Guiné-Bissau: se um barco atracasse

Guiné-Bissau: se um barco atracasse Foi o ano passado durante a campanha para a segunda volta das presidenciais na Guiné Bissau. O povo rejeita a violência e teme os militares e o poder do narcotráfico. Impressiona quem chega ao país cheio de preconceitos construídos com base nos ecos do que o mundo diz sobre a Guiné-Bissau, um povo “injustamente rotulado de violento devido à imagem que um grupo restrito de políticos e militares passa lá para fora”, remarca a activista Macária Barai. O jornalista angolano Pedro Cardoso foi lá registar o ambiente que se vivia.

A ler

12.06.2010 | por Pedro Cardoso

Recordar Liceu Vieira Dias

Recordar Liceu Vieira Dias Acaba de sair a terceira e última parte da trilogia sobre música popular angolana realizada por Jorge António. Baseado na obra "Estórias para a História da música angolana" de Mário Rui Silva, intitula-se "O Lendário 'tio Liceu' e os Ngola Ritmos", e aborda a figura mítica de Liceu Vieira Dias e o seu grupo Ngola Ritmos, criado no final dos anos 50, representando uma força cultural pioneira na luta contra o colonialismo português. O documentário é uma viagem ao universo criativo de um dos mais notórios compositores de música popular angolana, confirmando a sua originalidade e contributo permanentes na história cultural e sócio-política de Angola. Falámos com o realizador.

Afroscreen

12.06.2010 | por Marta Lança

Um fim do mundo africano – entrevista com Pepetela

Um fim do mundo africano – entrevista com Pepetela No fundo é uma pergunta: que raio de pessoas são essas para começar uma humanidade? Ora, a nossa humanidade atual, como é que começa? Com um irmão a matar o outro, Caim a matar Abel. E essa nova humanidade começaria da mesma maneira como a outra acabou. Não há aí muita inovação, não é? Enfim, a idéia era jogar com isso tudo, mas de fato o que ficam são as relações entre as pessoas.

Cara a cara

11.06.2010 | por Cláudia Fabiana

“Ouçam: a questão já não é a cor da pele!”

“Ouçam: a questão já não é a cor da pele!” O homem que compra bananas no mercado do Soweto está cansado de ouvir falar em tensões raciais na África do Sul. Na África do Sul, em 2010, há brancos com medo e negros com discursos de ódio? Há. Há também negros com medo e brancos com discursos de ódio. Nem uns nem outros são a maioria.

A ler

10.06.2010 | por Miriam Alves

A "Maison Tropicale" de Ângela Ferreira

A "Maison Tropicale" de Ângela Ferreira Manthia Diawara não esconde o que pensa sobre este assunto e é de opinião que estas casas devem, por direito, voltar a África, seja qual for o seu estado de conservação e o seu futuro. Os Ocidentais terão o direito de implantar as suas casas nas “suas colónias”, para, a seguir, decidirem desmantelá-las e vendê-las sem perguntar aos habitantes locais?

Cara a cara

09.06.2010 | por Julie Crenn

Arte contemporânea de África: negociar as condições do seu reconhecimento - conversa de Vivian Paulissen com Achille Mbembe

Arte contemporânea de África: negociar as condições do seu reconhecimento - conversa de Vivian Paulissen com Achille Mbembe Numa altura em que milhões de pobres lutam dia a dia pela sobrevivência, o trabalho da teoria, da arte e da cultura consiste em traçar o caminho para uma prática qualitativa da imaginação, sem a qual não teremos nem nome, nem rosto e nem voz na História. (...) Detesto a ideia que faz da vida em África um simples despojo: um estômago vazio e um corpo nu à espera de ser alimentado, vestido, cuidado ou alojado. A concepção ancorada na ideologia e na prática do “desenvolvimento”, indo contra a experiência pessoal quotidiana das pessoas com o mundo imaterial do espírito, particularmente quando ela se manifesta em condições de precariedade extrema e de incerteza radical. Este género de violência metafísica e ontológica tem sido há muito tempo um aspecto fundamental da ficção do desenvolvimento que o Ocidente procura impor aos que colonizou. Devemos opor-nos a isso e resistir a tais formas sub-reptícias de desumanização.

Mukanda

09.06.2010 | por Achille Mbembe

O negro na telenovela, um caso exemplar da decadência do mito da democracia racial brasileira

O negro na telenovela, um caso exemplar da decadência do mito da democracia racial brasileira Examinar a representação dos atores negros em quase 50 anos de história da telenovela brasileira, principal indústria audiovisual e dramatúrgica do país, é trazer à tona a decadência do mito da democracia racial, sujando assim uma bela mas falsa imagem que o Brasil sempre buscou difundir de si mesmo, fazendo crer que a partir de nossa condição de nação mestiça, superamos o “problema racial” e somos um modelo de integração para o mundo.

Afroscreen

07.06.2010 | por Joel Zito Araújo

O caçador de diamantes

O caçador de diamantes O subsolo da Guiné-Conakry é rico em diamantes e ouro. Acima do solo quase metade da população vive abaixo do nível de pobreza. Um português aliou-se a um guineense para caçar riquezas no coração da África Ocidental.

