, instalações sanitárias, pavimentação – e qualquer tipo de planeamento urbanístico. Não haveria diferença entre as várias favelas, e o seu eixo paradigmático estaria assente naquilo que as favelas, supostamente, não possuiriam quando postas em relação a um modelo idealizado de cidade. Deste modo, a favela é apresentada como lugar de privação, sem Estado, globalmente miserável e local de moradia das chamadas “classes perigosas”.

Cidade

29.01.2014 | por Otávio Raposo

O Tabu da História

O Tabu da História A produção e recepção de imagens do passado − como do presente ou do futuro −, seja ela mais habitada por desejos de ficção ou de realidade, encerra aspirações de autonomia por parte de quem as cria e de quem delas se apropria. Mas será mais autónoma a produção (e a recepção) que se remete para um sistema auto-referencial do que a que a si mesmo se confronta com as múltiplas incrustações nos contextos históricos em que nasceu e em que actua? Reflexões a propósito do filme Tabu, de Miguel Gomes.

Afroscreen

28.01.2014 | por Nuno Domingos

Percepções e contestações: leituras a partir das narrativas sobre o narcotráfico na música Rap da Guiné-Bissau

Percepções e contestações: leituras a partir das narrativas sobre o narcotráfico na música Rap da Guiné-Bissau Apesar de entre os anos 80 e os anos 90 do século XX o tráfico ilegal da cocaína ter atingido proporções globais, infiltrando não apenas os mercados tradicionais como o dos Estados Unidos da América e da América Latina, mas também os da Europa ocidental, da Rússia e mais recentemente alguns países da costa ocidental africana, que têm-se tornado em países de “trânsito” dos cartéis da droga. Foi sobretudo no início do novo milénio que a região oeste africana foi marcada por um maior envolvimento no tráfico internacional da cocaína com destino à Europa ocidental.

Palcos

24.01.2014 | por Miguel de Barros e Patrícia Godinho Gomes

Da injustiça da escravidão dos negros, considerada em relação aos seus senhores - PRÉ-PUBLICAÇÃO

Da injustiça da escravidão dos negros, considerada em relação aos seus senhores - PRÉ-PUBLICAÇÃO Em 1781, o iluminista Condorcet escrevia um violento libelo contra a escravatura, que se converteria numa obra clássica de denúncia. Ensaio intemporal, famoso pela posição veemente do autor e publicado sob pseudónimo, «Reflexões sobre a Escravidão dos Negros» é, em última instância, uma condenação das injustiças e um apelo ao fim da indiferença social, para que cessem os ultrajes aos princípios que norteiam a Humanidade. A presente edição inclui ainda os textos «Ao Corpo Eleitoral, contra a Escravidão dos Negros», destinado a apaziguar os receios económicos dos colonos da época, e «Sobre a Admissão de Deputados dos Plantadores de São Domingos à Assembleia Nacional», que põe em causa o direito dos esclavagistas à representação parlamentar.

Mukanda

21.01.2014 | por Condorcet

A noz de cola, um fruto simbólico

A noz de cola, um fruto simbólico Flor e fruto têm vidas dependentes. A flor é promessa, o fruto é concepção. A flor é receptáculo, o fruto é semente. A vida de um implica a morte do outro. Os dois fazem parte do singular processo de vida da natureza. O homem, como espectador e como actor, intervém, organiza, interpreta, inventa ordenações que tornam o mundo inteligível à sua medida. Projecta-se nesse universo misterioso e preenche-o de linguagens simbólicas. A flora não foge à regra; muito pelo contrário, faz parte desse nosso dia-a-dia de linguagens, gestos e sonhos. Para este estudo, elegemos não a flor, mas o fruto da coleira, a noz de cola, fruto muito expressivo nas sociedades da costa ocidental de África, de onde é originário.

A ler

20.01.2014 | por Maria do Rosário Pimentel

Okaimpas da Adroana

Okaimpas da Adroana Okaimpas é um grupo de dança guineense da localidade da Adroana (Cascais) que faz parte do colectivo Netos da Amizade.