A ler

06.06.2010 | por Cândida Pinto

O poder destrói o sonho? sobre "Behind the Rainbow" de Jihan El Tahri

O poder destrói o sonho? sobre "Behind the Rainbow" de Jihan El Tahri A cultura de solidariedade entre os membros do ANC durante os anos de luta tornou-se corrupta quando acederam ao poder e à gestão económica. Ficamos a pensar como a questão do poder se transforma em acesso a privilégios, longe da luta contra a pobreza, objectivo primordial do ANC. Este olhar sem condescendência é simultaneamente apaixonante e necessário para enfrentar a História contemporânea e deixarmo-nos de mistificações.

Afroscreen

06.06.2010 | por Olivier Barlet

O sentido do afecto

O sentido do afecto Ana Clara Guerra Marques, coreógrafa e directora artística deste espectáculo inédito no nosso ambiente cultural, arrumou um conjunto bem uniforme e bem contrastante de meios humanos e técnicos para levar ao palco um ritual de dança sagrado e ao mesmo tempo profano, já que conseguiu unir no mesmo gesto rítmico o espírito da máscara e a química inefável da sombra.

Palcos

06.06.2010 | por José Luís Mendonça

África tem nome de mulher

África tem nome de mulher “Nossos Lugares Proibidos”, documentário de Leila Kilani, regressa à repressão política em Marrocos do tempo de Hassan II. Três gerações de marroquinos evocam uma história completamente humana, feita de laxismo e de heroísmo face ao terror político. Apesar da serenidade, todos os intervenientes formam um quadro actual de Marrocos – continuam assombrados pelos seus "enterrados vivos" da prisão de Tazmamart e por tantos gritos de desespero que poucos ousaram sequer ouvir.

Afroscreen

06.06.2010 | por Boubacar Boris Diop

Tambor rebentando o silêncio amargo, a vida cultural na Mafalala

Tambor rebentando o silêncio amargo, a vida cultural na Mafalala Ali viveu Craveirinha e Eusébio aprendeu a jogar. Moraram lá Machel, Chissano, Mocumbi. É só estrelas no bairro que tem nome de dança macua - Li-Fa-La-La -, pronto para receber os turistas do Mundial de Futebol. A história do bairro da Mafalala faz-se ainda muito de relatos orais, por isso um passeio para ver pelos seus olhos, ouvir com os seus ouvidos e sentir tudo o resto será melhor do que ler esta reportagem.

Cidade

06.06.2010 | por Marta Lança

Milagrário Pessoal - pré publicação AGUALUSA

Milagrário Pessoal - pré publicação AGUALUSA Dos tigres, e outros distúrbios bizarros, que sucederam na cidade de São Paulo da Assunção, antes denominada Luanda, e mais tarde São Paulo da Assunção de Luanda, após a morte de Dona Ana de Sousa, a Rainha Ginga, aos 83 anos, no dia 17 de Dezembro de 1663. Neste capítulo se revela ainda a existência de antigos manuscritos que conteriam uma colecção de palavras novas - paleoneologismos, portanto - roubadas no século XVII às aves de Angola.

Mukanda

05.06.2010 | por José Eduardo Agualusa

PRIVATE Z(oo)M

PRIVATE Z(oo)M TEMPO DE BICHOS A múmia baça / o bolorento / o gri-gri tanso /a lagartixa Modorra santa / de bicho lasso / no charco coaxa /o sapo ranço

Mukanda

05.06.2010 | por Mito Elias

Música do fim do mundo

Música do fim do mundo A world music no contexto actual: o seu papel enquanto instrumento de poder durante o colonialismo e a sua posição social enquanto género musical em tempos apocalípticos e de ruptura - o fim de século e o fim de milénio. Algumas questões a partir do pensamento de Philip Bolhman em «World Music at the “End of History”».

Palcos

05.06.2010 | por Carla Isidoro

África em mim

África em mim Em qualquer lado onde se busque a influência política constata-se um vazio ideológico que castra ou mesmo mantém o país aquém do nosso verdadeiro potencial. Qualquer debate nesse sentido é permeado por falsas questões, negação e verdadeiros "braços de ferro" onde todos perdem. A questão do crioulo é um desses tabus que estamos a criar e que remetem para a questão África vs Europa e da identidade. Falsa questão!

A ler

02.06.2010 | por Amílcar Aristides Monteiro

Praia, Movendo, Arte

Praia, Movendo, Arte A cidade da Praia tem hoje cinco vezes mais gente do que há trinta anos atrás. Gente que veio de toda a parte: de outras cidades e vilas de Cabo Verde, de outros países africanos que ouviram dizer que aqui há paz e prosperidade, da China os comerciantes, da Europa os investidores externos, jovens e aventureiros atraídos pela curiosidade ou por contágio, deram com este país e alguns aqui deixaram marcas. Continua. Este pequeno país está nas bocas do mundo. Cineastas fazem filmes em Cabo Verde e sobre Cabo Verde, encenadores peças de teatro, qualquer canto de cada ilha já foi fotografado milhentas vezes, vários livros foram escritos, há colóquios internacionais sobre nós, a nossa língua, o nosso caso de sucesso no mundo.

Cidade

01.06.2010 | por César Shofield Cardoso

KUDURO, a batida de Luanda

KUDURO, a batida de Luanda O Kuduro é criado e produzido nos musseques de Luanda e rapidamente difundido nos Kandongueiros. Diariamente surgem novas músicas que alimentam o vocabulário de Luanda de novas dicas (expressões), novas batidas (ritmos / sons), e novos toques (movimentos). Esta criação frenética de linguagens urbanas tem uma expressão importante na sociedade angolana actual e sobretudo nos mais jovens.

Palcos

01.06.2010 | por Francisca Bagulho