Palcos

17.01.2014 | por vários

Vozes Globais - podcast

Vozes Globais - podcast Nesta edição experimental do programa Vozes Globais da Lusofonia, ampliamos para a rádio as vozes de quem vive na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, partilhando as histórias escondidas deste rendilhado de variações linguísticas, as mudanças políticas, o uso das redes sociais a favor dos direitos humanos e as transformações na sociedade.

Palcos

17.01.2014 | por Global Voices (Vozes Globais)

As lutas pela memória de Eusébio

As lutas pela memória de Eusébio Eusébio é, simultaneamente, o melhor jogador moçambicano de sempre e o melhor jogador português de sempre. A nacionalização de Eusébio, com a sua transladação para o Panteão Nacional, só poderá ser uma matéria tensa. O melhor será devolvê-lo à grande comunidade mundial dos adeptos do futebol e não transformá-lo, mais uma vez, em património nacional.

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10.01.2014 | por Nuno Domingos

Underground lusófono: Asterix o Néfilim fala da mixtape submundo luso vs 12transfusons‏

Underground lusófono: Asterix o Néfilim fala da mixtape submundo luso vs 12transfusons‏ Em Cabinda não é só o rap que está em péssimas condições, reflecte-se em todos os estilos musicais, desde o kuduro, kizomba, semba, kintueni e mayeye. Na verdade há pouca divulgação da música feita em Cabinda, temos uma secretaria provincial da cultura fictícia e comunicação social inexistente. Nada justifica que, numa província com artistas de talento, saiam dois álbuns num um ano e que as poucas rádios que temos se recusem a apoiar iniciativas como as nossas e demais personalidades interessadas. O Rap é o menos solicitado nas atividades e comícios governamentais, mas tem muita voz devido ao esforço dos companheiros como: Cabmusic, hip-hop de gavetas, agora a Miller Team e não só. A cada dia que passa surgem novas propostas, novos mc´s e produtoras interessados em dar mais vida ao movimento. Fico feliz com isto.

Palcos

09.01.2014 | por vários

Um fantasma que vive no coração da selva

Um fantasma que vive no coração da selva Mais de 5 mil activistas do planeta acorreram à selva para discutir com os zapatistas um conjunto de acções internacionais. Sindicalistas, anarquistas, terceiro-mundistas, ecologistas e alguns astronautas viveram durante uma semana nas aldeias de Oventic, La Garrutcha e La Realidad. Foi nesta última que se deu a conferência de imprensa final. Os jornalistas aproveitaram a ocasião para perguntar a Marcos qual era a sua reacção às declarações do então líder do Partido dos Trabalhadores, Lula da Silva, que se manifestava contra os movimentos de guerrilha e achava que a conferência intergaláctica tinha querido concorrer com o Fórum de São Paulo, encontro de partidos de esquerda de todo o mundo que organizava o PT. Marcos olhou com cara de espanto para os jornalistas, "Fórum de São Paulo? Não conheço, julgava que a gente concorria com os Jogos Olímpicos de Atlanta". Nesta altura, como agora, as revoltas não se decretam, fazem-se, e às vezes acontecem. A força dos zapatistas não estava nas suas armas, mas nas suas ideias e nas populações indígenas que são o próprio movimento.

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07.01.2014 | por Nuno Ramos de Almeida

Plataformas angolanas de aprendizagem de línguas nacionais

Plataformas angolanas de aprendizagem de línguas nacionais Porquê que é que em Angola, país de muitas línguas, os escritores apenas utilizam o português? Procurando contrariar o fenómeno, ao longo do ano de 2013 surgiram várias iniciativas online, criadas por jovens que olham para as tecnologias como um desafio para a promoção e salvaguarda das línguas nacionais. Um projecto ainda em fase inicial que promete fomentar a aprendizagem das línguas nacionais angolanas de uma forma inovadora, sem custos e ao alcance de todos que tenham acesso à internet é o Evalina, uma página de Facebook onde são disseminados conteúdos, estímulos à aprendizagem e lições sobre línguas nacionais. Até à data de publicação deste artigo havia lições de umbundu, a segunda língua mais falada a seguir ao português, e de kimbundo.

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02.01.2014 | por Global Voices (Vozes Globais) e Mário Lopes